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Modelos de Democracia l

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VESPERTINO 10702972 – Helena Maria Paulo de Souza
Texto: HELD, David. Modelos de democracia. Belo Horizonte: Paideia, Cap. 1, PP.13-33.
1ª Parte: Fatores contribuintes para o surgimento da democracia em Atenas (§§ 1 -6)
 O surgimento da democracia ateniense derivou-se de inúmeros fatores decorrentes de várias mudanças ao longo do tempo, dentre eles, os principais foram os aspectos geográficos onde as civilizações desenvolveram-se e o modelo de organização social e política que possuíam.
 Inicialmente haviam pequenas cidades que se estabeleceram no litoral e na região rural, os patrícios governavam por meio de tribos e este governo era passado de geração a geração de forma hereditária.
 Neste trecho, o autor associa o crescimento da agricultura e do comércio marítimo e terrestre como uma das consequências para o surgimento da democracia. Entretanto, ele deixa claro que não foi possível que esse processo ocorresse de modo contínuo, pois, a ordem política ateniense foi fragmentada com o surgimento dos tiranos que ascenderam ao governo. O modelo governamental passou a ser então autocrata, que só representava a elite da população ateniense, é importante lembrar que esta elite havia acabado de enriquecer graças ao próspero comércio marítimo de Atenas e a economia escravista. Contudo, o governo dos tiranos não se manteve estável por muito tempo, nesta passagem Held associa o aumento da população ateniense, somado a inexistente manutenção socioeconômica da população pobre para justificar a origem dos movimentos sociais que assolaram Atenas, que passou a sofrer de uma intensa pressão popular por parte das camadas pobres de camponeses e pequenos fazendeiros.
 O governo passa a fazer concessões ao povo e a economia passa a se desenvolver mais do que antes. Esses dois fatores elevaram consideravelmente o status de camponeses e fazendeiros, que tornaram-se independentes economicamente e socialmente. Além disso, as mudanças no poderio militar fizeram com que cidadãos que antes eram apenas trabalhadores, pudessem participar ativamente na defesa da comunidade. Para o autor essas mudanças foram cruciais para os acontecimentos seguintes, pois, enquanto os escravos trabalhavam na mineração, agricultura e indústria manufatureira, os cidadãos atenienses gozavam de sua liberdade para executar atividades artísticas, militares e, principalmente políticas dentro da polis. 
 Inicia-se assim uma nova fase política que foi amplamente discutida dentro das comunidades. Os aspectos geográficos facilitaram a difusão dos assuntos públicos e das novas notícias. A comunicação entre pessoas de diferentes cidades ajudou na disseminação dos ideais democráticos. Os atenienses perceberam que a política afetava diretamente a vida na polis, o autor define este impacto como direto e imediato. Surgiu um vasto interesse generalizado pela vida política e uma forte forma democrática de vida.
2ª Parte: Os ideais democratas e seu sistema institucional (§§ 7-17)
 Os princípios da democracia direta foram amplamente descritos no discurso fúnebre de Péricles, nele há várias passagens que retratam os ideais democráticos atenienses, dentre eles: 
1. O principio da virtude cívica: consiste na dedicação à polis, aos assuntos públicos e bem estar da comunidade, antes da vida privada.
2. O conceito de cidadania: consiste na participação direta;
3. Isegoria: consiste no direito de igualdade de fala na Assembleia;
4. Igualdade: consiste na igualdade de todos perante à lei;
5. Liberdade: o sistema democrático de Atenas era baseado no auto governo, liberdade consistia em governar e ser governado;
6. Justiça: consistia em entender o papel de cada cidadão dentro da polis.
7. Obediência as leis.	
 O sistema institucional era formado por cidadãos atenienses, que compunham a participação popular. A Assembleia era composta de um grupo de cidadãos que debatiam e cuidavam da parte legislativa da polis. Além disso, também havia o Conselho de 500, responsável pelas decisões e propostas públicas e um Comitê que contava com um presidente, que só poderia exercer sua função por um dia, para auxiliar as atividades da Assembleia. Os magistrados e os cortes cuidavam da parte jurídica e eram compostos por cidadãos comuns.
Ademais, a democracia de Atenas também contava com servidores públicos que eram remunerados durante o mandato, este mandato era de curta duração e não poderia ser exercido duas vezes, as eleições eram feitas de forma direta, por meio de votos depositados em urnas. 
3ª Parte: A quem a democracia ateniense representava? E a quem excluía? (§§ 18 -20)
 A democracia em Atenas não era acessível a todos, pois apenas homens acima de 20 anos eram considerados cidadãos e podiam participar ativamente no âmbito político. A parte da população composta por mulheres, imigrantes e escravos não tinham nenhum direito político diante da polis, e suas vidas eram dedicadas apenas e na maioria das vezes ao trabalho, neste trecho o autor deixa claro que as conquistas democráticas estavam ligadas de forma intrínseca ao papel social dos imigrantes, mulheres e escravos.
 Como já vimos anteriormente, os escravos eram um dos mais fortes pilares da democracia ateniense, pois eram utilizados em todos os setores da economia e esse trabalho politicamente não reconhecido permitiu que os cidadãos atenienses se engajassem nas mais diversas atividades políticas da pólis. É possível dizer, portanto, que a democracia foi exclusiva e que a cidadania era um direito extremamente restrito.
4ª Parte: Rupturas internas e a história de Xenofonte (§§ 21-23
 Neste trecho, o autor argumenta que as dificuldades internas existiam na democracia de Atenas e impossibilitaram que este modelo governamental conseguisse persistir até o século V a. C. e lV a. C. Em seguida, nos é apresentado uma passagem sobre as experiências democráticas vivenciadas na Grécia Antiga durante o governo democrata. Esta passagem relata como acontecia os debates e como era o processo de participação dos cidadãos por meio da tomada de decisões na Assembleia etc.
 Na história Xenofonte conta um episódio após os atenienses terem vencido uma batalha naval e retornado a Atenas após alguns marinheiros serem mortos. Os comandantes da expedição foram acusados pelo povo de deixarem os homens para morrer e julgados precipitadamente, posteriormente, são condenados a morte. No entanto, os atenienses que votaram pela morte dos comandantes da expedição se arrependem depois que alguns homens já foram executados. Diante da história de Xenofonte, o autor expõe a base instável da política democrática ateniense, pois, o cenário era competitivo e as discussões e decisões eram vulneráveis à emoção e impulsividade, até mesmo porque as discussões eram realizados muitas vezes entre facções rivais, o que poderia ocasionar a defesa de interesses pessoais. Mais adiante, algumas medidas para controlar as decisões populares foram implementadas em Atenas, como medidas constitucionais capazes de conter julgamentos rápidos e decisões levianas. 
5ª Parte: A crítica de Platão a democracia e o governo baseado na sabedoria (§§ 24 -33)
 A crítica de Platão defendia o poder político nas mãos da minoria, para ele o governante deveria ser um sábio e por meio da democracia isso não seria possível, pois, o líder político seria eleito pelo povo, no entanto esse líder só deixaria transparecer o melhor que há na democracia para atender aos interesses públicos e conquistar notoriedade. Segundo Platão, as verdades desagradáveis serão evitadas, e por isso, a democracia marginaliza o sábio. Platão defende que a liberdade e igualdade na democrática impossibilitaria a manutenção da autoridade e causa efeitos que corrompe a mesma à longo prazo, a permissividade corromperia os pilares políticos e morais. Levaria a conflitos, fragmentação política e a disputas partidárias de interesses privados alimentadas pelo desejo de poder, desta forma, a justiça deixaria de ser executada com ambiguidade,haveria uma luta de classes e violência. Este ciclo vicioso de conflitos na democracia ainda poderiam levar o povo a recorrer a governantes tirânicos. Segundo Held, a posição de Platão denota que os problemas políticos só poderiam ser resolvidos por filósofos em um governo formado por sábios. O autor deixa exposto que para entender a posição de Platão, só precisamos nos ater à questão: “o que é justiça?” . A resposta para esta pergunta começa com a divisão natural do trabalho. Para Platão, o indivíduo deveria escolher o papel que acha mais adequado para si, como, governante, soldado ou trabalhador, sendo esta uma decisão saudável e virtuosa, logo iria ser executada com êxito e supriria as necessidades individuais de cada um.
 Neste trecho, o ponto de vista de Platão fica em evidência, segundo ele, liberdade seria ter um estado que assegure a manutenção da liberdade de escolha de forma a conciliar os interesses públicos com os interesses privados do cidadão em questão.
 Ademais, Platão também defendia que um governo só poderia ser legítimo se fosse escolhido pelo povo, baseado nessas ideias, o povo deveria olhar para os seus candidatos em busca da verificação das virtudes e vícios, escolhendo-os pelas virtudes, dessa forma, o povo seria responsável pelas consequências boas ou más do governo.
6ª Parte: A burocracia na democracia ateniense (§§ 35 -36)
O modelo democrático de Atenas tinha sua base na economia escravista e no trabalho daqueles que não eram considerados cidadãos. Porém, esta estrutura econômica era vulnerável e como dito anteriormente, o meio social ateniense era extremamente competitivo e conflituoso, tudo isso aumentou a vulnerabilidade da democracia. Segundo o autor, a ausência de uma corporação burocrática culminou em dificuldades administrativas, além desses fatores, Atenas participava constantemente de guerras com estados rivais e a estrutura da democracia foi sendo rompida aos poucos à medida que as guerras não eram mais ganhas.

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