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TEORIA GERAL DOS RECURSOS

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TEORIA GERAL DOS RECURSOS
Conceito
Recurso é o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna.
É preciso que se tenha em mente, pois, que o recurso é, antes de mais nada, um remédio voluntário.
Significa isto dizer que a interposição do recurso é um ato de vontade. O recurso é uma manifestação de insatisfação.
Recorre contra uma decisão judicial aquele que vê seus interesses contrariados pelo provimento. 
Natureza jurídica
Os recursos podem ser considerados como uma extensão do próprio direito de ação. Só se interpõem recursos de decisões proferidas em processos vivos.
No direito brasileiro, decisões proferidas em processos findos são impugnáveis por meio de ações impugnativas autônomas, que são a ação rescisória, a ação anulatória, a ação declaratória de inexistência jurídica e o mandado de segurança, estes últimos em casos excepcionalíssimos.
A atividade de interpor um recurso, como, de regra, a atividade das partes no processo, consiste num ônus, assim como também o é o ato de contestar ou de impugnar, especificamente, cada um dos fatos deduzidos na inicial.
O que caracteriza o ônus, e o diferencia de outras figuras como a obrigação ou o dever, é que, quando a atividade, a que corresponde o ônus, é desempenhada, quem, de regra, com isso se beneficia é a própria parte que a desempenha (e se desincumbe do ônus, portanto), e não aquela que se encontra no outro pólo da relação jurídica, como acontece com a obrigação.
Quando a parte se omite, entretanto, normalmente as conseqüências negativas decorrentes dessa omissão voltar-se-ão exatamente contra aquele que se omitiu.
Uma das características do recurso é a voluntariedade, e exatamente por faltar esta característica, bem como a tipicidade, necessecidade de fundamentação, a tempestividade e o preparo, não se deve atribuir natureza recursal ao ato de remessa obrigatória de determinados processo ao tribunal, nos termos do art. 496 do CPC.
Finalidades
Os recursos podem ter em vista reformar, invalidar, esclarecer ou integrar a decisão impugnada ou parte dela. Na verdade, só os dois primeiros é que são objetivos típicos dos recursos.
Espécies
No direito brasileiro, prevêem-se diversas espécies de recursos:
O agravo de instrumento, agravo interno perante o Tribunal, a apelação, o recurso ordinário, os embargos de divergência e os embargos de declaração — estes previstos apenas pelo Código de Processo Civil — e os recursos especial e extraordinário, a que se deu dignidade constitucional com os recursos de agravo.
Também se pode mencionar o recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça, que muito se aproxima da apelação, assim como os embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário.
Existem outros recursos previstos em legislações extravagantes como por exemplo embargos infrigentes na LEF, recurso inominado no JEC.
Juízo de admissibilidade e juizo de mérito
O juízo de admissibilidade dos recursos consiste na verificação, pelo juízo competente para a sua realização, da presença dos requisitos de admissibilidade da espécie recursal de que se tenha servido a parte para impugnar a decisão que lhe foi desfavorável.
Trata-se de fenômeno assemelhado ao que ocorre com a ação. Nesta, o Poder Judiciário só procederá ao exame do mérito (isto é, do pedido formulado pela parte, na petição inicial) se superado com sucesso o juízo de admissibilidade, isto é, se verificar que estão presentes as condições da ação e os pressupostos processuais e se estão ausentes os pressupostos processuais negativos.
No caso do juízo de admissibilidade dos recursos, trata-se de verificar se estão presentes os pressupostos cuja ausência desautoriza o conhecimento do recurso, determinando, conseqüentemente, em razão de seu não conhecimento (juízo de admissibilidade negativo), que o tribunal nem mesmo chegue a analisar o mérito desse recurso.
No novo CPC, ao contrário do que ocorria no antigo, o juízo de admissibilidade dos recursos deve ser feito exclusivamente pelo órgão competente, em tese, para o seu julgamento.
Nos casos de recurso especial e extraordinário a Lei nº 13.256/2016, alterou o novo CPC, atribuindo ao tribunal recorrido competência para exercer o juízo de admissibilidade.
O tribunal verificará se o recurso é cabível, se está presente a legitimidade para recorrer, se há interesse em recorrer, se o recurso é tempestivo se está preparado.
Admitido ou conhecido o recurso, o tribunal proferirá o juízo de mérito, dando ou não provimento ao recurso interposto pela parte surgindo três posições jurídicas para o recorrente:
direito de interpor o recurso;
direito de ver o mérito de recurso julgado;
direito de ver o recurso provido.
Um dos pressupostos do exame do mérito dos recursos em geral é o seu preparo, isto é, o pagamento das custas processuais incidentes sobre aquela espécie recursal, que deve ser feito anteriormente à sua interposição e deve ser comprovado no momento em que o recurso for interposto.
Estão dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal pelos Estados, Municípios (e respectivas autarquias) e pelos que gozam de isenção legal.
Estão dispensados de preparo de porte de remessa e retorno os processo em autos eletrônicos.
A deserção só poderá ser decretada se o recorrente, intimado para complementar o preparo tido como insuficiente, não o fizer no prazo de cinco dias.
O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e retorno, será intimado na pessoa de seu procurador, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.
O mérito do recurso, por outro lado, muitas vezes (mas nem sempre) é o mesmo mérito da ação. Na apelação, por exemplo, se se julgou procedente ou improcedente o pedido, o mérito do recurso será exatamente o mesmo, enquanto no agravo ou nos embargos de declaração (via de regra) não coincide o mérito do recurso com o mérito da ação.
Pressupostos e condições gerais dos recursos.
Os pressupostos dos recursos não são mais do que as condições da ação e os pressupostos processuais reexaminados em fase recursal e segundo as peculiaridades dessa etapa do processo.
Os pressupostos e condições gerais dos recursos podem ser divididos em pressupostos e condições objetivos e pressupostos e condições subjetivos.
São pressupostos objetivos: 1) o cabimento e a adequação do recurso; 2) a tempestividade; 3) a regularidade procedimental, incluídos nesta o pagamento das custas e a motivação; e 4) a inexistência de fato impeditivo ou extintivo.
São pressupostos subjetivos: 1) a legitimidade; e 2) o interesse, que decorre da sucumbência.
O cabimento do recurso significa a existência no sistema processual brasileiro do tipo de recurso que se pretende utilizar e sua adequação, ou seja, sua aplicabilidade à reforma da decisão impugnada, e também que a decisão seja recorrível.
Assim, além de existir no sistema processual brasileiro como possível para determinada decisão, o recurso deve ser o próprio para atacar a decisão que gerou o gravame.
Dois princípios norteiam o problema da adequação: o da unirrecorribilidade e o da fungibilidade dos recursos.
Quanto à tempestividade, prevê a lei determinado prazo para cada recurso.
O art. 1003 § 5º do Código tentou a unificação, estabelecendo que em todos os recursos, salvo o agravo e os embargos de declaração, o prazo para interpor e para responder será sempre de 15 dias..
Os embargos de declaração (art. 1023) têm prazo de cinco dias e os embargos infringentes da Lei n. 6.830/80, prazo de dez dias.
O prazo de interposição dos recursos é próprio, fatal e imprororogável. Somente se sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o processo, tal prazo será restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr depois da intimação (art.1004).
Nos termos do art. 221, a restituição em geral faz pelo restante do prazo e não integralmente, quando há suspensão do processo por morte das partes ou seu procurador, mas a 
regra especial do art.1004 em matéria recursal prevalece sobre a regra geral do art. 221, uma vez que o art.1004 expressamente afirma que após a intimação o prazo começará a correr novamente.
Nos outros casos de suspensão do processo, como as férias, por exemplo, não previstos no art. 1004, aplica-se a regra de que, na suspensão o prazo recomeça a correr pelo restante.
Finalmente, resta observar que a força maior que admite a devolução do prazo deve ser provada, tendo sido a jurisprudência bastante parcimoniosa em reconhecê-la, bem como a justa causa do art. 223, § 1, que também justifica a devolução dos prazos em geral.
O prazo para a interposição dos recursos conta-se da data da leitura da sentença em audiência, da intimação às partes quando a sentença não foi proferida em audiência, ou da publicação do dispositivo do acórdão no órgão oficial.
No prazo de interposição do recurso, a petição será protocolada em cartório ou segundo a norma de organização judiciária, com a possibilidade do protocolo integrado.
Para que o recurso seja conhecido, é necessário, também, que seja interposto formalmente em ordem e assim se desenvolva. Entre os requisitos procedimentais estão a exigência de ser o recurso interposto por petição, contendo motivação e pedido de nova decisão, bem como o pagamento das custas referentes ao recurso, que é o preparo.
O meio idôneo para recorrer, de regra, é a petição. Essa petição deve conter o juiz ou tribunal a que é dirigida, o nome das partes, o nome do recurso, os motivos do recurso e o pedido de reforma, anulação, esclarecimento ou integração que se pretende.
A motivação é essencial para o esclarecimento do conteúdo do pedido de reforma, para a delimitação, inclusive, da pretensão recursal. O pedido é a própria essência do recurso, porque nele está contida a pretensão de modificação.
Para recorrer é preciso que o recorrente tenha legitimidade. Assim como para a ação, é preciso que a parte possa levar sua pretensão ao Judiciário, porque é titular da relação jurídica discutida ou porque esteja expressamente autorizado em lei.
Podem recorrer: as partes, o terceiro prejudicado e o Ministério Público. A legitimidade das partes é natural e ordinária. Tendo atuado no processo, às partes, de regra, cabe recorrer.
É preciso entender, porém, que parte, para fins de recurso, não é apenas o autor e o réu, mas todos os que tenham participado, ainda que limitadamente, de uma parcela do contraditório.
Assim, está legitimado para recorrer um licitante na arrematação nas questões sobre ela decididas. O licitante na arrematação pode ser um terceiro que só nesse momento ingressa para o ato especifico executorio e ai se torna parte, estando ordinariamente legitimado a recorrer.
Pode tambem recorrer o terceiro prejudicado, intervindo quem ate então não tinha sido parte no feito. Ao recorrer, deve o terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida a apreciação judicial (art. 996, parágrafo único). A rigor pode recorrer quem poderia ter sido assistente, ou outra forma de intervenção e não o foi.
Além desses, podem também recorrer como terceiros prejudicados aqueles que, não tendo participado do contraditório, seriam prejudicados se a sentença fosse eficaz contra eles, caso tivessem sido partes. Por exemplo, alguém que deveria ter sido litisconsorte necessário, mas não foi citado, pode recorrer como terceiro apenas para pleitear a nulidade da decisao. Ha necessidade, porem, sempre, de interesse jurídico.
Tem também legitimidade para recorrer o Ministério Público, nos processos em que intervém como parte ou como fiscal da lei e também nos processos em que deveria intervir e não participou, com o fim de pleitear a nulidade da sentença (art. 996).
Finalmente, é pressuposto subjetivo dos recursos a sucumbência.
A sucumbência, que se identifica com o interesse de recorrer, é a situação de prejuízo causado pela decisão. Não, porém, prejuízo no sentido material de dano, mesmo porque, como o direito de ação é abstrato, para demandar e para recorrer não se exige que alguém esteja realmente prejudicado, porque é a própria decisão jurisdicional que vai definir quem tem razão.
Prejuízo, para fins de recurso, tem sentido comparativo, de relação entre a expectativa da parte e o que foi decidido. Não apenas é sucumbente aquele que pediu e não foi atendido integralmente; é também aquele que poderia esperar algo explícita ou implicitamente da decisão e não obteve.
O que provoca a sucumbência, porém, não são os argumentos ou a fundamentação da decisão, mas sim o seu dispositivo, a parte decisória propriamente dita. Assim, se uma ação ou uma defesa tem mais de um fundamento e o juiz acolhe apenas um deles, mas que considera bastante para a procedência integral, não é porque repeliu o outro que a parte vencedora vem a ser sucumbente. Desde que o pedido tenha sido integralmente acolhido, a fundamentação não causa sucumbência, embora haja posição em contrário.
A sucumbência pode ser parcial ou total, segundo a violação da expectativa tenha sido integral ou em parte. No caso de sucumbência parcial, ela é também recíproca, atingindo ambas as partes, porque, se a decisão desatendeu em parte uma pretensão, é porque, em parte, atendeu causando gravame à parte contrária.
No caso de sucumbência recíproca ou bilateral, ambas as partes podem recorrer da parte de que discordam.
Tais são os pressupostos e condições dos recursos, indispensáveis para seu conhecimento, além de pressupostos específicos de cada recurso. Se estiverem presentes, pode o tribunal examinar o pedido neles contido e dar ou não provimento.
Princípios inspiradores do sistema recursal brasileiro.
Os princípios gerais dos recursos são princípios fundamentais aplicáveis ao sistema recursal como um todo, pois foram adotados pelo sistema jurídico por opção política e ideológica.
Todos eles, direta ou indiretamente, decorrem necessariamente de princípios fundamentais do processo civil ou de princípios constitucionais.
O sistema recursal brasileiro é digno de muitos elogios. É bem engendrado e opera bastante satisfatoriamente. O que era um problema sob a vigência do Código.
Princípio da correspondência
No direito brasileiro atual, existe uma correspondência bastante expressiva entre os tipos de recurso e os tipos de decisão. Esta a principal razão em função da qual é relevante a classificação, para a possibilidade de identificação, dos pronunciamentos judiciais.
Existem, fundamentalmente, quatro espécies de pronunciamentos judiciais: os despachos, as decisões interlocutórias, as sentenças e os acórdãos.
Os despachos são os pronunciamentos do juiz desprovidos de conteúdo significativamente decisório, se diz que não são recorríveis.
As decisões interlocutórias são todos os pronunciamentos decisórios do juiz que não se encartam nos arts. 485 ou 487 e que, portanto, não declaram a impossibilidade de julgar o mérito da causa nem resolvem tal mérito. Seus conteúdos são imensamente variáveis, podem ser agraváveis por instrumento.
Já as sentenças têm um conteúdo definido em lei. Serão sentenças as decisões cujos teores encartarem-se nos arts. 485 ou 487 do CPC, ou seja, que declaram a impossibilidade de julgar o mérito da causa ou resolvem tal mérito, cabe recurso de apelação.
Finalmente, há os acórdãos, que se distinguem dos demais pronunciamentos do Judiciário por um critério formal: emanam de um órgão coletivo. Seus possíveis conteúdos também são variadíssimos. Podem consubstanciar-se no julgamento de apelação, de agravo, de exceção, de embargos de declaração, de embargos de divergência etc.
Dos acórdãos podem caber o recurso especial, para o Superior Tribunal de Justiça. Trata-se de recurso que consiste, em parte, no antigo recurso extraordinário, anterior à Constituição Federal de 1988. Com a CF/1988,no âmbito do recurso especial ficaram as questões não constitucionais, sendo estas, hoje, impugnáveis por meio do recurso extraordinário, este de competência, ainda, do Supremo Tribunal Federal.
Tanto o recurso especial quanto o recurso extraordinário cabem apenas depois de exauridos os demais recursos (ditos “ordinários” em sentido amplo).
Decisões dos Tribunais Regionais Federais ou dos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal ou dos territórios, que contrariarem ou negarem vigência a tratado ou a lei federal, que julgarem válido ato do governo local contestado em face da lei federal ou que derem à lei federal interpretação diferente da que lhe haja dado outro tribunal serão impugnáveis por meio do recurso especial (CF, art. 105,III).
Ao recurso extraordinário ficou reservada a tarefa de zelar pelo cumprimento da Constituição Federal, reformando decisões que contrariem artigo da Constituição Federal, que declararem a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, e que julgarem válida lei ou ato do governo local contestado em face da Constituição Federal (CF, art. 102,III).
Cabe também ao Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário, examinar as decisões que julguem válidas leis locais contestadas em face de leis federais (CF, art. 102,III, alínea a. Dos acórdãos, em hipóteses restritas, também pode caber o recurso ordinário, para o SupremoTribunal Federal (CF,art. 102,II) e para o Superior Tribunal de justiça (CF, art. 105,II).
O STF julga recursos ordinários em matéria civil interpostos de decisões proferidas por tribunais superiores, em única instância, que não acolheram habeas corpus, mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção.
O STJ julga recurso ordinário de babeas corpus e de mandado de segurança decididos e não acolhidos em única ou em ultima instância pelos TRF ou tribunais estaduais, do DF e dos territórios e das decisões de primeiro grau, nas causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, de outro, município ou pessoa residente ou domiciliada no país.
O recurso ordinário é um recurso assemelhável à apelação.
De todos estes pronunciamentos e de todas estas espécies de acórdãos, inclusive de despachos de mero expediente cabem embargos de declaração, se se configurarem, é claro, os pressupostos de sua admissibilidade.
Os embargos de declaração são um recurso de características peculiares que não tem por objetivo a alteração da decisão impugnada, mas o esclarecimento ou a integração. Só pode a decisão alterar-se em virtude da interposição de embargos de declaração quando, em virtude do esclarecimento ou da supressão da omissão, se der esta mudança.
Principio da taxatividade
Segundo esse princípio, só há os recursos que a lei federal prevê. As normas processuais que tipificam os recursos, criando-os, não podem ser interpretadas extensivamente ou analogicamente. Assim, a taxatividade dos recursos significa a necessidade de que sejam criados por lei federal, nada impedindo, portanto, que haja recursos, previstos por outras leis federais, fora do sistema do Código de Processo Civil.
Princípio da unicidade (da singularidade ou da unirrecorribilidade)
Dos princípios habitualmente mencionados como inspiradores da sistemática recursal merece lembrança o da unicidade, que consiste na regra de que contra uma decisão só deve caber um recurso ou, pelo menos, um por vez.
Até recentemente, uma das exceções a tal princípio dava-se quando o acórdão que julgasse apelação ou ação rescisória fosse em parte unânime e em parte por maioria. Havia, então, a necessidade da propositura simultânea de embargos infringentes, contra a parte não-unânime, e recurso especial e (ou) extraordinário, contra a parte unânime, sob pena de preclusão. Mas essa exceção deixou de existir, com a redação dada ao art. 498 do CPC de 1973.
Mas continua havendo outra exceção: quando, de uma decisão, podem caber recurso extraordinário e recurso especial, ambos devem ser interpostos concomitantemente, sob pena de preclusão, sendo certo que o recurso especial será julgado primeiramente.
Principio da fungibilidade
Segundo este princípio, um recurso pode ser recebido por outro, sob certas condições.
Previsto no art. 810 do CPC de 1939, não encontrou previsão expressa no CPC de 1973 nem no novo, mas subsiste como princípio, porque não contraria o sistema por decorrer do princípio da instrumentalidade das formas, devendo ser observado a falta de má-fé e o erro não for grosseiro.
A ausência de má-fé é requisito que não deve ser exigido para aplicação do princípio, em face da dificuldade de apurar ral requesito.
Segundo a melhor doutrina o único que pode ser exigido é que não haja erro grosseiro, e isto significa que deve haver dúvidas objetivamente demonstráveis ou atestáveis por divergências no plano doutrinário ou jurisprudencial, a respeito de qual seja exatamente o recurso cabível, no caso.
Princípio da proibição da reformatio in peius
No direito brasileiro, a noção de interesse em recorrer repousa sobre circunstância colhida no passado, que é a sucumbência, e perspectiva futura de melhora da situação.
Assim, pode recorrer aquele que tiver obtido menos do que pleiteou e que, simultaneamente, puder vislumbrar a possível obtenção de vantagem com o julgamento do recurso.
É que, no direito brasileiro, se proíbe a reformatio in peius. Isto significa que o recorrente nunca corre o risco de ver a sua situação piorada. Com a interposição da apelação, devolve-se para o tribunal exclusivamente a defasagem entre o pedido e o obtido com a sentença, podendo a decisão manter-se como estava acolher o pedido inicial.
A única hipótese em que o sistema permite a piora da situação do recorrente é a da necessidade de o órgão ad quem decidir matéria de ordem pública. Assim, por exemplo, o autor que recorreu por ter sido considerado parte ilegítima pode eventualmente ter essa decisão alterada para pior, se se chegar à conclusão de que havia coisa julgada anterior.
Princípio do duplo grau de jurisdição
Este princípio nasceu da preocupação com o abuso do poder pelos magistrados. Tem sido entendido como garantia fundamental de boa justiça. Consiste no princípio segundo o qual uma mesma matéria deve ser decidida duas vezes, por dois órgãos diferentes do Poder judiciário.
Tem prevalecido o entendimento de que não se trata de garantia constitucional absoluta ou princípio que não possa apresentar exceções. Nada impede, portanto, que, excepcionalmente, haja lei ordinaria segundo a qual, em determinadas circunstâncias, não caberá, por exemplo, o recurso de apelação, como é o caso do embargos infrigentes previstos no art. 34 da lei nº 6.830/80.
Princípio da voluntariedade.
Exige a iniciativa da parte para fins de interposição do recurso e de igual forma, confere-se ao recorrente a liberdade de fixar o âmbito de abrangência do mesmo, facultando-lhe a impugnação total ou parcial da decisão impugnada.
Princípio da dialeticidade dos recursos
Impõe ao recorrente o ônus de apresentar as razões de seu inconformismo, porque, somente assim poderá à parte contrária opor-se ao seu insurgimento.
A observância do contraditório, em sede recursal, somente é possível se o recorrente declinar o motivo do pedido de reexame da decisão, daí dizer-se que o recurso deverá ser dialético e discursivo.
Princípio da complemantariedade
Por tal princípio o recorrente poderá complementar a fundamentação de seu recurso já interposto, se houver alteração ou integração da decisão, em virtude de acolhimnento de embargos de declaração.
Princípio da consumação
Interposto o recurso a recorrente não pode interpor novo recurso, complementá-lo, aditá-lo ou corrigi-lo, podendo apenas desistir do recurso interposto, art. 998 do CPC.
Portanto, no ato de interposição do recurso o mesmo deve estar completo, com observãncia do todos os requisitos para sua admissibilidade.
Princípio do esgotamento das vias recursais
Está consubstanciado na exigência de que o vencido utilize todos os recursos cabíveis peranteo juízo ou o tribunal “a quo”, antes de interpor recurso para a corte “ad quem”, haja vista que os recursos especial e extraordinário somente serão julgados pelos tribunais superiores após julgamento em única ou última instância pelos tribunais superiores.
Assim, se a decisão do tribunal “a quo” comportar embargos de divergência a parte deverá inicialmente propor o recurso de embargos de divergência perante o tribunal para após a decisão aviar o recurso especial, nesse sentido a súmula nº 207 do STJ.
No mesmo sentido, as decisões monocráticas do relator deverão desafiar agravo interno, para posteriomente serem interpostos recursos para os tribunais superiores.
Principio da Colegialidade
Os tribunais superiores são compostos de órgãos colegiados responsáveis pelo julgamento das causas para as quais a Corte é competente, isto é, são compostas de órgãos julgadores integrados por trêsou mais desembargadores ou ministros.
Os recursos, como regra, são julgados por órgãos colegiados, o que proporciona tendencialmente um maior debate na formação da decisão.
Efeitos dos recursos
Os recursos têm ou podem ter inúmeros efeitos, embora a doutrina de forma unânime destaca três.
O primeiro deles consiste em obstar a ocorrência da preclusão e a formação da coisa julgada, pelo menos com relação à parte da decisão de que se está recorrendo.
O segundo consiste em que todo recurso tem efeito devolutivo. É ultrapassada a idéia de que só ocorre o efeito devolutivo quando a matéria a ser reexaminada pelo Poder judiciário seja devolvida para um órgão superior àquele de que emanou a decisão. Há devolutividade, ainda que seja para o mesmo órgão, como os embargos de declaração ou o agravo, quando há juízo de retratação.
Por fim, é importante ressaltar que o terceiro efeito suspensivo é aquele que tem o condão não de suspender (pois, na verdade, nada haverá em curso), mas de obstar o início da execução. Não havendo este efeito, a execução provisória pode ter início.
Outros efeitos dos recursos
Efeito substitutivo, que consiste em substituir a decisão recorrida no que tiver sido objeto do recurso (error in iudicando).
Efeito translativo, próprio da apelação, para alguns autores não deve ser considerado como efeito autônomo, mas como peculiaridade do efeito devolutivo, admitido na hipótese dos arts. 1.013 §§ 1º e 3º , julgamento recursal além daquilo que foi objeto de impugnação.
Efeito expansivo, que consiste na possibilidade de o julgamento do recurso ensejar decisão mais abrangente do que o reexame da matéria impugnada, que é o mérito do recurso. O efeito expansivo internose dá quando no julgamento de uma apelação o tribunal acolhe preliminar de litispendência, tal decisão estende sobre toda a sentença invalidando-a, extinguindo o processo.
O efeito expansivo externo se dá quando é provido recurso de agravo sem efeito suspensivo anulando todos os atos processuais posteriores a decisão hostilizada. Efeito expansivo subjetivo, o efeito do recurso de um litisconsorte estende a outro nos termos do art. 1005 do CPC.
Efeito ativo ou suspensivo ativo, que consiste na possibilidade de o relator conceder, antes do julgamento pelo órgão colegiado, a pretensão recursal almejada.
Nos embargos podem ser citados os seguintes efeitos:
Integrativo ou aclaratório, uma vez que tal recurso visa a integração ou esclarecimento da decisão.
Interruptivo, porque interrompe o prazo para a propositura de outros recursos.
Modificativo ou infrigente, ocorre excepcionalmente, quando em razão da eliminação de eventual obscuridade, contradição ou omissão na setença, seu dispositivo é alterado.
Pré-questionador, porque os embargos podem ser manejados para que o juízo de origem decida sobre questão constitucional ou federal que se quer ver apreciada pelo STJ ou STF.
Classfficação dos recursos
Podemos citar algumas espécies de classificação, fundadas em critérios diferentes, e que a nosso ver são as mais importantes.
Em função do objeto tutelado pelos recursos, podemos classificá-los em recursos ordinários, nos quais pretende a parte ver reapreciado pelo Poder judiciário um direito seu e extraordinários, nos quais o que se tutela é o sistema jurídico ou, em outras palavras, o direito objetivo. Desempenha papel bastante importante na formulação desses recursos a demonstração de que, se mantida a decisão, corre risco a integridade do sistema, já que, por exemplo, determinada norma do Código Civil teria sido desrespeitada.
Segundo um outro critério, que diz respeito à fundamentação, os recursos podem ser classificados em recursos de fundamentação livre, nos quais são aqueles em que a parte pode alegar, respeitadas as preclusões, uma série infinita de razões, para provocar a alteração da decisão que lhe desfavoreceu, como, por exemplo, a apelação e recursos de fundamentação vinculada, são aqueles em que a lei só permite que seja baseado em determinados fundamentos a respeito dos quais dispõe expressamente, como por exemplo o recurso especial com alegação de violação de lei federal, que deverá ser demonstrada a violação, não se discutindo questão referente a prova produzida nos autos.
Terceiro critério e quanto a extensão da matéria impugnada, que pode ser total, impugnação de todo o conteúdo impugnável ou parcial quando se impugna parcialmente a decisão hostilizada, Antônio quer receber R$ 100,00 e o pedido é julgado improcedente, se recorrer pretendendo receber o valor cobrado na inicial o recurso é total, se pretender receber R$50,00 o recurso é parcial.
Quarto critério é referente a autonomia, ou seja se o recurso é principal ou acessório.
Extinção anômala das vias recursais
Interposto o recurso, o procedimento se desenvolve de modo que sua extinção natural seja pelo julgamento pelo tribunal ad quem, com as seguintes situações: 1- nega-se provimento ao recurso; 2- dá-se provimento ao recurso, para reformar a decisão recorrida (error iu iudicando); 3- dá-se provimento ao recurso, para invalidar a decisão recorrida (error in procedendo).
Todavia, alguns fatos podem ocorrer que determinem a extinção prematura ou anormal dos recursos, antes mesmo de seu exame pelo tribunal. Esses fatos são os seguintes: 1) a deserção; 2) a desistência; 3) a renúncia.
A desistência é o abandono do recurso, já interposto, podendo ser expressa ou tácita. A desistência tácita decorre de algum ato extraprocessual incompatível com o processamento do recurso, por exemplo, a transação incondicionada sobre objeto litigioso, a renúncia ao direito litigioso, o cumprimento voluntário e incondicionado da sentença etc. Trata-se de caso de preclusão lógica.
A renúncia é a manifestação de vontade de não recorrer, podendo, também, ser expressa ou tácita, antes mesmo da interposição do recurso. A renúncia tácita decorre da aceitação de decisão ou sentença, mediante a prática, sem reserva, de algum ato incompatível com a vontade de recorrer.
A desistência ou a renúncia não dependem de concordância quer de litisconsortes, quer da parte contrária. A situação é diferente da hipótese de desistência da ação antes da sentença. Neste caso, a desistência da ação depende da concordância da parte contrária, que tem direito a uma sentença de mérito.
Após a sentença, porém, como já se deu o pronunciamento jurisdicional, a desistência (como a renúncia) impporta em trânsito em julgado da decisão favorável à parte contrária, que não tem interesse em dela discordar.

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