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CLIMA Caracterização dos fatores e elementos determinantes do clima - 1 - ◦ Caracterização dos fatores e elementos do clima ◦ CLIMA Caracterização dos fatores e elementos determinantes do clima - 2 - aracterização dos fatores e elementos determinantes do clima C INTRODUÇÃO Climatologia x Meteorologia FATORES CLIMÁTICOS Radiação solar Inclinação no eixo terrestre O clima pode ser definido como a integração ao longo do tempo dos estados físicos do ambiente atmosférico, característico de um determinado local. Deve ser diferenciado de estado de tempo ou tempo, que é o estado transitório do ambiente atmosférico em um determinado local. A climatologia requer o conhecimento dos estados da atmosfera (temperatura, umidade, etc.) e de sua dinâmica (pressão e movimentos horizontais e verticais). É uma ciência de síntese aplicada a um local determinado. A meteorologia procede à observação dos fenômenos ocorrentes e trata de explicá-los. Conduz à previsão do tempo. É uma ciência prospectiva enquanto que a climatologia é retrospectiva. Para um melhor entendimento do clima este é dividido em uma série de componentes, denominados elementos, um dos quais é a temperatura. A ciência da climatologia procura entender as variações dos elementos, através do estudo de suas causas determinantes, os fatores do clima. Os principais fatores climáticos são: - radiação solar; - inclinação do eixo terrestre; - superfície receptora de radiação; - balanço térmico do planeta; - rotação terrestre; - sistemas de pressão; - circulação geral da atmosfera; - correntes oceânicas; - massas de ar; - topografia. É a fonte de 99,97% da energia total do nosso planeta. Esta energia é a força motora a determinar os movimentos atmosféricos e oceânicos. A distribuição de energia solar através das diversas latitudes é um aspecto preponderante na determinação das grandes zonas climáticas. A energia solar é recebida na forma de radiação. Espectro da rad. solar: 290 a 2.300 nm (nanometros = 10-9 m). Radiação ultravioleta: 290 a 380 nm (queimaduras de pele); Luz visível: 380 (violeta) a 700 nm (vermelho); Radiação infravermelha curta: 700 a 2.300 nm (calor). Constante solar é a intensidade de radiação solar que incide normalmente à superfície externa da atmosfera. Seu valor médio é de 1367 W/m2, mas pode variar de 2% devido a variações na emissão solar, e de 3,5%, devido a variações na distância sol- terra (afélio = 152 milhões de km, periélio = 147 milhões de km). A máxima intensidade de radiação ocorre em um plano normal à direção da radiação. Devido à inclinação do eixo terrestre, a área recebendo esta máxima intensidade varia entre o trópico de Câncer (latitude 23,5º N) e o trópico de Capricórnio (23,5º S), CLIMA Caracterização dos fatores e elementos determinantes do clima - 3 - Superfície receptora de radiação Balanço térmico terrestre determinando as variações climáticas sazonais. Figura 1. A relação Sol - Terra As características físicas da superfície receptora determinam a quantidade de radiação que será absorvida e, portanto, o seu grau de aquecimento. Tabela 1. Absorção de radiação solar (%) por diferentes superfícies Água 90 - 95 Areia, úmida 70 - 80 Estrada, pavimento preto 90 - 95 Areia, seca 55 - 65 Floresta, coníferas 85 - 95 Solo, claro 55 - 75 Floresta, decíduas 80 - 90 Solo, escuro 85 - 95 Pastagens, verde 80 - 90 Neve, fresca 5 - 25 Pele humana, clara 55 Neve, após vários dias 30 - 60 Pele humana, escura 78 - 84 Deserto 70 - 75 Concreto, seco 75 - 85 Um pavimento escuro (asfalto) absorve mais radiação do que um pavimento claro (concreto) e, estando ambos secos, o primeiro alcançará uma maior temperatura. Observe, no entanto que, embora uma areia molhada absorva mais radiação que uma areia seca, parte do calor gerado pela sua irradiação é utilizado na evaporação de sua umidade, baixando a sua temperatura e fazendo com que a temperatura da areia seca seja mais elevada. A quantidade total de calor absorvida pela Terra tem que ser contrabalançada por uma perda de calor equivalente, pois de outro modo haveria um desequilíbrio (excesso de calor ou de frio) que tornaria o planeta impróprio para a maioria das formas de vida. As figuras abaixo mostram a origem e as formas de dissipação de calor pela superfície terrestre. % a = refletida pelo solo 5 b = refletida pelas nuvens 20 c = absorvida pela atmosfera 25 d = difusa, no solo 23 e = direta, no solo 27 % a = radiação de onda longa 20 b = evaporação (resultando em radiação) 20 c = convecção (resultando em radiação) 10 TOTAL 50 CLIMA Caracterização dos fatores e elementos determinantes do clima - 4 - Rotação terrestre Sistemas de pressão Figura 2. Passagem de radiação através da atmosfera Figura 3. Liberação de calor pelo solo e atmosfera A atmosfera acompanha o movimento de rotação terrestre. Sendo leve e comportando-se como um fluido ligado à superfície terrestre, apenas pela força da gravidade e fricção, ela tende a apresentar um retardo em relação à rotação, onde a Terra é mais rápida (no equador). Com isso ocorre um deslizamento ao nível da camada limite entre a superfície terrestre e a atmosfera adjacente, causada pelo que se convencionou denominar de força de Coriolis. O efeito resultante é semelhante ao de um vento soprando em direção oposta ao da rotação terrestre. A radiação solar incidindo sobre superfícies distintas pode dar origem a apreciáveis diferenciais de temperatura do ar. Como o ar quente é menos denso que o ar frio, resultam daí diferenciais de pressão que, em conjunto com o aquecimento diferencial da atmosfera resulta no padrão de distribuição de pressões médias mostrado na Figura 4. CLIMA Caracterização dos fatores e elementos determinantes do clima - 5 - Circulação geral da atmosfera Os sistemas de pressão são fundamentais por seus efeitos nas correntes de ar. Se existe uma diferença de pressão, o ar fluirá da região de pressão mais elevada para a região de pressão mais baixa. Figura 4. Sistemas de pressão e de ventos para janeiro (acima) e julho (abaixo). A circulação geral, ou primária, caracteriza o padrão anual ou sazonal de fluxo de ar, tanto junto à superfície terrestre, como em altitude. Figura 5. Padrão de circulação geral da atmosfera (horizontal e vertical). A insolação mais acentuada na zona equatorial provoca um cinturão de baixa pressão próximo ao equador geográfico. Nesta zona, o ar aquecido e, portanto mais leve, ascende. A baixa pressão característicadesta região induz a convergência de ar aí (ventos alísios), precedente da direção leste. O ar quente e úmido da região equatorial, ao ascender na atmosfera se resfria e, ao se resfriar, condensa e perde sua umidade na forma de chuva (daí as chuvas intensas na zona equatorial). A seguir, em função do seu acréscimo de densidade, o ar começa a subsidir, aquece-se por compressão, de modo que quando chega à superfície terrestre constitui um ar quente e seco, sendo a causa maior dos desertos tropicais. CLIMA Caracterização dos fatores e elementos determinantes do clima - 6 - Correntes oceânicas Massas de ar As enormes massas d’água oceânicas são muito eficientes em distribuir o calor em profundidade, de modo que, normalmente, a oscilação diária de sua temperatura superficial não excede a 1ºC, enquanto que a superfície continental pode apresentar variações de até 50ºC. A circulação dos ventos sobre os oceanos determina uma organização similar da circulação das águas, que se deslocam superficialmente no mesmo sentido que os fluxos anticiclônicos (de alta pressão) que as impulsionam. O padrão regular de correntes oceânicas é mostrado abaixo. As correntes marítimas estão também muito ligadas ao regime de precipitações: a maior ou menor evaporação e a forte ou nula estabilidade depende da temperatura da água. Figura 6. Correntes oceânicas e seus efeitos na temperatura. As massas de ar, que são volumes de ar tendo características similares, no plano horizontal, originam-se em certas regiões com características distintas e são classificadas de acordo com essas regiões fonte em: continental, c; marítima, m; tropical, T; polar, P, ártica, A - cada tipo tendo suas próprias peculiaridades. As principais regiões-fonte das massas de ar são as vastas áreas com um tipo de superfície uniforme, que, geralmente se situam sob sistemas de pressão semi-estacionárias e que, em sua maioria, estão situadas sobre o mar. Os limites entre as massas de ar são denominados frentes, que, normalmente, são constituídas por estreitas áreas de transição entre uma massa de ar quente (leve) e uma fria (pesada). Basicamente, existem dois tipos de frentes: frias e quentes. Se uma massa de ar quente avança sobre uma cunha de ar frio, tem-se uma frente quente, que possui uma inclinação muito suave (menos de 1º). Ela se manifesta inicialmente na forma de nuvens do tipo cirros ou cirroestratos, posteriormente através de intensificação de nebulosidade, chuvas e umidade elevada. A frente fria é mais inclinada, com o ar frio avançando sob o ar quente, e também conduz a mudanças mais violentas no clima. Manifesta-se na forma de pancadas súbitas de chuva e ventos fortes, com nuvens do tipo cúmulo-nimbos. CLIMA Caracterização dos fatores e elementos determinantes do clima - 7 - Topografia ELEMENTOS CLIMÁTICOS Figura 7. Massas de ar e suas regiões-fonte e posições média da ITC (zona de convergência intertropical). Figura 8. Corte vertical através de frentes fria e quente. Figura 9. Formação de vento frio e úmido de montanha. A força, direção e conteúdo de umidade dos fluxos de ar são fortemente influenciados pela topografia. O ar pode ser desviado ou afunilado por cadeias de montanhas. O fluxo de ar desviado para cima, ao se resfriar, libera umidade. Uma massa de ar descendente só muito raramente pode provocar alguma precipitação. Portanto, as características de precipitação de um local são essencialmente dependentes de sua situação a barlavento ou sotavento de formações montanhosas. O clima de uma determinada região é determinado pela configuração de distintos elementos climáticos, suas combinações e interações. O projetista de edificações interessa-se, especificamente, por aqueles elementos que afetam o conforto CLIMA Caracterização dos fatores e elementos determinantes do clima - 8 - Temperatura do ar Umidade atmosférica Radiação solar humano e o uso de edificações. Nesse tocante, os elementos climáticos principais são: temperatura, umidade, radiação solar, precipitação e vento. Figura 10. Registro de temperatura através de termógrafo. Medição usual: termômetros de mercúrio, termógrafos. A temperatura do ar varia de uma face para outra de um edifício, das zonas sombreadas às expostas ao sol, dos terrenos cobertos com vegetação aos pavimentados. Com isso ela se torna um elemento difícil de ser definido e para medi-la o máximo que se pode esperar é encontrar um valor médio que represente a temperatura de uma combinação heterogênea de ar. O estado de aquecimento da superfície terrestre é o fator principal a determinar a temperatura do ar que se encontra sobre ela. A camada de ar que está em contato direto com o terreno se aquece ou se esfria por condução. Quando a superfície está quente o calor é transferido às camadas superiores por convecção ou em conseqüência de turbulências do ar. Nas noites de inverno, a superfície da terra está normalmente fria, em conseqüência da irradiação de calor, fazendo com que se esfrie o ar adjacente. Geralmente, as temperaturas mais baixas ocorrem imediatamente antes da saída do sol e as mais altas tem lugar, aproximadamente, duas horas após o meio-dia, quando se combinam os efeitos da insolação e da alta temperatura do ar. Medição usual: higrômetros, higrógrafos, termômetro de bulbo seco e de bulbo úmido. A umidade atmosférica caracteriza o conteúdo de vapor d’água na atmosfera, como resultado da evaporação das superfícies aquáticas e de terrenos úmidos, bem como da transpiração das plantas. Para uma determinada temperatura, existe um limite para o conteúdo de água que pode existir na forma de vapor, sendo que a capacidade do ar de armazenar umidade aumenta com a temperatura. Em conseqüência, a distribuição de vapor não é uniforme, variando diretamente com a radiação solar anual e a temperatura média, sendo maior nas regiões tropicais e diminuindo em direção aos pólos. Medição usual: piranômetro, piranógrafo, solarímetro, heliógrafo. CLIMA Caracterização dos fatores e elementos determinantes do clima - 9 - Precipitação A unidade que expressa a intensidade instantânea de irradiação solar é W/m2. Valores médios de radiação solar (W/m2 . dia) para cada mês do ano constituem uma razoável indicação das condições climáticas de um local, bem como de variações sazonais. Figura 11. Registro de duração de insolação diária através de heliógrafo. Medição usual: pluviômetro, pluviógrafo (ver figura abaixo). Figura 12. Registro de precipitação através de pluviógrafo. Precipitação é um termo genérico a caracterizar chuva, neve, granizo, orvalho e geada, sendo medida através de pluviômetros e expressa em mm por unidade de tempo (mm/h, mm/ano). Os valores indicativos da precipitação total, em cada mês do ano, mostram o padrão a caracterizar estações secas e úmidas. A precipitação máxima em 24 horas,constitui uma boa indicação da possibilidade de inundação, e uma orientação valiosa para o projeto de sistemas de drenagem superficial (telhados, áreas pavimentadas, calhas e coletores pluviais ) é dada pela intensidade máxima de precipitação horária (mm/h). O projetista deve se interessar em saber se chuvas intensas estão associadas com ventos fortes, ou em outros termos, na possibilidade de ocorrência de chuva dirigida. O índice de chuva dirigida, que caracteriza um determinado local e expressa o seu grau de exposição, resulta do produto da precipitação anual na forma de chuva (em mm), pela velocidade de vento média anual (em m/s). Até um valor de 3 m2/s local pode ser considerado como protegido. A exposição é moderada se o índice estiver compreendido entre 3 e 7 m2/s e severa se for acima de 7 m2/s. CLIMA Caracterização dos fatores e elementos determinantes do clima - 10 - Vento: direção e velocidade Este índice, obviamente, apenas fornece uma indicação sobre as condições de exposição da localidade, já que a penetração de chuva na edificação depende da intensidade instantânea da chuva e da velocidade do vento neste instante. Medição usual: anemômetro, anemógrafo. O projetista de edificações deve tentar conhecer se existe uma direção predominante de ventos, se ocorrem desvios diários ou sazonais nesta direção e se estes ventos são acompanhados por padrões diários ou sazonais de velocidade. Também é importante que se conheçam os períodos sem vento de cada mês. Figura 13. Registro de velocidade e direção do vento. CLIMA Caracterização dos fatores e elementos determinantes do clima - 11 - BIBLIOGRAFIA Questionário sobre o texto GRIFFITHS, J. F. Climate and the environment. Elek, London, 1976. KOENIGSBERGER, O.H. et al. Manual of tropical housing and building. Longman, London, 1980. KONYA, A. Diseño en clima calidos. Blume, Madri, 1980. STRAHLER, A.N. e STRAHLER, A.H. Modern physical geography. 2ª ed., Wiley, New York, 1980. FORSDYKE, A.G. Previsão do tempo e clima. Melhoramentos, São Paulo, 1975. 1. Identifique seis fatores climáticos e descreva a contribuição de três deles na caracterização do clima. 2. Identifique três elementos climáticos e o equipamento utilizado na sua medição. 3. O que é a circulação geral da atmosfera, enquanto fator climático.
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