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ABORDAGEM MORFOFUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
Djanira Aparecida da Luz Veronez1 
Neysa Aparecida Tinoco Regattieri2 
 
INTRODUÇÃO 
 
O sistema nervoso (SN), como um todo, compreende o sistema nervoso central 
(SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). 
Essas estruturas se integram com a função de permitir o ajuste do corpo humano 
aos meios interno e externo, ou seja, garantir a homeostase. Para exercerem tal 
função, as células nervosas - os neurônios - contam com duas propriedades 
fundamentais: a irritabilidade, também denominada excitabilidade e a 
condutibilidade. 
Irritabilidade é a capacidade de permitir que uma célula responda a estímulos 
internos ou externos. Assim, irritabilidade é a propriedade que torna a célula apta a 
responder. 
A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica 
transmitida ao longo de um fio condutor. Uma vez excitados pelos estímulos, os 
neurônios transmitem essa onda de excitação, chamada de impulso nervoso, por 
toda a sua extensão em grande velocidade e em curto espaço de tempo. Esse 
fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade. 
Os impulsos nervosos, que nada mais são que informações, frequentemente se 
originam no interior das células nervosas, como resultado de atividades de 
estruturas sensitivas, os receptores. Estes são ativados por mudanças nos meios 
interno e externo do corpo celular, os estímulos, que se iniciam nas células 
nervosas sensitivas e são transportados por essas células até a medula espinhal e 
o encéfalo. 
 
1
Biomédica. Doutora em Ciências Médicas, área de concentração Neurociências pela Universidade Estadual de Campinas. 
Professora do departamento de anatomia da Universidade Federal do Paraná 
 
2
Médica Radiologista. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia. Doutora em Ciências, área de concentração 
Anatomia Morfofuncional pela Universidade de São Paulo. Mestre em Medicina, área de concentração Radiologia pela 
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná do curso Superior de 
Tecnologia em Radiologia. 
As informações recebidas podem ser distribuídas para várias regiões do corpo, 
onde células nervosas motoras são estimuladas e novos impulsos nervosos são 
gerados. Estes são, então, encaminhados a estruturas efetuadoras, tais como 
células musculares e secretoras endócrinas. 
 
O sistema nervoso, além de responder a estímulos do meio (quer seja interno ou 
externo), também possui a capacidade de integrar e armazenar informações 
recebidas. 
 
DESENVOLVIMENTO EMBRIOLÓGICO DO SISTEMA NERVOSO 
 
O sistema nervoso é de origem ectodérmica. Inicia-se como uma placa plana e 
espessa, denominada placa neural, localizada na região dorsal do embrião. Isto 
ocorre na segunda semana de gestação e todas as células nervosas do SN têm aí 
sua origem. 
Com o seu desenvolvimento, a linha mediana da placa neural se invagina ao mesmo 
tempo em que a proliferação celular ocorre ao longo das margens da placa neural, 
produzindo elevações. Como resultado, tem-se a formação do sulco neural, limitado 
em toda sua extensão pelas pregas neurais (Figura 1). 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 1- Fotomicrografia de embrião mostrando o sulco neural (seta). 
 
Com a elevação dessas pregas, o sulco neural aprofunda-se, levando à 
aproximação de suas margens, com posterior fusão destas na linha mediana, 
transformando o sulco em um tubo neural. 
Este dá origem ao encéfalo e à medula espinhal, ao se separar da superfície do 
ectoderma. 
As células contidas no interior do tubo neural enviam prolongamentos às estruturas 
periféricas dando origem às células nervosas motoras dos sistemas nervosos 
somático e autônomo. 
As células do ectoderma, localizadas no ápice das pregas, movem-se lateralmente e 
formam colunas de células em cada lado do tubo neural. Essas células são 
denominadas células da crista neural e dão origem a células nervosas sensitivas, 
contidas no interior dos nervos espinhais e cranianos, e a células nervosas motoras 
do Sistema Nervoso Parassimpático (SNPS) ou contidas em outras estruturas 
diretamente relacionadas ao SN. 
O encéfalo origina-se da porção anterior do tubo neural e em torno da quarta 
semana de gestação apresenta a forma de três vesículas preenchidas por líquido: 
- Prosencéfalo ou encéfalo anterior 
- Mesencéfalo ou encéfalo médio 
- Rombencéfalo ou encéfalo posterior 
Durante o desenvolvimento, ocorrem curvaturas dessa região - e as vesículas se 
subdividem. Assim, em torno da quinta semana, o encéfalo é formado por cinco 
vesículas que curvam entre si em direção à extremidade anterior do embrião. 
Desta maneira temos: 
1. O prosencéfalo subdividindo-se em duas vesículas, uma anterior denominada 
telencéfalo (hemisférios cerebrais) e, logo atrás dessa, o diencéfalo 
(tálamo, hipotálamo, epitálamo). 
2. O mesencéfalo (pedúnculos cerebrais e colículos inferiores e superiores) não 
sofre alteração. 
3. O rombencéfalo divide-se em metencéfalo (ponte, cerebelo e quarto 
ventrículo) e mielencéfalo (medula oblonga ou bulbo). 
Os ventrículos originam-se a partir das cavidades contidas nas vesículas 
encefálicas. 
A medula espinhal é formada a partir de um espessamento das paredes laterais do 
tubo neural. Há migração de células dessa região que iniciam sua diferenciação em 
células nervosas jovens. Há formação de um sulco longitudinal, o sulco limitante, 
que ocorre ao lado da porção média de cada lado. Esse sulco marca uma subdivisão 
da parede do tubo em duas lâminas, uma dorsal e outra ventral, as quais possuem 
diferenças funcionais. A lâmina posterior tornar-se a porção sensitiva da substância 
cinzenta, e a lâmina anterior, a porção motora. Posteriormente, as lâminas anterior e 
posterior tornam-se espessas, constituindo os rudimentos das colunas cinzentas 
dorsal e ventral, que formarão as raízes dos nervos espinhais. 
A bainha de mielina desenvolve-se por volta do quinto mês de gestação nas raízes 
sensitivas e motoras e durante o nono mês de vida intrauterina nas fibras 
corticoespinhais. 
 
 
 
 
ORGANIZAÇÃO DO TECIDO NERVOSO 
 
O neurônio é constituído por um corpo celular (soma), um longo prolongamento, 
denominado axônio e de pequenas ramificações dendríticas. 
No corpo celular encontra-se o núcleo necessário à manutenção da vida celular. 
Os dendritos são curtos e numerosos, e o axônio pode ser longo ou não. Este último 
apresenta, em sua extremidade, uma arborização terminal, os telodendros. 
A condução do impulso nervoso é realizada em uma única direção, isto é, dos 
dendritos ao corpo celular. A relação funcional entre neurônios, na qual uma via de 
propagação de informação é estabelecida, recebe o nome de sinapse. 
Os dendritos são prolongamentos, geralmente muito ramificados, que atuam como 
receptores de estímulos. Os axônios são prolongamentos longos que atuam como 
condutores dos impulsos nervosos. 
Todos os axônios têm um início (cone de implantação), um meio (o axônio 
propriamente dito) e um fim (terminal axonal ou botão terminal). O terminal axonal é 
o local onde o axônio entra em contato com outros neurônios e/ou outras células. 
Nesse local, ocorre a passagem de informação (impulso nervoso). Algumas vezes os 
axônios possuem várias ramificações em suas regiões terminais. Cada ramificação 
forma uma sinapse com outros dendritos ou corpos celulares. Essas ramificações 
são chamadas coletivamente de arborização terminal. 
O axônio dos nervos periféricos é longo e de diâmetro constante, podendo estar 
envolvido por uma ou duas membranas: a bainha de mielina e a célula deSchwann. 
A mielina é uma bainha proteolipídica, formada em lâminas concêntricas, 
apresentando interrupções ao longo do axônio, os nódulos de Ranvier. Esse 
envoltório axonal está presente tanto no sistema nervoso central (SNC) como no 
sistema nervoso periférico (SNP). 
A mielina é sintetizada pela célula de Schwann no SNP, ao passo que, no SNC, ela 
é produzida por um tipo de célula pertencente à neuroglia, denominada de 
oligodendroglia. 
A célula de Schwann, denominada de lemócitos, é uma célula não nervosa 
responsável pela produção de mielina nos axônios periféricos. 
A formação da mielina é conhecida como processo de mielinização. 
As células da glia, que constituem o tecido nervoso junto com os neurônios, podem 
ser divididas em dois grandes grupos, a macroglia e a microglia. 
A macroglia possui diferentes elementos, como os astrócitos e os oligodendrócitos. 
A microglia não apresenta divisões. 
Os astrócitos são de origem ectodérmica, e ambos os tipos, fibrosos e 
protoplasmáticos, podem ser encontrados tanto na substância branca como na 
substância cinzenta. 
Os oligodendrócitos também são de origem ectodérmica e são encontrados na 
substância branca e cinzenta. 
A microglia é de origem mesodérmica, apresentando propriedades fagocitárias após 
lesões do sistema nervoso. É encontrada tanto na substância cinzenta quanto na 
branca. 
O epitélio ependimário é outro elemento encontrado no sistema nervoso central, 
responsável pelo revestimento do canal central da medula espinhal bem como dos 
ventrículos encefálicos. 
Em algumas regiões intraventriculares, os vasos sanguíneos e o tecido conjuntivo da 
piamáter juntam-se ao epêndima, invaginando para o interior da cavidade 
ventricular, originando os plexos corióideos (Figura 2), que participam ativamente da 
produção do líquor ou liquido cefalorraquidiano (LCR). 
 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 2 - Plexo corióideo (seta). 
 
As células da glia também têm importante papel no SNC. Em lesões ou dano do 
sistema nervoso, a glia se prolifera, delimitando a região da lesão, formando, como 
consequência, uma cicatriz neuroglial. 
 
ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DO SISTEMA NERVOSO 
 
O sistema nervoso pode ser dividido em duas partes: 
- sistema nervoso central (SNC) 
- sistema nervoso periférico (SNP) 
 
SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
 O sistema nervoso central é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal, que 
estão contidos dentro da cavidade craniana e do canal da coluna vertebral, 
respectivamente. Ele funciona como um sistema controlador e integrador do SN, 
recebendo impulsos sensitivos do SNP e formulando respostas para estes impulsos. 
 
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO 
 
O sistema nervoso periférico é constituído, estruturalmente, pelos nervos, que 
conectam as estruturas corporais e seus receptores com o SNC, e pelos gânglios, 
que são grupos de corpos de células nervosas associadas aos nervos. 
Inclui 12 pares de nervos cranianos, que se originam do cérebro e do tronco 
encefálico, e 31 pares de nervos espinhais, que têm origem na medula espinhal, 
deixando o canal vertebral através dos forames intervertebrais. 
Os pares dos nervos espinhais incluem: 
- oito nervos cervicais 
- doze nervos torácicos 
- cinco nervos lombares 
- cinco nervos sacrais 
- um nervo coccígeo 
Pode ser dividido, funcionalmente, em um componente aferente (sensitivo) e um 
eferente (motor). 
 
Componente aferente 
Possui células nervosas sensitivas somáticas e células nervosas sensitivas 
viscerais. 
As primeiras levam informações de receptores localizados na pele, na fáscia e em 
torno das articulações ao SNC; as demais levam impulsos das vísceras para o SNC. 
 
Componente eferente 
Dividido em sistema nervoso somático (SNS) e sistema nervoso autônomo (SNA). 
O SNS é conhecido também como sistema nervoso voluntário porque sua função 
motora é controlada conscientemente. Ele possui células nervosas motoras 
somáticas que levam impulsos do SNC aos músculos estriados esqueléticos. 
O SNA, também conhecido como sistema nervoso involuntário, é composto por 
células nervosas motoras viscerais que transmitem impulsos para a musculatura lisa 
e para o músculo cardíaco, por exemplo. O SNA pode ser divido, funcionalmente, 
em sistema nervoso autônomo simpático (SNAS) e sistema nervoso autônomo 
parassimpático (SNAP). 
 
Sistema Nervoso Autônomo 
 
O sistema nervoso autônomo (SNA) é uma parte da divisão eferente do sistema 
nervoso periférico. É um sistema involuntário que funciona inconscientemente, 
formado por neurônios motores viscerais (eferentes) que controlam funções 
corporais internas tais como: atividades do músculo cardíaco, da musculatura lisa e 
de glândulas corporais. 
É dividido em dois componentes distintos: 
1. Sistema Nervoso Autônomo Simpático 
2. Sistema nervoso Autônomo Parassimpático 
Esses dois componentes são controlados por centros cerebrais localizados, 
principalmente, no hipotálamo e no tronco cerebral. 
 
Anatomia do Sistema Nervoso Autônomo 
As vias eferentes do SNA em direção às estruturas efetoras são compostas por dois 
neurônios: 
 Neurônio pré-ganglionar ou pré-sináptico, cujo corpo celular está localizado 
no interior do sistema nervoso central (SNC). 
 Neurônio pós-ganglionar ou pós-sináptico. Nestes, os corpos celulares estão 
localizados fora do SNC. 
Dessa maneira, é formada uma cadeia em que dois neurônios, um pré-ganglionar e 
outro pós-ganglionar, fazem sinapse. Esse sistema difere do sistema nervoso 
somático, em que um único neurônio motor sai do SNC em direção à estrutura 
inervada. 
 
Sistema Nervoso Autônomo Simpático (SNA Simpático) 
 
As respostas autonômicas simpáticas são elaboradas e coordenadas pela porção 
posterior do hipotálamo. Dessa região, partem os neurônios centrais com trajetória 
descendente em direção às colunas laterais da medula espinhal, onde farão sinapse 
com os neurônios pré-ganglionares dos segmentos toracolombares. 
Os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares do SNA simpático estão 
localizados nas colunas laterais da substância cinzenta da medula espinhal, 
compreendida entre o primeiro segmento torácico (T1) e o segundo segmento 
lombar (L2). Por este motivo, a divisão simpática do SNA é também denominada 
toracolombar. 
Os axônios destes neurônios deixam a medula espinhal pelas raízes ventrais, 
juntamente com os neurônios motores somáticos, e penetram em um gânglio. Um 
conjunto desses gânglios forma uma cadeia de gânglios paravertebrais, localizados 
paralelamente à coluna vertebral. Esses são encontrados conectados entre si, e 
formam uma rede interligada, denominada tronco simpático. Essa cadeia fica 
localizada a cada lado da coluna vertebral. A exceção é a região cervical. É nesse 
local que vários gânglios se unem para formar dois ou três gânglios maiores, para 
então fazerem sinapses com neurônios pós-sinápticos. 
Após penetrarem nos gânglios, os axônios dos neurônios pré-ganglionares podem 
seguir uma das três vias abaixo descritas. 
1. Podem fazer sinapse com os corpos dos neurônios pós-ganglionares nos 
gânglios situados no mesmo nível em que as fibras pré-ganglionares 
penetram na cadeia. Esses axônios inervam, por exemplo, a musculatura lisa 
das paredes vasculares, as glândulas sudoríparas e a musculatura eretora 
dos pêlos. 
2. Os axônios das fibras pré-ganglionares simpáticas podem ascender ou 
descer, pelo tronco simpático, antes de fazerem sinapse com os neurônios 
pós-ganglionares. 
3. Os axônios dos neurônios pré-ganglionares podem passar pelo tronco 
simpático sem fazerem sinapse. Assim, conectam-se a fibras pós-
ganglionares de gângliosperiféricos. 
Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático (SNA Parassimpático) 
 
A porção anterior do hipotálamo é responsável pela elaboração e coordenação das 
respostas parassimpáticas. Desse local emergem os neurônios centrais, que se 
dirigem para o tronco do encéfalo e para os segmentos sacrais da medula espinhal, 
fazendo sinapses com os neurônios pré-ganglionares parassimpáticos. Por esse 
motivo o SNA parassimpático é denominado parte craniossacral do SNA. Os corpos 
celulares dos neurônios pré-ganglionares podem estar localizados tanto no interior 
dos núcleos encefálicos (III, VII, IX e X pares cranianos) como também nas porções 
laterais da substância cinzenta da medula espinhal (compreendida entre os 
segmentos sacrais de S2 a S4). 
A distribuição da parte parassimpática do SNA difere da divisão simpática, pois suas 
fibras não passam pelos ramos dos nervos espinhais. 
Os axônios dos neurônios pré-ganglionares do SNA parassimpático fazem sinapse 
com neurônios pós-ganglionares nos gânglios terminais localizados próximos aos 
órgãos efetuadores. 
 
 
Funções do SNA 
As fibras pré-ganglionares dos neurônios do SNA simpático e parassimpático e as 
pós-ganglionares do parassimpático são denominadas fibras colinérgicas porque 
liberam o neurotransmissor acetilcolina. Essa mesma substância é secretada, 
também, pelos neurônios motores somáticos. 
As fibras pós-ganglionares simpáticas secretam noradrenalina e, por isso, são 
denominadas adrenérgicas. As fibras pós-ganglionares simpáticas que inervam as 
glândulas sudoríparas são uma exceção, pois secretam acetilcolina. 
A maioria dos órgãos corporais é inervada por neurônios das duas divisões do SNA. 
Há exceções, tais como as glândulas sudoríparas, os músculos eretores dos pelos, 
as paredes vasculares e a medula supra-renal, que são inervados apenas pelo SNA 
simpático. 
Os neurotransmissores secretados em uma terminação nervosa do SNA se ligam a 
receptores específicos nas células efetuadoras, causando uma mudança 
conformacional na proteína receptora, parte integrante da membrana celular, 
excitando ou inibindo a célula. Isso pode ocorrer por meio de dois mecanismos: 
1. Mudança na permeabilidade da membrana celular abrindo ou fechando um 
canal iônico. 
2. Ativando ou inativando uma enzima no interior da célula. 
 
Ações Simpáticas e Parassimpáticas 
A estimulação simpática causa efeitos excitatórios em alguns orgãos e 
inibitórios em outros (Quadro 1). Da mesma forma, assim o faz o SNA 
parassimpático, quando estimulado. 
Algumas vezes, um órgão é estimulado pela divisão simpática e inibido pela divisão 
parassimpática, demonstrando que, em alguns órgãos, esses dois sistemas 
funcionam antagonicamente. No entanto, a maioria dos órgãos é controlada 
dominantemente por um ou por outro desses dois sistemas (Figura 3). 
 
 
Figura 3 - Esquema das respostas do sistema nervoso autônomo simpático e do 
parassimpático nos órgãos corporais. 
 
 
Exemplificando: 
- Olhos: as divisões simpática e parassimpática possuem ações antagônicas. A 
primeira, quando estimulada, produz midríase e a segunda miose. 
- Glândulas nasais, lacrimais, salivares e muitas glândulas gastrintestinais são 
estimuladas pela divisão parassimpática do SNA, resultando em secreção aguda 
abundante. 
- Glândulas sudoríparas secretam grande quantidade de suor quando os nervos 
simpáticos são excitados. Não respondem aos estímulos parassimpáticos. 
- Coração: quando o SNA simpático é estimulado, há aumento da frequência 
cardíaca e da força de contração. Desta maneira, o trabalho cardíaco é aumentado. 
O SNA parassimpático atua antagonicamente ao simpático nesse órgão; assim, 
quando estimulados, diminuem tanto a frequência, quanto a força de contração 
cardíaca. 
 
Quadro 1- Respostas aos estímulos do SNA Simpático e do SNA Parassimpático em órgãos 
do corpo humanos. 
 
ÓRGÃOS SIMPÁTICO PARASSIMPÁTICO 
 
Coração 
Taquicardia 
 
Vasodilatação das 
coronárias 
 
Bradicardia 
 
Vasoconstrição das coronárias 
Vasos periféricos 
 
Vasoconstrição Vasodilatação 
 
Brônquios 
Dilatação 
Constrição 
 
Canal alimentar 
Diminuição do 
peristaltismo 
 
Fechamento dos 
esfíncteres 
 
 
Aumento do peristaltismo 
 
Abertura dos esfíncteres 
 
Glândulas salivares 
Vasoconstrição 
 
Redução do volume 
da secreção 
 
Aumento da 
viscosidade da 
secreção 
Vasodilatação 
 
Aumento do volume da secreção 
 
Aumento da fluidez da secreção 
Pupila Midríase (dilatação da 
pupila) 
Miose (constrição da pupila) 
Glândulas sudoríparas Secreção copiosa 
 
Inervação ausente 
Músculo eretor do pelo 
 
Ereção dos pelos 
 
Inervação ausente 
Glândulas lacrimais Pouco efeito sobre a 
secreção 
 
Secreção abundante 
Bexiga Pouca ou nenhuma ação Contração do músculo detrusor (ação no 
esvaziamento da bexiga) 
 
Genitália masculina 
 
Ejaculação 
 
Ereção 
Glândula Suprarrenal Secreção de adrenalina Inervação ausente 
 
 
 
 
ORGANIZAÇÃO E COMPONENTES DO SNC 
 
ANATOMIA DA MEDULA ESPINHAL 
 
A medula espinhal é uma estrutura segmentar do sistema nervoso central. 
Apresenta uma forma cilíndrica (Figura 4), ligeiramente achatada no sentido 
anteroposterior, com dois espessamentos nas regiões de emergência das raízes 
nervosas destinadas aos membros superiores e inferiores. 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 4 - Medula espinhal em vista ventral após abertura da meninge dura-máter. 
Esses espessamentos são denominados de intumescência cervical, entre os 
segmentos medulares C5 e T1, e intumescência lombar, entre os segmentos 
medulares L1 e L5. 
A medula espinhal ocupa o canal vertebral, estendendo-se desde a decussação das 
pirâmides bulbares, na altura do forame magno do crânio, até o nível da 1ª ou 2ª 
vértebras lombares. 
Na sua extremidade caudal, a medula estreita-se terminando sob a forma de um 
cone, denominado cone medular. Nesse ponto identifica-se o início de um filamento 
meníngeo, não nervoso, denominado de filamento terminal, junto à cauda equina. 
A cauda equina corresponde ao conjunto dos axônios dos neurônios, sensitivos e 
motores, que constituem, fora do canal vertebral, os nervos lombares, sacrais e 
coccígea (Figura 5). 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 5 - Segmento distal do saco dural com cauda equina e filamento terminal. 
Os nervos espinhais, em número de 31 a 33 pares, são formados, lateralmente, a 
partir da medula espinal, respeitando uma planificação geral, conhecida como 
disposição metamérica. Originam-se da medula espinhal e deixam o canal vertebral 
através dos forames intervertebrais. São classificados, segundo os locais de 
emergência do canal, em nervos cervicais, torácicos, lombares, sacrais e coccígeos. 
Na região cervical há oito pares de nervos cervicais, embora existam somente sete 
vértebras cervicais. 
O 1° par (C1) emerge entre a primeira vértebra cervical, o atlas, e o osso occipital, 
sendo que o último par, o 8º nervo (C8), emerge entre a 7ª vértebra cervical e a 1ª 
vértebra torácica. 
 Na região torácica há doze pares de nervos torácicos. O 1º par (T1) emerge entre a 
1ª e a 2ª vértebras torácicas. 
Na região lombar há cinco pares de nervos lombares. 
Na região sacral, cinco pares de nervos sacrais. 
Na região coccígea pode-se observar de um a três pares de nervos coccígeos. 
 
CORTE TRANSVERSAL DA MEDULA ESPINHAL 
 
Em cortes transversais, a medula espinhal apresenta dois tipos de substâncias 
distribuídas de forma característica: a branca, perifericamente, e a cinzenta, 
internamente. 
No corte transversal, a substância cinzenta temo aspecto morfológico de uma letra 
“H”, sendo identificados dois cornos anteriores e dois posteriores. 
Unindo a substância cinzenta de um lado da medula ao lado oposto, observa-se 
uma ponte denominada substância cinzenta intermédia central. A substância 
cinzenta intermédia lateral ocupa exatamente o espaço entre os cornos anteriores e 
posteriores de ambos os lados da medula. 
No centro da substância cinzenta intermédia central há um resquício da luz do tubo 
neural primitivo, denominado canal central da medula. Esse é revestido por células 
ependimárias, e é por isso chamado de canal do epêndima. 
Nos cortes transversais da medula espinhal, na topografia dos segmentos torácicos 
e nos primeiros segmentos lombares, observa-se o aparecimento de um par de 
cornos laterais, entre o corno anterior e o posterior, situados como prolongamentos 
laterais da região cinzenta intermediária lateral. Esses cornos inexistem nas demais 
regiões da medula espinhal. 
DIFERENÇAS ENTRE OS SEGMENTOS MEDULARES 
Existem diferenças anatômicas e funcionais evidentes entre os segmentos 
medulares, tanto na substância branca como na substância cinzenta. 
A substância branca é constituída em sua maior parte por tractos nervosos, 
responsáveis pela conexão anatômica e funcional entre a medula espinhal e o 
encéfalo. Assim, o maior volume da substância branca se encontra na região 
cervical da medula, visto que por ela devem passar todos os tractos, ascendentes e 
descendentes. A partir da região torácica, ocorre uma diminuição progressiva do 
volume de substância branca na medula espinhal, no sentido craniocaudal. 
Quanto à substância cinzenta, torna-se mais evidente na altura da intumescência 
cervical e lombar. Isto ocorre devido à entrada das fibras nervosas sensitivas e a 
saída das fibras nervosas motoras, que compõem os nervos espinhais e que são 
responsáveis pela inervação dos membros superiores e inferiores. 
TOPOGRAFIA VERTEBROMEDULAR 
A relação topográfica entre a coluna vertebral e a medula espinhal é de extrema 
importância para a compreensão das lesões vertebromedulares. 
Há uma regra matemática simples e de grande valia para o estabelecimento dessa 
relação topográfica. Entre as vértebras C2 até T10, soma-se um número 2 no nível 
do processo espinhoso da vértebra e tem-se o segmento medular. Exemplificando: o 
processo espinhoso da 4ª vértebra cervical + 2 indica o 6º segmento cervical da 
medula espinhal. 
Paralelamente, a partir dos dois primeiros segmentos cervicais medulares, partem os 
dois primeiros pares de nervos cervicais, C1 e C2. Todos os demais pares de nervos 
espinhais saem inferiormente à topografia do segmento medular correspondente. 
 
COMPONENTES FUNCIONAIS DA MEDULA E DOS NERVOS ESPINHAIS 
Os centros relacionados com a sensibilidade estão localizados na porção dorsal da 
substância cinzenta da medula espinhal. Aqueles relacionados com a motricidade 
estão localizados na região ventral. Logo, todas as informações sensitivas ou 
aferentes chegam à medula espinhal pela sua região dorsal por meio da raiz dorsal 
do nervo espinhal, que apresenta, como característica, o gânglio da raiz dorsal, onde 
estão situados os corpos celulares dos neurônios sensitivos. 
Como a sensibilidade pode ser proveniente de todo o território corporal e vísceras, 
na raiz dorsal do nervo espinhal distinguem-se as fibras nervosas somatossensitivas 
e as fibras nervosas viscerossensitivas. 
Os centros nervosos relacionados com a motricidade estão localizados na porção 
ventral ou anterior da substância cinzenta da medula espinhal. Desse local, partem 
as fibras nervosas motoras, destinadas aos órgãos efetuadores do sistema nervoso. 
Esses locais são denominados centros eferentes. 
Os efetuadores do sistema nervoso podem ser músculos estriados esqueléticos 
(voluntários ou somáticos), músculos lisos (involuntários ou viscerais) ou glândulas. 
Dessa forma, as fibras eferentes podem ser, respectivamente, somatomotoras e 
visceromotoras (ou autônomas). 
Denomina-se raiz ventral ou motora de um nervo espinhal o conjunto de fibras 
eferentes que se destacam da porção ventral da medula espinhal até se juntarem 
àquelas que constituem a raiz sensitiva. Assim, todos os nervos espinhais são 
mistos, constituídos por uma raiz dorsal sensitiva e outra ventral motora. 
 
ANATOMIA DO TRONCO ENCEFÁLICO 
 
O tronco encefálico (TE) é uma estrutura constituída por três partes distintas: o bulbo 
ou medula oblonga, situado caudalmente; a ponte, com posição média; e 
cranialmente, o mesencéfalo (Figura 6). 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 6 - Vista medial do encéfalo. 
 
O bulbo é uma continuidade direta da medula espinhal. Apresenta a forma de um 
cone com base para cima. Possui aproximadamente três centímetros de 
comprimento. Sua face anterior repousa sobre a porção basilar do osso occipital e 
sua face posterior relaciona-se com o cerebelo por meio dos pedúnculos cerebelares 
inferiores. 
 
A ponte é uma protuberância anular situada entre o bulbo e o mesencéfalo. A face 
ventral repousa sobre a porção basilar do occipital, estendendo-se até o dorso da 
sela turca ou fossa hipofisária. A face dorsal participa da constituição do IV° 
ventrículo e está relacionada com o cerebelo por meio dos pedúnculos cerebelares 
médios. 
 
O mesencéfalo representa a porção cranial do tronco encefálico, interposto entre a 
ponte e o diencéfalo. 
 
ESTUDO ANATÔMICO E FUNCIONAL DOS NERVOS CRANIANOS 
 
Há doze pares de nervos cranianos (I ao XII pares). Com exceção dos dois primeiros 
pares, os dez últimos (III ao XII pares) apresentam sua origem na extensão do 
tronco encefálico (Figura 7). 
 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 7 - Vista dorsal do tronco do encéfalo com os nervos cranianos. 
 
Os nervos cranianos podem ser divididos em três grandes grupos: somíticos, 
branquiais e dos sentidos especiais. 
 
1° Grupo: Nervos cranianos somíticos 
 
Representado pelos nervos cranianos exclusivamente motores. São eles: nervo 
oculomotor, nervo troclear, nervo abducente e nervo hipoglosso. 
Os nervos oculomotor (III par), troclear (IV par) e abducente (VI par) são 
responsáveis pela inervação motora dos músculos extrínsecos dos olhos. 
O nervo hipoglosso (XII par) é responsável pela inervação motora dos músculos 
intrínsecos e extrínsecos da língua. 
Os nervos desse grupo são denominados nervos motores somáticos, exceto uma 
parte visceromotora do III par de nervos cranianos, o nervo oculomotor, responsável 
pela inervação autonômica do músculo esfíncter da pupila e músculo ciliar nos olhos. 
 
2° Grupo: Nervos Cranianos Braquiais 
 
Grupo constituído tanto por fibras nervosas sensitivas quanto por motoras e, por 
isso, é denominado grupo nervos cranianos mistos. 
São eles: o nervo trigêmeo (V par, responsável pela inervação dos músculos da 
mastigação e do músculo tensor do tímpano), nervo facial (VII par, responsável pela 
inervação dos músculos mímicos da face, do ventre posterior do músculo digástrico 
e do músculo estapédio), nervo glossofaríngeo (IX par, responsável pela inervação 
do músculo estilofaríngeo e do músculo constritor superior da faringe), nervo vago (X 
par, responsável pela inervação dos músculos constritores da faringe e músculos 
intrínsecos da laringe) e nervo acessório (XI par, responsável por auxiliar o nervo 
vago na inervação dos músculos do palato mole). A inervação sensitiva desses 
nervos cranianos está exposta no quadro 1. 
 
3° Grupo: Nervos Cranianos sensitivos especiais 
 
Os nervos cranianos sensitivos especiais são representados pelos nervos cranianos 
olfatório (I par), óptico (II par) e vestíbulo-coclear (VIII par).O único nervo craniano com origem no tronco encefálico é o nervo vestíbulo-coclear, 
responsável pela audição e pelo equilíbrio. 
 
 
CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS DOS NERVOS CRANIANOS 
 
Quadro 2. Nervos cranianos, características funcionais individuais e território de 
inervação. 
 
Nervos cranianos: 
 
 
Características Funcionais: 
I par - Nervo Olfatório 
 
Condução de sensibilidade olfatória. 
 
II par – Nervo Óptico Condução de estímulos nervosos referentes à 
sensibilidade visual 
III par – Nervo Oculomotor Responsável pela inervação dos músculos dos 
olhos: músculo reto medial, músculo reto 
superior, músculo reto inferior, músculo 
oblíquo inferior, músculo elevador da pálpebra 
e músculo esfíncter pupilar da íris e m. ciliar. 
IV par – Nervo Troclear Responsável pela inervação do músculo 
oblíquo superior. 
V par – Nervo Trigêmeo Ramo oftálmico do nervo trigêmeo: 
Inervação sensitiva da pele da região frontal, 
da pele e da mucosa do nariz, da conjuntiva 
ocular e das órbitas. 
Ramo maxilar do nervo trigêmeo: 
Inervação sensitiva de todos os dentes da 
arcada dentária superior, pele e região maxilar. 
Ramo mandibular do nervo trigêmeo: 
Inervação sensitiva de todos os dentes da 
arcada dentária inferior e 2/3 anteriores da 
língua, inervação motora dos músculos da 
mastigação, ventre anterior do músculo 
digástrico, músculo milo-hióideo. 
VI par – Nervo Abducente Responsável pela inervação do músculo reto 
lateral. 
VII par – Nervo Facial Inervação motora de todos os músculos da 
expressão facial, músculos miméticos, ventre 
posterior do músculo digástrico, músculo 
platisma, inervação sensitiva dos 2/3 
anteriores da língua, glândula lacrimal, 
glândula submandibular e glândula sublingual, 
mucosa da cavidade nasal, palato duro e 
palato mole. 
VIII par – Nervo Vestibulococlear Ramo vestibular do nervo vestibulococlear: 
Inervação dos canais semicirculares do 
labirinto, da mácula e otocônios. É responsável 
pela condução de estímulos referentes à 
mudança de posição da cabeça sobre o 
pescoço. 
Ramo coclear do nervo vestibulococlear: 
Responsável pela inervação sensitiva da 
cóclea e do órgão de Corti. É responsável pela 
condução de estímulos referentes à audição. 
IX par – Nervo Glossofaríngeo Inervação motora do músculo estilofaríngeo, 
inervação sensitiva da mucosa das tonsilas 
faríngeas, palatinas e lingual, cavidade 
orofaringeana, 1/3 posterior da língua, glândula 
parótida, artéria carótida interna, seio carotídeo 
e plexo timpânico. 
X par – Nervo Vago Inervação da faringe e palato mole, epiglote, 
laringe, vísceras torácicas como o esôfago, 
traquéia, brônquios, pulmões e coração, 
vísceras abdominais como o duodeno, 
estômago, fígado, ductos biliares, baço, rins, 
intestino delgado e intestino grosso. 
XI par – Nervo Acessório Inervação motora do músculo 
esternocleidomastóideo e músculo trapézio. 
XII par – Nervo Hipoglosso Inervação motora de todos os músculos 
intrínsecos e extrínsecos da língua. 
 
ANATOMIA DO CEREBELO 
 
O cerebelo é um órgão encefálico situado dorsalmente ao tronco do encéfalo. 
Recobre a ponte e parte do bulbo. Está localizado na fossa inferior da base interna 
do crânio e separado superiormente dos lobos occipitais por uma formação 
meníngea da duramater, a tenda do cerebelo (Figura 8). 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 8- Vista medial da hemicabeça. 
 
Na superfície externa do cerebelo são identificadas inúmeras pregas com disposição 
transversal, denominadas folhas cerebelares. Estas são separadas entre si por 
fissuras cerebelares (Figura 9). 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 9 - Vista superior dos hemisférios cerebelares. 
 
O cerebelo, morfologicamente, é dividido em duas partes: o verme cerebelar e os 
hemisférios cerebelares (Figura 10). 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 10 - Vista inferior dos hemisférios cerebelares. 
 
O verme (ou vermis cerebelar) é uma estrutura mediana, com formato da letra “C“ 
(Figura 11). 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 11 - Vista medial do cerebelo. 
 
A face anterior do cerebelo (visível somente pela remoção do tronco do encéfalo) 
contém três pares de massas cilíndricas, constituídas essencialmente por fibras 
nervosas, denominadas de pedúnculos cerebelares superiores, pedúnculos 
cerebelares médios e pedúnculos cerebelares inferiores. 
O cerebelo se liga pelos pedúnculos cerebelares superiores, ao mesencéfalo e ao 
cérebro; pelos pedúnculos cerebelares médios à ponte, e pelos pedúnculos 
cerebelares inferiores ao bulbo e à medula espinhal. 
Entre os pedúnculos cerebelares superiores, estende-se uma lâmina delgada 
denominada véu medular superior. Esta é responsável pela formação do tecto do IV 
ventrículo. 
Entre os pedúnculos cerebelares inferiores, observa-se outra lâmina, que constitui a 
parte postero-inferior do tecto da cavidade formada pelo véu medular inferior e pelo 
nódulo do cerebelo. Na segunda lâmina, estão localizadas as aberturas do IV 
ventrículo, uma mediana e duas laterais. 
 
ORGANIZAÇÃO DO TECIDO CEREBELAR 
 
O cerebelo, como órgão do sistema nervoso suprassegmentar, apresenta substância 
cinzenta periférica sob a forma de córtex cerebelar e substância branca central 
formando o centro branco medular do cerebelo. 
Em posição periférica, o córtex cerebelar é formado uniformemente por três 
camadas ou estratos celulares: a camada molecular externa, a camada granular 
interna e, entre as duas, a camada das células de Purkinje. 
 
DIVISÃO MORFOLÓGICA DO CEREBELO 
 
A divisão morfológica do cerebelo, a partir da identificação das principais fissuras, 
estabelece a subdivisão em lobos cerebelares. 
A fissura primária (ou prima) e a fissura posterolateral separam o cerebelo em três 
lobos: 
a) Lobo anterior do cerebelo – formado pela língula, lóbulo central, culmen, asa 
do lóbulo central e a parte anterior do lóbulo quadrangular. 
b) Lobo posterior do cerebelo – constituído pelo declive, fólium, túber, pirâmide, 
úvula, parte posterior do lóbulo quadrangular, parte superior do lóbulo 
semilunar, parte inferior do lóbulo semilunar, lóbulo biventre e tonsilas. 
c) Lobo flóculo-nodular – formado pelo nódulo do verme em conjunto com os 
flóculos cerebelares. 
 
CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS DO CEREBELO 
 
O cerebelo é responsável pela coordenação motora fina, controle do tônus muscular, 
coordenação das ações musculares, controle dos movimentos voluntários, 
aprendizagem motora e equilíbrio corporal. 
 
DIENCÉFALO 
 
O diencéfalo é uma região do cérebro constituída pelo tálamo, hipotálamo, epitálamo 
e subtálamo. 
O tálamo está situado profundamente nos hemisférios cerebrais, sendo limitado 
lateralmente pela cápsula interna. É constituído por duas massas ovóides de 
substância cinzenta (Figura 12). Estas duas estruturas formam as paredes laterais 
do terceiro ventrículo e estão ligadas pela aderência intertalâmica, uma pequena 
ponte que atravessa o terceiro ventrículo. Possuem mais de 20 núcleos 
(agrupamentos de corpos celulares) separados funcionalmente. Por analogia, 
podemos dizer que o tálamo funciona como uma estação de retransmissão sensitiva 
e centro integrador do encéfalo. 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 12 - Face medial do hemisfério cerebral. 
 
O hipotálamo localiza-se inferiormente ao tálamo. Forma parte das paredes e 
assoalho do terceiro ventrículo. É constituído por vários núcleos, cada um envolvido 
em funções específicas. Controla vários processos vitais, muitos associados ao SN 
autônomo, sendo que alguns estão relacionados a atividades simpáticas e outros a 
atividadesparassimpáticas. Está envolvido na regulação da temperatura corporal, 
balanço hídrico, apetite, atividade gastrintestinal e emoções (medo e raiva). Controla 
o sistema endócrino pela regulação da liberação de hormônios sintetizados na 
glândula hipófise. 
Macroscopicamente, o hipotálamo é constituído pelos corpos mamilares, infundíbulo, 
túber cinério e quiasma óptico. 
Os corpos mamilares (Figura 13) são duas estruturas pequenas, arredondadas e 
situadas posteriormente ao infundíbulo que funcionam como estações intermediárias 
para os neurônios olfatórios. 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 23 - Secção frontal do cérebro. 
 
O túber cinéreo, localizado anteriormente aos corpos mamilares, contém neurônios 
transportadores de hormônios reguladores do hipotálamo para a adeno-hipófise 
através do infundíbulo pelo sistema porta–hipofisário, formando o tracto hipotálamo-
hipofisário. 
O infundíbulo, constituído por axônios de neurônios responsáveis pela comunicação 
entre o hipotálamo e a hipófise, estende-se inferiormente ao túber cinéreo. 
O quiasma óptico (localizado anteriormente ao infundíbulo) é formado pelo 
cruzamento (decussação) de alguns neurônios dos nervos ópticos (Figura 14). 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 14 - Secção frontal do cérebro. Quiasma óptico (seta). 
 
Fibras nervosas dos núcleos hipotalâmicos e do túber cinéreo atravessam o 
infundíbulo em direção à neurohipófise transportando hormônios - oxitocina e ADH- 
sintetizados nos núcleos hipotalâmicos e liberados pela porção posterior da glândula 
hipófise. 
O epitálamo fica na região dorsal do encéfalo. O corpo pineal é uma pequena 
estrutura que se estende até a porção final do epitálamo e tem influência inibidora 
sobre a atividade testicular/ovariana, por meio da secreção de melatonina. A 
comissura epitalâmica está localizada anteriormente ao corpo da pineal. 
O subtálamo localiza-se inferiormente ao hipotálamo e superiormente ao 
mesencéfalo. Possui a forma de uma lente biconvexa. Está envolvido com o controle 
dos movimentos somáticos. 
 
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO TELENCÉFALO 
 
O cérebro humano, observado superiormente, está dividido em dois hemisférios 
cerebrais pela fissura longitudinal do cérebro (Figura 15). 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 15 - Vista superior dos hemisférios cerebrais. 
Cada hemisfério cerebral apresenta três faces: 
a) A face superolateral, convexa nos sentidos longitudinal e transversal; 
b) A face inferior assentada sobre os ossos que formam a base interna do 
crânio, junto às fossas anteriores e média 
c) A face medial voltada para o plano sagital mediano. Essa visível somente pela 
separação dos hemisférios 
As três faces são separadas por bordas de acordo com sua localização. 
Dessa forma são denominadas de: borda superior, borda medial e borda lateral. 
A borda superior dos hemisférios cerebrais separa as faces superolateral e medial e 
estende-se sem interrupção, do pólo frontal até o pólo occipital. 
A borda medial, também chamada de inferomedial, serve como limite entre as faces 
medial e inferior. 
A borda lateral, com posição inferolateral, separa as faces superolateral e inferior. É 
constituída por duas porções: uma frontal e outra têmporo-occipital, separadas pelo 
sulco lateral. 
 
SULCOS INTERLOBARES 
São sulcos, frequentemente constantes, utilizados para a separação ou divisão dos 
hemisférios em lobos distintos. 
 
Sulco lateral 
Situado nas faces inferior e superolateral dos hemisférios cerebrais. Serve como 
limite entre os lobos temporal, frontal e parietal (Figura 16). 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 16 - Vista lateral do hemisfério cerebral esquerdo. 
 
Na face superolateral, esse sulco divide-se em três porções desiguais: dois ramos 
curtos dirigindo-se para o lobo frontal, denominados de ramo ascendente e de ramo 
anterior do sulco lateral. O terceiro ramo, muito longo, representa a verdadeira 
continuação do sulco lateral, dirigindo-se obliquamente para trás e para cima, 
recebendo o nome de ramo posterior do sulco lateral. 
 
Sulco central 
Situado na face superolateral. Divide os lobos frontal e parietal (Figura 16). 
 
Sulco Parietoccipital 
Situado nas faces superolateral e medial dos hemisférios cerebrais. Melhor 
identificado na face medial do cérebro. Representa o limite entre os lobos parietal e 
occipital (Figura 17). 
 
Sulco Calcarino 
Possui início no pólo occipital, dirigindo-se anteriormente, até encontrar o sulco 
parietoccipital medialmente (Figura 17). 
 
Sulco do Cíngulo 
É o mais longo dos sulcos da face medial dos hemisférios cerebrais. Apresenta 
disposição paralela ao corpo caloso (Figura 17). 
 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 17 - Vista medial do hemisfério cerebral. 
 
Sulco Colateral 
Situado na porção têmporo-occipital da face inferior do hemisfério. Seu início está 
localizado no pólo occipital, paralelo ao sulco calcarino e seu término nas 
proximidades do pólo temporal. Nesse trajeto, separa o giro parahipocampal 
(medialmente) dos giros occipitotemporais, medial e lateral. 
 
Sulco Circular da Ínsula 
Está situado ao redor do lobo da ínsula, separando-a dos lobos frontal, parietal e 
temporal (Figura 18). 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 18 - Exposição do lobo da ínsula. 
 
 
LOBOS CEREBRAIS 
 
 
LOBO FRONTAL 
 
Possui três sulcos irregulares que determinam a sua divisão em quatro giros. 
Dois sulcos são paralelos entre si e se originam nas proximidades do pólo frontal, 
dirigindo-se para o sulco central e são denominados sulcos frontais, superior e 
inferior. Os giros frontais superior, médio e inferior estão localizados entre as bordas 
superior e lateral do hemisfério cerebral, entre os sulcos frontais, superior e inferior. 
O sulco pré-central delimita, juntamente com o sulco central, o giro pré-central, 
responsável pela motricidade somática. 
Na face medial, o lobo frontal é delimitado pela borda superior do hemisfério 
cerebral, sulco do cíngulo e sulco subcaloso anterior. 
 
 
LOBO TEMPORAL 
 
O lobo temporal possui dois sulcos paralelos entre si e ao sulco lateral. São 
denominados sulcos temporais, superior e inferior. Entre esses dois sulcos estão 
delimitados três giros. Estes são denominados, de cima para baixo, de giros 
temporais superior, médio e inferior. 
Na parte transversa do giro temporal superior está localizada a área do córtex 
auditivo primário. 
A face inferior do lobo temporal possui um sulco, geralmente irregular, que se 
estende em direção ao lobo occipital, denominado de sulco occipital-temporal. 
 Esse sulco, juntamente com a borda lateral do hemisfério, delimita o giro temporal 
inferior. 
Entre o sulco occipito-temporal e o sulco colateral delimita-se o giro occipito-
temporal lateral. 
Entre o sulco colateral e o sulco calcarino delimita-se o giro occipitotemporal medial. 
Entre o sulco colateral e o sulco para-hipocampal delimita-se o giro para-hipocampal. 
Esse giro recobre o hipocampo. 
O hipocampo, cujo nome está associado ao cavalo marinho, pela semelhança 
apresentada nos cortes frontais, situa-se no lóbulo temporal, em posição medial ao 
corno inferior do ventrículo lateral. 
O hipocampo é uma área cortical, muito antiga, ligada às funções básicas da vida e 
à memória de fatos atuais e recentes. 
A sua extremidade anterior, alargada e proeminente, é denominada pé do 
hipocampo. É envolvido em parte por uma delgada lâmina de substância branca, 
denominada de alveus do hipocampo. O alveus continua-se medial e dorsalmente 
ao hipocampo por um feixe de fibras nervosas que constituem a fímbria do 
hipocampo. Esta tem continuação posteriorcom a perna do fórnix, estabelecendo a 
conexão do hipocampo com o corpo mamilar. 
Entre a fímbria e o hipocampo, lateralmente, e o giro parahipocampal, medialmente, 
situa-se um giro reduzido caracterizado pelas digitações que apresenta, denominado 
de giro denteado. 
 
LOBO PARIETAL 
 
O lobo parietal é percorrido por um sulco, paralelo ao sulco central, denominado 
sulco pós-central. 
Paralelamente à borda superior do hemisfério cerebral, identifica-se, no lobo parietal, 
um segundo sulco estendendo-se do sulco pós-central até o lobo occipital, o sulco 
intraparietal. Entre a borda superior do hemisfério cerebral, sulco intraparietal e 
sulco lateral situam-se, respectivamente, os lóbulos parietais, superior e inferior. 
Entre os sulcos central e pós-central localiza-se o giro parietal, pós-central, 
responsável pela sensibilidade somática (área somestésica). 
O lóbulo parietal inferior pode ser subdividido em duas porções: giro supra-marginal, 
contornando a porção terminal do ramo posterior ao sulco lateral e o giro angular, 
contornando a porção terminal do sulco temporal superior. 
Na face medial, o lobo parietal está compreendido entre o ramo marginal do sulco do 
cíngulo e o sulco parieto-occipital. Desta forma delimita-se um lóbulo quadrilátero, o 
giro pré-cuneo. 
O restante do lobo parietal, na face medial, representa a porção do lóbulo 
paracentral. 
 
 
LOBO OCCIPITAL 
 
O lobo occipital, posteriormente, está delimitado entre as bordas superior e lateral 
dos hemisférios cerebrais. É mais bem visto na face medial dos hemisférios 
cerebrais. 
Na face medial, o lobo occipital está compreendido entre as bordas superior e medial 
do hemisfério cerebral. 
Entre o sulco parieto-occipital e o sulco calcarino, identifica-se o giro cuneo ou lóbulo 
cuneiforme, limitado inferiormente pelo sulco calcarino. 
O córtex cerebral que margeia o sulco calcarino representa o córtex visual primário. 
 
LOBO DA ÍNSULA 
 
O lobo da ínsula ocupa a região cortical profunda do sulco lateral. É constituído por 
vários giros curtos e um giro longo, o giro da ínsula. Todos esses giros convergem 
anteriormente para constituir o limem da ínsula (Figura 19). 
Os giros curtos se separam do giro longo pelo sulco central da ínsula. 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 19 - Vista lateral do hemisfério cerebral esquerdo pós-remoção parcial dos 
lobos: frontal, parietal e temporal. 
 
LOBO LÍMBICO 
 
O lobo límbico é constituído, na face medial dos hemisférios cerebrais, pelo giro do 
cíngulo que acompanha o corpo caloso em toda a sua extensão e dele se separa 
pelo sulco do corpo caloso. 
O giro do cíngulo tem seu início sobre o rostro do corpo caloso e, após acompanhá-
lo, estreita-se próximo ao esplênio do corpo caloso. Nesse local origina-se o istmo 
do giro do cíngulo que continua com o giro para-hipocampal da face inferior do 
hemisfério. O giro para-hipocampal projeta-se anteriormente até terminar sob a 
forma de um gancho, denominado giro do uncus. 
 
ESTUDO MORFOFUNCIONAL DO CENTRO BRANCO MEDULAR DO CÉREBRO 
 
Excetuando-se as porções cinzentas (córtex cerebral e núcleos da base), todo o 
restante do telencéfalo é constituído por substância branca (Figura 20). 
 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 20 - Secção transversal do cérebro. 
 
A substância branca é representada por fibras nervosas mielínicas e é bem 
evidenciada nos cortes horizontais ou frontais. Funcionalmente, essas fibras podem 
ser agrupadas em três categorias: 
 Tractos nervosos de associação intra-hemisféricas 
 Tractos nervosos de associação inter-hemisféricas 
 Tractos nervosos de projeção 
 
Tractos Nervosos de Associação Intra-hemisférica 
 
São representados por conjuntos de fibras nervosas que ligam áreas corticais 
distintas, dentro de um mesmo hemisfério cerebral. 
Quando as conexões se fazem em áreas próximas, as fibras têm comprimento 
reduzido e são denominadas de fibras nervosas curtas. 
As demais fibras nervosas são longas e conectam regiões intra-hemisféricas 
distantes. 
De acordo com a disposição e localização, as fibras nervosas longas são agrupadas 
em diferentes tractos ou fascículos: 
 Fascículo longitudinal superior – é a mais longa das vias de associação. 
Conectam os lobos frontal, occipital e temporal. 
 Fascículo unciforme – em forma de gancho. Contorna o fundo do sulco lateral, 
unindo regiões inferiores do lobo frontal à porção anterior do lobo temporal. 
 Fascículo do cíngulo – situado junto ao giro do cíngulo. Estabelece conexões 
entre as regiões situadas sob o joelho do corpo caloso, o hipocampo e 
regiões circunvizinhas. 
 Fascículo longitudinal inferior – estabelece conexão intra-hemisférica entre os 
lobos temporal e occipital. 
 Fibras arqueadas – são responsáveis pela associação entre giros cerebrais 
vizinhos. 
 
 
Tractos Nervosos de Associação Inter-hemisférica 
 
São representados por grupos bem delimitados de fibras nervosas que cruzam o 
plano sagital mediano horizontalmente. 
Os principais tractos desse grupo são: o corpo caloso, a comissura anterior, a 
comissura do fórnix, a comissura posterior e a comissura das habênulas. 
 
Tractos Nervosos de Projeção 
Representam os agrupamentos de fibras nervosas que estabelecem a união entre o 
córtex cerebral e as demais estruturas subcorticais do sistema nervoso central. 
Estas conexões podem ser de dois tipos: 
a) Fibras nervosas de projeção ascendentes que se originam em regiões 
inferiormente localizadas do sistema nervoso central e que terminam no 
córtex cerebral. 
b) Fibras nervosas de projeção descendentes que se originam no córtex cerebral 
e se destinam aos centros nervosos subcorticais. 
 
CORPO CALOSO 
É a mais importante das comissuras inter-hemisféricas. Possui a forma de um arco 
com disposição transversal e concavidade voltada inferiormente. Está localizado no 
fundo da fissura longitudinal do cérebro (Figura 21). 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 21 - Vista medial do hemisfério cerebral esquerdo. 
O corpo caloso é constituído por milhões de axônios de neurônios que cruzam a 
linha média. Além do corpo, é constituído também pelo rostro, joelho e pelo esplênio 
do corpo caloso. 
O joelho afila-se tendo continuidade com o rostro do corpo caloso. Este está 
localizado superiormente à comissura anterior e à lâmina terminal. 
A lâmina terminal estende-se entre os dois hemisférios cerebrais, da comissura 
anterior até o quiasma óptico, formando parte da parede anterior do III ventrículo. 
O esplênio do corpo caloso, localizado posteriormente, é livre e bastante espessado. 
As fibras nervosas do corpo caloso ligam regiões simétricas do córtex cerebral dos 
hemisférios. Quando se espraiam em direção a essas regiões, constituem as 
radiações do corpo caloso. 
 
COMISSURA ANTERIOR 
 
A comissura anterior está situada superiormente à lâmina terminal. Pode ser dividida 
em duas porções: uma porção anterior, constituída por fibras nervosas que se 
dirigem lateral e horizontalmente, estando relacionadas à conexão dos bulbos 
olfatórios entre si; e a porção posterior, constituída por fibras nervosas que se 
arqueiam, para baixo e para trás, conectando áreas dos lobos temporais e corpos 
amigdalóides, de ambos os hemisférios cerebrais. 
 
COMISSURAS DO FORNIX 
 
É representada por fibras nervosas responsáveis pela conexão anatômica e 
funcional entre os dois hipocampos. Essas fibras nervosas são encontradas, ao 
cruzarem, sob o esplênio do corpo caloso. 
 
NÚCLEOS DA BASE E ESTRUTURAS CORRELATAS 
 
Os núcleos da base do cérebro são constituídos, predominantemente, por corpos 
celularesde neurônios. São responsáveis, em conjunto com o cerebelo, pela 
modulação e refinamento do planejamento motor. 
São eles: núcleo putamen, núcleo globo pálido, núcleo caudado, entre outros. 
O corpo estriado é constituído pelos núcleos caudado, putamen e globo pálido e 
representa um importante centro motor subcortical relacionado ao sistema 
extrapiramidal. 
O corpo estriado está situado, em grande parte, lateralmente ao tálamo e 
medialmente ao lobo da ínsula. 
O núcleo lentiforme é formado pelo agrupamento dos núcleos putamen (mais 
pigmentado) e globos pálidos (mais claros devido às fibras mielínicas que os 
atravessam). 
O putamen está separado do núcleo globo pálido por uma delgada camada de 
substância branca denominada de lâmina medular lateral. 
O putamen está, anatômica e funcionalmente, ligado ao núcleo caudado. 
O núcleo lentiforme está separado, medialmente, do tálamo e do núcleo caudado 
por uma compacta massa de fibras nervosas mielinizadas, a cápsula interna. Ele é 
limitado, lateralmente, por outra lâmina branca denominada cápsula externa. 
Entre a cápsula externa e o córtex do lobo da ínsula situa-se outro núcleo da base 
denominado claustrum. A separação entre o claustrum e o córtex insular é feita por 
uma delgada camada de substância branca, a cápsula extrema. 
O corpo amigdalóide é incluído como núcleo da base. Está situado no lobo temporal, 
anteriormente ao corno inferior do ventrículo lateral e à porção terminal da cauda do 
núcleo caudado. O complexo amigdaloide participa do comportamento emocional e 
sexual. 
O núcleo caudado, com forma arqueada, é constituído por uma cabeça, que entra na 
formação de uma das paredes do ventrículo lateral (corno anterior), um corpo, 
situado lateralmente ao tálamo, e uma cauda que acompanha o corno inferior do 
ventrículo lateral. 
A cápsula interna, quando observada em cortes transversais, apresenta a forma de 
letra “V“. É constituída por fibras nervosas mielínicas, ascendentes e descendentes, 
e pode ser dividida nas seguintes partes: 
(a) Ramo anterior da cápsula interna: é a parte da cápsula interna que está 
localizada entre a cabeça do núcleo caudado (medialmente) e o núcleo 
lenticular (lateralmente). Essa porção contêm fibras nervosas que, em sua 
maioria, conectam o tálamo ao lobo frontal (fibras tálamo-corticais e córtico-
talâmicas), e fibras que se originam no córtex do lobo frontal e se dirigem à 
ponte (fibras frontopontinas). 
(b) Joelho – é a porção de união entre o ramo anterior e posterior da cápsula 
interna. Contém a maioria das fibras do tracto cortico-nuclear. Esse tracto leva 
comandos motores do córtex frontal para os núcleos motores voluntários dos 
nervos cranianos. 
(c) Ramo posterior da cápsula interna: está situada entre o tálamo (medialmente) 
e o núcleo lenticular (lateralmente) e pode ser dividido em porções distintas: 
porção tálamo-lenticular, porção retro-lenticular e porção sublenticular. 
A cápsula interna, superiormente, tem continuidade com a coroa radiada formando 
um ramalhete de fibras nervosas que se dirigem às várias áreas corticais. 
Inferiormente tem continuidade com o pedúnculo cerebral do mesencéfalo. 
 
SISTEMA VENTRICULAR E CIRCULAÇÃO LIQUÓRICA 
 
O sistema ventricular é formado pelo conjunto de ventrículos encefálicos e suas 
respectivas comunicações, canal central da medula espinhal, ventrículo terminal, 
plexos corioides, espaços meníngeos, cisternas subaracnóideas cranianas e 
granulações aracnóideas. 
Todos os componentes do sistema ventricular, localizados internamente ao Sistema 
Nervoso Central, foram formados no período embrionário a partir da luz do tubo 
neural. São eles: os ventrículos laterais esquerdo e direito (I e II), localizados no 
telencéfalo dos hemisférios cerebrais, o III ventrículo (cavidade do diencéfalo), o IV 
ventrículo (cavidade localizada entre a ponte, bulbo e o cerebelo), o canal central da 
medula espinal (também chamado de canal do epêndima) e o ventrículo terminal 
(localizado na porção distal e terminal do canal central da medula espinhal). 
Os ventrículos laterais se comunicam com o III ventrículo através dos forames 
interventriculares; o III ventrículo se comunica com o IV ventrículo por meio do 
aqueduto do mesencéfalo; o IV ventrículo se comunica com o espaço subaracnoídeo 
por meio da abertura mediana posterior e duas aberturas laterais. 
O líquor, também chamado de líquido cefalorraquidiano (LCR) ou líquido 
cerebrospinal (LCE), possui as seguintes características: é um fluido aquoso, incolor, 
límpido, inodoro e pobre em celularidade, encontrado nos ventrículos encefálicos e 
no espaço subaracnoídeo. É produzido pelos plexos corioides localizados nos 
assoalhos dos ventrículos encefálicos e nos tetos do III e IV ventrículos. 
 
 Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 22 - Secção frontal do cérebro. Plexos corióides (seta). 
 
O plexo corioide possui aparência de um “enovelado”. É formado pela meninge pia-
máter, pelas células ependimárias e uma rede de capilares sanguíneos. 
O líquor atua como uma barreira de proteção mecânica do Sistema Nervoso Central. 
Forma um coxim líquido entre os componentes do neuro-eixo e do estojo ósseo. 
Possui função metabólica e imunitária. O volume total produzido em um período de 
24 horas é de 500 ml. Entretanto, o volume total de líquor no sistema ventricular 
varia de 100 a 150 ml, sendo completamente renovado a cada 8 horas. 
A circulação liquórica ocorre desde o momento da produção até o momento da 
absorção do líquor - que passa dos ventrículos laterais para o III ventrículo através 
dos forames interventriculares e do III para o IV ventrículo através do aqueduto 
cerebral. Por meio das aberturas mediana posterior e laterais do IV ventrículo, o 
líquor chega ao espaço subaracnóideo. 
No espaço subaracnóideo o líquor circula em diferentes direções, passando em sua 
trajetória por várias cisternas subaracnóideas intracranianas até chegar ao topo dos 
hemisférios cerebrais, onde é absorvido para o sangue, por meio das granulações 
aracnóideas (Figura 45) localizadas paralelamente ao seio sagital superior. 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 23 - Vista superior dos hemisférios cerebrais. Granulações aracnoídeas 
(seta). 
As cisternas subaracnoídeas intracranianas são espaços existentes entre o encéfalo, 
as meninges e o crânio, sendo totalmente preenchidas por líquor (Figura 23). São 
elas: a cisterna magna (cerebelobulbar posterior), a cisterna pontina, a cisterna 
interpeduncular, a cisterna quiasmática, a cisterna quadrigeminal, a cisterna 
circundante (cisterna ambiens) e a cisterna lombar (topograficamente, estende-se de 
L2 até S2; e está localizada na porção distal do espaço subaracnoideo no saco 
dural, inferiormente ao cone medular; contem líquor e a cauda equina). 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 24 - Cisternas subaracnóideas. 
 
ENVOLTÓRIOS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
 
As meninges são três membranas conjuntivas que envolvem e protegem todo o 
Sistema Nervoso Central. São elas a meninge dura-máter, a meninge aracnóide-
máter e a meninge pia-máter. 
A meninge dura-máter, definida também como paquimeninge, é o envoltório mais 
externo, mais resistente e mais espesso. É constituída por tecido conjuntivo e fibras 
colágenas. A dura-máter encefálica é mais espessa do que a dura-máter espinhal, 
pois apresenta dois folhetos (um externo e outro interno). O folheto externo 
(endósteo) está em íntimo contato com a camada cortical interna do neurocrânio, e o 
folheto interno (meníngeo), voltado para a aracnoide. O folheto interno da dura-
máter encefálica forma algumas pregas ou reflexões. Estas possuem denominações 
específicas de acordocom a região e onde estão localizadas como: a foice cerebral 
(prega mediana localizada no nível da fissura longitudinal do cérebro, entre os 
hemisférios cerebrais), a tenda do cerebelo (ou tentório cerebelar que se apresenta 
como uma prega transversal de dura-máter encefálica que separa os lobos occipitais 
do cérebro e do cerebelo), a foice cerebelar (pequena prega mediana de dura-máter 
que se coloca na incisura cerebelar posterior, como se fosse uma continuação da 
foice cerebral abaixo da tenda do cerebelo) e o diafragma da sela (corresponde à 
dobra de dura-máter que envolve a glândula hipófise na sela turca do osso 
esfenóide). 
Entre os folhetos da paquimeninge são encontrados os seios da dura-máter, 
correspondentes a canais venosos responsáveis pela drenagem do sangue venoso, 
proveniente de todas as estruturas que compõem o encéfalo. Esses canais venosos 
drenam para a veia jugular interna. 
A meninge aracnóide é a meninge intermediária, localizada entre a meninge dura-
máter e a meninge pia-máter. É uma fina e delgada membrana conjuntiva, 
trabeculada, separada da dura-máter por um espaço virtual chamado de espaço 
subdural. Entre a meninge aracnóide e a pia-máter identifica-se o espaço 
subaracnóideo. 
A meninge pia-máter é a meninge mais interna, delgada, encontrada intimamente 
aderida ao tecido nervoso. 
Entre os envoltórios do Sistema Nervoso Central são encontrados os espaços 
meníngeos denominados de: espaço extradural, espaço subdural e espaço 
subaracnóideo. É no espaço subaracnóideo que circula o líquido cefalorraquidiano. 
 
VASCULARIZAÇÃO ARTERIAL E VENOSA DO ENCÉFALO 
 
A irrigação do encéfalo é realizada por meio de ramos terminais da artéria carótida 
interna e do sistema vértebrobasilar. 
Na base do crânio, as artérias carótidas internas, a artéria basilar e alguns dos seus 
ramos formam o círculo arterial do cérebro (Polígono Arterial de Willis), responsável 
pela irrigação de estruturas encefálicas (Figura 25). 
 
 
Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 25 - Vista inferior do encéfalo. 
 
As artérias vertebrais, direita e esquerda, seguem em direção ao forame magno do 
crânio, perfuram as meninges encefálicas e, ao atingir o sulco bulbo-pontino, se 
anastomosam para formar a artéria basilar. Essas artérias, em sua trajetória, ainda 
dão origem a artérias que irrigam o bulbo e o cerebelo. 
Cranialmente, a artéria basilar divide-se e origina duas artérias cerebrais posteriores, 
uma direita e outra esquerda. 
A artéria carótida interna, após adentrar o crânio por meio do canal carotídeo, forma 
o sifão carotídeo e emerge na fossa craniana média, próximo aos processos 
clinoides anteriores do osso esfenoide. Seus ramos terminais são a artéria cerebral 
anterior e a artéria cerebral média. 
O círculo arterial cerebral é uma rede constituída de nove artérias que se 
anastomosam, adquirindo forma poligonal, na base do cérebro. É composta pelos 
seguintes ramos: pelas duas artérias carótidas internas, pelas duas artérias 
cerebrais anteriores (segmento pré-comunicante ou segmento A1), pela artéria 
comunicante anterior, pelas duas artérias cerebrais posteriores (segmento pré-
comunicante ou segmento P1), pelas duas artérias comunicantes posteriores e pelo 
topo da artéria basilar. 
A artéria cerebral anterior é responsável pela irrigação da face medial e superior de 
cada hemisfério, desde o lobo frontal até o lobo parietal. A artéria cerebral média faz 
a irrigação da porção superior e lateral de cada hemisfério cerebral. A artéria 
cerebral posterior, ramo da artéria basilar, irriga a porção inferior do lobo temporal e 
o lobo occipital. 
As veias do encéfalo dispõem-se em dois sistemas: um sistema venoso superficial e 
um sistema venoso profundo. 
O sistema venoso superficial é formado pelas veias cerebrais superficiais que 
drenam o sangue venoso do córtex cerebral e da substância branca subjacente até 
desembocar nos seios da dura-máter craniana (Figura 26). 
 Fonte: Acervo da UFPR 
Figura 26 - Vista superior dos hemisférios cerebrais. Destaque para o seio sagital 
superior. 
 
A veia cerebral magna recebe quase todo o sangue do sistema venoso profundo. 
Este representa um curto tronco mediano formado pela confluência das veias 
cerebrais internas. A veia cerebral magna desemboca no seio reto e drena o sangue 
de regiões situadas profundamente no cérebro tais como: o corpo estriado, a 
cápsula interna, o diencéfalo e grande parte do centro branco medular do cérebro. 
As veias do encéfalo são maiores e mais calibrosas que as artérias e não as 
acompanham. Drenam o sangue venoso encefálico para os seios da dura-máter em 
direção as veias jugulares internas. 
Os seios da dura-máter são formados pelos folhetos interno e externo da meninge 
dura-máter, e são revestidos internamente por endotélio. 
Os principais seios da dura-máter são: o seio sagital superior, o seio sagital inferior, 
o seio reto, o seio intracavernoso posterior, o seio intracavernoso anterior, o plexo 
basilar, o seio esfenoparietal, o seio cavernoso, o seio petroso superior, o seio 
petroso inferior, o seio occipital, os seios transversos e os seios sigmoides. 
São três os seios relacionados com a calvária craniana e três com a base do crânio. 
Seios da calvária craniana: 
 Seio sagital superior: situado na borda superior. Acompanha a foice do 
cérebro em toda sua extensão. 
 Seio sagital inferior: ocupa os dois terços posteriores da borda inferior da foice 
do cérebro. Está localizado superiormente ao corpo caloso. 
 Seio reto: situado na junção da foice do cérebro com a tenda do cerebelo. 
Seios da base do crânio: 
 Seio intercavernoso anterior: liga transversalmente os dois seios cavernosos. 
Situado na parte superior da sela túrcica (ou sela turca), passando diante e 
por cima da hipófise. 
 Seio intercavernoso posterior: paralelo ao anterior, liga os dois seios 
cavernosos, passando por trás e acima da hipófise. 
 Plexo basilar: é um plexo de canais venosos que se situa no clivo do occipital. 
Este plexo desemboca nos seios intercavernoso posterior e petrosos 
inferiores (direito e esquerdo). 
Seios pares situados na base do crânio: 
 Seio esfenoparietal: ocupa a borda posterior da asa menor do osso esfenóide. 
 Seio cavernoso: disposto no sentido ântero-posterior, ocupa cada lado da sela 
túrcica. 
 Seio petroso superior: estende-se do seio cavernoso até o seio transverso, 
situado na borda superior da parte petrosa do temporal. 
 Seio petroso inferior: tem sua origem na extremidade posterior do seio 
cavernoso, recebe parte do plexo basilar. Termina no bulbo superior da veia 
jugular interna. 
 Seio transverso: tem sua origem na confluência dos seios e percorre o sulco 
transverso do osso occipital até a base petrosa do temporal, onde recebe o 
seio petroso superior. Tem continuação com o seio sigmóide. 
 Seio sigmóide: ocupa o sulco de mesmo nome. Esse faz um verdadeiro "S" na 
borda posterior da parte petrosa do temporal. Termina no bulbo superior da 
veia jugular interna após atravessar o forame jugular. A veia jugular interna 
drena o seio sigmoide. O seio petroso inferior atravessa o forame jugular para 
desembocar na veia jugular interna. 
 Seio occipital: tem sua origem próxima do forame magno. Está localizado a 
cada lado da borda posterior da foice do cerebelo. 
 
 
SINAPSES E CIRCUITOS NEURONAIS BÁSICOS 
 
 
Sinapse 
O termo sinapse refere-se à junção entre dois neurônios. 
É por meio de uma sinapse que informações são transmitidas de um neurônio a 
outro. 
A sinapse é o elemento funcional mais importante do sistema nervoso central (SNC), 
uma vez que seleciona o sinal a ser transmitido,por meio de uma propagação 
variável de sinais, permitindo a passagem de alguns desses sinais e rejeitando 
outros. Dessa maneira, possui papel fundamental na canalização do processamento 
da informação nas funções integrativas do sistema nervoso (SN). 
ABORDAGEM MORFOFUNCIONAL DE UMA SINAPSE 
 
 
O neurônio (figura 27), uma das células que constituem o sistema nervoso central, é 
composto por um corpo ou soma, dois tipos de prolongamentos, uns mais curtos, os 
dendritos e outro mais longo, o axônio. Estes prolongamentos são encontrados 
distribuídos pela superfície do corpo neuronal. 
Os neurônios se dispõem em cadeias sequenciais contendo diversos pontos de 
interconexões, perfazendo sinapses axossomáticas, axoaxônicas, axodendríticas, 
entre outras, por onde ocorre a transmissão de sinal unidirecional de uma célula a 
outra. Nas sinapses ocorre a transmissão de sinal unidirecional de uma célula a 
outra. 
 
Figura 27- Esquema dos componentes neuronais e, no detalhe, o de uma sinapse. 
 
 
 
 
Como ocorrem as transmissões dos sinais pelas sinapses? 
 
Na atualidade, discute-se a existência de três tipos de sinapses: a elétrica, a química 
e a gasosa. A primeira é caracterizada por canais que conduzem eletricidade de 
uma célula a outra. A segunda, pela secreção de uma substância transmissora de 
um neurônio pré-sináptico a outro pós-sináptico. Essas substâncias transmissoras, 
também conhecidas como neurotransmissores, são secretadas pelos botões 
sinápticos. Algumas dessas substâncias causam excitabilidade e outras atividades 
inibitórias. O terceiro tipo de sinapse, descoberta recentemente e com poucos 
relatos científicos, utilizam gases – um deles o óxido nítrico - como transmissores de 
estímulos. Nas sinapses elétricas, a corrente passa de um neurônio a outro por 
junções comunicantes. A condutância é modulada pela variação de agentes tais 
como o PH do meio e o cálcio citoplasmático. Este tipo de sinapse é encontrado no 
miocárdio, na musculatura lisa e no fígado. 
A sinapse química predomina na transmissão da informação no sistema nervoso. 
Nesse tipo de sinapse, existe um botão sináptico que possui numerosas pequenas 
vesículas em seu interior. Essas vesículas contêm uma substância 
neurotransmissora. Quando o impulso elétrico atinge o botão sináptico, alterando 
momentaneamente sua morfologia, permite que algumas destas vesículas liberem 
seu conteúdo na fenda sináptica. A substância liberada atuará sobre um receptor na 
membrana. Este receptor é uma proteína que, ao se combinar com a substância 
neurotransmissora, modifica a permeabilidade da membrana, levando à alteração 
das concentrações iônicas locais e, dessa maneira, criando um ambiente propício 
para a geração de um potencial de ação. 
A ação da substância neurotransmissora dura, aproximadamente, de um a dois 
milissegundos; após, sua ação pode ser transportada para fora da fenda sináptica, 
ser destruída por uma enzima ou reaproveitada pelo neurônio pré-sináptico. 
 
Potencial de Repouso do Neurônio 
 
Tanto dentro quanto fora da célula temos íons em diferentes concentrações. Isto 
leva a uma diferença de potencial elétrico entre esses dois meios, já que íons 
possuem cargas elétricas e criam em torno de si um campo elétrico. 
O potencial de membrana de uma célula representa a diferença de concentrações 
iônicas entre os líquidos intra e extracelular. Na maioria das células, o potencial de 
repouso permanece inalterado quando não há influência do meio externo. Nessas 
condições, denominamos o potencial de membrana de potencial de repouso. 
 
 Excitação da Membrana Neuronal 
 
Quando o impulso elétrico chega ao botão pré-sináptico, há liberação da substância 
transmissora na fenda sináptica. Essa substância, ao se ligar ao seu receptor 
específico, aumenta a permeabilidade da membrana aos íons de sódio. Isso 
aumenta o potencial intraneuronal, determinando sua excitação. 
 
 Limiar de Excitação 
 
Quando o potencial excitatório ultrapassa certo valor, é gerado um potencial de ação 
do corpo neuronal para o axônio. Esse valor crítico do potencial de membrana 
quando atingido permite a geração de um potencial de ação, sendo por isto 
denominado limiar de excitação. 
 
 Somação de Potenciais Excitatórios 
 
Para que haja excitação do axônio – e, dessa maneira, o impulso nervoso seja 
transmitido - vários botões sinápticos devem ser excitados. Este fenômeno é 
denominado “somação”. Dessa forma, vários botões sinápticos liberam 
neurotransmissores excitatórios ao mesmo tempo. 
Há dois tipos de somação de potenciais excitatórios que podem ocorrer em uma 
sinapse: 
A) Somação espacial, em que duas ou mais sinapses estão ativas 
simultaneamente, ou seja, há um maior número de fibras envolvidas. 
B) Somação temporal, que ocorre quando os mesmos botões sinápticos 
apresentam dois ou mais ciclos de atividades em intervalos muito curtos, o que 
significa dizer que há descargas sucessivas em um mesmo botão sináptico. 
Desta maneira, sinais são transmitidos com diferentes intensidades por meio de 
combinações espacial e temporal. Assim, temos sinais fortes e sinais fracos. 
Um sinal forte é obtido quando muitas fibras são utilizadas (somação espacial) e 
cada fibra conduz um grande número de impulsos (somação temporal). 
Um sinal fraco ocorre quando poucas fibras são recrutadas e um pequeno número 
de impulsos é transmitido por fibra. 
 
 Facilitação Sináptica 
 
A facilitação sináptica ocorre quando botões sinápticos entram em atividade, mas 
não produzem potencial de ação. Há maior excitabilidade neuronal em relação aos 
impulsos originados em outros botões; assim, a passagem do impulso nervoso de 
um neurônio a outro fica facilitado. 
 
 Inibição Sináptica 
 
Alguns botões sinápticos secretam um neurotransmissor inibitório que deprime o 
neurônio ao invés de excitá-lo. Esse neurotransmissor aumenta a permeabilidade 
aos íons potássio. Isso leva a uma passagem desses íons do meio intracelular, onde 
sua concentração é maior, para o meio extracelular, aumentando a negatividade no 
interior do neurônio. 
 
 Características Especiais da Transmissão Sináptica 
 
As sinapses possuem determinadas peculiaridades, tais como: 
1. Condução unidirecional na sinapse, o que significa dizer que os impulsos 
trafegam do corpo em direção aos dendritos, tendo como ponto de partida os botões 
sinápticos. 
2. Fadiga na sinapse: as sinapses fadigam rapidamente, enquanto as fibras 
nervosas raramente apresentam sinais de fadiga. Isso acontece para que uma 
atividade neuronal cesse dando lugar à outra. 
3. Função memória da sinapse: ocorre quando grande número de impulsos 
passa pelas sinapses, tornando-as permanentemente “facilitadas". Desta maneira, 
impulsos da mesma origem podem atravessar essas sinapses, em outro momento, 
com maior facilidade. 
4. Fatores que modificam a transmissão sináptica - tais como alguns hipnóticos, 
anestésicos e acidose metabólica - deprimem a transmissão de impulsos pelas 
sinapses; outros, como a alcalose metabólica e a cafeína, facilitam a transmissão 
sináptica. 
 
Circuitos Neuronais Básicos 
 
Cada um dos grupamentos neuronais funcionais é organizado para realizar uma 
tarefa específica. Assim, cada um possui um padrão próprio de organização 
caracterizado pelo número de fibras nervosas que chegam, pelo número de fibras 
nervosas que saem e pela distribuição destas fibras em seu interior. 
Grupamentos neurofuncionais: 
Os grupamentos neurofuncionais podem ser divididos em circuitos simples e 
circuitos específicos. Cada um contendo suas respectivas subdivisões: 
 
Circuitos Simples

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