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Segurança e Higiene no Trabalho Professor: Raffael Henrique Costa Diniz Faculdade Maurício de Nassau AULA 9– Ergonomia Introdução A palavra Ergonomia vem da junção de duas palavras gregas: Em outras palavras, ergonomia seria a organização do trabalho. Seu estudo possibilita a adaptação do trabalho ao homem. Tem por fim a OTIMIZAÇÃO DO BEM-ESTAR HUMANO E DO DESEMPENHO GLOBAL DE UM SISTEMA. ERGOS (TRABALHO) + NOMOS (NORMAS, LEIS, REGRAS) Classificação Segundo a International Ergonomics Association (IEA), a Ergonomia pode ser classificada em três tipos: Ergonomia Física: Estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios muscuesqueléticos relacionados ao trabalho, projeto de postos de trabalho, segurança e saúde; Ergonomia Cognitiva: estudo da carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, estresse profissional, processos mentais como percepção, memória, raciocínio etc. Ergonomia Organizacional : estudo do gerenciamento de recursos coletivos de trabalho, trabalho em equipe, gestão de qualidade, novos paradigmas do trabalho etc. NR 17 - Ergonomia A NR17 possui uma parte principal que se aplica a todas as atividades e dois anexos que determinam requisitos relativos à ergonomia para duas atividades específicas: Trabalho dos operadores de checkout. Trabalho em teleatendimento/telemarketing. A NR 17 tem por objetivo de estabelecer parâmetros a adaptação das CONDIÇÕES DE TRABALHO às CARACTERÍSTICAS PSICOFISIOLÓGICAS DOS TRABALHADORES de modo a proporcionar um máximo conforto, segurança e desempenho eficiente. NR 17 - Ergonomia A ergonomia mostra os limites do ponto de vista reducionista em que apenas o “trabalho físico” é considerado, revelando a complexidade do trabalho e a multiplicidade de fatores que o compõem. Para que possamos compreender essa complexidade, faz-se necessário nos voltarmos para o alcance das expressões: Condição de trabalho (maior visibilidade); Organização do trabalho (faz parte da condição do trabalho); Características psicofisiológicas. Condições de trabalho As condições de trabalho incluem aspectos relacionados a: Levantamento transporte e carga de materiais Mobiliário Equipamentos Condições ambientais do posto de trabalho Organização do trabalho Organização do trabalho Na organização do trabalho são considerados os meios não físicos, dentre eles , deve-se levar em consideração, no mínimo: Normas de produção – regras da empresa, escritas ou não, que o trabalhador deve seguir para realizar suas tarefas. Ex.: Jornada de trabalho, horário de pausas, ferramentas a serem usadas etc. Modo operatório – se refere às atividades que devem ser executadas para realização do trabalho. Modo operatório prescrito (ou trabalho prescrito)que é ditado pela empresa. Modo operatório real (ou trabalho real), que é o modo particular, que cada trabalhador adota para realizar seu trabalho. A improvisação faz parte do trabalho real. Organização do trabalho Exigência de tempo – diz respeito a metas de produção, QUANTO DEVE SER PRODUZIDO EM DETERMINADO TEMPO, sob imposição. Muitas vezes esses limites extrapolam a capacidade do trabalhador. Determinação do conteúdo de tempo – permite evidenciar o quanto de tempo se gasta para realizar uma subtarefa ou cada uma das atividades necessárias à tarefa. Uma secretária, por exemplo, pode gastar grande parte do seu tempo atendendo a telefonemas e dando informações tarefas que não são registradas como produção, que não deixam marcas, e deixando de lado outras tarefas, como digitar um relatório. Conteúdo das tarefas – Forma como trabalhador enxerga as condições do seu trabalho: socialmente importante, desafiador, monótono etc. Ritmo de trabalho – pode ser livre, ou seja, a cadência de movimentos determinada pelo próprio trabalhador ou imposto por uma esteira ou uma linha de montagem. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais O art. 198 da CLT e o item 17.2.2 da NR 17 dispõem de forma diversa sobre o transporte manual de cargas, vejamos: CLT, Art. 198 – “É de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher”. NR 17, item 17.2.2. “Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança”. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais Qual norma deverá ser aplicada? Para se analisar qual a norma deverá prevalecer, deve-se considerar que a NR 17 é superveniente a CLT, ou seja, ela é posterior a CLT e além disso é mais favorável ao trabalhador. DESSA FORMA, TODA E QUALQUER ANÁLISE DO VALOR MÁXIMO PARA LEVANTAMENTO DE CARGA DEVE PARTIR DO TEXTO DA NR 17. Mobiliário dos postos de trabalho Todo mobiliário deve ser concebido com REGULAGENS QUE PERMITAM AO TRABALHADOR ADAPTÁ-LO ÀS SUAS CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS (altura, peso, comprimento dos braços, das pernas etc.), ALÉM DE PERMITIR ALTERNÂNCIAS DE POSTURAS (sentado, em pé etc.) pois não existe nenhuma postura fixa que seja confortável. Mobiliário dos postos de trabalho Além de considerar os fatores antropométricos, o mobiliário deve ser adaptado à natureza do trabalho, ou seja, suas exigências. Ex1.:Caso o trabalhador necessite de esforço físico com os membros superiores, um plano mais baixo permite que a força seja exigida com o antebraço em extensão (posição que se consegue mais força). Ex2.: Se há necessidade de controle visual da tarefa (costurar por exemplo), um plano mais elevado facilita a aproximação dos olhos até o detalhe a ser visualizado. Equipamentos dos postos de trabalho Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar adequados às características dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. Ex2.: Em atividade de processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo os equipamentos devem ser colocados em superfícies de trabalho com altura ajustável. Além disso a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira que as distâncias olho-tela, olho-teclado e olho-documento sejam aproximadamente iguais. Evitar que a parte superior da tela esteja situada acima da linha dos olhos, assim como não deve estar muito abaixo dessa linha. Condições ambientais São as condições do ambiente do trabalho. Ex.: Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes como sala de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos , devem ser observadas as seguintes condições de controle: Níveis de ruído – Deve seguir a NBR 10152; Índice de temperatura – Entre 20ºC e 23ºC; Velocidade do ar – Não superior a 0,75m/s; Umidade relativa do ar – Não inferior a 40%. Características Psicofisiológicas As características psicofisiológicas dizem respeito a todo o conhecimento referente ao funcionamento do ser humano. Dentro do contexto do ambiente do trabalho, elas se referem a comportamentos reacionais físicos e psicológicos diante de determinada atividade imposta ao trabalhador. Apresento a seguir exemplos das principais características psicofisiológicas do ser humano. Nessas situações o trabalhador: Prefere escolher livremente sua postura no posto de trabalho. Prefere impor seu próprio ritmo de trabalho, incomoda-se com tarefas com tempo de duração reduzido. Características Psicofisiológicas Apresenta sinais de estresse quando tem uma performance avaliada pormeio de metas de desempenho. Apresenta uma certa tendência de acelerar seu ritmo de trabalho quando motivado pecuniariamente ou por outros meios. Análise Ergonômica do Trabalho A NR 17 determina que, para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, CABE AO EMPREGADOR REALIZAR A ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET). E essa deverá abordar, no mínimo, as condições de trabalho (parte física). Análise Ergonômica do Trabalho A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é uma abordagem metodológica proposta pela ergonomia, que realiza uma avaliação DETALHADA e MINUCIOSA de várias aspectos (tarefas, condições ambientais, trabalho real e prescrito etc). A partir daí, são apresentadas propostas, como mudanças de arranjos físicos, de mobiliário, ferramentas, de processos produtivos e até mesmo de postura de trabalho. Entretanto, para se validarem as mudanças, é imprescindível submeter as propostas aos trabalhadores (nova ferramenta, novo processo, novo mobiliário). Análise Ergonômica do Trabalho Quem poderá elaborar a AET? A NR 17 (Item 17.1.2) afirma que cabe o empregador realizar a Análise Ergonômica do Trabalho. Ao contrário do que acontece em outras situações, a norma deixou em aberto qual seria o profissional responsável por essa tarefa, por essa razão, EM TESE, qualquer pessoa poderia elaborar uma AET. CONTÚDO, TENHA ATENÇÃO pois muitos fiscais do trabalho, só estão aceitando AET elaboradas por ERGONOMISTAS. Análise Ergonômica do Trabalho Segundo o manual de aplicação da NR17, elaborado pelo ministério do trabalho, a AET deverá conter, minimamente, as seguintes etapas: ANÁLISE DA DEMANDA E DO CONTEXTO – Várias podem ser as motivações para se realizar uma AET, sua apreciação serve para situar o problema analisado, dentre elas temos: Número elevado de doenças ou acidentes em um determinado setor (demanda de saúde); Reclamações de sindicato de trabalhadores (demanda social); Notificações de auditores fiscais do trabalho ou ações judiciais (demandas legais); Proatividade da empresa, certificações de ISO, melhoria de produtividade (demandas internas) Análise Ergonômica do Trabalho ANÁLISE GLOBAL DA EMPRESA – busca identificar o grau de evolução técnica da empresa, sua posição no mercado, sua situação econômica etc. Tudo isso para que as soluções propostas sejam adequadas à realidade da empresa. ANÁLISE GLOBAL DA POPULAÇÃO DE TRABALHADORES – devem ser estudados vários fatores como faixa etária, rotatividade, antiguidade na função atual e na empresa, nível de escolaridade, absenteísmo etc. Com fins a promover a adaptação do trabalho ao homem. SITUAÇÕES DE TRABALHO A SEREM ESTUDAS – a escolha deve levar em consideração a gravidade e a urgência das situações de trabalhos encontradas, a partir de contatos com os trabalhadores e das hipóteses que já começaram a ser formuladas. Análise Ergonômica do Trabalho DESCRIÇÃO DAS TAREFAS PRESCRITAS, DAS TAREFAS REAIS E DAS ATIVIDADES – As inadequações ficam evidentes quando se nota que: O que é exigido pela empresa O que é realmente executado pelo trabalhador. Análise Ergonômica do Trabalho TA R E F A P R E S C R IT A Forma como o trabalho deve ser executado, de acordo com a empresa. Ex. Produzir 420 peças por dia, usando tais ferramentas e tais materiais. TA R E F A R E A L Forma como o trabalho é efetivamente executado pelo trabalhador. Ex.: Era para produzir 420, mas minha ferramenta esta ruim ou estou doente e produzir apenas 300 hoje. A TI V ID A D E Tudo aquilo que o trabalhador faz para executar uma tarefa. Ex.: Gestos, palavras, raciocínios etc. Trabalho sentado Sempre o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para essa posição. Trabalhar sentado permite maior controle dos movimentos porque o esforço para manter o equilíbrio postural é reduzido. Nesses casos poderão ser exigidos suportes para os pés, que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador. Esse suporte serve para que os trabalhadores VARIEM UM POUCO SUA POSTURA, porém não devem ser usados por períodos prolongados. Trabalho sentado Os assentos devem seguir algumas recomendações: Ter característica de pouca ou nenhuma conformação na base, ou seja, não seve se modificar ou modificar muito pouco com o peso do trabalhador. A borda deve ser arredondada, evitando pressão na parte de trás dos joelhos. Deve possuir altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida. Encosto de forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar. Ser revestido de material que possibilite a dissipação do calor e da umidade gerados pelo corpo. Trabalho sentado ATENÇÃO!!!! Não existe uma cadeira que seja “ergonômica” independentemente da função exercida pelo trabalhador. Basta lembrar que uma cadeira confortável para assistir à televisão não é adequada para uma secretária, que deve se movimentar entre a mesa, um arquivo e uma impressora. Trabalho em pé Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais que possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante as PAUSAS. A intenção é reduzir o tempo na posição de trabalho em pé. O trabalho nessas condições possui uma série de desvantagens como: Tendência à acumulação do sangue nas pernas (podendo gerar insuficiência vascular e aparecimento de varizes por ex.); Sensação dolorosa nos pés, joelhos e quadris; Tensão muscular permanente para manter o equilíbrio etc. Trabalho em pé Por essa razão a escolha da postura em pé só será justificada caso a tarefa exija: Deslocamentos contínuos como no caso dos rondantes (quem faz rondas) Manipulação de cargas com peso igual ou superior a 4,5kg Aplicação de forças para baixo, como em empacotamentos Operações frequentes em vários locais de trabalho, fisicamente separados Alcances amplos frequentes, para cima, para frente ou para baixo (deve-se tentar reduzir a amplitude desses alcances para que o trabalho seja sentado) Atividades de processamento de dados eletrônicos O item 17.64 da NR 17 determina que, nas atividades de processamento de dados, se deve, salvo o disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte: O empregador não deve promover qualquer sistema de avaliação de trabalhos de digitação baseado no número individual de toques sobre o teclado para fins de remuneração e vantagens de qualquer espécie. O números máximo de toques reais exigidos pelo empregador não deve ser superior a 8.000 por hora trabalhada, sendo considerado como toque real cada movimento de pressão sobre o teclado. Deve haver uma pausa de 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados, não deduzidos da jornada de trabalho. Quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo e afastamento igual ou superior a 15 dias, a exigência de produção em relação ao número de toques deverá ser iniciada em níveis inferiores e ampliada gradativamente. Bibliografia BRASIL, Ministério do trabalho. Manual de aplicação da Norma Regulamentadora nº 17. – 2 ed. – Brasília : MTE, SIT, 2002. Disponível em : <http://www3.mte.gov.br/seg_sau/pub_cne_manual_nr17.pdf>, acesso em 12 de julho de 2015. ______, Ministério do trabalho. Norma Regulamentadora 17. Disponível em: <http://www3.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_17.pdf >, acesso em 12 de julho de 2015. CAMISASSA, Mara Queiroga. Segurança e saúde no trabalho: NRs 1 a 36 comentadas e descomplicadas – Rio deJaneiro: Forense; São Paulo: Método: 2015.
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