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Plano de Aula: Aula 04 - Formalidades que antecedem à reorganização societária, transformação, alienação e aquisição de controle CONTABILIDADE SOCIETÁRIA I - GST0089 Título Aula 04 - Formalidades que antecedem à reorganização societária, transformação, alienação e aquisição de controle Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 4 Tema Formalidades que antecedem à reorganização societária, transformação, alienação e aquisição de controle Objetivos Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de: - Identificar as formalidades que antecedem à reorganização societária. - Compreender o conceito de transformação. - Apreender o conceito de alienação de controle. - Compreender o conceito de aquisição de controle. Estrutura do Conteúdo Formalidades que antecedem à cisão, fusão e incorporação Antes de se efetivar um processo de incorporação, fusão ou cisão, é necessário uma série de medidas preliminares de caráter legal: - Protocolo; - Instrumento de justificação e deliberação em Assembleia - Aprovação do Protocolo e nomeação dos peritos - Direitos de acionistas, debenturistas e credores. Protocolo Ferreira (2014) comenta que o protocolo é um pré-contrato que celebram entre si os órgãos de administração das sociedades envolvidas. Ressalta-se ainda que em cisão com versão parcial do patrimônio para uma nova sociedades, não há protocolo. No protocolo são disciplinados os principais atos a serem praticados de modo a ultimar a operação. Os requisitos necessários para condições da incorporação, fusão ou cisão com incorporação em sociedade existente constarão de protocolo firmado pelos órgãos de administração ou sócios das sociedades interessadas e estão dispostos no artigo 224 da Lei nº 6.404/76: O número, espécie e classe das ações que serão atribuídas em substituição dos direitos de sócios que se extinguirão e os critérios utilizados para determinar as relações de substituição; - Os elementos ativos e passivos que formarão cada parcela do patrimônio, no caso de cisão; - Os critérios de avaliação do patrimônio líquido, a data a que será referida a avaliação, e o tratamento das variações patrimoniais posteriores; - A solução a ser adotada quanto às ações ou quotas do capital de uma das sociedades possuídas por outra; - O valor do capital das sociedades a serem criadas ou do aumento ou redução do capital das sociedades que forem parte na operação; - O projeto ou projetos de estatuto, ou de alterações estatutárias, que deverão ser aprovados para efetivar a operação; - Todas as demais condições a que estiver sujeita a operação. Instrumento de Justificação e Deliberação da Assembleia Se houver sociedade anônima envolvida, é necessária a apreciação e deliberação prévia da Assembleia Geral Extraordinária de Acionistas para que a operação de cisão, fusão ou incorporação produza efeitos legais. Se não for sociedade anônima, vale o órgão que o contrato social determinar com poderes para tal. Deverá ser exposto na justificação, conforme artigo 225 da Lei nº 6.404/76: - Os motivos ou fins da operação, e o interesse da companhia na sua realização; - As ações que os acionistas preferenciais receberão e as razões para a modificação dos seus direitos, se prevista; - A composição, após a operação, segundo espécies e classes das ações, do capital das companhias que deverão emitir ações em substituição às que se deverão extinguir; - O valor de reembolso das ações a que terão direito os acionistas dissidentes. Aprovação do Protocolo e Nomeação dos Peritos A assembleia geral que aprovar o protocolo de operação de incorporação, fusão ou cisão deverá nomear os peritos que avaliarão os patrimônios das sociedades envolvidas. No caso da incorporação, o aumento de capital da sociedade incorporadora deverá ser igualmente autorizado pela assembleia. As operações de incorporação, fusão e cisão somente poderão ser efetivadas nas condições aprovadas se os peritos nomeados determinarem que o valor do patrimônio ou patrimônios líquidos a serem vertidos para a formação de capital social é, ao menos, igual ao montante do capital a realizar. As ações ou quotas do capital da sociedade a ser incorporada que forem de propriedade da companhia incorporadora poderão, conforme dispuser o protocolo de incorporação, ser extintas, ou substituídas por ações em tesouraria da incorporadora, até o limite dos lucros acumulados e reservas, exceto a legal. Ressalta-se que essas ações também podem ser extintas ou substituídas por ações em tesouraria nos casos de fusão, quando uma das sociedades fundidas for proprietária de ações ou quotas de outra, e de cisão, quando a companhia que absorver o patrimônio da entidade cindida for proprietária de ações ou quotas do capital desta. Direitos dos acionistas, debenturistas e credores A Lei 6.404/76 confere direitos específicos aos acionistas, debenturistas e credores das empresas envolvidas em processo de incorporação, fusão e cisão. Acionistas dissidentes Os acionistas dissidentes quando da aprovação em assembleia de matérias relativas à incorporação, fusão e cisão, de acordo com os artigos 136 e 137 da Lei nº 6.404/76 terão o direito de retirar-se da companhia mediante reembolso do valor de suas ações de acordo com as seguintes condições: No caso de fusão ou incorporação, o acionista dissidente das sociedades fundidas ou incorporadas não terá direito de retirada no caso de ação de espécie ou classe que: - Tenha liquidez (quando integre índice geral representativo de carteira de valores mobiliários admitido à negociação no mercado de valores mobiliários), e; - Dispersão no mercado (quando o acionista controlador, a sociedade controladora ou outras sociedades sob seu controle detiverem menos da metade da espécie ou classe de ação). Nos casos de incorporação ou fusão, o prazo para exercício do direito de retirada, no prazo de 30 dias, será contado a partir da publicação da ata que aprovar o protocolo ou justificação, mas o pagamento do preço de reembolso somente será devido se a operação vier a efetivar-se. No caso de cisão, o acionista dissidente só terá direito de retirada se a cisão implicar: - Na mudança de objeto social; - Na redução do dividendo obrigatório, ou; - Na participação em grupo de sociedades (sociedade controladora e suas controladas que podem constituir grupo de sociedades, mediante convenção). O reembolso da ação deve ser reclamado à companhia no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da ata da assembleia geral. Direitos dos Debenturistas Se a empresa for emissora de debêntures em circulação, a incorporação, fusão ou cisão dependerá de prévia aprovação dos debenturistas, reunidos em assembleia especialmente convocada com esse fim. Essa aprovação em assembleia será dispensada se for assegurado aos debenturistas o resgate das debêntures, durante o prazo mínimo de seis meses. No caso de sociedade cindida, as sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelo resgate das debêntures. Direitos dos Credores Nos casos de incorporação ou fusão, o credor anterior por ela prejudicado poderá pleitear judicialmente a anulação da operação, até 60 dias depois de publicados os atos relativos à incorporação ou à fusão. No caso de cisão com extinção da sociedade cindida, as sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da companhia extinta. A companhia cindida que subsistir e as que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores à cisão. O ato de cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem parcelas do patrimônioda companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a companhia cindida. Nessa situação, qualquer credor anterior poderá se opor à estipulação, em relação ao seu crédito, desde que notifique a sociedade no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação dos atos da cisão. Reorganização Societária Ferreira (2014) ressalta que a incorporação, fusão e cisão se enquadram no instituto da concentração de empresas, uma vez que a concentração permite a combinação de duas ou mais empresas numa única ou sua coordenação sob a direção de uma delas. Cumpre mencionar ainda que essa forma de reorganização societária (fusão, cisão e incorporação) é utilizada para racionalizar as operações da empresa, para, assim, torná- la mais adequada à concorrência do mercado. A incorporação, fusão ou cisão podem ser operadas entre sociedades de tipos iguais ou diferentes e deverão ser deliberadas na forma prevista para a alteração dos respectivos estatutos ou contratos sociais (BRASIL, 1976). Portanto, pode haver incorporação de uma sociedade com responsabilidade limitada por uma sociedade anônima. Nas operações em que houver criação de sociedade serão observadas as normas reguladoras da constituição das sociedades do seu tipo. Logo, em uma fusão de duas sociedades por cotas de responsabilidade limitada com a constituição de uma sociedade anônima, a criação da sociedade deve observar as disposições da nova sociedade, da Lei das S/A. Os sócios ou acionistas das sociedades incorporadas, fusionadas ou cindidas receberão, diretamente da companhia emissora, as ações que lhes couberem. Portanto, em uma incorporação, os sócios ou acionistas da incorporada transformam-se em sócios ou acionistas da incorporadora, recebendo cotas ou ações em substituição às cotas ou ações que eram titulares na incorporada. Da mesa forma, em uma fusão, os sócios ou acionistas das sociedades fusionadas transformam-se em sócios da nova sociedade, recebendo cotas ou ações em substituição às cotas ou ações que eram titulares nas sociedades fundidas. Ressalta-se ainda que se a incorporação, fusão ou cisão envolverem companhia aberta, as sociedades que a sucederem serão também abertas, devendo obter o respectivo registro. Caso seja necessário, promover a admissão de negociação das novas ações no mercado secundário, no prazo máximo de 120, contados da data da assembleia geral que aprovou a operação. Cabe a Comissão de Valores Mobiliários estabelecer normas especiais de avaliação e contabilização aplicáveis às operações de cisão, fusão e incorporação que envolvam companhia aberta. Cumpre mencionar ainda que não há apenas essas formas de modificação de sociedades. Ferreira (2014) destaca que a incorporação, fusão e cisão são operações mais simples que envolvem alteração na estrutura de sociedades ou de grupo de empresas. Contudo, existem operações envolvendo diversas entidades e um processo de modificação envolvendo várias formas: transformação, alienação de controle e aquisição de controle. Transformação De acordo com o art. 220 da Lei nº 6.404/86, a transformação é ?a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro?. É o caso, por exemplo, de uma sociedade anônima ser transformada em uma sociedade de responsabilidade limitada ou vice-versa (desde que assim deliberado pelos acionistas). A Lei das S\A exige o consentimento unânime dos sócios ou acionistas. Essa unanimidade somente não será exigida se essa transformação estiver prevista no estatuto ou contrato social. Nessa situação, o sócio dissidente tem o direito de retirar-se da sociedade. Ressalta-se ainda que a transformação obedecerá aos preceitos que regulam a constituição e o registro do tipo a ser adotado pela sociedade. Além disso, não prejudicará, em caso algum, os direitos dos credores, que continuarão, até o pagamento integral dos seus créditos, com as mesmas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes oferecia. Alienação de Controle A definição de alienação de controle está inserida no artigo 254-A, § 1o: Entende-se como alienação de controle a transferência, de forma direta ou indireta, de ações integrantes do bloco de controle, de ações vinculadas a acordos de acionistas e de valores mobiliários conversíveis em ações com direito a voto, cessão de direitos de subscrição de ações e de outros títulos ou direitos relativos a valores mobiliários conversíveis em ações que venham a resultar na alienação de controle acionário da sociedade. A alienação de controle implica a que uma pessoa, física ou jurídica, esteja transferindo o controle. Essa transferência de controle normalmente acontece por meio da venda. Nessa situação deve-se observar a forma de obtenção de controle, que pode ser por meio de aquisição de ações ordinárias ou então por aquisição de valores mobiliários conversíveis em ações com direito a voto, como por exemplo, debêntures ou partes relacionadas. Ressalta-se que ações ordinárias não dão direito a preferência de recebimento de dividendos (ações preferenciais), mas seus detentores têm poder de voto sobre a companhia. Portanto, em uma alienação de controle o alienante (efetivo controlador) está vendendo o controle para um comprador e nessa transação as duas partes são claramente identificadas (comprador e vendedor). Aquisição de Controle A aquisição de controle acontece quando uma entidade obtém o controle de um negócio. Nessa situação, pode-se não exigir a identificação do alienante (que é obrigatório na alienação de controle). Uma oferta pública de ações dirigida indistintamente a acionistas titulares de ações com direito de voto, objetivando adquirir um número suficiente de ações para assegurar o controle da sociedade, é um exemplo de aquisição de controle que acontece sem a necessidade de identificação do alienante. Cumpre mencionar que a parte que adquiriu o controle de outra sociedade deverá aplicar o CPC 15 (R1) - Combinação de Negócios. Aplicação Prática Teórica Exercício 01. Julgue as afirmações a seguir ( ) A operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro é chamada de incorporação. ( ) Um exemplo de transformação é quando uma companhia fechada passa por abertura de capital para se tornar uma companhia aberta. ( ) A incorporação, fusão e cisão se enquadram no instituto da concentração de empresas. ( ) A incorporação, a fusão e a cisão são utilizadas para racionalizar as operações da empresa, para, assim, torná-la mais adequada à concorrência do mercado. ( ) A incorporação, fusão ou cisão podem ser operadas apenas entre sociedades de tipos iguais. Exercício 02. Julgue as afirmações a seguir ( ) A incorporação, a fusão ou a cisão pode ser operada entre sociedades de tipos iguais e diferentes e deverá ser deliberada na forma prevista para a alteração dos respectivos estatutos ou contratos sociais. ( ) Se a fusão envolver companhia aberta, as sociedades que a suceder serão também abertas, com registros próprios na CVM. ( ) Se a fusão envolver companhia fechada, as sociedades que a suceder também devem ser fechadas. ( ) O acionista, quando dissidente em matérias relativas a incorporação, fusão e cisão, terá o direito incondicional de retirar-se da companhia mediante reembolso do valor de suas ações. ( ) Antes de iniciar o processo de cisão, fusão e incorporação, é necessário o protocolo, em que são disciplinados os principais atos praticados de modo a ultimar a operação. Este protocolodeve ser apreciado pela assembleia de acionistas ou órgão com poderes para tal. Os peritos serão nomeados pelo presidente da sociedade.
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