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Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 1 CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA ESTRUTURAS METÁLICAS GCIV1058 NOTAS DE AULA PROF. MSC. IGOR LEITE REVISÃO 06 – FEVEREIRO/2018 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 2 1. Introdução as Estruturas de Aço Histórico das Estruturas de Aço As estruturas metálicas têm sido usadas desde o século XII, na forma de tirantes e pendurais de ferro fundido, que funcionavam como elementos auxiliares em estruturas de madeira. No século XVI tornaram-se comuns as estruturas de telhado em ferro fundido, com sistemas estruturais pouco racionais, uma vez que nessa época a análise estática encontrava-se em fase inicial de desenvolvimento. De 1900 até nossos dias, houve grande desenvolvimento no estudo do comportamento das estruturas de aço, principalmente no que se refere à instabilidade e à plasticidade, foi inventada a solda elétrica, criados os parafusos de alta resistência e os aços de alta resistência mecânica e resistentes à corrosão atmosférica. Passaram a ser construídos corriqueiramente edifícios de andares múltiplos, centros de compras (shopping centers), pontes, pavilhões de exposições, coberturas de ginásios de esportes e de estádios, edifícios industriais, torres de transmissão de energia e de telecomunicações, etc., com sistemas estruturais cada vez mais criativos e ousados. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 3 Processo Siderúrgico É o processo de obtenção do aço, desde a chegada do minério de ferro até o produto final a ser utilizado no mercado, em diferentes setores; Aço: Liga metálica composta principalmente de ferro e carbono O aço é produzido, basicamente, a partir de minério de ferro, carvão e cal. A fabricação do aço pode ser dividida em quatro etapas: 1. Preparação da carga 2. Redução 3. Refino 4. Laminação 1. Preparação da carga O carvão é processado na coqueria e transforma-se em coque. Grande parte do minério de ferro (finos) é aglomerada utilizando-se cal e finos de coque. O produto resultante é chamado de sinter. 2. Redução Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 4 Essas matérias-primas, agora preparadas, são carregadas no alto forno. Oxigênio aquecido a uma temperatura de 1000ºC é soprado pela parte de baixo do alto forno. O carvão, em contato com o oxigênio, produz calor que funde a carga metálica e dá início ao processo de redução do minério de ferro em um metal líquido: o ferro-gusa. O gusa é uma liga de ferro e carbono com um teor de carbono muito elevado. 3. Refino Aciarias a oxigênio ou elétricas são utilizadas para transformar o gusa líquido ou sólido e a sucata de ferro e aço em aço líquido. Nessa etapa parte do carbono contido no gusa é removido juntamente com impurezas. A maior parte do aço líquido é solidificada em equipamentos de lingotamento contínuo para produzir semi-acabados, lingotes e blocos. 4. Laminação Os semi-acabados, lingotes e blocos são processados por equipamentos chamados laminadores e transformados em uma grande variedade de produtos siderúrgicos, cuja nomenclatura depende de sua forma e/ou composição química. Tipos de Produtos Produtos Siderúrgicos Perfis laminados, Barras e Chapas. Perfis cantoneiras, I, H e U. Produtos Metalúrgicos Perfis Soldados e de Chapa Dobrada Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 5 Produtos Siderúrgicos (Laminados) Perfis I Laminados Padrão Americano (Série I) “abas inclinadas” Perfis I Laminados Abas Paralelas (Série W) Propriedades dos aços estruturais O primeiro ponto a ser analisado deve ser o diagrama de tensão-deformação, para se analisar e entender o comportamento estrutural. Quando solicitamos um corpo de prova ao esforço normal de tração, podemos obter valores importantes para a determinação das propriedades mecânicas dos aços. As primeiras propriedades mecânicas que devem ser salientadas são: Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 6 fy: Tensão limite de resistência à tração (variável para os tipos de aço) fu: Tensão última de resistência à tração (variável para os tipos de aço) E: Módulo de Elasticidade = 200 GPa ν : Coeficiente de Poisson = 0,30 Coeficiente de Poisson é o coeficiente de proporcionalidade entre as deformações longitudinal e transversal de uma peça. β : Coeficiente de Dilatação Térmica = 12 x 10-6 C Coeficiente de Dilatação Térmica do material é a variação por unidade de comprimento e por grau de temperatura Ductilidade: capacidade do material se deformar sob as ações das cargas. Os aços dúcteis, quando sujeitos a tensões locais elevadas, sofrem deformações plásticas capazes de redistribuir tensões. Fragilidade: É o oposto da ductilidade. Resiliência: Capacidade de absorver energia mecânica em regime elástico, ou, o que é equivalente a capacidade de restituir energia mecânica absorvida. Tenacidade: É a energia total elástica e plástica que o material pode absorver por unidade de volume até a sua ruptura. Dureza: É a resistência ao risco ou abrasão. Fadiga: É a ruptura de uma peça quando trabalham sobre grande número de cargas repetidas. Corrosão: Denomina-se corrosão o processo de reação do aço com alguns elementos presentes no ambiente em que se encontra exposto, sendo produto desta reação muito similar ao minério de ferro. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 7 Tipos de Aços Estruturas O tipo de aço com a composição química adequada fica definido na aciaria. Os aços podem ser classificados em: aços-carbono, aços de baixa liga sem tratamento térmico e aços de baixa liga com tratamento térmico. Os tipos de aço estruturais são especificados em normas brasileiras e internacionais ou em normas elaboradas pelas próprias siderúrgicas. (SILVA, 2012) AÇOS-CARBONO: Os aços-carbono são aqueles que não contêm elementos de liga, podendo ainda, ser divididos em baixo, médio e alto carbono, sendo os de baixo carbono (C 0,30%), os mais adequados à construção civil. ASTM-A36 - o aço mais utilizado na fabricação de perfis soldados (chapas com t 4,57 mm), especificado pela American Society for Testing and Materials; ASTM A572/Gr50 - aço utilizado na fabricação de perfis laminados NBR 7007/MR-250 - aço para fabricação de perfis laminados, que mais se assemelha ao ASTM A-36; ASTM-A570 - o aço mais utilizado na fabricação de perfis formados a frio (chapas com t 5,84 mm); NBR 6650/CF-26 - aço, especificado pela ABNT, utilizado na fabricação de perfis estruturais formados a frio que mais se assemelha ao anterior. Na tabela abaixo são fornecidos os valores da resistência ao escoamento (fy) e da resistência à ruptura (fu) dos aços citados acima. Tipo de Aço fy (Mpa) fu (Mpa) ASTM A36 250 400 ASTM A572 Gr 50 345 450 NBR 7007 MR250 250 400 NBR 7007 AR350 350 450 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 8 2. Ações e Segurança Nas Estruturas Métodos de Cálculo Projeto Estrutural e Normas Os objetivos de um projeto estrutural são: • Garantia de segurança estrutural evitando-se o colapso da estrutura. • Garantia de bom desempenho da estrutura evitando-se a ocorrência de grandes deslocamentos, vibrações, danos locais. As etapas de um projeto estrutural podem ser reunidas em três fases: a) Anteprojeto ou projeto básico, quando são definidos o sistema estrutural, os materiaisa serem utilizados, o sistema construtivo. b) Dimensionamento ou cálculo estrutural, fase na qual são definidas as dimensões dos elementos da estrutura e suas ligações de maneira a garantir a segurança e o bom desempenho da estrutura. c) Detalhamento, quando são elaborados os desenhos executivos da estrutura contendo as especificações de todos os seus componentes. Nas fases de dimensionamento e detalhamento, utiliza-se, além dos conhecimentos de análise estrutural e resistência dos materiais, grande número de regras e recomendações referentes a: - critérios de garantia de segurança; - padrões de testes para caracterização dos materiais e limites dos valores de características mecânicas; - definição de níveis de carga que representem a situação mais desfavorável; - limites de tolerâncias para imperfeições na execução; - regras construtivas etc . Estados Limites Um estado limite ocorre sempre que a estrutura deixa de satisfazer um de seus objetivos. Eles podem ser divididos em: • Estados limites últimos • Estados limites de utilização. Os estados limites últimos estão associados à ocorrência de cargas excessivas e consequente colapso da estrutura devido, por exemplo, a - perda de equilíbrio como corpo rígido; - plastificação total de um elemento estrutural ou de uma seção; - ruptura de uma ligação ou seção; - flambagem em regime elástico ou não; - ruptura por fadiga. Os estados limites de utilização (associados a cargas em serviço) incluem: - deformações excessivas; - vibrações excessivas. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 9 Estados limites últimos. A garantia de segurança no método dos estados limites é traduzida pela equação de conformidade, para cada seção da estrutura: onde a solicitação de projeto Sd (o índice d provém da palavra inglesa design) é menor que a resistência de projeto Rd. A solicitação de projeto (ou solicitação de cálculo) é obtida a partir de uma combinação de ações Fi, cada uma majorada pelo coeficiente γi enquanto a resistência de projeto é função da resistência característica do material fk, minorada pelo coeficiente γm Ações nas estruturas As ações a serem consideradas no projeto das estruturas são as cargas que nelas atuam ou deformações impostas (por variação de temperatura, recalques etc). As normas brasileiras que se ocupam das cargas sobre as estruturas são: NBR 6120 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. NBR 6123 - Forças devidas ao vento em edificações. NBR 7188 - Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestres. Combinação de Solicitações A Norma Brasileira NBR 8800 adotou uma formulação compatível com as normas nacionais e internacionais de segurança das estruturas. A Norma Brasileira NBR 8681 da ABNT - Ações e Segurança nas Estruturas – fixa os critérios de segurança das estruturas e de quantificação das ações e das resistências a serem adotados nos projetos de estruturas constituídas de quaisquer dos materiais usuais na construção civil . As solicitações de projeto (Sd) podem ser representadas como combinações de solicitações S devidas às ações Fk, pela expressão: Definem-se os seguintes tipos de combinações de ações para verificações nos estados limites últimos: - Combinação normal: combinação que inclui todas as ações decorrentes do uso previsto da estrutura. - Combinação de construção: combinação que considera ações que podem promover algum estado limite último na fase de construção da estrutura. - Combinação especial: combinação que inclui ações variáveis especiais, cujos efeitos têm magnitude maior que os efeitos das ações de uma combinação normal. - Combinação excepcional: combinação que inclui ações excepcionais, as quais podem produzir efeitos catastróficos, tais como explosões. choques de veículos, incêndios e sismos. As combinações normais de ações para estados limites últimos são escritas em função dos valores característicos das ações permanentes G e variáveis Q: Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 10 Q1 – é a ação variável da base (ou principal) estudada; Qj – representa as ações variáveis que atuam simultaneamente a Q1 e que têm efeito desfavorável; γg e γq – são os coeficientes de segurança; Ψ – fator de combinação que reduz as ações variáveis, devida a baixa probabilidade de ocorrência simultânea. Ações Combinações Normais Especiais ou construção Excepcionais P er m a n en te s Peso próprio de estruturas metálicas 1,25 (1,00) 1,15 (1,00) 1,10 (1,00) Peso próprio de estruturas pré-moldadas 1,30 (1,00) 1,20 (1,00) 1,15 (1,00) Peso próprio de estruturas moldadas no local e de elementos construtivos industrializados 1,35 (1,00) 1,25 (1,00) 1,15 (1,00) Peso próprio de elementos construtivos industrializados com adições in loco 1,40 (1,00) 1,30 (1,00) 1,20 (1,00) Peso próprio de elementos construtivos em geral e equipamentos 1,50 (1,00) 1,40 (1,00) 1,30 (1,00) Deformações impostas por recalques de apoio, imperfeições geométricas, retração e fluência do concreto 1,20 (1,00) 1,20 (1,00) 0 (0) Ações Combinações Normais Especiais ou construção Excepcionais V a ri á v ei s Efeito de temperatura 1,20 1,00 1,00 Ação do vento 1,40 1,20 1,00 Demais ações variáveis, incluindo as decorrente de uso e ocupação 1,50 1,30 1,00 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 11 Ações γf2 Ψ0 Ψ1 Ψ2 Cargas acidentais de edifícios Locais em que não há predominância de pesos e de equipamentos que permanecem fixos por longos períodos de tempo, nem elevadas concentrações de pessoas 0,5 0,4 0,3 Locais em que há predominância de pesos e de equipamentos que permanecem fixos por longos períodos de tempo, nem elevadas concentrações de pessoas 0,7 0,6 0,4 Bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens e sobrecargas em estruturas 0,8 0,7 0,6 Vento Pressão dinâmica do vento em estruturas em geral 0,6 0,3 0 Temperatura Variações uniformes de temperatura em relação à média anual local 0,6 0,5 0,3 Cargas móveis e seus efeitos dinâmicos Passarelas de pedestres 0,6 0,4 0,3 Vigas de rolamento de pontes rolantes 1,0 0,8 0,5 Pilares e outros elementos ou subestruturas que suportam vigas de rolamento de pontes rolantes 0,7 0,6 0,4 Exercícios: 1) Uma viga de edifício comercial está sujeita a momentos fletores oriundos de diferentes cargas: Peso próprio da estrutura metálica M = 10 kNm Peso de outros componentes M = 50 kNm Ocupação da estrutura M = 30 kNm Vento M = 20 kNm Calcular o momento fletor solicitante de projeto Md. 2) Uma diagonal de treliça de telhado está sujeita aos seguintes esforços normais (considerar tração com sinal positivo) oriundo de diferentes cargas: Peso próprio da treliça e coberturas N = 1 kN Vento de sobrepressão v1 N = 1,5 kN Veto de sucção v2 N = -3 kN Sobrecarga variável N = 0,5 kN Calcular o esforço normal solicitante de projeto. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 12 3. Peças Tracionadas Denominam-se peças tracionadas as peças sujeitas a solicitações de tração axial, ou tração simples. Tipos de perfis utilizados em peças solicitadas à tração:As ligações das extremidades das peças tracionadas com outras partes da estrutura podem ser feitas por diversos meios, a saber: - soldagem; - conectores aplicados em furos; - rosca e porca (caso de barras rosqueadas). Critérios de Dimensionamento Nas peças tracionadas com furos, as tensões em regime elástico não são uniformes, verificando-se tensões mais elevadas nas proximidades dos furos. No estado limite, graças à ductilidade do aço, as tensões atuam de maneira uniforme em toda a seção da peça. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 13 A resistência de uma peça sujeita à tração axial pode ser determinada por: a) Ruptura da seção com furos; b) Escoamento generalizado da barra ao longo de seu comprimento, provocando deformações exageradas. O escoamento da seção com furos conduz a um pequeno alongamento da peça e não constitui um estado limite. Peças em geral com furos Nas peças com furos, como nas chapas gusset, a resistência de projeto é dada pelo menor dos seguintes valores: a)Ruptura da seção com furos, de área An (líquida): 𝑅𝑑 = 𝐴𝑛,𝑒𝑓. 𝑓𝑢 𝛾𝑎2 Com γa2 = 1,35 para esforço normal solicitante; fu = tensão resistente à tração do aço (tensão de ruptura); An,ef = área líquida efetiva. b)Escoamento da seção bruta, de área Ag (bruta): 𝑅𝑑 = 𝐴𝑔. 𝑓𝑦 𝛾𝑎1 Com γa2 = 1,10 para esforço normal solicitante; fy = tensão de escoamento à tração do aço; Ag = área bruta. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 14 Exercícios: 3) Calcular a espessura necessária de uma chapa de 100 mm de largura, sujeita a um esforço axial de 100 kN. Utilizar aço MR250. 4) Duas chapas 22 x 300 mm são emendadas por meio de talas com 2 x 8 parafusos de φ22mm (7/8”). Verificar se as dimensões das chapas são satisfatórias, admitindo-se aço MR250 (ASTM A36). Peças com extremidades rosqueadas As barras com extremidades rosqueadas, consideradas neste item, são barras com diâmetro igual ou superior a 12,5 mm ( 1 /2"), nas quais o diâmetro externo da rosca é igual ao diâmetro nominal da barra. O dimensionamento dessas barras é determinado pela ruptura da seção da rosca. 𝑅𝑑 = 0,75. 𝐴𝑔. 𝑓𝑢 𝛾𝑎2 Exercícios: 5) Calcular o diâmetro do tirante capaz de suportar carga axial de 150 kN, sabendo-se que a transmissão de carga será feita por um sistema de roscas e porcas. Utilizar aço ASTM A36. Admite-se que a carga seja do tipo permanente, com grande variabilidade. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 15 Peças em geral com furos em zigue-zague No caso de furação em zigue-zague é necessário pesquisar diversos percursos para encontrar o menor valor da seção líquida, uma vez que a peça pode romper em qualquer um desses percursos. Então, nestes casos a área líquida pode ser tomada como: 𝐴𝑛 = [𝑏 − ∑(𝑑 + 3,5𝑚𝑚) + ∑ 𝑠² 4𝑔 ]. 𝑡 Adotando-se o menor valor de área líquida pesquisado. Exercícios: 6) Duas chapas 28 cm x 20 mm são emendadas por traspasse, com parafusos d = 20 mm, sendo os furos realizados por punção. Calcular o esforço resistente de projeto das chapas, submetidas à tração axial. Aço MR250. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 16 7) Para a cantoneira L 178 X 102 X 12,7 (7" X 4" X 1/2") indicada na figura, determine: a)A área líquida, sendo os conectores de diâmetro igual a 22,2 mm; b)Maior comprimento admissível, para esbeltez máxima igual a 300. Área da seção transversal líquida efetiva Quando a ligação é feita por todos os segmentos de um perfil, a seção participa integralmente da transferência dos esforços. Isto não acontece, por exemplo, nas ligações das cantoneiras com a chapa de nó, nas quais a transferência dos esforços se dá através de uma aba de cada cantoneira. Nesses casos as tensões se concentram no segmento ligado e não mais se distribuem em toda a seção. Este efeito é levado em consideração utilizando, no cálculo da resistência à ruptura, a área líquida efetiva dada por: An,ef = Ct . An Onde Ct é um fator redutor aplicado à área líquida An no caso de ligações parafusadas, e à área bruta Ag no caso de ligações soldadas (peças sem furação). Quanto maior o comprimento da ligação, menor é a redução aplicada às áreas. Nos perfis de seção aberta, tem-se para Ct: 𝐶𝑡 = 1 − 𝑒𝑐 𝑙 ≥ 0,60 onde ec é a excentricidade do plano da ligação (ou da face do segmento ligado) em relação ao centro geométrico da seção toda ou da parte da seção que resiste ao esforço transferido e l é o comprimento da ligação. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 17 Para peças tracionadas ligadas apenas por soldas transversais tem-se: Onde Ac é a área do segmento ligado. No caso de chapas planas ligadas apenas por soldas longitudinais, o coeficiente Ct depende da relação entre o comprimento lw das soldas e a largura b da chapa. Exercícios: 8) Para o perfil U 381 x 50,4 kg/m, em aço MR250, indicado na figura abaixo, calcular o esforço de tração resistente. A ligação é soldada. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 18 9) Para o perfil U 381 x 50,4 kg/m, em aço MR250, calcular o esforço de tração resistente. Os conectores são de 22 mm de diâmetro. 4. Ligações Parafusadas Exemplos de ligações parafusadas em estruturas metálicas: Parafusos Comuns Os parafusos comuns são, comumente, forjados com aços-carbono de baixo teor de carbono, em geral segundo a especificação ASTM A307. Eles têm numa extremidade uma cabeça quadrada ou sextavada e na outra uma rosca com porca. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 19 Parafusos de Alta Resistência Os parafusos de alta resistência são feitos com aços tratados termicamente. O tipo mais usual é o ASTM A325. de aço-carbono temperado. Eles podem ser instalados com esforços de tração mínimos garantidos, os quais podem ser levados em conta nos cálculos. Nos casos em que se deseja impedir qualquer movimento entre as chapas de conexão, dimensionam-se os parafusos com um coeficiente de segurança contra o deslizamento, obtendo-se uma ligação do tipo atrito . Classificação da Ligação Quanto ao Esforço Solicitante dos Conectores Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 20 Disposição Construtivas Furação de Chapas Os conectores são instalados em furos feitos nas chapas. A execução desses furos é onerosa, tornando-se necessária a padronização de dimensões e espaçamentos, a fim de permitir furações múltiplas nas fábricas. O furo-padrão para parafusos comuns deverá ter uma folga de 1,5 mm em relação ao diâmetro nominal do parafuso; essa tolerância é necessária para permitir a montagem das peças. Resistência dos Aços Utilizados nos Conectores Dimensionamento dos Conectores O dimensionamento dos conectores no estado limite último é feito com base nas modalidades de rupturas da ligação. •Colapso do conector (corte); •Colapso por rasgamento da chapa ou ovalização do furo; •Colapso por tração da chapa. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 21 Dimensionamento ao Corte dos Conectores: A resistência de projeto de conectores ao corte é dada por: 𝑅𝑑 = 𝑅𝑛𝑣 𝛾𝑎2 γa2 – 1,35 para solicitações originadasde combinações normais de solicitação Rnv – resistência nominal a um plano de corte Parafusos em geral e barras rosqueadas: 𝑅𝑛𝑣 = 0,40. 𝐴𝑔. 𝑓𝑢 Parafusos de alta resistência (A325, A490), com rosca fora do plano de corte: 𝑅𝑛𝑣 = 0,5. 𝐴𝑔. 𝑓𝑢 OBS.: Ag e fu são características dos parafusos e não dos perfis estruturais. Dimensionamento ao rasgamento e pressão de apoio da chapa No caso de furação-padrão, a resistência Rd à pressão de apoio entre o fuste do conector e a parede do furo e ao rasgamento da chapa entre conectores ou entre um conector e uma borda é dada por: 𝑅𝑑 = 𝑅𝑛 1,35 Sendo Rn a combinação dos seguintes valores: Pressão de apoio (contato conector-chapa): 𝑅𝑛 = 2,4. 𝑑. 𝑡. 𝑓𝑢 Rasgamento: 𝑅𝑛 = 1,2. 𝑎. 𝑡. 𝑓𝑢 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 22 Onde: a = distância entre a borda do furo e a extremidade da chapa medida na direção da força solicitante para a resistência ao rasgamento entre um furo extremo e a borda da chapa; d = diâmetro nominal do conector; t = espessura da chapa; fu = resistência à ruptura por tração do aço da chapa. Dimensionamento ao Corte dos Conectores: Para parafusos em geral e barras rosqueadas, com diâmetro nominal igual ou superior a 12 mm, Rnt pode ser expresso em função da área bruta (Ag) do fuste: 𝑅𝑛 = 0,75. 𝐴𝑔. 𝑓𝑢 Exercícios 10) Determinar a máxima força de serviço da emenda abaixo, considerando furo padrão para aço MR250 e parafusos A307 φ7/8”. 11) Determinar a máxima força de serviço da emenda da figura da questão anterior, considerando furo padrão para aço MR250 e parafusos A325-X φ7/8”. 12) Duas chapas de 204 mm x 12,7 mm (1/2”) em aço ASTM A36 são emendadas com chapas laterais de 9,5 mm e com parafusos comuns (A307) ϕ22 mm. As chapas estão sujeitas as forças de 200 kN de carga permanente e 100 kN de carga variável. Verificar a segurança da emenda no ELU. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 23 13) O tirante de uma treliça de telhado é constituído por duas cantoneiras de 63 X 6,3 mm com ligação a uma chapa de nó da treliça com espessura de 6,3 mm, utilizando parafusos comuns φ 12,7 mm. Determinar o esforço normal resistente do tirante, desprezando o pequeno efeito da excentricidade introduzida pela ligação. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 24 5. Ligações Soldadas A solda é um tipo de união por coalescência (processo químico de união de uma ou mais parcelas), obtida por fusão das partes adjacentes. A energia necessária para provocar a fusão pode ser de origem elétrica, química, óptica ou mecânica. As soldas mais empregada na indústria da construção são as de energia elétrica. Em geral, a fusão do aço é provocada pelo calor produzido por um arco voltaico. Os principais eletrodos utilizados são: a) Eletrodo manual revestido: O revestimento é consumido junto com o eletrodo, transformando-se parte em gases inertes e partes em escórias. b) Arco submerso em material granular: O eletrodo é um fio metálico sem revestimento, porém o arco voltaico e o metal fundido ficam isolados pelo material granular. Os eletrodos utilizados nas soldas por arco-voltaico são varas de aço-carbono ou de baixa liga. Os eletrodos com revestimento são designados, segundo a ASTM, por expressões do tipo “E70XY”, onde: E = eletrodo 70 = resistência a ruptura fu da solda em ksi X = número que se refere à posição de soldagem satisfatória (1 – qualquer posição; 2 – somente posição horizontal) Y = número que indica tipo de corrente e de revestimento do eletrodo. Os principais tipos de eletrodos empregados na indústria são: E60 = fu = 60 ksi = 415 MPa E70 = fu = 70 ksi = 485 MPa Obs.: ksi, uma unidade antiga inglesa de tensão, significa kilo pound per square inch (quilo libras por polegada quadrada). Posições de soldagem As posições de soldagem mostradas nas figuras a seguir, relacionam-se diretamente com o custo da operação de soldagem, devido ao aumento do grau de dificuldade de execução. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 25 Soldas de Entalhe: São utilizadas quando se deseja preenchimento total do espaço entre as peças ligadas. No dimensionamento, considera-se a seção do metal base de menor espessura. Podem ser de dois tipos: (a) Penetração Total: quando a espessura efetiva da garganta é igual à espessura da chapa de menor dimensão; (b) Penetração Parcial: quando da garganta corresponde à espessura do chanfro. Dimensões mínimas das gargantas da solda de entalhe com penetração parcial: Espessura da chapa mais fina (mm) Garganta de solda com penetração parcial tmin (mm) Até 6,3 3 6,3 – 12,5 5 12,5 – 19 6 19 – 37,5 8 37,5 – 57 10 57 – 152 13 Acima de 152 16 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 26 Soldas de Filete: São utilizadas quando se deseja ligar duas peças adjacentes. As dimensões mínimas para as pernas de filetes de solda são mostradas na tabela seguinte: Espessura da chapa mais fina (mm) Garganta de solda com penetração parcial tmin (mm) Até 6,3 3 6,3 – 12,5 5 12,5 – 19 6 > 19 8 A seção dos cordões de solda em filetes é considerada, para efeito de cálculos, como um triângulo retângulo, na maioria das vezes isósceles. Os filetes são designados pelo comprimento dos lados deste triângulo. Quando a seção representar um triângulo não isósceles, a designação do filete deve designar os comprimentos de ambos os lados do triângulo. Conforme mostrado na figura seguinte, a área efetiva para cálculo de um filete de solda de lados iguais a b e comprimento l, é dada por: t . l = 0,7 . b . l As dimensões máximas a serem adotadas para as pernas dos filetes, são condicionadas pela espessura da chapa mais fina, conforme mostra a figura a seguir: Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 27 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 28 Exemplos de representação: Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 29 Resistência das soldas: Soldas de Entalhe: As resistências de cálculo das soldas são dadas em função de uma área efetiva de solda: 𝐴𝑤 = 𝑡𝑒. 𝐿 te = espessura efetiva L = comprimento efetivo E pela área AMB do metal-base, igual ao produto do comprimento da solda pela espessura da peça mais delgada da ligação. Para as soldas de entalhe de penetração total sujeitas as tensões de compressão ou tração ou perpendiculares ao eixo da solda, as resistências de cálculo são obtidas com base no escoamento do metal-base (fy) Para soldas de entalhe de penetração parcial sob tração ou compressão perpendiculares ao eixo da solda, a resistência é determinada com o menor valor entre as duas equações: Metal base: 𝑅𝑑 = 𝐴𝑀𝐵. 𝑓𝑦 1,1 Metal da solda: 𝑅𝑑 = 0,6. 𝐴𝑤. 𝑓𝑤 1,25 Sendo tw a tensão resistente do metal da solda Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 30 Para tensões de cisalhamento, as resistências são dadas pelas seguintes expressões: • Metal base: 𝑅𝑑 = 0,6. 𝐴𝑀𝐵. 𝑓𝑦 1,1• Metal da solda: 𝑅𝑑 = 0,6. 𝐴𝑤. 𝑓𝑤 1,35 Soldas de Filete: As resistências das soldas de filete são dadas em função da área: Aw = área da solda = t.L, onde t = espessura da garganta A resistência de cálculo pode ser obtida por: 𝑅𝑑 = 0,6. 𝐴𝑤. 𝑓𝑤 1,35 Exercícios: 14) Uma placa de aço de 12 mm, sujeita à tração axial de 40 kN, está ligada a uma outra placa de 12 mm formando um perfil T, por meio de solda. Dimensionar a solda, utilizando eletrodo E60 e aço ASTM A36. 15) Uma placa de aço de 12 mm, sujeita à tração axial de 75 kN, está ligada a uma outra placa de 12 mm formando um perfil T, por meio de solda. Dimensionar a solda, utilizando eletrodo E70 e aço ASTM A36. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 31 16) Verificar o comprimento e a espessura (perna) para uma solda de filete, requeridos para a conexão da figura. Admitir aço ASTM A36 e eletrodo E60. Considerar o esforço solicitante como variável. 17) Calcular a ligação de um perfil L 127 x 24,1 kg/m, submetido à tração axial permanente de pequena variabilidade, com um gusset indicado na figura. Aço MR250 e eletrodo E70. 18) Avaliar os comprimentos dos cordões de solda l1 e l2 , do exercício anterior, com o acréscimo de um cordão de solda vertical, ao longo de toda aba da cantoneira, conforme mostrado na figura abaixo. Adotar filete com perna (b) igual a 5mm. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 32 6. Peças Comprimidas Denomina-se coluna uma peça vertical sujeita à compressão centrada. Peças comprimidas axialmente são encontradas em componentes de treliças, sistemas de travejamento e em pilares de sistemas contraventados de edifícios com ligações rotuladas. Ao contrário do esforço de tração, que tende a retificar as peças reduzindo o efeito de curvaturas iniciais existentes, o esforço de compressão tende a acentuar esse efeito. Os deslocamentos laterais produzidos compõem o processo conhecido por flambagem por flexão, que em geral reduz a capacidade resistente da peça. As chapas componentes de um perfil comprimido podem estar sujeitas à flambagem local, que é uma instabilidade caracterizada pelo aparecimento de deslocamentos transversais à chapa, na forma de ondulações. A ocorrência de flambagem local depende da esbeltez da chapa b/t : Flambagem por flexão Os primeiros resultados teóricos sobre instabilidade foram obtidos pelo matemático suíço Leonhardt Euler (1707- 1783), que investigou o equilíbrio de uma coluna comprimida na posição deformada com deslocamentos laterais. O resultado é válido para uma coluna perfeita, isto é: -Coluna isenta de imperfeições geométricas e tensões residuais -Material de comportamento elástico linear -Carga perfeitamente centrada. Nestas condições, a coluna inicialmente reta mantém-se com deslocamentos laterais nulos (δ = 0) até a carga atingir a carga crítica ou carga de Euler dada por: 𝑁𝑐𝑟 = 𝜋2. 𝐸. 𝐼 𝐿² Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 33 A partir desta carga não é mais possível o equilíbrio na configuração retilínea. Aparecem então deslocamentos laterais, e a coluna fica sujeita à flexocompressão. Dividindo-se a carga crítica pela área A da seção reta da haste, obtém-se a tensão crítica: 𝑓𝑐𝑟 = 𝜋2. 𝐸 (𝐿/𝑖)² Onde: L/i = índice de esbeltez da coluna; i = raio de giração As colunas reais possuem imperfeições geométricas, tais como desvios de retilinidade, oriundos de processos de fabricação e nem sempre pode-se garantir na prática a perfeita centralização do carregamento. Comprimento de flambagem Comprimento de flambagem de uma haste é a distância entre os pontos de momento nulo da haste comprimida, deformada lateralmente como indicado anteriormente. Para uma haste birrotulada o comprimento da flambagem é o próprio comprimento da haste. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 34 Critérios de dimensionamento: O esforço resistente de projeto, para hastes metálicas, sem efeito de flambagem local, sujeitas à compressão axial, é dado pela equação: 𝑁𝑑𝑟𝑒𝑠 = 𝐴𝑔. 𝑓𝑐 1,1 Sendo: Ag = área da seção transversal bruta da haste; fc = tensão resistente (tensão última) à compressão simples por flambagem a flexão (fc = χ.fy) Tensão nominal resistente: Numerosos trabalhos de pesquisa sobre resistência à compressão de colunas realizados na América do Norte e na Europa a partir de 1970 resultaram no conceito de múltiplas curvas de flambagem de modo a abranger toda a gama de perfis, tipos de aço e processos de fabricação utilizados na indústria da construção. Para isso, utiliza-se um fator para ser adicionado nos dimensionamento, chamado “χ”. χ = 0,658𝜆0 2 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝜆0 ≤ 1,50 χ = 0,877 𝜆0 2 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝜆0 > 1,50 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 35 Tensão nominal resistente (fc): Sendo λ0 tomado como: 𝜆0 = √ 𝐴𝑔. 𝑓𝑦 𝑁𝑐𝑟 Sendo: Ag = área bruta da peça; fy = tensão de escoamento do aço; Ncr = carga crítica de Euler. Para aços comuns: MR250 → λ0 = 0,0113 (K.Lf/i) AR350 → λ0 = 0,0133 (K.Lf/i) Valores limites de esbeltez: As normas fixam limites superiores do coeficiente de esbeltez (KL/i) com a finalidade de evitar a grande flexibilidade de peças excessivamente esbeltas. Os limites geralmente adotados são: • Edifícios: 200 • Pontes: 120 Flambagem local: Denomina-se flambagem local a flambagem das placas componentes de um perfil comprimido. A figura a seguir mostra uma coluna curta (não sofre flambagem global por flexão), cujas placas componentes comprimidas apresentam deslocamentos laterais na forma de ondulações (flambagem local). Em uma coluna esbelta composta de chapas esbeltas, os processos de flambagem por flexão da coluna (global) e de flambagem local (das chapas) ocorrem de forma interativa reduzindo a carga última da coluna sem consideração de flambagem local. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 36 Para o perfil não sofrer flambagem local, deve ser verificada a esbeltez da chapa e comparada por tabela fixada em norma, para perfis enrijecidos e não-enrijecidos. (b/t) < (b/t)r Exercícios: 19) Determinar a resistência de cálculo à compressão do perfil W 150 X 37,1 kg/m de aço ASTM A36 com comprimento de 3 m, sabendo-se que suas extremidades são rotuladas e que há contenção lateral impedindo a flambagem em torno do eixo y. Comparar com o resultado obtido para uma peça sem contenção lateral, podendo flambar em torno do eixo y-y. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 37 7. Peças Fletidas No projeto no estado limite último de vigas sujeitas à flexão simples calculam-se, para as seções críticas, o momento e o esforço cortante resistentes de projeto para compará- los aos respectivos esforços solicitantes de projeto. Além disso, devem-se verificar os deslocamentos no estado limite de utilização. A resistência à flexão das vigas pode ser afetada pela flambagem local e pela flambagem lateral. A flambagem local é a perda de estabilidade das chapas comprimidas componentes do perfil, a qual reduz o momento resistente da seção. Na flambagem lateral a viga perde seu equilíbrio no plano principal de flexão (em geral vertical) e passa a apresentar deslocamentos laterais e rotações de torção. Para evitar a flambagem de umaviga I, cuja rigidez à torção é muito pequena, é preciso prover contenção lateral à viga. Tipos construtivos usuais: Dimensionamento a flexão: Momento de início de Plastificação (My) e Momento de Plastificação Total (Mp) Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 38 Seja uma viga biapoiada sujeita a um carregamento distribuído uniformemente, o comportamento é linear enquanto a máxima tensão é menor que a tensão de escoamento do aço. 𝜎𝑚𝑎𝑥 = 𝑀 𝐼 𝑦 = 𝑀 𝑊 < 𝑓𝑦 O momento My não representa a capacidade resistente da viga, já que é possível continuar aumentando carga após atingi-lo. Entretanto, a partir de My o comportamento passa a ser não-linear, pois as fibras da seção vão se plastificando progressivamente até a plastificação total da seção. Resistência à flexão de vigas com contenção lateral: As vigas com contenção lateral contínua não estão sujeitas aos fenômenos de flambagem lateral. A resistência à flexão das vigas pode ser reduzida por efeito de flambagem local das chapas que constituem o perfil. Classificação das seções quanto à ocorrência de flambagem local: Seção Compacta – é aquela que atinge o momento de plastificação total (Mp). Seção Semicompacta – é aquela que a flambagem local ocorre após ter se desenvolvido plastificação parcial. (Mres > My) Seção Esbelta – seção na qual a ocorrência da flambagem local impede que seja atingido o momento de início de plastificação. (Mres < My). Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 39 Tem-se então as seguintes relações: λb ≤ λp – Seção compacta λp < λb ≤ λr – Seção semicompacta λr ≤ λb – Seção esbelta Para perfis I fletidos no plano da alma, os limites λp e λr se encontram na tabela a seguir. Exercícios: 20) Verificar a classe dos perfis soldados a seguir: (Aço MR250) CS 250x52; CS 650x305. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 40 Momento resistente de projeto O momento resistente de projeto é dado por: 𝑀𝑑𝑟𝑒𝑠 = 𝑀𝑛 1,1 Sendo Mn o momento resistente nominal, dado na tabela abaixo: Flambagem local da mesa: Mr = Wc (fy – σr) < Wt.fy σr = tensão residual de compressão nas mesas tomadas igual a 0,3.fy Wc, Wt = módulos elásticos da seção referidos às fibras mais comprimida e mais tracionada, respectivamente. Flambagem local da alma: Mr = W.fy W = menor módulo resistente elástico da seção Z = menor módulo resistente plástico da seção Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 41 Instabilidade por Força Cortante À semelhança da treliça clássica de Mörch para vigas de concreto, no interior de uma viga de aço, as forças caminham para o apoio por intermédio de bielas de compressão e tração. Em virtude da esbeltez da alma, as tensões de compressão podem causar instabilidade local (de chapa). A introdução de enrijecedores verticais aumenta a capacidade resistente da chapa de alma. Segundo a ABNT NBR 8800:2008 o valor de cálculo da força cortante resistente, considerando-se o escoamento e a instabilidade é o seguinte: Sendo: Vpl = 0,6 x fy x Aw – força cortante correspondente à plastificação da alma por cisalhamento. Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 42 Sendo: h = altura da alma tw = espessura da alma a = distância entre as linhas de centro de dois enrijecedores transversais adjacentes Exercícios: 21) Comparar os momentos resistentes de projeto de uma viga de perfil laminado W530X85, com uma viga soldada VS500X86, de mesmo peso próprio aproximadamente, supondo as vigas contidas lateralmente. Aço MR250. 22) Dada uma viga biapoiada com contenção lateral e momento máximo de 670 kN.m, verifique se a mesma resiste a este momento. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA: PFEIL, W. PFEIL, M. Estruturas de Aço – Dimensionamento prático. LTC: Rio de Janeiro, 2010. ABNT 8800:2008 – Projeto de Estruturas de Aço em Edifícios Notas de Aula – Prof. Glauco Rodrigues Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 43 ANEXO A – TABELA DE PERFIS Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 44 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 45 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 46 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 47 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 48 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 49 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 50 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 51 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 52 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 53 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 54 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 55 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 56 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 57 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 58 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 59 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 60 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 61 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 62 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 63 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 64 Estruturas Metálicas – Prof. Msc. Igor Leite Página 65
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