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A Liga das Nações

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SEMANA 1 – POLÍTICA INTERNACIONAL I
	Esta semana tem por objetivo apresentar os conceitos fundamentais concernentes às organizações internacionais e a origem das principais organizações que visam à garantia da paz e da segurança internacionais. Serão abordadas a origem da Liga das Nações e as razões de sua descontinuidade. O contexto de criação da Organização das Nações Unidas também será objeto de estudo.
TEMA: Organizações Internacionais: conceitos e origens
OBJETIVOS: Compreender quais são os incentivos para a criação de organizações internacionais e quais foram as particularidades históricas da primeira tentativa de estabilizar o mundo por meio de OI’s. Conhecer as diferenças entre organizações internacionais e instituições internacionais; compreender os motivos do fracasso da Liga das Nações; elencar a herança deixada pela Liga para a construção da ONU.
PONTOS DO EDITAL ABORDADOS: 16.1 O multilateralismo de dimensão universal: a ONU; as Conferências Internacionais; os órgãos multilaterais. 16.11 A reforma das Nações Unidas.
	Bibliografia sugerida: SEINTENFUS, Ricardo. Manual das Organizações Internacionais. Porto Alegre: Livraria do Advogado Ed., 2005. Capítulo 4
Bibliografia complementar: Learning about the League 
UNOG. Historical Overview of the League of Nations
A LIGA DAS NAÇÕES
1. ORIGEM
 - Fim da Primeira Guerra Mundial (consequências desastrosas) – Conferência da Paz de 28 de abril de 1919: adoção unânime do projeto que criou a Sociedade das Nações (SDN). 
- Contexto histórico: Alemanha sofre duras imposições do Tratado de Versalhes; URSS potencial aliada da Alemanha; cordão sanitário da Europa Ocidental sobre URSS. Nítida distinção entre vencedores e vencidos da 1ª guerra. 
- Definição: associação intergovernamental, de caráter permanente, de alcance geral e com vocação universal, baseada nos princípios de segurança coletiva e da igualdade entre Estados soberanos.
- Funções essenciais: 1) segurança; 2) cooperação social, econômica e humanitária; 3) efetividade ao Tratado de Versalhes. 
→ 1ª organização internacional com o objetivo de manter a paz por meio de mecanismos jurídicos.
- Presidente Woodrow Wilson (EUA) idealização: “14 Pontos indispensáveis para um mundo sem guerra”. 
	- Proposta francesa: SDN militarizada para prevenção de conflitos - León Burgeois.
	- Proposta britânica: descarta o militarismo supranacional; sociedade voluntarista baseada no princípio da boa-fé e da boa-vontade dos Estados-Membros; mediação internacional para pressão da opinião pública e ingerência moral dos Estados – projeto Hurst-Miller. Apoiada pelos EUA.
- Estabelecimento da Liga em Genebra (Suíça): neutra. Hotel Nacional = Palácio Wilson → 1937 (Palácio das Nações). 
- Exigências aos países membros: “para desenvolvimento da cooperação entre nações e para a garantia da paz e da segurança nacionais”, os países membros devem: a) aceitar certas obrigações de não recorrer à guerra; b) manter abertamente relações internacionais fundadas sobre justiça e honra; c) observar rigorosamente as prescrições do DI; d) fazer reinar a justiça e respeitar escrupulosamente todas as obrigações dos tratados nas relações mútuas dos povos organizados. 
2. CARACTERÍSTICAS 
2.1. Estados-membros 
Incialmente: 32 membros originários + 13 convidados para associação. 1923: 54 Estados 
- EUA impedido pelo Congresso de participar da nova organização – não ratificam o Tratado de Versalhes. 
- Estados-Membros: a) membros originários que firmaram o Pacto, excluídos os países derrotados; b) membros convidados que se mantiveram neutros durante a Guerra; c) membros admitidos posteriormente por voto de 2/3 da Assembleia. 
- Rigor para entrada: os candidatos deviam oferecer “garantias efetivas da sua sincera intenção de observar os seus compromissos internacionais e de que aceitam as regras estabelecidas pela Sociedade no tocante às suas forças e armamentos militares, navais e aéreos” – possibilidade não admissão.
- Desligamento: ausência de preocupação – bastava aviso-prévio de 2 anos e preenchimento de “todas as suas obrigações internacionais” (art. 1º, § 3º). 
- Ausência de sanção material para infratores – Brasil retira-se em 1926.
- Expulsão da União Soviética em 1939.
- Organização diplomática – representação realizada exclusivamente pelos representantes governamentais.
- Abertura à compreensão das especificidades regionais – permite o surgimento do regionalismo. 
- Igualdade de obrigações dos Estados-membros – decisões unânimes no Conselho e na Assembleia. 
2.2. Mecanismos de manutenção da paz
- Princípio da Segurança Coletiva; 
- Identificação de mecanismos para a solução pacífica de litígios – arbitragem = aconselhamento.
- Controle dos arsenais bélicos: Estados-membros deveriam informam sobre o nível de suas forças e armamentos militais, navais e aéreos – criação da Sexta Comissão com tal objetivo. CARÁTER RECOMENDATÓRIO. 
- Submissão de controvérsias: a) arbitragem; b) solução judiciária; c) exame do Conselho (art. 12 §1º) 
- Conselho: identifica as características do litígio, nomeia Comissão de Inquérito – medidas mantenedoras e tentativa de estabelecimento de trégua. 
- Guerra: violação dos compromissos arts. 12,13 e 15. 
Art. 16: ato de guerra era considerado como ato cometido contra todos os outros Estados, que deveriam romper relações comercias, financeiras e pessoais.
- Recomendação de que os Estados colocassem suas forças armadas à disposição do Conselho.
→ Mecanismos dependiam da existência de boa-fé dos estados-membros; sucesso dependia de confiança recíproca e na atuação da opinião pública internacional. = insucesso frente à agressão das grandes potências.
2.3. Estrutura Institucional 
- Nascimento da fórmula clássica das organizações internacionais: tripartite 
1. Assembleia: representação plena e igualitária. Cada Estado pode contar com até 3 representantes, mas tem direito a 1 voto. Reuniões anuais em setembro. Possibilidade de convocação de reuniões extraordinárias. Decisões tomadas pela unanimidade dos membros (exceto processuais – maioria). 
2. Conselho: restrito (espécie de executivo). Início com 9 membros (5 permanentes e outros 4 eleitos anualmente). Possibilidade de votar outros membros permanentes (maioria dos votos). 1922 – 6 permanentes; 1926 – Alemanha: permanente, mandato de 3 anos para os semipermanentes. 
→ barganhas de pequena política nacional e ampliação do Conselho = enfraquecimento – não pode agir rapidamente para sanar crises. 
3. Secretariado: permanente. Secretário-Geral. Apoio administrativo e técnico da organização. 
+ órgãos de auxílio técnico, apoio político e vínculos com órgãos especializados. 
Corte Permanente de Justiça: sede em Haia (Holanda) – 15 juízes, reconhecidamente competentes e independentes de seus Estados Nacionais, eleitos pela Assembleia segundo indicações do Conselho. – Conflitos de características jurídicas. 
3. AÇÕES DA LIGA
Preocupação com a manutenção da paz- planos: 1) respeito aos tratados internacionais; 2) criação de um clima de confiança que reforçasse a segurança das relações internacionais; 3) aumento da cooperação internacional no campo da saúde, da cooperação técnica e laboral. 
3.1. Sucessos 
Administração do território de Sarre: Território rico em carvão, foi administrado com êxito pela SDN entre os anos de 1919 e 1935. Ao final da administração provisória, foi aberto plebiscito com a população que, por grande maioria, votou pelo retorno do território à administração germânica.
Território livre de Dantzig: Visando à reorganização do território europeu no pós-guerra, houve a reorganização do acesso polonês ao mar Baltico e, apesar dos protestos dos alemães, o território foi vinculado à Polônia, porém ficou sob a proteção da SDN. O território era habitado essencialmente por alemães e era tido como um ponto nevrálgico das relações de Berlim com os vencedores da guerra. Com a chegada do nacional-socialismo ao poder na Alemanha (1933), o território livre sofreu paulatinasrestrições, ao ponto em que o altocomissário irlandês Sean Lester pediu demissão e as forças germânicas não encontraram nenhuma oposição. O território seria então ocupado por Berlim em 1935, desencadeando o segundo conflito mundial.
Proteção das minorias: Com a impossibilidade de que cada nação possuísse seu território, vários tratados foram assinados no intuito de proteger minorias em acordos entre potências coligadas e países de problemas minoritários (Tchecoslováquia, Grécia, Iugoslávia, Polônia e Romênia), devendo ser garantido pelo Conselho da Liga das Nações em defesa dos direitos básicos. O caráter da proteção era, entretanto, supérfluo e a necessidade de aplicar o sistema da Liga das Nações de maneira universal e a falta de uma definição precisa do conceito de minoria abriam espaço para interpretações políticas e de circunstância.
Cooperação com a OIT: Ainda que nascida poucos meses antes da SDN, a Organização Internacional do Trabalho tinha suas atividades estreitamente vinculadas à Sociedade das Nações, trabalhando por legislações protetivas aos trabalhadores. Encontrava, entretanto, oposição por parte da Alemanha e da Áustria. O Escritório Internacional do Trabalho (BIT), dirigido por Albert Thomas, consegue, no decorrer de dez anos, aprovar vinte e seis projetos de convenção e três dezenas de recomendações, que serviria posteriormente para a luta transnacional pela causa operária.
Busca de solução de litígios: A SDN propôs soluções nos casos do incidente de Courfou (Grécia x Itália), do conflito Demir-Kapou (Grécia x Bulgária) e do litígio de Mossoul (Turquia x Reino). Os conflitos que conseguiram ser solucionados pela Liga eram, entretanto, aqueles em que havia maior ausência do interesse divergente das grandes potências.
Conflito da Grã-Bretanha & França x Alemanha, 1921: Ao que a Alemanha recusou a pagar o combinado no Pacto, a Grã-Bretanha e França a invadiram e a coagiram para que pagasse.
3.2. Fracassos 
Os dez anos seguintes à década de 1920, ao contrário desta, se mostrou como um tempo de grandes crises para as relações internacionais. 
Pacto Anti-Guerras: Apesar da assinatura do Pacto Briand-Kellog de renúncia à guerra como prática dos Estados, poucos anos mais tarde haveria o surgimento da Segunda Guerra Mundial. 
Palácio das Nações: Em setembro de 1929 iniciou-se a construção do Palácio das Nações em Genebra, porém, com a queda da bolsa da Nova Iorque em 24 de outubro de 1929, a economia capitalista entrou em grande depressão.
Conferência de Londres: Em um embate à crise econômica, sendo ela mundial, convocou em 1933 a Conferência de Londres. Com a oposição de Franklin D. Roosevelt em adotar iniciativas multilaterais em virtude do já consolidado plano de recuperação próprio dos Estados Unidos (o New Deal), causa fracasso nos entendimentos. Isso causa a divisão dos países signatários, na medida cada país adota medidas individuais. Estados Unidos promulga os Neutrality Acts em relação aos dilemas europeus.
Ineficácia no controle bélico alemão
Desde 1925, o papel primordial da Organização foi o de controle bélico das nações signatárias. Instrumentalizada pela França com o objetivo de controlar o armamento da Alemanha, a proposta se demonstra falha quando se opõe diretamente com os ideais nazistas de Adolf Hitler, que tinha como um dos objetivos o maior armamento da Alemanha (vide Mein Kampf). Com as várias denúncias da Alemanha, em consonância à Polônia, aos tratados de proteção às minorias, a Alemanha consegue levar o nazismo a Sarre e Dantzig. 
Com a política antissemita, provoca afluxo de regugiados judeus e democratas a países vizinhos. A resposta não-efetiva da SDN é a de utilizar o altocomissariado para refugiados, revelando a Hitler a fraqueza institucional da instituição. Com a militarização da Renânica, o serviço militar obrigatório e a formação de um exército de 600 mil homens, a SDN se limitou apenas a emitir declarações e afastar sua responsabilidade no fato.
Ineficácia na solução de litígios
Conflito de Manchúria, 1931 (Japão x China): Japão ataca província chinesa de Manchúria alegando proteger uma ferrovia sob sua responsabilidade, ocupando todo território da província e criando o Estado de Manchu sob protetorado nipônico em março de 1932. Houve uma assembleia presidida pelo britânico Victor Lytton e o não-reconhecimento do Estado de Manchu foi aprovado unanimemente. Japão se retira da Liga e China assina um tratado com o Japão em reconhecimento ao fato consumado.
Conflito de Corfu, 1923: Com o assassinato de um general italiano enquanto fazia um trabalho para a Liga das Nações na Grécia, Mussolini invade a ilha grega de Corfu. Com o pedido de ajuda da Grécia, a Liga condena Mussolini e o pede que saia de Corfu e pede a Grécia que dê dinheiro à Liga. Entretanto, Mussolini se recusa a aceitar a decisão e não sai de Corfu. A Liga das Nações, então, muda sua decisão e aconselha a Grécia a desculpar-se com Mussolini e pagar dinheiro a Itália. Assim faz Grécia e Mussolini entrega Corfu de volta a Grécia.
Conflito da Polônia e Rússia, 1920: A Polância consegue terras da Russia, violando o tratado de Versalhes. A Liga das Nações ordena o fim de suas ações, porém é ignorada pela Polândia.
Guerra Civil Espanhola, 1936-1938: Quando ficou evidente que, tanto a Itália quanto a Alemanha auxiliavam as tropas do General Francisco Franco, a SDN não interviu no conflito.
Conflito da Abissínia - Ineficácia do controle do Estado fascista Italiano
Com a impossibilidade de participar da colonização africana do século XIX, a Itália de Mussolini ainda assim queria conquistar espaços não-europeus. Assinando um acordo de cooperação e arbitragem com Hailé Sélassié (o imperador de Etiópia), decide ocupa-la em 1934. Com o interesse de França em ter Itália no auxílio de seu embate contra os avanços da Alemanha e a falta de interesse de Londres em intervir sozinha, a SDN ignora o pedido de Sélassié fundamentado no artigo 11 do Pacto de Versalhes. Com as posteriores hostilidades contra a Etiópia em 1935, SDN, frente à pressão pública, emite apenas uma declaração para os países-membros voluntariamente imponham sanções contra a Itália, entre elas o embargo de armas. No insucesso de tal medida, a Liga das Nações reconhece a soberania italiana sobre Etiópia em 1938.
4. CONCLUSÃO 
- Encerramento de atividades: formalmente em julho de 1947. 21ª Assembleia (abril/46).
- Perda de credibilidade na década de 30: 
- Agressões realizadas por Japão, Itália e Alemanha sem resposta eficiente. 
- Incapacidade de imposição aos Estados. 
- Exclusão dos países derrotados (imposição do Tratado de Versalhes) – prática excludente que conflita com a pretensão de um novo sistema internacional.
- art. 10 manutenção do status quo europeu X art. 19 – possibilidade de revisão. 
- Incapacidade de aplicação de sanções aos infratores. 
- Unanimidade do voto bloqueia o sistema. 
- Dependência da boa-vontade dos sócios.
- Ausência dos EUA.
- Incapacidade de se transformar em algo que está fora e acima dos Estados.
Problemas da época: Afirmação de nacionalismos; diplomacia de prestígio, diplomacia secreta.
- Desencadeamento da Segunda Guerra.
Legados: Experiência inspira os redatores da Carta de São Francisco – cria a ONU na mudança sobre a questão do direito de veto.
Lições da derrota – novos campos de atuação (para além da manutenção da paz) e possibilidade de emprego da força para alcançar objetivos.

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