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Fundações – ENG01142 - 1 - Condições não homogêneas de Solos (Camada Dupla) 1) Camada mais resistente sobre camada menos resistente (carregamento inclinado) Meyerhof e Hanna (1978) apresentaram a solução de um problema de fundações superficial com carga inclinada apoiada em camada resistente relativamente pouco espessa sobre um depósito pouco resistente, considerando o puncionamento através da camada superior, conforme a Figura 1. Fig. 1 – Ruptura do solo abaixo da fundação sob carregamento inclinado assente sobre uma camada de solo resistente sobre uma camada de solo menos resistente. A componente vertical da capacidade de suporte de uma fundação corrida (quv) é dada através da expressão: bv = capacidade de suporte da fundação se a mesma fosse apoiada sobre camada inferior tv = capacidade de suporte da fundação se a mesma fosse apoiada sobre espessa camada do s = Coeficiente de pu a, is.= Fatores de incli a = Adesão unitária ( A extensão da superfí tv ss aabvuv qHB iK H DH B HiCqq ≤−⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ ++⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛+= 1121 tancos212 γφαγ onde q q solo superior K i C cies circulares é aabvuv H⎛ B iCqq ⎜⎝+= 4 Solo pouco resistente Solo resistente UFRGS – Escola de En ncionamento (ver Figura 2) nação (ver Figura 3) ver Figura 4) solução de Meyerhof e Hanna (1978) de fundações contínuas para dada pela seguinte expressão tv ss qH B iKD ⎛⎞⎛⎞ cos2 α H H ≤−⎟⎠ ⎞⎜⎝⎟⎠⎜⎝ ++⎟⎠ 1 12 1 tan 12 γφγ genharia Fundações – ENG01142 - 2 - Fig.2- Coeficiente de puncionamento. Ângulo de atrito (φ1) C oe fic ie nt e de p un ci on am en to K s Figs.3 – Fatores de Inclinação da carga Fa to re s d e in cl in aç ão I a I s A de sã o U ni tá ria C a /C 1 Inclinação da carga (α) Razão de Capacidade de carga (q2/q1) Figura 4 – Coeficiente de adesão unitária UFRGS – Escola de Engenharia Fundações – ENG01142 - 3 - 2) Camada mais resistente (solo-cimento ou rocha branda) sobrejacente à camada menos resistente Thomé, Donato e Consoli (2003) desenvolveram uma metodologia para a avaliação da capacidade de suporte de uma fundação superficial circular apoiada em camada superior resistente (C1, φ1, E1) pouco espessa sobrejacente à camada menos resistente (C2, φ2, E2). A faixa de parâmetros válida para adotar a metodologia é apresentada na tabela abaixo: Materiais cimentados Materiais não-cimentados 0,19≤ C1/Pa ≤ 4,44 0,01≤ C2/Pa ≤ 0,50 0,70 ≤ tg(φ1) ≤ 1,19 0,26 ≤ tg(φ2) ≤ 0,70 2961,0≤ E1/Pa ≤ 14810,0 98,0≤ E2/Pa ≤ 988,0 onde Pa = pressão atmosférica. C1 = Coesão da camada superior resistente φ1 = Ângulo de Atrito da camada superior resistente E1 = Modulo de Elasticidade da camada superior resistente A capacidade de suporte para um recalque relativo (δ / d) de 2% é obtido a partir das seguintes expressões: Para H / d = 1,0 Fu e Pa q .3235,0%2 .1001,2= Para H / d = 0,5 Fu e Pa q .3365,0%2 .3071,1= Para H / d = 0,25 Fu e Pa q .3328,0%2 .8371,0= nde : H= espessura da camada superior resistente, d = diâmetro da placa. ara valores intermediários de H / d deve ser aplicada uma interpolação linear. ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛+φ+⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛+⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛= Pa E Pa C Pa CF 2 2 '4 2 ' 1 ' ln cos 1lnln o P UFRGS – Escola de Engenharia Fundações – ENG01142 - 4 - 3) Solos arenosos ou areno-argilosos sobre camada menos resistente) – Vesic (1970) a amada superior, mais resistente tendo parâmetros de resistência (φ1, C1) e uma camada de menor onde ”ult = capacidade de carga de uma sapata igual à dada que apoiasse apenas no topo da 2a amada. A profundidade crítica (H/B)crítico, isto é, a profundidade além da qual a capacidade de nça da camada “mole” inferior é dada por: Solução geral (camada mais resistente Uma análise mais geral para retângulos de qualquer forma e apoiados sobre um c resistência (φ2, C2) ou (Su, φ=0). 11111 cot 1)(tan12expcot1 φφφ C KB HK L BC K qq uult −⎭⎬ ⎫ ⎩⎨ ⎧ ++= "lt )sen1( )sen 1 2 1 2 φ φ + −1(=k q c Se a camada superior é de areia (com C=0) e 25o ≤ φ1 ≤ 50o a expressão reduz-se a: qult = q”ult . exp{0,67. ⎜1+ (B / L) ⎜. H / B} carga não é significamente afetada pela prese )/3(12 ln3 " 'qult ⎟⎟ ⎞ ⎜⎜ ⎛ )/( . L q BH ultcrit + ⎠⎝= UFRGS – Escola de Engenharia Fundações – ENG01142 - 5 - Exercício: Será construída uma sapata circular de 1 metro de diâmetro assente na superfície de uma olo cimento sobrejacente a uma camada de solo residual. A camada de solo- cimento tem 1 metro de espessura, tendo sido produzida através da mistura (e posterior com ato e Consoli (2003). Dupla camada por Vesic. Solo Residual = 17 kN/m2 Pa = 170 kN/m2 Pa camada de s pactação) do solo local com cimento (numa porcentagem de 7% de cimento em peso). Sondagens de simples reconhecimento (SPT) na camada de solo residual indicam um valor médio de NSPT = 5 até 10 metros de profundidade. As propriedades dos materiais são apresentadas abaixo. O nível d’água encontra-se a grande profundidade. Determine a capacidade de suporte desta sapata utilizando: a) Dupla camada pelo método de Meyerhof &Hanna. b) Dupla camada pelo método de Thomé, Don c) Propriedades dos Solos: φ = 26o c γ = 18 kN/m3 E = 45 M Solo-Cimento φ = 48o c γ = 15 kN/m3 E = 400 M Resolução: a) Por Meyerhof e Hanna Para dar andamento a solução, é necessário encontrarmos Ks utilizando o gráfico Ksxq2/q1, m redução de parâmetro e com D = 0m. ação Geral (Brinch Hansen (1961)): qult = ScicbcgcCNc + SqiqbqgqγDNq + SγiγbγgγB/2γNγ ntrando com os dados do problema e do solo 1 (Solo-Cimento) nas equações obtemos: onde: q1 -> sem redução de parâmetro e com D = 0m. q2-> co Para determinar o valor de q1 utilizaremos a Equ E UFRGS – Escola de Engenharia Fundações – ENG01142 - 6 - Cálculo dos fatores de capacidade de carga Nc, Nq e Nγ uptura generalizada) Nq = e tg (45° + φ/2) = e tg (45° + 48 /2) = 222,191 → Hansen Nc = cotg φ (Nq –1) = cotg 48o (222,191 –1) = 199,171 → Hansen N = φ o → (r πtgφ 2 πtg48º 2 o γ 2 (Nq +1)*tg = 2 (222,191 +1)*tg 48 = 495,733 Hansen Cálculo dos fatores de forma Sc, Sq e Sγ Sc = 1+(Nq/Nc) = 1+(222,191/199,171) = 2,116 q = 1+tgφ = 1 + tg48o = 2,110 γ = 0,60 s fatores de inclinação da carga i S S Cálculo do c, iq e iγ Como a carga é centrada e não apresenta inclinação: = 1 ic = 1 iγ = 1 álculo dos fatores de inclinação da base da fundação b iq C c, bq e bγ ase não inclinada c = 1 bq = 1 bγ = 1 álculo dos fatores de inclinação do terreno g B b C c, gq e gγ erreno não inclinado c = 1 gq = 1 gγ = 1 de suporte T g Cálculo da capacidade ult1 = ScicbcgcCNc + SqiqbqgqγDNq + SγiγbγgγB/2γNγ ois D = 0) + 0,60x1,00x1,00x1,00x(1,00/2)x15,00x495,733 q qult1 = 2,116x1,00x1,00x1,00x170,00x199,171 + 0 (p qult1 = 71.631,56 + 0 + 2.230,80 = 80.896,56 kN/m2 = q1 UFRGS – Escola de Engenharia Fundações – ENG01142 - 7 - Entrando com os dados do problema e do solo 2 (SoloResidual), porém o mesmo sofre pun Parâmetros reduzidos do solo: ’ = arctg((2/3)xtg φ) = 18,0 o Cálculo dos fatores de capacidade de carga N cionamento, o que leva-nos a precisarmos minorar sua capacidade de suporte e após entramos nas equações obtemos: φ c’ = (2/3)x17 = 11,33 kN/m2 c, Nq e Nγ uptura por puncionamento) Nq = e tg (45° + φ/2) = eπtg18º tg2(45° + 18o /2) = 5,263 → Hansen Nc = cotg φ (Nq –1) = cotg 18o (5,263 –1) = 13,111 → Hansen Nγ = 2 (Nq +1)*tg φ = 2 (5,263 +1)*tg 18o = 4,073 → Hansen álculo dos fatores de forma S (r πtgφ 2 C c, Sq e Sγ Sc = 1+(Nq/Nc) = 1+(5,263/13,111) = 1,401 álculo dos fatores de inclinação da carga i Sq = 1+tgφ = 1 + tg18o = 1,325 Sγ = 0,60 C c, iq e iγ Como a carga é centrada e não apresenta inclinação: = 1 ic = 1 iγ = 1 álculo dos fatores de inclinação da base da fundação b iq C c, bq e bγ ase não inclinada c = 1 bq = 1 bγ = 1 álculo dos fatores de inclinação do terreno g B b C c, gq e gγ erreno não inclinado c = 1 gq = 1 gγ = 1 T g UFRGS – Escola de Engenharia Fundações – ENG01142 - 8 - Cálculo da capacidade de carga qult2 = ScicbcgcCNc + SqiqbqgqγDNq + SγiγbγgγB/2γNγ qult2 = 1,401x1,00x1,00x1,00x11,333x5,269 + 0 (pois D = 0) + 0,60x1,00x1,00x1,00x(1,00/2)x18,00x4,073 qult2 = 208,24 + 0 + 21,99 = 230,23 kN/m2 = q2 Logo q2/q1 = 230,23/80.896,56 = 0,002846 com este valor entra-se na Fig 2 da apostila e retira-se Ks = 3,800 Para achar Ca olha-se na fig. 4 da apostila e resulta Ca/c1 = 0,61 Ca = 0,61c1 Ca = 103,70 Após ter determinado Ca e Ks parte-se para o calculo da capacidade de carga no solo data pela formulação: quv = qbv + 4.Ca.ia.sa.h/b+2γ1.h2.(1+2.D.cosα/h).Ks.ss.is.tgφ1/b-γ1.h<qtv Para calcularmos quv é necessário determinarmos o valor de qbv cuja equação é dada por: qbv = C2.Nc2.ic2.sc2+γ2.(D+h). Nq2 .iq2.sq2+0,5.γ 2.b. Nγ2 .iγ2.sγ 2 qbv = 11,33x13,111x1,00x1,401 + 18x(0+1)x5,263x1,00x1,325 + 0,5x18x1x4,073x1,00x0,60 qbv = 208,12 + 125,52 + 21,99 = 355,76 kN/m2 Com qbv e adotando os parâmetros ia e is iguais a 1 podemos então calcular quv: quv = 355,76 + 4x103,70x1,00x1,00x1/1 + 2*15*(1)2x(1+(2x0xcos0/1))x3,800x1,00x1,00x tg(48º)-15x1 quv = 355,76 + 412,8 + 126,60 – 15 = 882,16 kN/m2 < qtv Porém restanos calcular qtv qtv = Sc1ic1C1Nc1 + Sq1iq1γ1DNq1 + 0,5Sγ1iγ1γ1bNγ1 qtv = 2,116x1,00x1,00x1,00x170,00x199,171 + 0 (pois D = 0) + 0,60x1,00x1,00x1,00x(1,00/2)x15,00x495,733 qtv = 71.631,56 + 0 + 2.230,80 = 80.896,56 kN/m2 Sendo assim quv < qtv Æ OK! quv = 882,16 kN/m2 UFRGS – Escola de Engenharia Fundações – ENG01142 - 9 - b) Por Thomé, Donato, Consoli (2003) O primeiro passo para a utilização da formulação de Thomé, Donato, Consoli (2003) a ver se o solo em questão está dentro do que a metodologia preconiza para solos cimentados: Materiais cimentados 0,19≤ C1/Pa ≤ 4,44 0,70 ≤ tg(φ1) ≤ 1,19 2961,0≤ E1/Pa ≤ 14810,0 C1/Pa = 170/101,33 = 1,68 Æ OK! 0,19 < 1,68 < 4,44 tg(φ1) = tg (48º) = 1,11 Æ OK! 0,70 < 1,11 < 1,19 E1/Pa = 400.000/101,33 = 3.947,50 Æ OK! 2961 < 3947,50 < 14.810,0 Após o solo ser aprovado para emprego na formulação deve-se calcular o fator F: ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛+φ+⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛+⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛= Pa E Pa C Pa CF 2 2 '4 2 ' 1 ' ln cos 1lnln F = ln (170/101,33)+ln(17/101,33)+(1/cos4(26º))+ln(45000/101,33) = F = 6,361 Calcula-se H/d H/d = 1/1 = 1 Calcula-se qu2% Fu e Pa q .3235,0%2 .1001,2= qu2%/101,33=2,1001.e0,3235x6,361 qu2%/101,33= 16,44 qu2% = 101,33 x 16,44 = 1.665,95 kN/m2 UFRGS – Escola de Engenharia Fundações – ENG01142 - 10 - c) Por Vesic (1970) O método proposto por Vesic (1970), para o caso de dupla camada, se aplica para sapatas quadradas e por isso se adotará para o cálculo uma sapata quadrada com a mesma área da sapata circular. No presente exemplo teremos: A(sapata circular) = (1)2 .π/4 = 0,79m2 = A(sapata quadrada) = (B)2 B(sapata quadrada) = (0,79)1/2 = 0,886 m qult = ⎜q”ult + (1 / K) .C1 . cotg (φ1) ⎜.exp{2. ⎜1+ (B / L) ⎜. K.[tg (φ1)].(H / B} – (1/K). C1 . cotg (φ1) K = (1- sen2 (φ1)) / (1+ sen2 (φ1)) q”ult = capacidade de carga de uma sapata igual à dada que apoiasse apenas no topo da 2a camada. Os parâmetros devem ser reduzidos em virtude do puncionamento desta segunda camada. Parâmetros reduzidos do solo: φ’ = arctg((2/3)xtg φ) = 18,01 o c’ = (2/3)x17 = 11,33kN/m2 Cálculo dos fatores de capacidade de carga Nc, Nq e Nγ (ruptura generalizada) Nq = eπtgφ tg2(45° + φ/2) = eπtg18º tg2(45° + 18o /2) = 5,263 → Hansen Nc = cotg φ (Nq –1) = cotg 18o (5,263 –1) = 13,111 → Hansen Nγ = 2 (Nq +1)*tg φ = 2 (5,263 +1)*tg 18o = 4,073 → Vesic Cálculo dos fatores de forma Sc, Sq e Sγ (iguais aos já calculados anteriormente) Sc = 1+(Nq/Nc) = 1+(5,263/13,111) = 1,401 Sq = 1+tgφ = 1 + tg18o = 1,325 Sγ = 0,60 Cálculo dos fatores de inclinação da carga ic, iq e iγ Como a carga é centrada e não apresenta inclinação: iq = 1 ic = 1 iγ = 1 UFRGS – Escola de Engenharia Fundações – ENG01142 - 11 - Cálculo dos fatores de inclinação da base da fundação bc, bq e bγ Base não inclinada bc = 1 bq = 1 bγ = 1 Cálculo dos fatores de inclinação do terreno gc, gq e gγ Terreno não inclinado gc = 1 gq = 1 gγ = 1 Cálculo da tensão admissível qult = ScicbcgcCNc + SqiqbqgqγDNq + SγiγbγgγB/2γNγ qult = 1,401x1,00x1,00x1,00x11,333x13,111 + 0 (pois D = 0) + 0,60x1,00x1,00x1,00x(0,886/2)x18,00x4,073 qult = 208,17 + 0 + 19,49 = 227,66 kN/m2 = q”ult Com qult já calculado calcula-se K a partir dos parâmetros do solo-cimento φ1 = 48° C1 = 170 kN/m2 K = (1- sen2 (φ1)) / (1+ sen2 (φ1)) K = (1-sen2(48))/(1+sen2(48)) = (1-0,552)/(1+0,552) = 0,288. qult = ⎜q”ult + (1 / K) .C1 . cotg (φ1) ⎜.exp{2. ⎜1+ (B / L) ⎜. K.[tg (φ1)].(H / B} – (1/K). C1 . cotg (φ1) qult = ⎜227,66+(1/0,288).170.cotg(48°)⎜.exp{2.⎜1+(1)⎜.0,288.[tg(48°)].(1/0,886)} – (1/0,288).170.cotg (48°) = qult = (227,66 + 531,49).e1,444047-531,49 = 2.685,64 kN/m2 UFRGS – Escola de Engenharia
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