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1 Processo Penal Princípios. Aplicação da Lei. Sistemas. Inquérito Policial

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COACHING 
CANAL CARREIRAS POLICIAIS 
 
PROCESSO PENAL 
 
PRINCÍPIOS, SISTEMAS, FONTES DO PROCESSO PENAL E 
INQUÉRITO POLICIAL 
 
 
 
 
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PROCESSO PENAL 
PRINCÍPIOS, SISTEMAS, FONTES DO PROCESSO PENAL E INQUÉRITO POLICIAL 
 
Leitura obrigatória dos artigos: 1 ao 23 do CPP. 
 
INTRODUÇÃO: Prezados, à primeira vista, pode parecer que esse estudo 
inicial é de pouca importância, mas trataremos de diversos temas com 
grande incidência tanto em provas objetivas quanto subjetivas nos 
concursos específico de Delegado de Polícia. 
 
CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
“É o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional 
do direito penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, 
e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares”. 
(José Frederico Marques) 
 
O Processo Penal não pode mais ser visto como um simples instrumento a 
serviço do poder punitivo (Direito Penal), senão que desempenha o papel 
de limitador do poder e garantidos do individuo a ele submetido. Há que se 
compreender que o respeito as garantias fundamentais não se confunde 
com impunidade, e jamais se defendeu isso. O processo penal é um 
caminho necessário para se chegar, legitimamente, à pena. Daí porque 
somente se admite sua existência quando ao longo desse caminho forem 
rigorosamente observada as regras e garantias constitucionalmente 
asseguradas, conforme assinala Aury Lopes Jr. 
 
PODEMOS DESTACAR AS SEGUINTES FINALIDADES: 
1- Conferir efetividade ao Direito Penal; 
2- Fornecer meios e caminhos para a aplicação da pena ou garantir a 
absolvição; 
3- Pacificação social com a solução de conflitos. 
CARACTERÍSTICAS: 
1- Autonomia: O direito processual não é submisso ao direito material, 
tem princípios e regras próprias (ex: prazos) 
2- Instrumentalidade: faz a atuação do direito material penal, 
consubstanciando o caminho a ser seguido para obtenção de um 
provimento. 
3- Normatividade: disciplina de caráter dogmático possui codificação 
própria. 
 
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A trilogia de Norberto Avena: 
 Poder Direito Processo 
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5- 
 
 
 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: 
Princípios são postulados que se irradiam por todo o sistema de normas, 
fornecendo um padrão de interpretação, integração, conhecimento e 
aplicação do direito positivo, estabelecendo uma meta maior a ser seguida. 
(Nucci). 
 
1. DEVIDO PROCESSO LEGAL: Consagrado no art. 5, LIV CF. É o estabelecido 
na lei, devendo traduzir-se em sinônimo de garantia, atendendo assim aos 
ditames constitucionais. O devido processo legal guarda raízes no principio 
da legalidade. 
O processo deve ser instrumento de garantia contra os excessos do Estado, 
visto como ferramenta de implementação da Constituição Federal, como 
garantia suprema do “jus libertatis”. 
 
2. AMPLA DEFESA: Fundamentada no art. 5, LV da CF. Amplos e extensos 
métodos para se defender a imputação feita pela acusação. A parte é 
hipossuficiente em relação ao Estado, pois, este é sempre mais forte. 
Subdivide-se em: 
1- Defesa técnica: efetuada por profissional habilitado. 
1.1- Sempre obrigatória. Súmula n. 523 do STF, art. 396, §2º do CPP e art. 55, §3º da 
Lei. 11.343/06. 
 
2- Autodefesa: realizada pelo próprio imputado. 
2.1- Direito de audiência: oportunidade de influir na defesa por meio de 
interrogatório. 
2.2- Direito de presença: possibilidade do réu tomar posição, a todo momento, 
sobre o material produzido, sendo-lhe garantida a imediação com o defensor, o 
juiz e as provas. 
 
3. PLENITUDE DE DEFESA: Utilizada no Tribunal do Júri, art. 5, XXXVIII, “a” da CF. 
Busca-se garantir ao réu uma defesa plena e completa. 
 
Diferenças: 
O Estado é 
titular do Jus 
Puniendi 
O exercício do Jus 
Puniendi pelo Estado é 
limitado pelo Direito 
Processual 
O direito Processual institui o 
Processo Criminal como 
instrumento por meio do qual o 
Estado exerce o jus puniendi. 
(regido por conjunto de normas, 
preceitos e princípios) 
 
 
 
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Ampla Defesa Plenitude de Defesa 
Processo Criminal (qualquer acusado) Procedimento do Júri 
A parte oferece provas e argumentos 
técnicos, pois, o Juiz decide de acordo 
com o livre convencimento motivado 
A defesa atua de forma completa, utiliza 
argumentos técnicos, de natureza 
sentimental, social e política criminal. O 
Jurado decide de acordo com a intima 
convicção. 
Alegações finais sem previsão de 
réplica e tréplica. (art. 403 do CPP) 
Possibilidade de réplica e tréplica. 
(art. 477 do CPP). 
 
4. CONTRADITÓRIO: Previsto no art. 5, LV da CF. Está ligado à relação 
processual tanto à acusação quanto a defesa. 
Direito assegurado às partes de serem cientificadas de todos os atos e fatos 
ávidos no curso do processo, podendo manifestar-se a respeito e produzir as 
provas necessárias antes de ser proferida a decisão judicial. É mais 
abrangente que a ampla defesa (atinge os dois polos). Em algumas 
situações será utilizado em momento posterior (contraditório diferido). 
Ex: 1- Decretação da prisão preventiva (art. 282, §3º do CPP) 2- Sequestro de 
bens (art. 125 do CPP), 3- Interceptação de comunicação telefônica (Lei. 
9.296/96). 
 
5. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU NÃO-CULPABILIDADE: Previsto no art. 5, LVII 
da CF. Antes da sentença condenatória transitado em julgado, todos são 
presumidamente inocentes. Prevalece este status mesmo se houver recurso 
pendente. 
Desdobramentos: 
A parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusado, 
e não este demonstrar a sua inocência; Para ser considerado culpado é 
necessário o transito em julgado. 
 
6. INEXIGIBILIDADE DE AUTOINCRIMINAÇÃO OU AUTODEFESA (NEMO TENETUR 
SE DETEGERE): Ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si mesmo, 
permite ao acusado ocultar e mentir sobre as acusações que são feitas em 
relação a ele. 
 
O réu pode optar em manter o silêncio e a testemunha apenas nos fatos que 
possam imputar algum crime. Porém, se quiser pode dizer toda a verdade. 
 
Cuidado: Quem se atribui identidade falsa perante a autoridade comete o 
crime do art. 307 do CP. Artigos: 339, 340, 341, 342 do CP. 
 
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7. JUIZ NATURAL: Art. 5, LIII e XXXVII da CF. O juiz deve ser anteriormente 
designado pela lei, não pode ser criados tribunais ou determinar juízes 
específicos para julgar um caso pós-fato. 
 
8. JUIZ IMPARCIAL: As decisões não podem ser parciais, corruptas e 
dissociadas do equilíbrio que as partes esperam do magistrado, não pode ter 
vínculo subjetivo com o processo. Caso ocorra parcialidade o juiz será 
declarado impedido (art.252 do CPP) ou suspeito (art. 254 do CPP) previstas 
no Código de Processo Penal. A declaração pode ser de ofício ou alegada 
pelas partes. 
 
9. PUBLICIDADE: Determinada nos artigos 5º, LX, XXXIII, 93, IX da CF, art. 201, 
§6º do CPP. A regra é que os atos processuais sejam públicos, com exceção 
as determinações legais quanto ao sigilo. (preservação da intimidade e 
interesse social). 
 
10. AÇÃO, DEMANDA, INICIATIVA DAS PARTES, “NE PROCEDAT JUDEX EX 
OFFICIO”: a jurisdição é inerte, cabe as partes a provocação do Poder 
Judiciário. (art. 129, I da CF) 
 
Importante destacar a não recepção do art. 26 do CPP- processo 
judicialiforme. 
 
Exceção: Habeas corpus de ofício, art. 654, § 2º do CPP. 
 
11. Verdade real, material, substancial (art.566 do CPP): o magistrado pauta 
seu trabalho na reconstrução dos fatos com objetivo de aproximar-se ao 
máximo da verdade plena, apurando os fatos até onde for possível elucidá-
los para proferir sentença que esteja de acordo com elementos concretos e 
não ficções ou presunções. Ex: art. 156, 201, 209, 234, 242 e 404 do CPP. 
 
Não pode violar direitos e garantias estabelecidos, como por exemplo a 
realização de provas ilícitas. 
 
12. Princípio da Vedação da Prova Ilícita: 
A exposição de motivos do CPP traz um rol exemplificativo de 9 provas 
admitidas em processo penal, admitindo-se também as inominadas. Porém, 
há exceções à liberdade dos meios de prova: 
 
 
 
 
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1. Ilícitas  contrárias às normas materiais. Deve-se averiguar não 
somente se a prática caracteriza crime, mas também se a prática 
infringe alguma das garantias constitucionais. 
2. Ilegítimas  contrárias às normas processuais. 
Obs.:A prova ilícita agride mais a justiça do que as provas ilegítimas. 
 
Em regra, a prova ilícita é produzida em momento anterior ou concomitante 
ao processo, mas sempre externamente a este (a prova ilícita é produzida 
extraprocessualmente). Geralmente a prova ilícita é produzida por aqueles 
que estão atuando fora do processo polícia, MP, etc. Já a ilegítima, em 
regra, é produzida no curso do processo, sendo uma prova endoprocessual. 
 
A L. 11690/08 alterou o art. 157 do CPP, porém não diferenciou bem o que 
seria prova ilícita das provas ilegítimas. Nucci, dentre outros, afirma que, a 
partir da referida alteração não existe mais diferença entre prova ilícita de 
prova ilegítima, acarretando, assim, a mitigação da distinção. Porém, há 
quem argumente que a diferenciação de prova ilícita e ilegítima encontra-
se albergada na exegese da própria constituição brasileira, conforme art. 5.º, 
LVI. 
 
ATENÇÃO 1.: Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas 
pela polícia por meio da extração de dados e de conversas registradas no 
whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que 
o aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante. 
Assim, é ilícita a devassa de dados, bem como das conversas de whatsapp, 
obtidos diretamente pela polícia em celular apreendido no flagrante, sem 
prévia autorização judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-RO, julgado em 
19/4/2016 (Info 583). 
 
ATENÇÃO 2.: A obtenção do conteúdo de conversas e mensagens 
armazenadas em aparelho de telefone celular ou smartphones não se 
subordina aos ditames da Lei nº 9.296/96. O acesso ao conteúdo 
armazenado em telefone celular ou smartphone, quando determinada 
judicialmente a busca e apreensão destes aparelhos, não ofende o art. 5º, 
XII, da CF/88, considerando que o sigilo a que se refere esse dispositivo 
constitucional é em relação à interceptação telefônica ou telemática 
propriamente dita, ou seja, é da comunicação de dados, e não dos dados 
em si mesmos. Assim, se o juiz determinou a busca e apreensão de telefone 
celular ou smartphone do investigado, é lícito que as autoridades tenham 
acesso aos dados armazenados no aparelho apreendido, especialmente 
quando a referida decisão tenha expressamente autorizado o acesso a esse 
 
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conteúdo. STJ. 5ª Turma. RHC 75.800-PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 
15/9/2016 (Info 590). 
 
ATENÇÃO 3: Não é possível a interposição de recurso por e-mail: O art. 1º da 
Lei nº 9.800/99 prevê que "é permitida às partes a utilização de sistema de 
transmissão de dados e imagens tipo fac-símile ou outro similar, para a 
prática de atos processuais que dependam de petição escrita." É possível a 
interposição de recurso por e-mail, aplicando-se as regras da Lei nº 9.800/99? 
NÃO. A ordem jurídica não contempla a interposição de recurso via e-mail. 
O e-mail não configura meio eletrônico equiparado ao fax, para fins da 
aplicação do disposto no art. 1º da Lei nº 9.800/99, porquanto não guarda a 
mesma segurança de transmissão e registro de dados. STJ. 6ª Turma. AgRg no 
AREsp 919.403/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/09/2016. STF. 
1ª Turma. HC 121225/MG, , julgado em 14/3/2017 (Info 857). 
 
Descontaminação do julgado – O juiz que tiver contato com a prova ilícita 
não poderá proferir sentença. Isto porque, se o juiz teve contato com a 
prova ilícita, ele, no momento de julgar o caso, acabará se contaminando 
pela prova, mesmo que ela tenha sido desentranhada. Essa 
descontaminação do julgado estava prevista no art.157, §4º, do CPP, mas foi 
vetada pelo Presidente da República. Nesse caso, em que o juiz teve 
contato com a prova ilícita, o que a defesa pode fazer é arguir a suspeição 
do juiz, alegando que, por ter contato com prova ilícita, ele não estaria 
agindo com a imparcialidade devida. Mas isso não é previsto em lei. 
 
CONSEQUÊNCIAS DA PROVA ILÍCITA: As provas ilícitas devem ser 
desentranhadas e inutilizadas, conforme art. 157 da CF. Contudo, esse artigo 
deve ser analisado com temperamentos, pois a prova ilícita pode ser 
utilizada em favor do réu. Sendo assim, surgem três correntes: 
 
1ª CORRENTE: A disciplina do art. 157, obriga o desentranhamento da prova 
declarada inadmissível e impõe a sua inutilização, obrigatoriamente, 
afastando a possibilidade do juiz utilizá-la futuramente contra o réu. 
2ª CORRENTE: Essa corrente permite que o juiz decida sobre o 
desentranhamento ou não das provas ilícitas do autos e também, 
posteriormente, de sua inutilização ou não. 
3ª CORRENTE: A prova reconhecida como ilícita por decisão transitada em 
julgado deverá ser obrigatoriamente desentranhada (art. 157, caput), 
facultando-se ao juiz decidir por sua inutilização ou não (art. 157, § 3.º). Essa 
corrente parece ser a mais aceitável, pois o caput obriga o 
desentranhamento da prova ilícita, resguardando a decisão do juiz apenas 
 
 
 
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quanto à inutilização, sendo guarnecida em apartado para posterior 
utilização, caso seja favorável ao réu. 
 
As peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita não 
devem ser desentranhadas do processo? NÃO! Se determinada prova é 
considerada ilícita, ela deverá ser desentranhada do processo. Por outro 
lado, as peças do processo que fazem referência a essa prova (exs: 
denúncia, pronúncia etc.) não devem ser desentranhadas e substituídas. A 
denúncia, a sentença de pronúncia e as demais peças judiciais não são 
"provas" do crime e, por essa razão, estão fora da regra que determina a 
exclusão das provas obtidas por meios ilícitos prevista art. 157 do CPP. Assim, 
a legislação, ao tratar das provas ilícitas e derivadas, não determina a 
exclusão de "peças processuais" que a elas façam referência. STF. 2ª Turma. 
RHC 137368/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 29/11/2016 (Info 849). 
 
CONSEQUÊNCIAS DA PROVA ILEGÍTIMA: As conseqüências das provas 
ilegítimas se distinguem da prova ilícita, não estando relacionadas à 
possibilidade ou não de utilização em benefício ao réu ou pró-sociedade. 
Com efeito, na medida em que importam em violação de normas de direito 
eminentemente processual, tais provas geram nulidade por vício de 
procedimento. E a verificação da natureza da nulidade é que definirá as 
situações em que a prova, ainda que obtida ou produzida mediante 
afrontamento a normas legais, poderá ser usada no âmbito do processo 
penal. 
 
Assim, se a violação da norma processual importar em nulidade de caráter 
absoluto, não poderá a prova ser utilizada nem contra o réu, nem a seu 
favor, visto quenulidades absolutas são sempre insanáveis. Todavia, se a 
nulidade decorrente da prova produzida com violação à lei for de caráter 
relativo, será preciso verificar o caso concreto. 
 
TEORIAS DA PROVA ILÍCITA 
 
A) Teoria da Prova Ilícita por Derivação – Fruits of Poisonous Tree. 
Trata-se de teoria norte-americana atualmente expressa no código de 
processo penal no art. 157. Não são admissíveis as provas produzidas por 
meios ilícitos e as que dela derivarem. Cumpre destacar que a ilicitude que 
contamina a prova não necessariamente deve ser perpetrada pela 
autoridade policial, podendo ser caracterizada em caso de qualquer 
comportamento ilícito que a derive. Ex. roubo em que se encontra a 
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materialidade do crime do investigado - dono da residência - é prova ilícita 
por derivação em relação à vitima do roubo. 
 
A Narcoanálise é prova ilícita, pois é um processo de sondagem do 
inconsciente pelo qual, mediante certos entorpecentes, se consegue o 
relaxamento da censura, induzindo o paciente a revelar os fatores e 
episódios do complexo que o aflige, coisas que, em estado normal de 
consciência, se obstina em negar e esconder. 
 
EXAME. RAIOS X. TRÁFICO. ENTORPECENTES. Segundo entendimento do STJ é 
prova lícita, ressaltando que os exames de raio x não exigem qualquer agir 
ou fazer por parte dos pacientes, tampouco constituem procedimentos 
invasivos ou até mesmo degradantes que pudessem violar seus direitos 
fundamentais, acrescentando, ainda, que a postura adotada pelos policiais 
não apenas acelera a colheita da prova, como também visa à salvaguarda 
do bem jurídico vida, já que o transporte de droga de tamanha nocividade 
no organismo pode ocasionar a morte. HC 149.146-SP, 2011 
 
B) Teoria da Proporcionalidade 
A teoria da proporcionalidade deve ser vista sob duas óticas: pro reo e pro 
societate. No Brasil, a doutrina e a jurisprudência majoritárias há longo tempo 
têm considerado possível a utilização das provas ilícitas em favor do réu 
quando se tratar da única forma de absolvê-lo ou de comprovar um fato 
importante à sua defesa. Para tanto, é aplicado o princípio da 
proporcionalidade, também chamado de princípio do sopesamento, sob a 
alegação de que o bem jurídico de maior relevância é a liberdade e não 
seria possível garantir os direitos da sociedade sem preservar o direito 
individual de cada um de seus membros. 
 
Ao revés, a maioria doutrinária e jurisprudencia tende a não aceitar o 
princípio da proporcionalidade como fator capaz de justificar a utilização da 
prova ilícita em favor da sociedade, ainda que se trate do único elemento 
probatório carreado aos autos passível de conduzir à condenação do réu. 
Contudo, há doutrinadores que admitem a aplicação da proporcionalidade 
pro societate, afirmando que o processo penal é acromático e tem como 
maior objetivo a descoberta da verdade, podendo ser utilizada a prova 
ilícita também a favor do Estado, quando o interesse público exigir, pois deve 
prevalecer a segurança da sociedade - AVENA. 
 
C) Teoria das Excludentes: 
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Ocorre quando a prova ilícita produzida pela própria vítima na salvaguarda 
de direitos próprios. Neste caso, há forte posição, adotada, inclusive, no 
âmbito dos Tribunais Superiores (STF e STJ) no sentido de que poderá a prova 
ser utilizada desde que se caracterize hipótese de evidente legítima defesa 
ou estado de necessidade. Não se estaria, enfim, diante de uma prova 
ilícita, mas sim de prova lícita, visto que tanto a legítima defesa como o 
estado de necessidade caracterizam-se como excludentes de ilicitude, 
afastando, portanto, eventual ilicitude da prova obtida com violação a 
regras de direito material. 
 
D) Teoria da Boa-fé: 
Objetiva evitar o reconhecimento da ilicitude da prova caso os agentes de 
policia ou da persecução penal como um todo tenham atuado destituídos 
do dolo de infringir a lei, pautados verdadeiramente em situação de erro. A 
boa-fé, como se abstrai, não pode sozinha retirar a ilicitude da prova que foi 
produzida. A ausência de dolo por parte do agente não elide a 
contaminação, posto que se exige não só a boa-fé subjetiva, mas também a 
objetiva, que é o atendimento à lei na produção do conjunto probatório. O 
Brasil não adota a teoria da boa-fé. 
 
 
TEORIAS QUE MITIGAM A DERIVAÇÃO DA PROVA ILÍCITA: 
A)Prova absolutamente independente (Independent Source): 
Está relacionada à exclusão do nexo de causalidade que justificaria a 
contaminação da prova ilicita por derivação. Trata-se da teoria que mitiga a 
exclusão da prova derivada por ausência do nexo de causalidade, ou 
seja, a prova é absolutamente independente. Ex. Confissão em juízo 
espontânea e voluntária de questão que corrobora com a prova 
anteriormente colhida em interceptação ilícita. Assim, como as fontes são 
independentes, há quebra do vinculo de derivação e, como tal, a prova – 
confissão – será considerada lícita. 
 
B) Inevitabilidade do encontro da provas (Inevitable Discovery): 
Está relacionada à exclusão da contaminação das provas ilícitas em virtude 
da alegação de que a prova seria, inevitavelmente, obtida pelos 
trâmites típicos e de praxe da investigação ou instrução. Ex. Réu é 
suspeito de matar uma criança e está sendo realizada a busca e apreensão 
do corpo na casa do suspeito. O réu, por coação da autoridade policial, 
confessa o crime e indica o local onde escondeu o corpo. Nesse sentido, os 
policiais vão até o local e constatam o corpo. No entanto, já estava sendo 
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realizada a busca e apreensão no local e certamente o corpo da criança 
seria encontrado nesta busca, descaracterizando, assim, a contaminação 
desta prova. 
 
Há doutrinadores que são contra a teoria da descoberta inevitável, 
alegando que ela viola a CF e que abre um espaço muito grande para a 
validade de provas que deveriam ser ilícitas - NICOLITT. Mas essa não é a 
posição da maioria da doutrina. 
 
Art. 157, §2º, CPP - Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os 
trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de 
conduzir ao fato objeto da prova. 
 
Reitere-se que apesar de esse dispositivo utilizar a expressão “fonte 
independente”, o conceito aqui expresso não é o da fonte independente, e 
sim o da Teoria da Descoberta inevitável. A prova disso é que o artigo fala 
em “seria capaz de conduzir”, trabalhando no plano hipotético, assim como 
a teoria da descoberta inevitável. Na teoria da fonte independente, a prova 
já foi encontrada, não se trabalhando no plano hipotético. 
 
C) Contaminação Expurgada / Mancha Purgada / Conexão Atenuada: 
Essa teoria também surgiu no Direito norte americano, lá ganhando o nome 
de Purged Taint Doctrine, no caso Wong Sun v. U.S. (1963). Nesse caso, um 
criminoso foi preso de modo ilegal, porque a polícia ingressou no seu 
domicílio sem causa. Na mesma ocasião de violação de domicílio, foram 
encontradas provas levaram a prisão de um terceiro acusado. Se a prisão do 
primeiro acusado foi ilícita, ela envenenou, manchou, contaminou as demais 
prisões. Contudo, algumas semanas depois de ser preso, o terceiro acusado, 
de maneira voluntária, confessou à polícia o seu envolvimento no crime. 
 
Pela teoria da Limitação da Mancha Purgada não se aplica a teoria da 
prova ilícita por derivação se o 
nexocausal entre a prova primária e a secundária for atenuado em virtude 
do decurso do tempo, de 
circunstâncias supervenientes na cadeia probatória, da menor relevância 
da ilegalidade ou da vontade de um dos envolvidos em colaborar com a 
persecução penal. 
 
Sobre essa teoria, no STF e no STJ não há precedentes. Mas é importante 
mencionar essa teoria, porque, segundo alguns doutrinadores (Andrei Borges 
de Mendonça, Guilherme Madeira), a lei 11.690/08 a teria positivado no art. 
157, §1º, CPP – Teoria cobrada na prova discursiva de Delegado de GO em 2009. 
 
 
 
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SERENDIPIDADE: Conexão e Encontro Fortuito de Provas 
O termo vem do inglês “serendipidy”, que significa “descobrir coisas por 
acaso”. A Teoria do Encontro Fortuito de Provas deve ser utilizada nos casos 
em que, no cumprimento de uma diligência relacionada a um delito, a 
autoridade casualmente encontra provas ou elementos informativos 
relacionados a outra infração penal, que não estava na linha de 
desdobramento normal da investigação. Ex. mandado de busca e 
apreensão minucioso e ao ingressar na residência é encontrado objeto que 
não se encontra descrito no mandado, mas que tem vínculo com o crime 
objeto da persecução penal. Segundo a doutrina, sendo conexo, é possível 
que o objeto seja considerado para fins probatórios. O que não se permite é 
que seja colhido material probatório que tenha relação com outro tipo de 
delito, que não aquele objeto da investigação. Caso não haja conexão 
entre os delitos, as informações obtidas através da interceptação podem 
funcionar como notícia criminis para o início de novas investigações (HC 
83515 – STF). 
 
1. Serendipidade de 1 grau: Trata-se do encontro fortuito de fatos CONEXOS 
com os inicialmente investigados; Apenas nesta modalidade é possível 
reconhecer a validade das provas obtidas. 
 
2. Serendipidade de 2 grau: Encontro fortuito de fatos NÃO CONEXOS com 
os inicialmente investigados; Aqui a prova não pode ser utilizada, devendo 
servir como notícia crime para instauração de outra investigação para 
apurar o novo crime, já que não tem relação com o anterior. 
 
ATENÇÃO: É lícita a apreensão, em escritório de advocacia, de drogas e de 
arma de fogo, em tese pertencentes a advogado, na hipótese em que 
outro advogado tenha presenciado o cumprimento da diligência por 
solicitação dos policiais, ainda que o mandado de busca e apreensão 
tenha sido expedido para apreender arma de fogo supostamente 
pertencente a estagiário do escritório – e não ao advogado – e mesmo que 
no referido mandado não haja expressa indicação de representante da 
OAB local para o acompanhamento da diligência. STJ. 5ª Turma. RHC 
39.412-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 3/3/2015 (Info 557). 
 
 
 
FONTES DO PROCESSO PENAL: 
 
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Agora, passaremos a estudar as fontes do Direito processual penal... 
 
Conceito: Trata-se da forma pela qual o direito se exterioriza. Essas fontes 
podem ser formais e materiais. 
 
FONTE MATERIAL: são aquelas que criam o direito. Tal papel fica a cargo do 
Estado. Por se tratar de normas de direito processual penal, a competência é 
privativa da União, nos termos do art. 22, I, da Constituição Federal. Registre-
se, entretanto, que a União, os Estados e o Distrito Federal têm competência 
concorrente para legislar sobre a criação, o funcionamento e o processo dos 
juizados de pequenas causas (art. 24, X, CF/88); o direito penitenciário (art. 
24, I, CF/88) e sobre procedimentos em matéria processual (art. 24, XI, CF/88); 
 
FONTE FORMAL: são aquelas responsáveis pela exteriorização do direito. Elas 
se subdividem em: 
 
A) Fonte Formal Imediata ou Direta: são as leis no sentido amplo: 
Constituição Federal (art. 5, X, XI, XII, LV, LVI, LXI), Leis 
infraconstitucionais (CPP, Lei. 11.343/06, 11.340/06), Tratados, 
convenções e regras de direito internacional (art. 5, §§ 2º e 3º da CF): 
 
B) Forte Formal Mediata ou Indireta: 
1-Doutrina (opinião dos estudiosos do Direito); 
2- Princípios Gerais do Direito, postulados éticos que inspiram a formação 
de normas e aplicação da legislação ao caso concreto, sem expressa 
previsão legal (Ex: direito não socorre os que dormem); 
3-Direito comparado: normas jurídicas existentes em outros Estados. (ex 
teoria da tinta diluída ou mancha purgada EUA) 
4- Costumes: regras de conduta reiterada, praxe forense. (Ex: art. 793 do 
CPP, não exigir que a parte na audiência só se dirija ao magistrado se estiver 
de pé). 
5- Analogia: É forma de autointegração da lei (art. 3 CPP e 4º LINDB). “udi 
eadem ratio, udi idem ius”. Onde existe a mesma razão deve ser aplicado o 
mesmo direito. Ocorre a lacuna da lei, com a consequente aplicação de 
outra norma positivada que rege caso semelhante. Diferente do CP, que 
não admite analogia in malam partem, no CPP pode ser aplicada de forma 
ampla. 
 
SISTEMAS PROCESSUAIS: 
Caros concurseiros, no exato instante em que há a prática concreta do 
delito, surge para o Estado o direito de punir (jus puniendi). Este, entretanto, 
 
 
 
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não pode impor imediata e arbitrariamente uma pena, sem conferir ao 
acusado as devidas oportunidades de defesa. Ao contrário, é necessário 
que os órgãos estatais incumbidos da persecução penal obtenham provas 
da prática do crime e de sua autoria e que as demonstrem perante o Poder 
Judiciário, que, só ao final, poderá declarar o réu culpado e condená--lo a 
determinada espécie de pena. 
 
E, sobre a relação jurídica que se consubstancia no deslinde do processo, há 
regras. Essas regras, contudo, variam de sistema para sistema. 
 
Existem três espécies de sistemas processuais penais: a) o inquisitivo; b) o 
acusatório; c) o misto. Sobre o tema, aproveitamos a Lição do ilustre 
Norberto Avena, e disponibilizamos um importante quadro sinóptico que lhe 
auxiliará a entender a distinção entre os sistemas: 
 
Característica Acusatório Inquisitivo Misto 
Divisão de 
Função 
Distinção absoluta entre 
as funções de acusar, 
defender e julgar (devem 
ser feitos por pessoas 
distintas). Ninguém pode 
ir a juízo se não houver 
acusação. 
 
O Juiz pode acusar, 
defender e julgar 
(concentração de 
poder). 
 
Há distinção entre a 
função das partes, 
porém o juiz pode 
substituí-las, ora 
pratica atos de 
acusação e oras de 
defesa. 
Garantia de 
Defesa 
O acusado tem direito 
ao contraditório e ampla 
defesa; 
 
O réu não tem 
garantias de ampla 
defesa e 
contraditório. 
Existe contraditório e 
ampla defesa, com 
intensidade 
diversificada. 
Isonomia 
processual 
As partes possuem 
equilíbrio processual; 
Não há paridade de 
armas, prepondera o 
interesse da 
acusação. 
 
Equilíbrio processual 
relativizado em 
relação à 
acusação/ defesa 
Publicidade 
do processo 
Atos processuais são 
públicos, o segredo de 
justiça é exceção e deve 
obedecer a lei; 
 
Atos processuais em 
regra sigilosos, não 
precisa da 
fundamentação do 
juiz. 
Públicos em regra, 
podem ser 
submetidos ao sigilo, 
por ato motivado do 
juiz, mesmo sem 
previsão na lei. 
Manifestação 
das partes 
Defesa se manifesta após 
a acusação. 
 
A defesa não se 
manifesta, 
necessariamente, em 
relação as provas daacusação. 
 
Defesa se manifesta 
após acusação, 
contrapões-se a 
argumentos e 
elementos da 
acusação 
Produção das 
provas 
Cabe à acusação e a 
defesa a produção das 
O juiz tem ampla 
liberdade para 
Cabe à acusação e 
a defesa a 
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provas que alegam, o juiz 
pode buscar provas de 
forma complementar; 
 
produzir provas. 
 
produção das 
provas que alegam. 
O juiz possui a 
mesma liberdade 
Prisão e 
liberdade 
provisória 
Presume-se a inocência 
do réu, a prisão é 
exceção. 
 
Presume-se a culpa 
do réu, a liberdade 
provisória é exceção. 
 
Não se presume 
culpa nem 
inocência. 
 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL: 
O ato de interpretar é necessariamente feito por um sujeito que, 
empregando determinado modo, chega a um resultado. São três as formas 
de interpretação da lei penal: quanto ao sujeito que a interpreta; quanto ao 
modo de interpretação; e quanto ao resultado. Vejamos: 
 
I) Interpretação quanto ao SUJEITO (ORIGEM): 
a) Interpretação autêntica ou legislativa → é a interpretação dada pela 
própria lei. É a lei interpretando-se a si mesma. 
b) Interpretação doutrinária ou científica → é a interpretação feita pelos 
estudiosos. Ex. Livro de doutrina. 
c) interpretação jurisprudencial → é a interpretação fruto das decisões 
reiteradas dos tribunais. Hoje, essa interpretação pode ter caráter vinculante. 
Ex. Súmula Vinculante. 

CUIDADO: A exposição de motivos do Código Penal não é lei. Ela é um 
esclarecimento dos doutores que trabalharam na elaboração do Código. É uma 
interpretação doutrinária ou científica. Mas, cuidado! A a exposição de motivos do 
CPP é realizada por lei e, como tal, classificada como autêntica. 
 
II) Interpretação quanto ao MODO (FORMA): 
a) Interpretação gramatical ou filológica–leva em conta o sentido literal das 
palavras; 
b) Interpretação teleológica–indaga-se a vontade/intenção objetivada na lei(Para 
o STF, nessa interpretação, abrange os acessórios); 
c) Interpretação histórica–procura-se a origem da lei; 
d) Interpretação sistemática–a lei é interpretada com o conjunto da legislação, 
inclusive com os princípios gerais de direito. 
e) Interpretação progressiva(também chamada de adaptativa ou evolutiva) – 
interpretar de acordo com a realidade e o avanço da ciência em geral(ex. Ciência 
médica, ciência informática). 
 
III) Quanto ao RESULTADO 
 
 
 
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a) Interpretação declarativa ou declaratória → a letra da lei corresponde a 
exatamente aquilo que o legislador quis dizer, nada suprimindo, nada adicionando. 
b) Interpretação restritiva → reduz o alcance das palavras para que corresponda à 
vontade do texto. 
c) Interpretação extensiva → amplia-se o alcance das palavras da lei para que 
corresponda à vontade do texto. 
 
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA NORMA PROCESSUAL PENAL 
O artigo 3º do CPP estabelece que a lei processual admite interpretação 
extensiva e analógica. 
 
Na interpretação analógica ou intra legem, a norma, após uma enumeração 
casuística, traz uma formulação genérica que deve ser interpretada de 
acordo com os casos anteriormente elencados. A norma regula o caso de 
modo expresso, embora genericamente. Ex.: o art. 80 do CPP. 
 
Já na interpretação extensiva, o intérprete conclui que o legislador adotou 
redação cujo alcance fica aquém de sua real intenção e, por isso, a 
interpretação será no sentido de que a regra seja também aplicada a outras 
situações que guardem semelhança. Ex.: o art. 260 do CPP 
 
Quanto à integração da lei, utiliza-se a analogia, que é instrumentalizada 
para suprir suas lacunas em casos de omissão. 
 
Como se vê, a interpretação analógica não se confunde com analogia. 
Ademais, interpretação analógica e extensiva, como o próprio nome traduz, 
são meios de interpretação da norma; enquanto a analogia é um meio de 
integração. 
 
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO: 
A Lei processual penal aplica-se imediatamente, adotando o Princípio do 
Tempus Regit Actum (aplicação imediata), ou seja, a partir do período de 
vacatio legis adota-se imediatamente a nova norma aos atos processuais 
futuros, no que tange aos processos em curso, sem prejuízo dos atos 
anteriores realizados sob a égide da antiga lei. 
 
Existem três sistemas na doutrina: 
1º Sistema da Unidade Processual: A lei que começou no processo termina 
este processo. 
2º Sistema das Fases Processuais: A lei acompanha o processo até o final de 
sua fase (postulatória, instrutória, decisória). 
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3º Sistema do isolamento dos atos processuais: a lei nova não atinge os atos 
processuais praticados sob a vigência da lei anterior, porém será aplicável 
aos atos processuais que ainda não foram praticados, pouco importando a 
fase em que o feito se encontrar. Adotado por nosso ordenamento jurídico: 
Tempus Regit Actum. STJ HC 123.492. 
 
O que é uma norma PROCESSUAL PENAL MISTA? É aquela prevista em 
diploma processual penal, porém de conteúdo misto, ou seja, de cunho de 
direito material e processual. Segundo corrente majoritária, quando diante 
de LEI PROCESSUAL MISTA, não devemos adotar o Princípio Tempus Regit 
Actum, mas sim a extratividade da norma penal, aplicando-se a retroação, 
se diante de norma mais benigna ao réu. (EXEMPLOS: Art. 366, CPP, art. 89 da 
L.9099/95 e art. 225 do CP) Há, contudo, quem diga, a exemplo do Nicolitt e 
Nestor Távora, que esta norma mista deve ser fragmentada, aplicando-se o 
conteúdo processual dali pra frente e a norma material, se benéfica, para 
trás. 
 
O que é uma norma PROCESSUAL PENAL HETEROTÓPICA? Existem 
determinadas regras que, apesar de inseridas em diplomas processuais 
penais (v.g., o Código de Processo Penal), possuem um conteúdo material, 
retroagindo para beneficiar o réu. Outras, ao revés, incorporadas a leis 
materiais (v.g., a Constituição Federal), apresentam um conteúdo 
processual, regendo-se pelo critério tempus regit actum. Ex. art. 186 do CPP 
(natureza material) e art. 109 da CF (natureza processual). Diante de lei 
processual heterotópica, a solução é observar a natureza do dispositivo para 
definir a regra aplicável. 
 
DIFERENÇA ENTRE NORMA PROCESSUAL MISTA E HETEROTÓPICA: Não há como 
se confundirem as hipóteses de heterotopia com as situações em que a 
norma possui conteúdo misto ou híbrido. Nas primeiras, a norma possui uma 
determinada natureza (material ou processual), em que pese se encontre 
incorporada a diploma de caráter distinto. Já a norma mista possui dupla 
natureza, vale dizer, material em uma determinada parte e processual em 
outra. 
 
- EXCEÇÃO DOUTRINÁRIA ACEITA PELA MINORIA: Em regra, a norma 
processual não retroage, mesmo que mais benéfica ao réu. Contudo, se a 
norma processual estiver relacionada a direitos e garantias individuais –prisão 
e liberdade-, ela seguirá as regras de retroatividade do Direito Penal, ainda 
que seja processual. (Alberto Binder (ARG) – Giovani Conso (ITA) – Guilherme 
Madeira – Aury Lopes Jr. – Norberto Avena). Ex.: Tício comete o furto hoje e 
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amanhã vem nova lei que admite Prisão Temporária no Furto. Pelo sistema 
do CPP poderia ser aplicada a temporária no caso, porém pela doutrina 
representada por Aury Lopes Jr, não seria possívela prisão temporária do 
indivíduo nesse caso, pois estamos diante de norma de garantia. 
 
LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO: 
Em linhas gerais, deve-se afirmar que o processo penal obedece ao 
PRINCÍPIO DA ABSOLUTA TERRITORIALIDADE, ou seja, o processo deve ser 
regulado pelas normas do lugar onde se desenvolve, ou seja, normas 
brasileiras. Não se admite a intraterritorialidade. Ademais, não têm nossas leis 
processuais penais extraterritorialidade, para regrar os atos praticados fora 
do território nacional. 
 
INQUÉRITO POLICIAL 
Nesse momento, iniciaremos o estudo do pilar básico do estudo para o 
concurso de Delegado de Polícia. Certamente você já deve possuir uma 
base sobre o tema. Aqui trabalharemos o que realmente cai! 
 
A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em 
julgado não podem ser considerados como maus antecedentes para fins 
de dosimetria da pena. STF. Plenário. HC 94620/MS e HC 94680/SP, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, julgados em 24/6/2015 (Info 791). 
 
Conceito: Procedimento administrativo presidido pela autoridade de polícia 
judiciária, de caráter inquisitivo e informativo que tem por finalidade colher 
elementos de informação a respeito da existência do crime e indícios 
suficientes de autoria, buscando viabilizar o exercício da ação penal. 
 
Natureza Jurídica: Segundo entendimento majoritário, trata-se de 
procedimento administrativo voltado para a apuração do fato criminoso e 
de sua autoria. Essa é a posição que deve ser adotada em prova objetiva. 
 
Posições minoritárias: Há quem diga, por seu turno, que o inquérito policial é 
processo, não procedimento. Há também quem diga que não é processo 
nem procedimento. Somente mencionar as minoritárias em prova subjetiva. 
 
- QUEM É CONSIDERADO “AUTORIDADE POLICIAL”? HÁ DIVERGÊNCIA: 
1) Para uma primeira posição, autoridade policial é o Delegado de Polícia 
(Civil ou Federal). 
 
2) Em um segundo entendimento, autoridade policial não seria 
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necessariamente o Delegado de Polícia, mas sim o agente público estatal 
designado para exercer as funções de autoridade policial, podendo ser um 
policial civil ou militar, por exemplo. É a tese defendida por alguns para que 
os policiais militares possam lavrar termo circunstanciado de ocorrência no 
caso de infrações de menor potencial ofensivo (art. 69 da Lei n.° 9.099/95). 
Feita a ressalva quanto à existência desta discussão, deve-se deixar claro 
que a posição amplamente majoritária é no sentido de que a autoridade 
policial é, realmente, apenas o Delegado de Polícia, sendo importante que 
assim o seja, pois as atividades por ele desempenhadas exigem 
conhecimentos jurídicos e responsabilidade proporcional a este cargo. 
 
FINALIDADE: A finalidade do IP é a colheita de elementos de informação 
quanto à autoria e materialidade do delito. Então, o IP não busca a colheita 
de provas, mas sim de elementos de informação. “Elementos de 
informação” é uma expressão que o CPP passou a usar recentemente. Por 
exemplo, pelo artigo 155, do CPP, verifica-se que a denominação “prova” é 
só aquilo produzido em contraditório judicial. 
 
ATRIBUIÇÕES: Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a 
autoridade policial deverá: 
 I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado 
e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
 II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados 
pelos peritos criminais; 
 III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e 
suas circunstâncias; 
 IV - ouvir o ofendido; 
 V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, devendo o 
respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido 
a leitura; 
 VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
 VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de 
delito e a quaisquer outras perícias; 
 VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, 
se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
 IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista 
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado 
de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros 
elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e 
caráter. 
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 X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e 
se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual 
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa 
presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
QUAL DELEGACIA CABE A INVESTIGAÇÃO DE DETERMINADO FATO DELITUOSO? 
Segundo Renato Brasileiro, a determinação da delegacia com atribuição 
para investigação do fato segue os mesmos moldes do CPP, ou seja, 
devendo ser observado o local de consumação do delito. De todo modo, 
ainda que as investigações tenham sido realizadas por autoridade que não 
detinha atribuição para fazê-la, quer nos casos de um crime federal 
investigado pela Polícia Civil, como o IP é considerado mera peça 
informativa, a mera irregularidade não tem o condão de contaminar o 
processo. 
 
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: 
1) INQUISITORIALIDADE; 
2) OFICIOSIDADE (INCIATIVA EX OFFICIO); 
3) INDISPONIBILIDADE 
4) OFICIALIDADE: 
5) ESCRITO: 
6) DISCRICIONARIEDADE: 
7) DISPENSABILIDADE: 
8) SIGILOSO: 
 
Trabalharemos característica por característica ao longo de nosso estudo. 
 
O inquérito policial é presidido pela autoridade policial. O delegado de 
policia é um agente administrativo do Estado e, como tal, pratica atos 
administrativos sob a égide dos princípios da impessoalidade, 
discricionariedade, moralidade, legalidade e eficiência. Nesse sentido, não 
se pode alegar a suspeição e impedimento face ao DELEGADO, em virtude 
da característica da impessoalidade na condução do inquérito policial. 
Contudo, se enquadrados nas hipóteses de suspeição, os Delegados devem, 
espontaneamente, declarar-se suspeitos ou impedidos – art. 107. 
 
No inquérito não temos a descrição de atos pré-ordenados para serem 
seguidos pelo Delegado, tratando-se, assim, o inquérito, não de um 
processo, mas sim de um PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DISCRICIONÁRIO. 
O inquérito não é formal. 
 
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Em sede de inquérito, não há contraditório. Doutrina majoritária afirma que o 
Inquérito Policial tem força probatória relativa, pois os elementos de 
informação produzidos não foram submetidos ao contraditório e ampla 
defesa. Numa prova objetiva dever-se-á marcar como verdadeira a 
alternativa de que no inquérito não há contraditório e ampla defesa. Alguns 
doutrinadores (minoritários) sustentam a possibilidade de ampla defesa no IP. 
Dizem que esse direito de defesa pode se dar de forma exógena e 
endógena: 
 
1. Exercício exógeno da ampla defesa → É aquele efetivado fora dos autos 
do IP, por meio de algum remédio constitucional ou mediante requerimentos 
endereçados ao juiz ou ao MP. Ex. HC, MS, etc. 
2. Exercício endógeno da ampla defesa → E aquele praticado nos autos do 
IP, por meio da oitiva do investigado ou de diligências solicitadas à 
autoridade policial. 
 
A Lei nº13.245/16, ao afirmar que o advogado tem o direito de assistir a seus 
clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade 
absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de 
todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, 
direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração 
apresentar razões e quesitos, trouxe o contraditório e ampla defesa para o inquérito 
policial? Doutores, apesar de ser um tema extremamente recente e não podermos 
dimensionar ainda o que é majoritário, os senhores devem defender que a nova lei 
NÃO trouxe o contraditório e ampla defesa para o IP, pois em nenhum momento 
afirmou ser obrigatória a presença do advogado, tão somente trouxe um novo 
direito, uma nova prerrogativa de que, se constituído, o advogado poderá 
presenciar o interrogatório ou depoimento. O que não é admitido é realizar a oitiva 
do suposto autor do delito na ausência daquele que possui advogado e não 
negou o interesse em participar do depoimento ou interrogatório, o que geraria 
nulidade do feito. 
 
(...) É pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que o 
inquérito policial é procedimento inquisitivo e não sujeito ao contraditório, razão 
pela qual a realização de interrogatório sem a presença de advogado não é 
causa de nulidade. (...) 
STJ. 6ª Turma. HC 139.412/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
09/02/2010. 
 
APÓS ESSAS CONSIDERAÇÕES, IMPORTANTE SALIENTAR QUE: 
1. O novo dispositivo legal não trouxe a obrigatoriedade da presença do 
advogado em sede de investigação criminal. 
2. Se o investigado estiver desacompanhado de advogado ou defesor público, 
não é obrigatório ao Delegado designar um defensor dativo. A presença da 
defesa técnica no interrogatório e nos demais atos da investigação criminal 
continua sendo facultativa. Trata-se de um direito do investigado, mas, ao 
contrário do interrogatório judicial, este pode optar por não estar acompanhado 
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de um advogado no ato, sem que isso acarrete nulidade. O que mudou é que 
agora a legislação é expressa ao reconhecer o direito do advogado de, se quiser, 
participar do ato, não podendo haver embaraço da autoridade que conduz a 
investigação. 
3. O advogado deve apresentar procuração para participar da investigação, 
postulando, conforme o art. 5 do EOAB. 
4. O advogado poderá fazer perguntas ao investigado e demais pessoas 
envolvidas nos depoimentos e requerer diligências. No entanto, o Delegado 
poderá indeferir determinadas perguntas e diligências. Desta forma, à semelhança 
do que ocorre no processo penal, o Delegado ou a autoridade que conduz a 
investigação (ex: Promotor de Justiça) também poderão indeferir perguntas do 
advogado nas seguintes hipóteses extraídas, por analogia, do art. 212 do CPP: 
• quando a pergunta formulada puder induzir a resposta (“perguntas sugestivas”); 
• quando o questionamento não tiver relação com a causa; ou 
• quando a perguntar importar na repetição de outra já respondida. 
Como sabemos, o inquérito policial possui como característica o fato de ser um 
procedimento discricionário, ou seja, o Delegado de Polícia tem liberdade de 
atuação para definir qual é a melhor estratégia para a apuração do delito. 
Justamente por conta disso, a legislação previu que a autoridade policial pode 
indeferir diligências requeridas pelo indiciado ou pela vítima (art. 14 do CPP). 
 
Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) 
ANTES AGORA 
 
Art. 7º São direitos do advogado: 
(...) 
XIV - examinar em qualquer repartição 
policial, mesmo sem procuração, autos 
de flagrante e de inquérito, findos ou em 
andamento, ainda que conclusos à 
autoridade, podendo copiar peças e 
tomar apontamentos; 
 
 
Art. 7º São direitos do advogado: 
(...) 
XIV - examinar, em qualquer instituição 
responsável por conduzir investigação, 
mesmo sem procuração, autos de 
flagrante e de investigações de 
qualquer natureza, findos ou em 
andamento, ainda que conclusos à 
autoridade, podendo copiar peças e 
tomar apontamentos, em meio físico 
ou digital; 
 
 
O inquérito é uma modalidade de peça de informação e tem a finalidade 
de subsidiar o mínimo probatório (justa causa) para oferecimento da 
denúncia por parte do MP. Nesse sentido, pode-se afirmar que o inquérito é 
dispensável, podendo o MP adotar outras peças de informação. Quando o 
MP dispensar o IP, o prazo para oferecimento da denúncia conta-se a partir 
do momento em que tiver recebido as peças de informação. (art. 46) 
 
Como o inquérito é peça informativa, eventuais vícios nele constantes não 
têm o condão de contaminar o processo penal a que der origem. 
 
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Logicamente, se a prova no inquérito tiver sido colhida sob violação das 
normas de direito material, há de ser reconhecida a sua nulidade durante a 
fase processual, com o seu consequente desentranhamento dos autos, além 
das que foram derivadas dessas provas ilícitas. Isso, todavia, não significa 
dizer que todo inquérito será considerado nulo, pois é possível que existam 
elementos informativos colhidos no IP que não estejam contaminados. 
 
Como se vê, estes vícios são na realidade questões de mérito com 
repercussão na procedência ou improcedência do pedido, ou seja, o 
processo em si não será nulo, ao contrário, em muitos casos será encerrado 
inclusive com resolução do mérito, absolvendo o réu. 
 
Vale ressaltar que o inquérito policial não pode ser o único elemento na 
formação de convicção do JUIZ para fins condenatórios. No entanto, as 
provas não-repetíveis poderão ser elementos formadores de convicção do 
magistrado, o que chamamos de prova diferida. 
 
Diferença entre atos de prova e atos de investigação: 
Somente os atos de prova permitem o juízo de certeza, pois são aqueles 
atos produzidos em fase processual, sob o crivo do contraditório e ampla 
defesa. Os atos de investigação (colhidos em fase pré-processual), como 
defendido por Aury Lopes Jr. e André Nicolitt, não são suficientes para 
lastrear uma condenação, pois são meros indícios colhidos pela autoridade 
policial. 
 
MUITA ATENÇÃO: O Código de Processo Penal FAZ DISTINÇÃO entre provas 
e elementos informativos. VEJA: Art. 155. O juiz formará sua convicção pela 
livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não 
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não 
repetíveis e antecipadas. 
 
O inquérito policial é procedimento INQUISITIVO, haja vista que não 
obedece aos princípios da ampla defesa e do contraditório. Em face disso, 
eventual sentença condenatória NÃO poderá se basear EXCLUSIVAMENTE 
em elementos de informação colhidos durante a fase investigatória, 
RESSALVADAS as provas cautelares, não repetíveis e as antecipadas 
Mas, ATENÇÃO: Apesar da redação legal impedir o juiz de DECIDIR com 
base, exclusivamente, em elementos colhidos na fase investigativa para 
condenação, jurisprudência e doutrina majoritárias entendem que tal 
vedação NÃO se aplica à sentença ABSOLUTÓRIA. 
 
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O inquérito é indisponível ao Delegado, ou seja, ele NÃO pode mandar 
arquivar os autos de inquérito. Art. 17 CPP. Mas é dispensável ao MP, visto 
que ele pode arquivá-lo ou ainda oferecer a denúncia com base em outras 
peças de informação,dispensando-o. 
 
O inquérito é escrito, devendo o delegado rubricar cada folha. Dessa 
afirmativa, nasce a seguinte pergunta: é possível gravar as investigações/ 
atos do inquérito, tendo em vista que o art.9º fala somente em “peça 
escrita”? Segundo a doutrina, o art. 405 §1º, CPP, que se destina ao 
processo, pode ser aplicado analogicamente ao inquérito, de modo a ser 
possível sim que se grave peças do inquérito. Porém, ATENÇÃO! Não há IP 
oral! Essa questão caiu no concurso de Delegado de Polícia do Estado de 
Santa Catarina/2014. 
 
Sobre o caráter sigiloso do inquérito (SV 14 do STF): É direito do defensor, no 
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova já 
documentados em procedimento investigatório realizado quanto aos 
assuntos que digam respeito ao exercício do direito de defesa (Sigilo Interno). 
Nesse sentido, o art. 7ª do Estatuto da OAB garante ao advogado o acesso 
ao inquérito, mesmo sem a procuração, desde que seja no interesse do 
investigado. Ademais, o sigilo do inquérito visa proteger o indiciado da 
sociedade, a fim de não ter a sua vida exposta, sob o fundamento da 
presunção de inocência (Sigilo Externo). O sigilo do inquérito não é absoluto, 
ou seja, não alcança o advogado, visando proteger o próprio acusado, 
salvo quando houver medida cautelar em curso apensada ao inquérito 
policial (interceptação telefônica, infiltração de policial em organização criminosa). 
 
Nesse sentido, destaque-se que, mesmo sem procuração, o advogado tem 
acesso aos autos do IP. Contudo, se no IP houver quebra de sigilo de dados, 
somente terá acesso o advogado com procuração nos autos a fim de 
proteger a intimidade do acusado. E se, ainda assim, for negado à defesa, 
pelo delegado, o acesso ao procedimento policial? Faculta-se ao 
prejudicado deduzir reclamação diretamente ao STF (art. 103-A, §3º, CF). 
Contudo, independentemente dessa previsão, é possível ao interessado 
valer-se do mandado de segurança a ser impetrado perante o juiz para 
efetivação desse direito aos autos de inquérito e HC, se presente prejuízo à 
liberdade de locomoção do suspeito no caso concreto. Isso porque, o art. 7º, 
da Lei 11.417/06, que regulamenta a súmula vinculante, dispõe que da 
decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de 
súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá 
reclamação ao STF, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de 
impugnação. 
 
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A incomunicabilidade do preso, presente no art. 21, não foi recepcionada 
pela nova constituição frente ao Estado Democrático de Direito (Posição 
Majoritária). O raciocínio é que o Estado de defesa é um estado de 
exceção, um estado de crise. Então, se num estado de crise não se pode 
manter o preso incomunicável, muito menos num estado de normalidade. 
Afranio Silva Jardim – em sentido contrário - sustenta a recepção constitucional 
do art. 21 do CPP porque se o constituinte expressamente vetou a 
incomunicabilidade na vigência do Estado de defesa é porque subliminarmente 
a admitiu em caráter excepcional na vigência regular de um Estado 
Democrático de Direito. (citar a segunda corrente apenas em subjetiva e oral). 
 
ATRIBUIÇÕES DO DELEGADO DURANTE O INQUÉRITO POLICIAL: Devemos ter muita 
atenção ao estudar este tópico, pois sofreu alteração recente e será objeto de 
questionamento nos próximos certames. Nesse sentido, cabe à autoridade 
policial – art. 13: 
 I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução 
e julgamento dos processos; 
 II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; 
 III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; 
 IV - representar acerca da prisão preventiva. 
O artigo a seguir foi acrescentado pela Lei 13.344/2016, exigindo grande 
atenção por parte do candidato: 
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e 
no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código 
Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da 
Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado 
de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de 
empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou 
de suspeitos. 
 Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e 
quatro) horas, conterá: 
I - o nome da autoridade requisitante; 
II - o número do inquérito policial; e 
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela 
investigação. 
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Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados 
ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de 
polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas 
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que 
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, 
informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos 
suspeitos do delito em curso. 
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação 
de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência. 
§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: 
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer 
natureza, que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em 
lei; 
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por 
período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual 
período; 
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a 
apresentação de ordem judicial. 
§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser 
instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do 
registro da respectiva ocorrência policial. 
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a 
autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de 
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os 
meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que 
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com 
imediata comunicação ao juiz. 
Como podemos verificar, a referida Lei acresce ao Código de Processo 
Penal os arts. 13-A e 13-B, que permitem, em linhas gerais, que o Ministério 
Público e o delegado de polícia requisitem dados e informações cadastrais 
da vítima ou de suspeitos. Também nessa linha, o art. 13-B do CPP, inovação 
desta Lei, possibilita que o membro do Ministério Público ou o delegado de 
polícia requisitem, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras 
de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem 
imediatamente os meios técnicos adequados que permitam a localização 
da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. 
DESTINATÁRIO DO INQUÉRITO POLICIAL: O CPP é um dispositivo normativo 
antigo e, como tal, traz o juiz como destinatário do inquérito policial. Porém, 
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com o advento da CF/88, o juiz tem que saber qual é a opinio delicti do MP 
quanto ao que fora apuradopela policia judiciária. Assim, recebido o 
inquérito pelo juiz, ele abre vista ao MP, podendo este adotar três medidas: 
1.oferecer a denúncia; 
2.devolver os autos para delegacia; ou 
3. mandar arquivar o inquérito. 
 
Destarte, o destinatário do Inquérito Policial é o Ministério Público. Quando o 
MP determinar o arquivamento do inquérito, deverá encaminhar os autos 
para ao Juiz analisar se o caso é de arquivamento ou não. Em alguns 
estados, há as centrais de inquérito, situação em que a autoridade policial 
encaminha os autos diretamente para o MP e não para o juiz. Porém, esse 
mecanismo foi julgado recentemente inconstitucional pelo STF, pois afronta 
diretamente o texto da CF/88. 
 
IMPORTANTE: Inviável, em nosso sistema normativo, o arquivamento, “ex 
officio”, por iniciativa do Poder Judiciário, de peças informativas e/ou de 
inquéritos policiais, pois, tratando-se de delitos perseguíveis mediante ação 
penal pública, a proposta de arquivamento só pode emanar, legítima e 
exclusivamente, do próprio Ministério Público.- Essa prerrogativa do 
“Parquet”, contudo, não impede que o magistrado, se eventualmente 
vislumbrar ausente a tipicidade penal dos fatos investigados, reconheça 
caracterizada situação de injusto constrangimento, tornando-se 
consequentemente lícita a concessão, “ex officio”, de ordem de “habeas 
corpus” em favor daquele submetido a ilegal coação por parte do Estado 
(CPP, art. 654, § 2º). HC 106.124-MC/PR. 
 
Existe alguma providência processual que a vítima possa adotar para evitar 
o arquivamento do IP? Ela pode, por exemplo, impetrar um mandado de 
segurança com o objetivo de impedir que isso ocorra? NÃO. A vítima de 
crime de ação penal pública não tem direito líquido e certo de impedir o 
arquivamento do inquérito ou das peças de informação. STJ. Corte Especial. 
MS 21.081-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 17/6/2015 (Info 565). 
 
INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO DIANTE DE DENÚNCIA ANÔNIMA: 
As autoridades públicas não podem iniciar inquérito policial (penal ou 
disciplinar) apoiando-se, unicamente, para tal fim, em peças apócrifas ou 
em escritos anônimos- art. 5º IV da CF. Nada impede que a autoridade 
policial, diante de denúncia anônima, adote medidas informais destinadas a 
apurar, previamente, em averiguação sumária, “com prudência e 
discrição”, a possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, 
desde que o faça com o objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos 
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nela denunciados, em ordem a promover, então, em caso positivo, a formal 
instauração do inquérito policial. (STF, HC – 97197) 
 
DENÚNCIA FORMULADA COM BASE EM INQUÉRITO CIVIL - É possível o 
oferecimento de ação penal (denúncia) com base em provas colhidas no 
âmbito de inquérito civil conduzido por membro do Ministério Público - STF. 
Plenário. AP 565/RO - (Info 714). 
 
VERIFICAÇÕES PRELIMINARES DE INQUÉRITO – VPI’S 
Geralmente, o inquérito só será instaurado após a VPI (procedimento 
investigatório preliminar para apurar informações advindas de uma notícia 
crime). Os Tribunais Superiores reconhecem berço normativo das VPIS no 
artigo 5º § 3º do CPP e, como reúnem peças informativas destinadas ao MP, 
são igualmente indisponíveis nos termos do art. 17 do CPP. Há resolução da 
Policia Federal e da PC/RJ regulamentando VPI. Em sentido contrário, 
minoritariamente, não se aceita as VPIS ao argumento de que o § 3º do art. 
5º do CPP teria apenas previsto a justa causa a instauração do inquérito, até 
para evitar qualquer burla ao controle externo das investigações pelo MP. 
 
POLICIA JUDICIÁRIA E PERSECUTIO CRIMINIS 
A policia preventiva ou ostensiva é exercida, via de regra, pela Polícia Militar 
e pelo Policial Rodoviário, trata-se do policiamento para manter a paz social, 
atuando na prevenção criminosa. Quando já praticada a conduta 
delituosa, temos a policia judiciária atuando em caráter repressivo (atividade 
investigativa) para elucidação dos fatos e apuração de autoria e 
materialidade, no procedimento de inquérito. Quem exerce a polícia 
judiciária é a policia civil e a federal. 
 
A Persecutio Criminis ou persecução penal se traduz pelo esclarecimento do 
fato delituoso. A persecução penal inclui a atividade de policia judiciária 
(DELEGADO) e vai além, caminhando junto ao processo, onde o MP atua 
diretamente praticando atos para elucidação do delito. 
 
De acordo com o art. 144, §1º,IV, compete privativamente à policia federal 
atuar como polícia judiciária da UNIÃO. A partir dessa premissa, interpreta-se 
que a policia civil deverá atuar como policia judiciária dos Estados. 
 
POLÍCIA JUDICIÁRIA versus POLICIA INVESTIGATIVA 
A maioria da doutrina usa a expressão “polícia judiciária” sem realizar 
qualquer distinção. Contudo, uma parte da doutrina diferencia “polícia 
investigativa” de “policia judiciária”, apesar de ser a mesma polícia. Para 
 
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aqueles que diferenciam, polícia judiciária é a polícia que auxilia o Poder 
Judiciário no cumprimento de suas ordens. Ex.: cumprimento de mandado 
de busca e apreensão. Já a Polícia investigava é a polícia atuante na 
apuração de infrações penais e de sua autoria. 
 
NOTITIA CRIMINIS: 
É o conhecimento espontâneo ou provocado por parte da autoridade 
policial acerca de um fato delituoso. É o exato momento em que a 
autoridade policial toma conhecimento de um fato. É vulgarmente 
conhecida como “queixa” ou “denúncia”. Mas o correto é falar em notitia 
criminis. 
 
Cognição Coercitiva – Quando pensamos no Delegado de Policia quando 
diante de auto de prisão em flagrante ou auto de resistência, não há 
discricionariedade por parte do delegado. (Ao delegado não há qualquer 
liberalidade quanto ao ato praticado, devendo vincular-se ao que dispõe a 
lei) 
 
Cognição Imediata – Quando a própria autoridade da policia judiciária per 
si instaurou inquérito policial, de ofício, mediante formalização por PORTARIA. 
Normalmente ocorre: 
1. Por informação reservada; 
2. Por meio de voz pública; 
3. Através de notoriedade do fato; 
4. Através das atividades rotineiras da polícia. 
 
Cognição Mediata – Quando a instauração fora requisitada pelo MP, pelo 
JUIZ, por qualquer um do povo ou a requerimento da vítima. Nesse caso, 
mesmo havendo a requisição do MP ou do Juiz, deve o Delegado formalizar 
a instauração do inquérito através de Portaria, pois a requisição, por si só, 
não instaura o inquérito policial. 
 
Destaque-se, novamente, que o Juiz não pode instaurar o IP de ofício, pois a 
ação penal é de titularidade do MP e, principalmente, porque estamos 
diante do Sistema Acusatório. A lei prevê (art. 39,4º,) que, quando a 
representação for feita ao juiz, ele deverá remetê-la à autoridade policial 
para instauração do inquérito. Contudo, Aury Lopes Jr. defende que a 
medida mais adequada ao sistema acusatório é que, a partir do 
conhecimento de um crime, o juiz remeta os autos ao MP para que este 
requisite a instauração de inquérito policial ou proponha a ação, caso 
vislumbre a existência de elementos informativos suficientes para dispensar o 
IP. 
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Ademais, se a vítima faz um requerimento para o Delegado instaurar um 
inquérito e o delegado o indefere, caberá um recurso inominado para o 
Chefe de Polícia (art. 5, § 2º, CPP), que hoje pode ser o Secretário de 
Segurança Pública ou o Delegado Geral. Outra possibilidade que a vítima 
teria, seria fazero requerimento ao MP. 
 
PROCESSO JUDICIALIFORME: A ação penal, nas contravenções, será iniciada 
com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela 
autoridade judiciária ou policial. Trata-se de dispositivo não recepcionado, 
pois não se adéqua ao sistema acusatório. 
 
Diferença entre notitia criminis X delatio criminis 
- A Notitia Criminis (stricto sensu) é a comunicação que a vítima faz da 
infração penal que sofreu. 
 
- A Delatio Criminis é a comunicação efetuada por qualquer um do povo. 
Obviamente, ela só será possível nos crimes de ação penal p. 
incondicionada, uma vez que os crimes de ação penal privada ou 
condicionada à representação exigem a manifestação da vítima como 
condição de persecutibilidade. Somente os funcionários públicos e os 
médicos têm a obrigação de comunicar crimes. Havendo negativa do 
médico, estará caracterizada a contravenção penal prevista no art. 66 da 
LCP. 
 
OBS 1. Delatio criminis: É uma espécie de notitia criminis. A peculiaridade é 
que ela é uma espécie de notitia criminis feita por qualquer pessoa do povo. 
 
OBS 2. Delatio criminis inqualificada: é a mesma coisa que denúncia anônima. 
Antes de instaurar o inquérito policial, deve a autoridade policial verificar a 
procedência das informações (STJ, HC64096 e STF, HC84827). 
 
A discricionariedade da autoridade policial possui três exceções: 
1. O delegado não tem discricionariedade quando diante de auto de prisão 
em flagrante e auto de resistência, pois ao lavrar o auto de infração estará 
automaticamente instaurando o inquérito; 
2. Não há discricionariedade frente a requisições do Juiz ou MP, devendo 
instaurar o inquérito, ressalvada a hipótese de ilegalidades; Existe 
divergência quanto às requisições do juiz, fundamentando-se na violação ao 
sistema acusatório.(Posição Garantista). 
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3. Exame de corpo de delito, quando o crime deixar vestígio, deve ser 
obrigatoriamente realizado. 
 
- DELEGADO ESTÁ OBRIGADO A INSTAURAR O IP DIANTE DE REQUISIÇÃO DO 
JUIZ? Para a prova de Delegado, defender que requisição não pode ser 
entendida como uma ordem, pois não há hierarquia entre juiz, MP e 
Delegado. O Delegado atende a requisição em virtude do princípio da 
obrigatoriedade da ação penal pública. O delegado pode recusar essa 
requisição se for manifestamente ilegal ou manifestamente arbitrária, 
dispondo de poderes de autotutela devido ao seu compromisso com a 
legalidade, apresentando decisão fundamentada sobre a negativa. Ex: 
abertura de inquérito com base apenas em noticia crime anônima. 
(Corrente majoritária) Há, porém, que entenda que requisição é sinônimo de 
ordem, portanto, o delegado está obrigado a atendê-la. 
 
A REQUISIÇÃO DO MP E DO JUIZ É CONSTITUCIONAL? 
A requisição do MP é plenamente constitucional (art. 129,VIII). No caso do juiz 
há duas posições: 
 
(1) (Majoritária na doutrina) – Requisição judicial de instauração do 
inquérito não foi recepcionada pelo artigo 129 inciso I da CF/88, pois 
compromete o sistema acusatório. A ação penal pública é privativa 
do MP, o juiz deverá conservar a sua imparcialidade e equidistância 
entre as partes. 
(2) (STF e STJ) - A requisição judicial de instauração do inquérito é 
constitucional porque o juiz conservará distanciamento da 
investigação, que será conduzida pelo delegado sob o controle 
externo do MP e, na realidade, sequer importa prevenção do juiz 
requisitante. 
 
LIMITES À INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POR PARTE DA AUTORIDADE POLICIAL: 
 
1. Crimes de ação penal pública condicionada à representação. Deverá, 
antes de instaurar o inquérito, colher a representação do ofendido tanto 
para autuação do flagrante quanto para a instauração da portaria. A 
representação, diante dos crimes condicionados, é não só condição de 
procedibilidade ao exercício da ação, como também condição de 
persequibilidade, pois a falta de representação, nesses crimes, impede até 
mesmo a instauração do inquérito policial. Oportuno também mencionar a 
condição de prosseguibilidade, que se dá no curso da ação penal, quando 
uma ação que era pública incondicionada passa a ser condicionada à 
representação, exigindo que esta se dê no curso processual. Doutrina 
minoritária defende que, se instaurado o inquérito, mesmo sem a 
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representação inicial da vitima, existe a possibilidade de ser sanado o vicio, 
se a vitima fizer a representação antes de oferecida a denúncia. 
 
2. Crimes de Ação Penal de Iniciativa Privada. Necessita do requerimento do 
ofendido para instaurar o inquérito policial e exercício da ação penal. 
 
(INQUÉRITO POLICIAL – AUTORIDADES COM FORO POR PRERROGATIVA DE 
FUNÇÃO) 
 
1. MEMBROS DO CONGRESSO: A Polícia Judiciária NÃO TEM ATRIBUIÇÃO para 
instaurar DE OFÍCIO inquérito policial contra autoridade detentora de foro 
por prerrogativa de função, sendo, portanto, indispensável a autorização do 
Tribunal competente para O JULGAMENTO DA AUTORIDADE. Destaca-se que 
o inquérito será presidido pela autoridade policial, mas tramitará sob direta 
supervisão do Tribunal. Ademais, qualquer ato praticado no curso do 
procedimento investigatório sem a devida autorização do Tribunal 
competente (inclusive o indiciamento) SERÁ NULO. Precedente no STF: 
Inquérito 2.411. 
 
2. MAGISTRADOS E MINISTÉRIO PÚBLICO: Os magistrados e membros do 
Ministério Público somente podem ser presos em flagrante pela prática de 
crime inafiançável. E mais: perfazendo-se situação flagrancial envolvendo 
estes sujeitos passivos, o respectivo inquérito não poderá ser presidido pelo 
delegado de polícia, devendo sê-lo, no caso dos juízes, pelo Presidente do 
Tribunal a que vinculado e, no caso dos membros do Ministério Público, pelo 
Procurador-Geral. Neste contexto, infere-se que, se capturados pela 
autoridade policial, civil ou militar, em situação de flagrante de crime 
inafiançável, magistrados e membros do Ministério Público deverão ser 
apresentados, respectivamente, ao Presidente do Tribunal e ao Procurador-
Geral. A estes, ou a quem delegarem, caberá a lavratura do auto de prisão 
em flagrante, assim como o prosseguimento das diligências investigatórias 
cabíveis. Segundo entendimento da doutrina, o inquérito investigando 
magistrado denomina-se INQUÉRITO JUDICIAL. (Lembrar que diante de 
parlamentar, o flagrante poderá ser lavrado pelo próprio delegado, o que 
não ocorre no caso de promotores e magistrados) 
Delegado recebe uma noticia crime. O que o delegado pode controlar? 
Exerce o controle de tipicidade formal ou também exerce um controle de 
tipicidade material? Pode deixar de instaurar o inquérito policial? 
a) Para delegado civil do Rio de Janeiro – O delegado instaura inquérito 
sempre que estiver diante da noticia de uma infração penal que é conduta 
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típica, ilícita e culpável, logo se vislumbrar alguma excludente se limita a 
registrar a ocorrência, sem instaurar inquérito policial encaminhando-o ao 
MP, titular da ação penal pública. O delegado só não pode deixar de 
documentar a noticia, já que o procedimento é escrito (art. 9º do CPP). 
Assim pode o delegado, por exemplo, aplicar o princípio da insignificância. 
 
Defender essa posição também em prova subjetiva e oral para o concurso 
de Delegado de Polícia. Contudo, salientar que é uma corrente em 
construção,

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