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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO Programa da Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana A MULHER PERIFÉRICA E O ATRAVESSAMENTO DE SUAS LUTAS NO DEBATE FEMINISTA DENTRO DO ESPAÇO VIRTUAL. FERNANDA NUNES MACHADO Orientador: Profª Drª Giovanna Marafon Linha de Pesquisa: Formação Humana e Cidadania 2018 RESUMO Através de análise histórica, dados factuais e da bibliografia disponível, podemos notar como os espaços de discussão se alteram no que se refere à visão da vivência nas periferias urbanas e das comunidades que ali surgiram. No que se refere à vivência da mulher periférica, torna-se ainda mais específica quais são as problematizações e as referências que se utilizam. Os reflexos da antítese entre novos discursos, pautados por certa capilaridade promovida pelas ferramentas virtuais - ditas novas mídias -, e os velhos discursos que caracterizam estigmas sociais cooptados pelo status quo, também fazem parte dos fenômenos investigados pela pesquisa proposta. Serão apresentados tais fenômenos a partir de abordagens tanto teóricas quanto empíricas, refletindo sobre os impactos provocados pelo discurso feminista, sua interação com o ciberespaço, e sua relação com as pautas da mulher periférica. Do ponto de vista teórico, esta pesquisa se apoia nas teorias que estruturam as formações sociais, nas teorias de raça, atravessa as teorias de gênero, bem como busca entender a cultura das comunidades virtuais para traçar resultados que analisem a convergência desses tópicos de maneira a justificar seus problemas e encontrar soluções. Palavras-chave: mulher periférica; mulher negra; gênero; raça; feminismo; cibercultura; ciberativismo. INTRODUÇÃO Para falar da mulher periférica, precisamos compreender a periferia e suas particularidades. Onde surgiu, quando e por qual razão, quais são as pessoas que ali habitam. Há de se convocar os fatos históricos na tentativa de compreender a partir de qual cenário se formaram as tendências contemporâneas de ideias e de lugar na sociedade e na cidade. A favela exerce um papel essencial para a cidade: geográfico, econômico, social e político. Ela é parte da cidade, embora historicamente tenha sido recusada sua existência devido a sua imagem negativa, sinônimo de insegurança e violência. Essa visão homogeneizadora e o discurso voltado quase que exclusivamente para as ausências, corroboram com a imagem construída de não reconhecimento do morador de favela como um agente ativo e atuante, inserido no tempo e no espaço da cidade — portanto, cidadão sujeito de direitos. (FERNANDES, 2009). No contexto humano da periferia, há de se notar a prevalência de características que compartilham abandono e exclusão histórica, através de mecanismos engendrados na lógica que aduba as desigualdades sociais, e, por sua vez, também étnicas. O povo periférico descende do apartheid de raças residual de séculos de escravidão. Sob essa ótica também se constroem as mulheridades periféricas, visto que a periferia predomina do povo negro. É nesse contexto que se faz necessário voltar o olhar para a experiência da mulher negra dentro da sociedade, suas limitações, suas lutas e suas necessidades específicas, dessa maneira pode-se compreender seu lugar no universo periférico ao qual se delimita essa pesquisa. Também é importante olharmos para como os estudos de gênero e a militância remanescente dele tratam a questão da mulher negra, e, por fim, da mulher periférica. Compreendendo que o feminismo é um movimento que luta pelos direitos das mulheres, bem como combate às desigualdades de gênero institucionalizadas na sociedade, discutindo a participação social da mulher, além das complexificações provenientes dessas discussões primárias. Este movimento, que tem raízes na revolução francesa, buscou bases no iluminismo e adquiriu um caráter emancipacionista profundo, vem quebrando barreiras e se aprofundando no debate da representação da mulher e do feminino na sociedade, em diversas instâncias. Num contexto atual, essa militância, que sobreviveu a muitos altos e baixos, vem se adequando a linguagem e às ferramentas que foram sendo implementadas ao longo da história mais recentes. Em tempos de globalização, muito se fala sobre a fundamentalidade da integração dos debates sociais e as novas tecnologias de informação e comunicação. A partir dos anos 70, o movimento feminista, seguindo o fluxo das ideias de engajamento possibilitada pelo encurtamento das distâncias que as ferramentas virtuais propõem, se engaja nessa integração entre a militância e as novas tecnologias. A internet, ferramenta mais relevante dessas tecnologias, de forma clara tem potencial de colaborar na promoção de certas discussões, bem como na participação da construção de um pensamento crítico sobre o mundo contemporâneo, estimulando o debate quanto a temas criados e pertencentes a ela e trazendo pautas do mundo não virtual de forma relativamente mais democrática, pois todos que a ela têm acesso, terão oportunidade de se expressar e de formular opiniões sobre os assuntos que lhe interessarem, e este acontecimento nos direciona a uma série de questões que passam por profundas transformações na atualidade. A partir desse direcionamento, torna-se necessário saber se essas pautas discutidas pelo movimento feminista contemplam o perfil dessas mulheres de luta histórica e simbólica, delimitado dentro dessa pesquisa, bem como de que forma isso acontece ou necessita acontecer. Investigaremos também se essas mulheres se inserem e tem acesso ou não as plataformas informatizadas que a noção contemporânea de aldeia global¹ dispõe dentro dos debates de gênero, ou mesmo se, frente às urgências específicas das mulheres periféricas, essa é uma pauta pertinente e relevante. Como justificativa deste trabalho dentro da linha de pesquisa de formação humana e cidadania, nota-se a necessidade de preencher lacunas acadêmicas a respeito de um objeto de estudo pouco explorado nas literaturas concretas a respeito do atravessamento das questões das mulheres periféricas entre a militância feminista e as plataformas de debate do século XXI. Acredita-se que o enriquecimento de campo de estudo contribuirá tanto para a cadeia de pesquisas humanas e das reflexões acerca das críticas necessárias para o mover estrutural sobre as ideias de igualdade social, de gênero e raça, quanto para o arcabouço intelectual de recursos para a compreensão de realidades que historicamente são colocadas à margem da sociedade. Portanto, entende-se que há relevância e necessidade de elucidação dos temas em discussão para a academia. EXPOSIÇÃO DO TEMA E REFERÊNCIAS TEÓRICAS No Brasil, o crescimento vertiginoso das favelas pode-se relacionar diretamente ao processo de urbanização internamente ligado aos momentos de intensa industrialização que se viveu particularmente nas décadas de 50 a 70. Entretanto, as favelas surgem em momento muito anterior ao de concentração urbana no país. De acordo com Rocha (2010), a favela que emerge no fim do século XX, antes da abolição da escravidão, acontece devido à desterritorialização dos negros alforriados por terem combatido na Guerra do Paraguai (1865-1870), que não tinham para onde ir nem para onde voltar e passaram a residir nos morros. O nome “favela” surge em primeira instância buscando representar a aglomeração de casebres em locais sem infraestrutura. Deve-se isso ao fato dos ex-combatentes da Guerra de Canudos, perto de 1895, terem ocupado o Morro da Providência, que até hoje é consideradaa primeira favela do Rio de Janeiro, com o objetivo de pressionar o Ministério da Guerra a lhes pagar os soldos devidos. [...] Essa ocupação fez o Morro da Providência tornar-se conhecido como Morro da Favela, através das seguintes versões: a existência no Morro da Providência “da mesma vegetação que cobria o morro da Favella no Município de Monte Santo, na Bahia” e o papel representado na Guerra de Canudos “pelo morro da Favela de Monte Santo, cuja feroz resistência retardou o avanço final do exército da República sobre o arraial de Canudos” (Ibid.: p. 9). Posteriormente, sobretudo a partir dos anos 1920, os demais aglomerados de casas rústicas que surgiram em condições semelhantes às do Morro da Providência ou Morro da Favela passaram a ser denominados favela, cada uma com seu nome específico. (BANDEIRA, 2013, p. 6) Historicamente, é difícil falar da formação das favelas sem falar da abolição da escravatura e dos negros que, sem qualquer tipo de assistência ou perspectiva proposta pelo Estado, foram injetados nas ruas das cidades. Quando em 1888 a lei áurea foi assinada, e os negros deixaram de ser oficialmente escravos, com alguns dos poucos trabalhos temporários que os eram oferecidos com remuneração ínfima, eles conseguem “apropriar-se de uma parte do produto de seu trabalho, a qual lhe permitirá arcar com as despesas de sua própria manutenção”. (GOMES, 1990, p. 10). A partir dessa remuneração inadequada, os negros conseguiram ter acesso a moradia, ainda que em lugares afastados do centro, ou seja, nas regiões periféricas. Lojas, porões, cortiços, barracos construídos na periferia da cidade passam então a ser alternativas encontradas pelo escravo para construir um espaço de vida para si, independente do controle do senhor. [...] Além disto, o ganho ensejava ao cativo a possibilidade de gerir seu próprio tempo e seu ritmo de trabalho, permitindo também o reagrupamento daqueles que possuíam as mesmas origens étnicas e culturais. (GOMES, 1990, p.10) Na literatura que contextualiza esse projeto, de acordo com o artigo de Vinicius Bandeira (2013) “Favelas da cidade do Rio de Janeiro: uma síntese histórica e psicossocial.”, compreendemos que a favela não nasce da intenção ou do desejo em se formar uma comunidade marginalizada às cidades compreendidas como civilizadas. É sabido que, justamente por que dezenas, centenas e, com o tempo, milhares de pessoas não tinham condições econômicas de habitar nessa cidade dita civilizada, acabaram se vendo obrigadas a criar uma outra cidade para si: a cidade-favela. A princípio as favelas eram isoladas e não comportavam os mais básicos serviços públicos, sendo consideradas lugar vetor de marginalidade e criminalidade. Com o tempo, foi criando-se uma integração entre os moradores da favela e a cidade, principalmente através dos empregos subalternos que socialmente se destinavam à essas pessoas. Porém essa integração não indica que as necessidades dos moradores de favela estejam sendo atendidas, embora a intensidade das carências não seja a mesma que a das primeiras origens das favelas. Se remontarmos à origem das favelas, perceberemos que elas foram formadas por pessoas/famílias que não tiveram condições de se inserir na sociedade formal, pelo fato de não poderem comprar nem alugar um imóvel. Então, a opção compulsória foi ocupar terrenos, geralmente sem proprietários privados e quase sempre localizados em morros, com a finalidade de construir um imóvel em precárias condições, muitas vezes de madeira, zinco e/ou papelão; algumas vezes de alvenaria inacabada, sem pintura, instalação elétrica e esgoto, até pela falta de infraestrutura estatal para prover esses ocupantes de luz, água e esgotamento sanitário. Não obstante essa adversidade, as favelas têm sido uma oportunidade de sobrevivência para quem não pode viver na sociedade formal. Uma oportunidade levada a efeito pelos próprios ocupantes, sem ajuda estatal, e que se foi multiplicando ao longo das décadas. [...] A rigor, as favelas são, ao longo de décadas, produto de uma ausência contínua de políticas públicas em favor da população mais desfavorecida economicamente. São a marca mais gritante da brutal desigualdade socioeconômica que vem sendo uma constante na formação social brasileira. (BANDEIRA, 2013, p. 4-5) Dentro do espaço urbano, a favela foi se consolidando e concomitantemente entrando em contradição com a cidade do “asfalto”1. Ao mesmo tempo em que o poder público buscava controlar a existência das favelas sem maiores transtornos, as pessoas se organizavam para legitimar esse espaço de convivência. Mendes (2014) em “O uso contemporâneo da favela na cidade do Rio de Janeiro”, citando Gonçalves (2013) apresenta uma visão em que coloca que as particularidades das regras das favela se estabeleciam uma espécie modus vivendi que permitia a sobrevivência dessas áreas, e que parecia se encaixar com a política de tolerância adotada pelo poder público. Surgia assim uma condição em que moradores garantiam sua permanência dentro da cidade e que, ao mesmo tempo, o poder público poderia exercer seu controle sobre essa população, dispondo de uma margem de manobra que era estabelecida informalmente por esse pacto de convivência, e que poderia ser manipulada de acordo com os interesses de cada época, sem maiores transtornos e perdas para o poder público. Esse fator, portanto, ao mesmo tempo em que garante uma permanência, ainda que muito insegura, nas áreas de maior desenvolvimento urbano da cidade, está também na base da construção das fronteiras da segregação que conheceremos posteriormente. (MENDES, 2014, p, 40) Como bem levanta Telles (1999), a favela se torna uma paisagem pública incômoda de horizonte simbólico que expressa as questões sociais e projeta a pobreza, e termina por se estruturar ao redor as principais tramas sociais, sendo essa uma maneira de encarar a pobreza como algo externo a vida em sociedade, que não se conecta com os autores e suas responsabilidades. Sob a visão do status quo, pobres, negros(as) em sua maioria, carregados de estigmas relacionados à violência e falta de instrução; a imagem de subalternidade emerge de uma mentalidade ainda escrita em castas, mesmo que veladamente. É, por fim, um modo de imputar julgamentos éticos, deliberações políticas e ações responsáveis que preencham as lacunas que a sociedade prefere se colocar a parte. Ao falar da favela contemporânea, temos que permanecer ressaltando os resquícios históricos sob o qual elas foram construídas. A negritude abrangente no contingente humano da favela, espelha muito do que a sociedade contemporânea precisa historicamente superar mas, ao contrário disso, trata com paliativos. O racismo e o elitismo, seja ele sutil ou evidente, trata muito da formação do caráter público de grande parte dos moradores de favela, como podemos ver no texto de Jurandir Araújo (2014) em “Racismo, violência e direitos humanos: pontos para o debate.”: 1 “Asfalto” é a forma como comumente moradores das periferias se referem às zonas urbanas fora das favelas, principalmente às privilegiadas sócio-economicamente. Nos bairros populares, nas favelas e nos lugares onde os serviços urbanos são mais deficientes a taxa de violência é expressivamente maior e atinge, principalmente, a população jovem, negra e pobre, a exemplo da taxa de homicídio, os índices de violência letal são maiores para os negros em comparação com os brancos. Portanto, no Brasil, a violência atinge com maior intensidade a população pobre, em particular, a população jovem, especificamentea juventude negra, vulnerável as desventuras que a vida lhe oferece. (ARAÚJO, 2014, p. 81) Atualmente, não se vive um consenso sobre o que é a favela. Muito além de compreender seu papel na estética urbana, ou as relevâncias que a elas são imputadas ou retiradas, há de se compreender que a multiplicidade de interpretações leva à necessidade de um mapeamento das definições culturais que permeiam seus moradores, e, levando em conta que as condições sociais, de instrução e de renda, entre os moradores das favelas são similares, o favorecimento da criação de relações interpessoais entre as pessoas que ali habitam, traçam uma importante noção de grupo e de cooperação dentro da sociedade estabelecida nas favelas. A favela propicia uma comunidade onde se pode contar com amigos e vizinhos para favores recíprocos; sempre existe alguém com quem deixar as crianças; há um vizinho com geladeira, onde o leite do bebê pode ser conservado fresco no verão; alguém tem uma máquina de costura para um conserto rápido. Além disso, é possível comprar mantimentos a crédito nos comerciantes locais (ainda que por preço mais alto), de maneira que,mesmo se o dinheiro faltar, é possível alimentar a família (PERLMAN, 1981, p. 236) Adiante, pensando na experiência da mulher nesse contexto de marginalização e exclusão que decai sobre as favelas, temos por Nilza Nunes (2017) em “Mulher de favela: atuação de um sujeito político no enfrentamento às múltiplas violências em espaços populares.” uma definição de “Mulher de favela” que amplia o horizonte das discussões sobre as mulheridades periféricas. A “Mulher de favela” é um constructo teórico que se refere a um sujeito político, histórico, expresso no singular mas que é coletivo por natureza. Como tal, entendemos que as moradoras de favelas que encarnam este conceito são agentes sociais e políticos que reúnem o que Gramsci (1999) chamaria de consciência “em si” e “para si”. Adicionalmente, arriscamos supor que este sujeito se constrói também a partir de uma consciência “de si” e “para o outro”, a partir da solidariedade horizontal. [...] Estes sujeito político vem se construindo, principalmente, a partir da década de 1990 e geopoliticamente se refere aos territórios de segregação sócio espacial que se classificam como favelas no Rio de Janeiro. No interior desses espaços populares elas são (re)conhecidas como liderança comunitária, porque seu lugar é de destaque social e político. O compromisso com a transformação social está no horizonte da reflexão dessas mulheres que se constrói com práticas e atitudes, articuladas em rede, ocupando espaços de participação social, seja nos movimentos da sociedade civil, seja através dos conselhos de direitos ou mesmo de suas organizações de base comunitária. Difere-se da moradora da favela que tem sua vida baseada nas relações cotidianas e de vizinhança, mas estas não se engajam na busca de transformação de um coletivo que transcende suas relações pessoais. (NUNES, 2017, p.2) A população que vive nas favelas, território de atuação das “mulheres de favela” aqui definidas, experimenta sistematicamente condições de subalternidade social e econômica que são determinadas por um conjunto de desigualdades manifestas por sua construção sócio histórica. Sofrendo múltiplas violências, é desse lugar que se anunciam as práticas dessas lideranças femininas, cuja estratégias de enfrentamento às múltiplas violências e violações se constroem no cotidiano através de suas territorialidades/redes. (NUNES, 2017) Compreendendo que, na posição de “mulher de favela” - liderança - ou moradora de favela - base comunitária - não há graduação de sua valiosidade para a subjetivação do espaço da favela, podemos começar a enxergar que existe mover nas estruturas das favelas que projetam o rosto de mulheres de favela em liderança e representação de suas moradoras. Mulheres que se propõe a ser o corpo da coletividade e da resistência que ali se faz necessária, e que através da transformação em sujeito político atua de forma ampla no conjunto das demandas sociais que se expressam no cotidiano da favela. Com uma agenda política própria, demonstram, a partir de suas ações, que possuem um projeto de cidade, mas com uma escolha radical pelo território da favela, o seu lugar de vida e de luta. À medida que colocam o foco na favela, elas focalizam também a complexidade da vida nos espaços de pobreza, e por isso dialogam com tamanha capilaridade e transversalidade pelas questões que emanam da sua condição de mulher; de mulher em contexto de subalternidade e de mulher de favela. Assim como cabe à essa movimentação das “mulheres de favela”, igualmente poderíamos pontuar essas questões dentro da militância feminista. Interessa-nos saber no que essas pautas se integram e como coexistem com as realidades que existem entre a vivência da “mulher de favela”, principalmente no que relaciona à potência contemporânea das ferramentas online para a discussão de ambas as pautas. Primeiramente, falando sobre esse movimento secular que visa a equidade de gênero e para uma compreensão mais ampla sobre as prioridades que atravessam a militância feminista, Simone de Beauvoir, grande nome das pesquisas sobre gênero, em o Segundo Sexo, inicia criticando primordialmente a posição de desvalor no qual a mulher nasce perante as sociedades, e na relação de poder que o os homens constroem por seus privilégios. Um homem não começa nunca por se apresentar como um indivíduo de determinado sexo: que seja homem é natural. [...] A relação dos dois sexos não é a das duas eletricidades, de dois pólos. O homem representa a um tempo o positivo e o neutro, a ponto de dizermos "os homens" para designar os seres humanos, tendo-se assimilado ao sentido singular do vocábulo vir o sentido geral da palavra homo. A mulher aparece como o negativo, de modo que toda determinação lhe é imputada como limitação, sem reciprocidade.” (DE BEAUVOIR, p.8). Nessa linha de pensamento, a autora acrescenta que “a função da mulher está submetida ao crivo masculino de tal forma, que a objetificação da figura feminina é mascarada na tentativa de parecer uma exaltação à mulher”. A figura do feminino, desde o momento em que o livro foi escrito até os tempos presentes, ainda é representada como um tipo de imagem servida ao gosto dos homens. No texto intitulado “O feminino e as novas tecnologias de comunicação e informação” (2004), a autora Elaine Zancanela expõe: Essa supervalorização da aparência do feminino é facilmente identificada ao se levantar determinadas funções realizadas por mulheres nas mídias de massa, o que pode ser apontado por meio de três exemplos que se seguem. Primeiramente, as pinups se destacam como imagens vendedoras de produtos de consumo e justapõe a mulher com a própria mercadoria a ser consumida. Isto segundo Morin, cria um processo de identificação sedutor para as mulheres, na qual a mercadoria faz o próprio papel de mulher desejável, e afirma para os homens uma condição de consumidor do objeto mulher. Lipovetsky (2000, p. 169-188) vem confirmar a objetificação da mulher nesta época, pois observa que a pin-up se constitui a partir de uma lógica tradicional, em que prevalece a imagem da mulher-objeto definida por atrativos eróticos em excesso; apesar de adicionar à essa erotização uma conotação moderna e jovial se comparada a épocas anteriores. Uma segunda forma de representação do feminino são as divas do cinema cuja imagem é associada a aspirações consumistas, valores de felicidade, bem-estar, amor e beleza. Como esclarece Morin (p.108), “a publicidade, apoderando-se das estrelas para fazer delas modelos debeleza (maquilagens de Elizabeth Arden, de Max Factor), confirma explicitamente seu papel exemplar. (ZANCANELA, 2004, p. 2 e 3). Ou seja, de diversas formas a mulher vem sendo alocada em papel de objeto a serviço dos interesses masculinos, ainda que por muitas vezes aceite esse papel através de artifícios que sejam suficientemente convincentes para que a posição pareça minimamente confortável no contexto social. Esse desvalor que vem sendo tratado, fala de mulheres em um contexto geral, e, dentro da situação que se propõe investigar nesta pesquisa, pode se aplicar de forma mais ou menos intensa na realidade das mulheres moradoras de favela, bem como podem haver aprofundamento nas discussões que absorvam novos questionamentos surgidos de demandas e pautas únicas das vivências manifestadas por essas mulheres. Em relação a mulher periférica, o desvalor e a objetificação tendem a se projetar de forma ainda mais delicada. Através de um olhar histórico, nota-se com clareza que há uma etnia predominante na população de favela, e igualmente às mulheres que ali habitam: a negra. Ainda que a questão de classe também deva ser relacionada às condições sociais a que estão submetidas desde sempre as mulheres pobres, brancas e negras, deve-se reconhecer que o trabalho da “mulher de favela” que carrega no corpo a representação de todos os elementos que foram transmutados no imaginário coletivo da sociedade para representar o favelado, tem um impacto expressivo na representação do que se integra à essas comunidades, principalmente no que concerne aos conceitos criados pelo status quo. Ao homologar a “mulher de favela” falamos da mulher negra, como sujeito político totalmente unido a ela. As mulheres negras, desde a época da escravatura, têm a incumbência da servidão em aspecto mais restrito, violento e dominado que as mulheres brancas. Ângela Davis em “Mulher, raça e classe” explicita um ensaio para contextualização histórica. Proporcionalmente mais mulheres negras sempre trabalharam fora de casa do que as suas irmãs brancas. O enorme espaço que o trabalho ocupou na vida das mulheres negras, segue hoje um modelo estabelecido desde o início da escravatura. Como escravas, o trabalho compulsoriamente ofuscou qualquer outro aspecto da existência feminina. Parece assim, que o ponto de partida de qualquer exploração da vida das mulheres negras sob a escravatura começa com a apreciação do papel de trabalhadoras. (DAVIS, 1981, p. 10) Nessa perspectiva, entende-se como a identidade social das mulheres negras pautou-se no trabalho, enquanto as mulheres brancas, principalmente por volta do século XIX, estavam ocupando o lugar da feminilidade validada pela sociedade patriarcal de mães cuidadoras, esposa dóceis e donas de casa submissas, transformando a existência das mulheres negras em praticamente uma anomalia. A mulher negra, em vias de regra, nunca foi considerada como “sexo fraco”. (DAVIS, 1981) No contexto da escravidão, da mesma forma que os rapazes negros tinham que trabalhar desde cedo, assim acontecia com as moças negras. Eram mandadas para o trabalho no campo sem distinção de gênero. Quando mais velhas, por vezes também poderiam trabalhar servindo a casa e aos filhos dos senhores. As violências que sofriam, ainda que em algumas ocasiões fossem de mesmo cunho que a dos homens negros, em muitas outras eram violências que atingiam diretamente a existência feminina dessas mulheres. As violências sexuais e outros maus tratos que só podem ser afligidos a mulheres, eram consequências naturais de ser um corpo feminino escravizado por homens. Sistematicamente, as mulheres negras eram corpos servidos: enquanto rentáveis, o trabalho braçal sem distinção de gênero, e quando castigadas, a punição poderia vir da violação mais profunda que só se consegue fazer a um corpo feminino. Punição essa que muito se traduzia para expressão o domínio econômico dos donos de escravos e para o controle dos capatazes das mulheres negras como trabalhadoras. Há de se pontuar que essas mulheres, que gozavam de igualdade na opressão entre seus pares masculinos, também tinham certa equidade entre seus pares domésticos, já que conseguiam compartilhar muitas vivências através da escravidão. Dessa forma, comumente travavam resistência sistemática contra a instituição da escravatura. Muitas delas se revoltaram, resistiram aos assaltos sexuais, envenenavam seus donos; outras resistiam de forma sutil, buscando adquirir conhecimentos e competências, mas os casos de escravas sucumbiam ao destino que lhe vestiram eram mais exceções do que regra. A partir desse olhar histórico, podemos notar o caminho de percalços e contínua resistência demandado das mulheres negras. Resistência essa que até os tempos atuais precisa ser mantida, mesmo que em outras configurações. Paralelo aos problemas enfrentados pelas mulheres negras através da raça, havia a insurgência feminina que procurava estabelecer a libertação dos grilhões que as prendiam sob o júdice dos homens. De acordo com Alves e Pintanguy (1981), no livro “O que é o feminismo?” a América do século XVII já era impregnada por ideias de insubordinação e por mudanças concretas na organização social do país. Na França, Olympe de Gouges, redigia “Os direitos da mulher e da cidadã”, e depois de uma onda severa de repressão às primeiras ideias feministas, em meados do século XIX, os “Sufrágios Femininos”2 começam a se estruturar. No Brasil essa movimentação se destaca com Nísia Floresta escrevendo “Direitos das mulheres e injustiça dos homens”, primeiro livro publicado por Nísia em 1832. Já no século XX, quando tardiamente começamos a reconhecer a mulher como cidadã pertencente à esfera política, as insubordinações femininas contra a dominação patriarcal, os estudos sobre gênero e suas representações começaram a se aprofundar para dar base ao que refletimos hoje em dia nas relações de gênero. O grande porém nesta situação, é que desde o século XVII até os maiores nomes dos estudos feministas do século passado, essa camada da militância dialoga diretamente com mulheres brancas. As pautas que libertam as mulheres brancas, são pautas que raramente percorrem o universo da mulher negra nessa cronologia histórica aqui descrita. Como já citou Ângela Davis, a mulher negra sempre esteve distante dessa ideia de mulher como “sexo fraco”. A estas mulheres sempre foi cobrado o trabalho e o instinto de resistência necessário para sobreviver, incompatível com a fragilidade subserviente que caracteriza a feminilidade que o patriarcado impõe às mulheres brancas: suas esposas, mães e filhas. Portanto, o feminismo negro, que vem sendo traçado de tempos bastante recentes, ainda tomando forma, traz questões latentes que só podem ser compreendidas a partir da vivência da mulheridade negra, que transcorre desde a vivência das escravas, até a das “mulheres de favela”, liderando suas iguais, sendo o corpo e a resistência que busca quebrar o apagamento secular de suas necessidades. O combate ao racismo empreendido pelas mulheres negras através de suas vivências ao longo da história, é vital para a rede do feminismo negro. Sua frente busca a real 2 Sufrágio Feminino: Movimento social, político e econômico de reforma onde as mulheres denunciavam nesse momento suas reivindicações contra às exclusões das esferas públicas por elas sofridas. Se pautavam, tanto na luta por melhores condições de trabalho quanto pelos direitos de cidadania. inserção nos movimentos sociais já existentes, questionando as desigualdades existentes entre brancos e negros dentro do conceito de cidadania, que de certo não as tem contemplado.Em tempos atuais, todas essas discussões que vêm sendo travadas por esses atravessamentos de militâncias, ganham potências pontuais através da tecnologia. Internet, ferramentas online, redes sociais: afunilamentos de um dos recursos que facilitaram a visualização do conceito de aldeia global, do teórico Marshall McLuhan. Segundo esse conceito, McLuhan defende que a partir do advento e do desenvolvimento tecnológico dos novos meios de comunicação (como a TV e o telefone, por exemplo), o mundo se interligaria completamente, havendo, assim, uma intensa troca cultural entre os diversos povos, aproximando-os como se estivessem numa grande aldeia inteiramente conectada. Dentre os fenômenos que sustentaram o conceito de McLuhan, a internet é o mais surpreendente do século XX. O termo “globalização” foi mais fortemente reconhecido e exemplificado após o advento da internet e, a partir dele, a intensidade das relações intercontinentais se fortaleceu, tendo em vista, inclusive, as outras tecnologias criadas para suplementar a conexão. Os gadgets3, muito comuns na atualidade, trazem as transformações das relações humanas para outro patamar da informatização das sociedades. O smartphone, o wi-fi, e, inclusive, as ideias que conceituam a web 4.04, propõem maneiras de capilarizar as dinâmicas sociais mais diversas de maneira cada vez mais instantânea. Nesse contexto, sabendo que no mundo contemporâneo há a possibilidade se viver uma cibercultura5, como a definida por Pierre Levý em “Cibercultura” (1999) Henry Jenkins, autor de “Cultura da Convergência” (2009) cria o conceito da cultura participativa, onde pontua que, cada vez mais o indivíduo irá interagir com a mídia de forma ativa, criando seu próprio conteúdo e compartilhando-o de forma coletiva. Este livro aborda três conceitos bases para a compreensão da comunicação midiática contemporânea: a convergência dos meios de comunicação, a cultura participativa e a inteligência coletiva. Estes três conceitos implicam na forma como a construção da comunicação do indivíduo de hoje está imersa na cultura digital, e que o desdobramento dessa imersão sugere a convergência das mídias tradicionais para a 3 “Gadgets” (do francês gachette) é uma gíria tecnológica sobre um equipamento complexo criado para facilitar uma função específica e útil no cotidiano, como por exemplo, dispositivos eletrônicos portáteis (PDAs, celulares, leitores de MP3) que possuem inovação tecnologia, produzido de modo inteligente ou com design mais avançado. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Gadget > 4 A Web 4.0, de acordo com os teóricos da tecnologias de informação, será como uma teia de leitura, gravação e execução simultâneas com interações inteligentes, mas ainda não há uma definição mais aprofundada sobre esse conceito. A Web 4.0 é também entendida como web simbiótica, onde mente humana e máquinas poderão interagir em simbiose. 5 Pierre Lévy, em “Cibercultura” (1999), afirma que, indiretamente, o desenvolvimento das redes digitais interativas favorece outros movimentos de virtualização que não da informação propriamente dita. O ciberespaço encoraja um estilo de relacionamento quase independente dos lugares geográficos e da coincidência dos tempos. internet, ou seja, as formas de se expressar e se comunicar estão sendo redirecionadas cada vez mais para o ambiente virtual. Criam-se comunidades virtuais, que são construídas sobre afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de troca, independentemente das proximidades geográficas e das filiações institucionais. Bem como comunidades de ação no mundo offline, as comunidades virtuais também comportam as militâncias e seus debates até certo ponto. Lemos (2004) expõe que “no ciberativismo, o espaço eletrônico é utilizado de forma complementar ao espaço de lugar, complexificando-o. Assim, essa forma de atuação caracteriza-se por redes de cidadãos que criam arenas, até então monopolizadas pelo Estado e por corporações, para expressar suas ideias e valores, para agir sobre o espaço concreto das cidades ou para desestabilizar instituições virtuais através de ataques pelo ciberespaço (hacktivismo).”. Esse novo tipo de protesto tem como um de seus objetivos combater certo marasmo que eventualmente causa desinteresse por questões de cunho público em alguns segmentos da sociedade, usando o ciberespaço na tentativa de criar canais de participação autênticos para agregar as pessoas em torno de uma ideia, bem como trocar informações e organizar ações que beneficiem a militância. O que emerge da contextualização das mulheres desenhadas no perfil dessa pesquisa, é a questão do acesso. É dessa investigação que poderá se compreender como essas ferramentas de informatização, em especial a internet e suas redes de debate, estão sendo utilizadas para esmiuçar as complexidades das questões de gênero no contexto da mulher periférica. Sabendo quem é a mulher periférica, qual sua herança histórica, e o que ela tem a levantar sobre sua inserção no debate de gênero, é necessário, posteriormente, compreender se essa pulverização do discurso que está compreendida no poder das ferramentas online é capaz também de atingi-las, e assim comunicar de maneira mais democrática as indicações de luta que existem na caracterização da “mulher de favela” que lidera e representa a vivência periférica dessas mulheridades, bem como se esse é um debate proveitoso e plausível dentro da realidade que será pesquisada. OBJETIVOS Objetivo geral - Investigar de que maneira a vivência da mulher periférica atravessa a militância feminista e se isso se expressa na amplitude que o debate ganha nas novas mídias de comunicação online. Objetivos específicos - Conhecer e compreender um pouco a periferia, os tipos humanos e suas vivências através de um olhar histórico e de observação de sua dinâmica contemporânea. - Pesquisar as mulheridades da periferia, quem são, quais são suas lutas e como e se elas se organizam para o debate de gênero em suas comunidades. - Compreender a militância feminista e como ela suas discussões podem ou não agregar a mulher periférica e suas particularidades - Correlacionar a vivência da militância feminista com a experiência de ser mulher periférica para entender como os atravessamentos se integram de forma mais ou menos democrática a medida em que se notam as semelhanças e diferenças entre as demandas. METODOLOGIA - Pesquisa bibliográfica com a finalidade de fazer aprofundamento no assunto pesquisado e para conhecimento das reflexões realizadas anteriormente sobre o assunto. - Observação da atividade dos grupos feministas em redes sociais, blogs entre outras formas virtuais em que o movimento se manifesta. - Inserção de campo e integração com o ambiente da periferia visando a observação e a troca de relatos de experiência das mulheres que motivam essa pesquisa. - Reflexão do produto da pesquisa bibliográfica e da percepção obtida da inserção de campo citada acima. CRONOGRAMA ATIVIDADES/SEMESTRES 1º 2º 3º 4º Levantamento bibliográfico X Reflexão sobre os dados históricos e a bibliografia X Elaboração de planejamento de pesquisa de campo etnográfica. X Ida à campo para pesquisa etnografica. X Reflexão sobre os resultados obtidos na ida a campo X Produto final do percurso de pesquisa proposto pelo projeto - Finalização de dissertação X REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Branca Moreira; PITANGUY, Jacqueline. O que é feminismo?. Coleção Primeiros Passos.São Paulo: Editora Brasiliense, 1981. ARAÚJO, Jurandir de Almeida. Racismo, violência e direitos humanos: pontos para o debate. Revista Interdisciplinar de Direitos Humanos. Bauru, v. 2, n. 2, p. 75-96, jun. 2014. BANDERA, Vinicius. Favelas da cidade do Rio de Janeiro: uma síntese histórica e psicossocial. Em Tese, Florianópolis, v. 10, n. 2, jul./dez., 2013. ISSN: 1806-5023. DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo. Editora: Boitempo, 2016 [1981]. DE BEAVOUIR, Simone. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009, 936 p. DE OLIVEIRA, E. Z. O feminino e as novas tecnologias de comunicação e informação. SIMPÓSIO DE PESQUISA EM COMUNICAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE, 10., Rio de Janeiro, INTERCOM, 2004. FERNANDES, F. L. 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