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DIREITO CIVIL II - RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL E TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Professora: Aline Nunes Viana “O que quer que façamos, assumimos responsabilidade por alguma coisa, mas não sabemos o que essa coisa é” (SARTRE, apud ROSENVALD, FARIAS, NETTO) Introdução: Noção e histórico • Na pré-história da responsabilidade civil, pode-se situar a vingança como a primeira forma de reação aos comportamentos lesivos; (Lei de Talião: Olho por olho, dente por dente); • Direito Romano: Por um período a modalidade típica de reação ao ato ilícito, que hoje definimos, penal, era definida conforme a gravidade; (até alcançar uma pena pecuniária fixada pelo juiz, sistema paralelo e complementar ao criminal); • Separação entre a esfera civil e penal; ORDENAMENTO TENDE A FUNCIONAR NAS DIREÇÕES: • Repressão de comportamentos; • Prevenção de comportamentos; • Criação e distribuição de poderes; • Distribuição de bens; FUNÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL TRÊS FUNÇÕES: RESPONSABILIDADE CIVIL • Função Reparatória: a clássica função de transferência dos danos do patrimônio do lesante ao lesado como forma de reequilíbrio patrimonial; • Função punitiva: Sanção consistente na aplicação de uma pena civil ao ofensor como forma de desestímulo de comportamentos reprováveis; • Função Precaucional: Objetivo de inibir atividades potencialmente danosas; (história da Cigarra e formiga) Conceito de responsabilidade • Ricoeur: “imputar uma ação a alguém é atribuí-la a esse alguém como o seu verdadeiro autor, lança-la por assim dizer à sua conta e torna-lo responsável por ela.” • Kant: “Como um juízo de atribuição de uma ação censurável a alguém, como o seu verdadeiro autor.” (agir em conformidade com a lei e a de reparar o dano ou cumprir a pena culminou na inteira moralização e juridicização da imputação) (ROSENVALD, FARIAS, NETTO, 2014) Diferença entre responsabilidade civil • Contratual (negocial) # Extracontratual (Stricto Sensu, delitual ou aquiliana) • Responsabilidade Civil: Obrigação de reparar danos, sejam eles patrimoniais ou existenciais; Por declarações unilaterais de vontade, por atos ilícitos); • Aquiliana: Em razão da “Lex Aquilia”, primeira lei que regulamentou de maneira sistemática a responsabilidade civil delitual (fins do século III a.C; • Responsabilidade Contratual: Oriunda dos contratos; CÓDIGO CIVIL ARTIGOS AULA ARTIGO: 186 – AQUELE QUE, POR AÇÃO OU OMISSÃO VOLUNTÁRIA, NEGLIGÊNCIA OU IMPRUDÊNCIA, VIOLAR DIREITO E CAUSAR DANO A OUTREM, AINDA QUE EXCLUSIVAMENTE MORAL, COMETE ATO ILÍCITO; Pressupostos da responsabilidade civil: • Ilícito = > Toda ação ou omissão antijurídica, culpável e lesiva. (sem o qual não há delit) • Antijuridicidade; • Culpabilidade, • Dano • NEXO CAUSAL Responsabilidade SUBJETIVA: • Antijuridicidade: Contrariedade ao Direito. Ação ou omissão humana que atenta contra a ordem, segurança, paz, justiça e etc. Culpabilidade: Culpa => Ação ou omissão negligente, imprudente ou imperita; • Dolo => Ação, omissão voluntária, Dolo é conduta intencional. • DANO: É a diminuição ou subtração de um bem jurídico. Lesão de interesse. Deve ser contra a vontade do prejudicado; • Dano é a lesão ao bem protegido pelo ordenamento jurídico. Pode haver ato ilícito sem dano. Positivo ou emergente: Caracteriza-se objetivamente, lesão, subtração ou diminuição patrimonial, já materializada – Dano Patrimonial (art. 402 do CC): é lesão a um interesse econômico, interesse pecuniário. Divide-se em dano emergente e lucro cessante. Negativo: Lucros cessantes, quando a diminuição ou lesão for futura (motorista de taxi); Tudo o que a vítima deixou de ganhar. Também chamado de lucro frustrado. • Para a fixação do quantum a ser indenizado, o juiz não olha a culpa, mas sim a extensão do dano, art. 944 CC e 944, § único CC, sendo que para este último artigo haverá possibilidade de reduzir a indenização utilizando uma cláusula geral da equidade. (Senhor da bicicleta vendendo alface “bate” na moto) • Teoria da Perda de uma Chance (art. 402 do CC): é uma subclasse do dano emergente. • É a oportunidade dissipada de obter futura vantagem ou de evitar um prejuízo em razão da prática de um dano injusto, Resp. 788.459. É o meio caminho entre dano emergente e lucro cessante. • O benefício não era certo, era aleatório, mas havia uma chance e esta tinha um valor econômico. O valor da indenização deve ser menor que do lucro cessante. O juiz calcula com base na razoabilidade ou probabilidade, desta forma, ele faz uma proporcionalidade. Chance • Probabilidade de obter lucro ou de evitar uma perda; Perda de uma OPORTUNIDADE; • Não tem previsão expressa na legislação; • Teve origem na França; “Perte d’une chance”; • Um dos casos mais antigos registrados foi um caso Inglês em que a autora da ação estava entre as 50 finalistas de um concurso de beleza e teve sua chance interrompida, por não terem deixado participar da última etapa do concurso (MELO e AMARAL, 2014). • O juiz entendeu que ela teria 25% de chance de ser a vencedora e aplicou a doutrina da proporcionalidade; • Teoria fruto de uma construção doutrinária Francesa e Italiana; (probabilidade de obter lucro ou evitar uma perda) • Necessário: Chance ser SÉRIA E REAL # mera eventualidade, suposição, desejo; • # de lucro cessantes = incide sobre o que o individuo razoavelmente deixa de ganhar; comprovação, aponte as perdas; • Venosa, sobre o quantum indenizatório, na perda de uma chance: “ o grau de probabilidade é que fará concluir pelo montante da indenização”; • “Este percentual NÃO pode, em qualquer hipótese, resultar da própria vantagem que poderia ser obtida”; Caso do SHOW DO MILHÃO • Participante do programa chegou à pergunta milionária, e ao lhe ser feita, a mesma não admitia nenhuma resposta correta; • Em razão disso, a concorrente ajuizou ação contra a empresa que promovia o concurso (SBT) e conseguiu uma indenização no valor de R$ 125.000,00; observando o critério da probabilidade de acerto da questão, qual seja 25% de chance de acerto. Caso Vanderlei Cordeiro • Maratonista que ocupava o Primeiro lugar, com 28 segundos de vantagem sobre o segundo colocado; • Quando foi barrado e empurrado para fora da pista; • Não foi julgado por Tribunal brasileiro, devido a competência. Despertou na doutrina seu enquadramento na teoria. Perdeu a oportunidade de obter a vitória; • TJ-DF - Apelação Cível APC 20140110473337 (TJ-DF) • Data de publicação: 16/02/2016 • Ementa: Contrato de serviços advocatícios. Obrigação de meio. Teoria da perda de uma chance. Cerceamento de defesa. 1 - O julgamento antecipado da lide, quando a questão é exclusivamente de direito ou, sendo de direito e de fato, não existir a necessidade de outras provas, não leva a cerceamento de defesa. • 2 - No contrato de prestação de serviços advocatícios a obrigação é de meio e não de resultado. Ao aceitar a causa, o advogado obriga-se a conduzi-la com toda a diligência. Não se obriga, contudo, a resultado certo. • 3 –A teoria da perda de uma chance preconiza que quando houver uma probabilidade suficiente de ganho da causa, o responsável pela frustração deve indenizar o interessado. Se a ação se fundar em mero dano hipotético não cabe reparação. 4 –Honorários fixados em valor elevado reclamam redução. 5 –Apelação provida em parte. • TJ-DF - Apelação Cível APC 20140910232290 (TJ-DF) • Data de publicação: 08/09/2015 • Ementa: DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CONSÓRCIO. EXTRAVIO DO CONTRATO. TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE NÃO CONFIGURADA. • 1. A teoria da perda de uma chance visa reparar a perda de uma oportunidade retirada de alguémpor ato ilícito praticado por outro. Para que se configure, é necessário que a oportunidade perdida seja real e relevante. 2. Recurso conhecido e improvido. • Dano Extrapatrimonial; (Dano Moral ou Extrapatrimonial) • É uma lesão ao direito da personalidade da pessoa humana. Atinge a liberdade, igualdade, solidariedade ou psicofísica. Só existe dano moral quando a dignidade é atingida, Constituição Federal, 1988 art. 5º, V e X, CF. DANO MORAL • “ É o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra direitos da personalidade, como honra e etc.” • “É a dor resultante da violação de um bem juridicamente tutelado, sem repercussão patrimonial. Seja dor física, dor sensação, sentimento, dor moral de, causa imaterial.”(CAHALI, 2011 apud SANTOS) • Está vinculado à dor, angustia, sofrimento e tristeza; Estende- se a todos os bens personalíssimos. • “A vida humana não é apenas um conjunto de elementos materiais. Integram-na, outrossim, valores imateriais, como os morais.” “A moral individual sintetiza a honra da pessoa, o bom nome, a boa fama, a reputação.” (SILVA, 2000). EVOLUÇÃO HISTÓRICA DANO MORAL • Código de Hamurabi, citado por Pablo Stolze e Pamplona: • $ 127: “Se um homem livre estendeu o dedo contra uma sacerdotisa, ou contra a esposa de outro e não comprovou, arrastarão ele diante do juiz e raspar-lhe-ão a metade de seu cabelo • As leis de Manu, com origem na Índia antiga, também apresentava referências ao dano moral. • No Direito Romano estava bastante presente a preocupação com a Honra. Na lei das XII Tábuas previa penas patrimoniais para crimes como injúria e o dano. • “Os cidadãos romanos, que eventualmente fosse vítima de injurias, poderiam, valer-se da ação pretoriana a que se denominava injuriarum aestimatoria. Reclamar uma reparação do dano através de uma soma em dinheiro, prudente arbitrada pelo juiz.” (GAGLIANO, PAMPLONA FILHO, 2004) Cabimento de Dano Moral contra Pessoa Jurídica “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos de personalidade”. Súmula 227 STJ: A pessoa Jurídica pode sofrer dano Moral. Da prova: “Indenização – dano Moral – Prova – Desnecessidade. “Não há que falar em prova do dano moral, mas, sim, na prova do fato que gerou a dor, sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam. Provado assim o fato, impõe-se a condenação, sob pena de violação do art. 334 do CPC (753811220098260224 sp 0075381) A possível banalização do Dano Moral • O que configura ou não? * Fala-se em falta de critérios objetivos pra determinar; EX: • Mero dissabor não pode ser alçado ao patamar de dano moral, mas somente aquela agressão que exacerba a naturalidade dos fatos da vida, causando fundadas aflições ou angústias de espírito de quem a ela se dirige (STJ Resp. 403.919) Casos em que o Dano moral é presumido • Diploma sem reconhecimento (REsp 299.532); • Credibilidade desviada - Dano à imagem do médico (inclusão em catálogo de plano de saúde, sem ser credenciado) Resp 1.020.936; • Cadastro de inadimplentes (SERASA, SPC); (Simples inclusão indevida faz presumir o dano). A reparação é gênero em que são espécies a indenização e a compensação. Dano patrimonial: • função de indenização; • função ressarcitória ; • função de equivalência (restitui ao “status quo”, art. 947 do CC). Dano Moral: • é objeto de compensação; • função satisfatória – satisfaz a vítima e a família. • NEXO CAUSAL: Relação de Causa e efeito entre a conduta culpável do agente e o dano por ela provocado. O dano deve ser fruto da conduta reprovável do agente. • (liame de ligação entre a conduta do agente e o dano) Teoria Responsabilidade subjetiva X objetiva: • Ato ilícito, culpabilidade, dano e nexo de causalidade; • Responsabilidade que se baseia na culpa do autor do ilícito: Subjetiva (culpabilidade) (regra); • Responsabilidade sem culpa: Objetiva; Ex: Queda de avião (mesmo que se prove ter tido a queda originada de caso fortuito, a companhia responderá pelos danos, não há que se falar em ilícito, mas a própria atividade de risco; Responsabilidade objetiva • Âmbito ambiental: “Não se aprecia subjetivamente a conduta do poluidor, mas a ocorrência do resultado é prejudicial ao homem e seu ambiente. • A atividade poluente acaba sendo uma apropriação pelo poluidor dos direitos de outrem, pois na realidade a emissão poluente representa um confisco do direito de alguém respirar ar puro, beber água saudável e viver com tranqüilidade(...)” (MACHADO, 2000. p.273). 225§3 da CF/ responsabilidade pelos danos ambientais é objetiva: • “As condutas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas independentemente da obrigação de reparar o dano causado”. • A responsabilidade civil objetiva é a responsabilidade sem culpa, o cerne dessa é o dano e não a conduta ou comportamento do agente. • Desta forma, a teoria objetiva na imputação da responsabilidade ao causador de uma atividade lesiva ao meio ambiente se afirma em razão do caráter de irreversibilidade dos danos ambientais. RESPONSABILIDADE CIVIL ARTIGOS 927 CÓDIGO CIVIL ART. 927 – AQUELE QUE, POR ATO ILÍCITO (ARTIGOS 186/187), CAUSAR DANO A OUTREM, FICA OBRIGADO A REPARÁ-LO. Parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente da culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, riscos para o direito de outrem”. Responsabilidade por fato próprio e por fato de Outrem Normalmente uma pessoa responde apenas pelos atos que pratica. Regra: Responder por ato ou fato próprio. Expressa disposição legal, uma pessoa pode responder por fato de outra: Ex: Pais pelos atos praticados por seus filhos menores. Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. • Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. • Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. Gabriel, pessoa menor de 16 anos, lançou pedras no veículo de Rogério, causando-lhe danos materiais. No momento do ato ilícito, Gabriel estava sob a autoridade e companhia de seu pai, Arnaldo. Rogério ajuizou ação contra Arnaldo, que: a) responde objetivamente pelo ato de Gabriel e não tem direito de regresso contra o filho, que é pessoa absolutamente incapaz. b) responde subjetivamente pelo ato de Gabriel e tem direito de regresso contra o filho, que é pessoa relativamente incapaz. c) não responde pelo ato de Gabriel, tendo em vista que a responsabilidade civil é pessoal e intransferível. d) responde objetivamente pelo ato de Gabriel e tem direito de regresso contra o filho, que deverá ressarci-lo quando atingir a maioridade civil. e) responde subjetivamente pelo ato de Gabriel e não tem direito de regresso contra o filho, que é pessoaabsolutamente incapaz. Responsabilidade por fato de Coisa • Uma pessoa responde por dano causado por uma coisa de que tem a guarda. • Ex: Responsabilidade por danos causados por animais. • O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. TJ-RS - Apelação Cível AC 70050875079 RS (TJ-RS) Data de publicação: 23/01/2013 Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. LESÕES PROVOCADAS POR MORDIDA DE CÃO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DONO DO ANIMAL. ART. 936 DO CC . 1. A responsabilidade civil decorrente da guarda de animal é objetiva, só restando elidida nas hipóteses elencadas em lei. Caso dos autos em que o réu não se desonerou de provar a culpa exclusiva da vítima ou força maior, como impõe o art. 936 do Código Civil , impondo-se sua responsabilização pelas lesões provocadas pelos cães de sua propriedade. 2. Em relação ao autor Lúcio, devidos danos morais e estéticos presumidos, em valor que atenta à extensão do dano e orientado pelos parâmetros estabelecidos pela Câmara. Danos materiais emergentes consistentes nos gastos (comprovados) necessários para tratar a lesão sofrida. Lucros cessantes a serem liquidados, conforme conclusão pericial. TJ-RS - Recurso Cível 71003339926 RS (TJ-RS) Data de publicação: 18/04/2012 Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. OVELHAS QUE INVADEM ÁREA CONTÍGUA EM QUE CULTIVADA AVEIA E DESTINADA À EXPLORAÇÃO PECUÁRIA MEDIANTE A ENGORDA DE BOVINOS. DANOS OCASIONADOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO DONO DO ANIMAL . INDENIZAÇÃO. ARBITRAMENTO EQUITATIVO. POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 6º DA LEI DOS JUIZADOS. SENTENÇA, EM PARTE, REFORMADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Recurso Cível Nº 71003339926, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Carlos Eduardo Richinitti, Julgado em 12/04/2012) TJ-DF - APELAÇÃO CÍVEL AC 20040110861773 DF (TJ-DF) Data de publicação: 10/04/2007 • Ementa: CIVIL. DANOS MATERIAIS. ANIMAL SOLTO NA PISTA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO DONO DO ANIMAL. CULPA PRESUMIDA. 1. O DONO, OU DETENTOR, DO ANIMAL RESSARCIRÁ O DANO POR ESTE CAUSADO, SE NÃO PROVAR CULPA DA VÍTIMA OU FORÇA MAIOR. INTELIGÊNCIA DO ART. 936 DO CÓDIGO CIVIL . 2. NÃO DEMONSTRANDO O RÉU, ORA APELANTE, A OCORRÊNCIA DE CAUSAS EXCLUDENTES DE SUA RESPONSABILIDADE, DEVERÁ RESSARCIR OS PREJUÍZOS ORIUNDOS DA COLISÃO DO CAMINHÃO COM O ANIMAL DE SUA PROPRIEDADE. CUIDA-SE, IN CASU, DE CULPA PRESUMIDA. 3. APELO NÃO PROVIDO • Artigo 932 CC: São também responsáveis pela reparação Civil: I – Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade ou companhia; Art. 933: Não obriga a comprovação de culpa in vigilando dos pais, devendo estes responder pelos danos causados por seus filhos de forma objetiva; Atos Lesivos Não considerados ilícitos • A legítima Defesa: Se o ato foi praticado contra o próprio agressor, e em legítima defesa NÃO pode o agente ser responsabilizado pelos danos provocados. ART. 188. Não constituem atos ilícitos: I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir- lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram. Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I). TJ-RS - Apelação Cível AC 70053307237 RS (TJ-RS) Data de publicação: 11/04/2013 Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO DONO NO ANIMAL. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. DEVER DE INDENIZAR INOCORRENTE. É cediço que o dono ou detentor de animal, responde objetivamente pelos danos que este causar a outrem, salvo se comprovada a culpa da vítima ou força maior. Inteligência do art. 936 do CC/2002 , vigente à época do fato. Hipótese em que restou caracterizada a culpa exclusiva da autora que, sabedora da existência do animal no estabelecimento comercial e estando fechado o portão de acesso, entrou no local, sem permissão, vindo a ser atacada pelo cão, o que afasta a pretensão indenizatória. Responsabilidade objetiva que não dispensa a demonstração do nexo de causalidade. Sentença de improcedência mantida. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70053307237, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo Roberto Lessa Franz, Julgado em 21/03/2013) TJ-MG - Apelação Cível AC 10024121437685001 MG (TJ-MG) Data de publicação: 24/03/2014 • Ementa: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS - OFENSA À HONRA OBJETIVA E À IMAGEM DE PESSOA JURÍDICA - ABUSO NO EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO - ATO ILÍCITO DEVIDAMENTE PROVADO - DEVER DE INDENIZAR - INTELIGÊNCIA DA SÚMULA Nº. 227 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - QUANTUM INDENIZATÓRIO - CRITÉRIOS PARA SUA FIXAÇÃO - PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE - GRATUIDADE DE JUSTIÇA - SINDICATO - MERA ALEGAÇÃO - NÃO COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA - INDEFERIMENTO - RECURSO DESPROVIDO. - O direito à reparação civil exige a ocorrência de ato ilícito, de dano e de nexo de causalidade entre um e outro. Assim, aquele que, no exercício da liberdade de manifestação do pensamento, viola direito ou causa prejuízo a outrem, deve ser obrigado a reparar o dano, ainda que exclusivamente moral. - "A pessoa jurídica pode sofrer dano moral." - A reparação moral tem função compensatória e punitiva. A primeira, compensatória, deve ser analisada sob os prismas da extensão do dano e das condições pessoais da vítima. A finalidade punitiva, por sua vez, tem caráter pedagógico e preventivo, pois visa desestimular o ofensor a reiterar a conduta ilícita. A fixação do quantum indenizatório deve se dar com prudente arbítrio, observadas as circunstâncias do caso, para que não haja enriquecimento à custa do empobrecimento alheio, mas também para que o valor não seja irrisório. - "A concessão do benefício da justiça gratuita, instituída pela Lei nº 1.060 /1950, não é possível às pessoas jurídicas, exceto quando as mesmas exercerem atividades de fins tipicamente filantrópicos ou de caráter beneficente, desde que comprovada, nos termos da lei, a sua impossibilidade financeira para arcar com as custas do processo."
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