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PATOLOGIAS DO TRACTO GASTROINTESTINAL Mª Cristina Marques 2008 ORGÃOS DO APARELHO GASTRO INTESTINAL ORGÃOS DO TUBO DIGESTIVO CONSTITUIÇÃO DA PAREDE DOS ORGÃOS DO TRACTO GASTROINTESTINAL DOENÇAS DO TUBO DIGESTIVO Classificação segundo o mecanismo da doença - Anomalias do desenvolvimento (exs: Atrésias; hérnias;divertículo de Meckel) - Doenças motoras e mecânicas - Doenças inflamatórias - Doenças vasculares (Varizes; vasculites, isquémia) - Doenças endócrinas e metabólicas - Massas tumorais Heterotopias (localização anómala de um determinado tipo de tecido) Pólipos Neoplasias benignas (adenomas) e malignas (de origem epitelial) -Doenças genéticas (polipose adenomatosa familiar) -Doenças multifactoriais (ex: D. Celíaca – fact. nutricionais, genéticos, imunológicos) PATOLOGIAS DO ESÓFAGO I- Acalásia II- Refluxo gastroesofágico • Diminuição da peristálise do esófago • Incapacidade de relaxar o esfincter esofágico inferior • Refluxo do conteúdo gástrico para o esófago III- Esofagite ( ex: Candidiase) Acalásia Psicossomática Desinervação ou destruição fibras musculares Causas: PATOLOGIAS DO ESÓFAGO Acalásia Sintomas: Disfagia, perda de peso, vómitos Tratamento: Alargamento mecânico do esfincter; Antagonistas do cálcio Cirurgia REFLUXO GASTROESOFÁGICO • Refluxo ocasional • Refluxo cumulativo • Esofagite (inflamação)- com hiperplasia das células basais e úlceras – oclusão do cardia • Adenocarcinoma • Sintomas: Azia, disfagia; dor torácica REFLUXO GASTROESOFÁGICO • Factores responsáveis: Aumento da pressão abdominal Hérnia do hiato Inoperância dos mecanismos anti-refluxo Relaxamento do cardia (café; tabaco) • Diagnóstico: Anamnese; raio X; Esofagoscopia; biópsia da mucosa TRATAMENTO DO REFLUXO ESOFÁGICO 1. DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO NO ESTÔMAGO Evitar comer muito e antes do deitar Evitar alimentos gordos Medicamentos que favoreçam esvaziamento gástrico 2. DIMINUIÇÃO DA ACIDEZ GÁSTRICA Antiácidos e antagonistas H2 3. MANUTENÇÃO DA PRESSÃO DO CÁRDIA Redução consumo de alcool, café e gorduras Não fumar Comer pouco de cada vez 4. PROTEGER A MUCOSA DO ESÓFAGO PATOLOGIAS DO ESTÔMAGO • Hérnia do hiato • Gastrite • Úlcera gástrica • Úlceras de Stress • Factores de protecção da mucosa: Muco impermeável á pepsina e pouco permeável ao H+ HCO3- secretado pelo epitélio Prostaglandinas (PGE- secreção de muco e proliferação celular) Reparação rápida da barreira epitelial Adequada irrigação GASTRITE Inflamação gástrica • Aguda • Crónica • Sintomas: Sensação pressão estômago Cefaleia Anorexia Vómitos e náuseas Intolerância à comida • Complicações: Úlcera ou carcinoma Anemia megaloblástica GASTRITE I – EROSIVA E HEMORRÁGICA II – CRÓNICA ACTIVA NÃO EROSIVA (Antro) III – ATRÓFICA (Gl. do Fundo) Gástrica ou duodenal ÚLCERA GÁSTRICA • Lesão grave e profunda da mucosa gástrica Sintomas: Dor abdominal que irradia para o esterno Dor que agrava com os alimentos Fraqueza Perda de peso Hemorragias gastrointestinais (hematemeses ou melenas) Vómitos ÚLCERA PÉPTICA Factores externos ao tubo digestivo: • Hipersecreção ácida (hipercalcémia; hiperparatiroidismo) • Insuficiência vascular • Proliferação celular (radiações ou Quimioterapia ÚLCERA GÁSTRICA • Complicações: Perfuração gástrica, peritonite • Diagnóstico: Raio X Endoscopia digestiva com biópsia Sangue oculto nas fezes ÚLCERA GÁSTRICA • Tratamento: Antiácidos Antagonistas dos receptores H2 Protecção da mucosa (Sulcralfato) Suspender o consumo de: álcool, café antinflamatórios, tabaco Inibidor da bomba de protões Cirurgia – Controlo da hemorragia ÚLCERAS DE STRESS • Lesões múltiplas e bem demarcadas da mucosa gástrica e duodenal, pouco profundas e quase sem reacção inflamatória Geralmente assintomática • Etiologia: Doenças graves Politraumatizados (hipotensão, hipóxia aguda) Ingestão crónica de antin-flamatórios CANCRO GÁSTRICO Adenocarcinoma (tumor maligno do epitélio glandular) da mucosa gástrica • Etiologia: Alimentos ricos em nitritos; alimentos fumados e salgados • Sintomas: Náuseas, Perda de peso, dor abdominal, hemorragia, massa palpável • Diagnóstico: Endoscopia com exame anatomopatológico da mucosa PATOLOGIAS DO INTESTINO • ÚLCERA DUODENAL • ALTERAÇÕES DO TRÂNSITO INTESTINAL (DIARREIA, OBSTIPAÇÃO, ILEUS) • SÍNDROME DE MÁ DIGESTÃO E MÁ ABSORÇÃO • DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO • PERITONITE • DIVERTÍCULOS E CANCRO DO CÓLON ( Íleus- Obstrução do intestino) ÚLCERA DUODENAL • Patogénese semelhante à gástrica além da maior sensibilidade da mucosa Sintomas: Dor epigástrica que alivia com os alimentos e os antiácidos Sintomatologia intermitente Hemorragias gastrointestinais DIARREIA Definição: Mais de 3 dejecções /dia; >200g/24h CLASSIFICAÇÃO: Duração: Aguda: (até 3-4 semanas); bacteriana ou parasitária, intoxicação, medicamentos Crónica: I- Aquosa (osmótica/secretória) II- inflamatória III- oleosa CAUSAS DE DIARREIA AQUOSA - OSMÓTICA- Ingestão de solutos pouco absorvíveis ex: sorbitol, frutose, sais de magnésio, aniões fosfato e citrato Má absorção de carbohidratos - (flatulência por digestão dos açúcares pelas bactérias do cólon) - SECRETÓRIA- Substâncias que estimulam a secreção de electrólitos pela mucosa intestinal por aumento da produção de AMPc ou de GMPc (enterotoxinas bacterianas produção de VIP pelos tumores do pâncreas) Recessão do íleon (má absorção de sais biliares cujos metabolitos estimulam no cólon a secreção de NaCl CAUSAS DE DIARREIA - EXSUDATIVA OU INFLAMATÓRIA Lesão orgânica da parede do intestino mais comum no cólon. Diminui a absorção normal de água e produz exsudado rico em proteinas e por vezes pus – diarreias com muco, sangue e pus (desinteria) de causa bacteriana ou não infecciosa (d. Inflamatórias do intestino) - OLEOSA- má digestão e má absorção das gorduras (recessão do íleon) - MOTORA ( ALTERAÇÕES DA MOTILIDADE) – Aumento do peristaltismo ex: Síndrome do Cólon irritável CONSEQUÊNCIAS DA DIARREIA • Depende da sua etiologia, duração e intensidade de perdas hidro-electroliticas • Perda de peso • Desidratação (diarreias agudas, principalmente nas crianças) • Alteração electrolítica e ácido básica- hipocaliémia e acidose metabólica OBSTIPAÇÃO Definição: ≤ 2 dejecções/semana Causas: Funcional/alteração da motilidade Dilatação, corpo estranho Tratamento: -Alteração da dieta- rica em fibras -Alteração do estilo de vida -Laxantes CAUSAS DE OBSTIPAÇÃO • Dieta pobre em fibra • Neuropatias autonómicas ex: Diabetes • Causas endocrinometabólicas: hipercalcémia secundária ao hiperparatiroidismo e hipocaliémia (contracção muscular), hipotiroidismo • Espasmo colónico (Síndrome de Cólon irritável) CAUSAS DE OBSTIPAÇÃO • Obstrução mecânica ex: divertículos, tumor, hérnias, volvulus (rotação de uma das ansas do intestino sobre si mesma, com obstrução completa do lúmen, compressão de vasos e risco de necrose e perfuração) • Físsuras anais – contracção reflexa do esfincter anal (Hérnia- secção do intestino que penetra no abdómen devido a um orifício na parede abdominal) CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA OBSTIPAÇÃO E DA PSEUDO OBSTRUÇÃO DO CÓLON (ÍLEUS) Síndromes de má digestão e má absorção • Locais de absorção no intestino: Duodeno: aminoácidos, hidratos de carbono, iões (Fe2+, Ca2+; Mg2+) e vitaminas Íleon: ác. fólico; vit. B12 e sais biliares CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA MÁ DIGESTÃO /ABSORÇÃO infecções Fracturas coiloniquia CAUSAS DA MÁ ABSORÇÃO • Doença Celíaca (na criança)Doença autoimune,de natureza genética(HLA-DR3 e HLA-DQ2) com produção de anticorpos anti-gliadina (IgA e IgM). Intolerância ao gluten (cevada, trigo e centeio) Destruição das vilosidades intestinais que compromete a absorção dos alimentos • Deficiências enzimáticas: ex lactase, sucrase e maltase CAUSAS DE MÁ ABSORÇÃO DAS GORDURAS (Esteatorreia) CONSEQUÊNCIAS DA MÁ ABSORÇÃO DE GORDURAS • Deficiência em Vitamina K – factores de coagulação - Hemorragias • Deficiência em vitamina D – Osteomalácia • Esteatorreia (fezes gordurosas, volumosas, amareladas, pastosas e fétidas, com mais de 6g de gordura/24h) • Perda de peso DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO DOENÇA DE CROHN OU ENTERITE REGIONAL: Doença crónica granulomatosa Componente genético e autoimune Pode afectar todo o tracto gastrointestinal Infiltração inflamatória da mucosa, fibrose da sub- mucosa e hipertrofia muscular que causam espessamento da mucosa provocando estenose do intestino ou fístulas abdominais e perineais Sintomas: Diarreia crónica com períodos de remissão, perda de peso, anorexia, má absorção de ferro e vitamina B12 (Fístula – passagem que liga o lúmen de dois orgãos normalmente separados ou um orgão e a uma cavidade) DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO • COLITE ULCERATIVA Inflamação limitada ao colon, com perda das vilosidades do epitélio Focos de ulcerações acompanhada de necrose purulenta (abcessos) Crises agudas e graves Fezes com muco e sangue – anemia grave Diarreia e dor abdominal Adulto jovem Consequências: fístulas e peritonite, > risco de cancro do colon PERITONITE Inflamação do peritoneu (membrana serosa que cobre os orgãos abdominais) desencadeada por bactérias (colon ou apendice) ou agentes químicos (bilis ou suco pancreático) Sintomas: Síndrome de abdómen agudo-vómitos, febre e dor abdominal Consequências: formação de aderências que complicam os movimentos intestinais. Formação de fístulas em resultado da formação de abcessos que podem levar à rotura de orgãos adjacentes. Generalização da peritonite e passagem ao sangue de bactérias- septicémia, morte DIVERTICULOS • Dilatações da mucosa do intestino grosso (colon sigmoide). Comuns nos países industrializados Assintomáticos ou provocando dor abdominal e obstipação Ligados ao consumo de pouca fibra, que obriga a uma maior força de contracção do intestino que induz a formação de divertículos Complicações: Acumulação de matéria fecal nos divertículos – desenvolvimento bacteriano local- diverticulite (dor, febre, sangramento, necrose intestinal e formação de fístulas) A fibrose resultante pode levar à obstrução intestinal CANCRO DO CÓLON • Terceira causa de morte por tumor (depois da neoplasia da mama e do pulmão) • São comuns os tumores benignos do cólon – pólipos – (crescimento excessivo de tecido) cuja incidência aumenta com a idade e pode progredir para cancro após 10 -15 anos • Alguns destes adquirem características de malignidade – adenocarcinomas invasivos que constituem mais de 95% dos tumores malignos do intestino grosso • Componente genético importante • Marcadores tumorais: CEA e CA 19.9 • Diagnóstico - Colonoscopia
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