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UNIVERSIDADE de BRASÍLIA 138037 - Geografia Física 2: Meteorologia e Climatologia. Responsável: Prof. Dr. Fábio Cunha Conde, Departamento de Geografia. Aula – 5 Radiação solar. Balanço de radiação. Radiação Solar e Terrestre 1.1 Sol como Fonte de Energia O sol fornece 99,97 % do calor necessário para os processos físicos que acontecem no sistema terra – atmosfera. A cada minuto, o sol irradia aproximadamente 56 x 1026 Cal de energia. Em termos de energia por unidade de área e de tempo incidente em uma superfície esférica, concêntrica com o sol e de raio 1,5 x 1013 cm (distância média entre o sol e a terra) a energia é igual: 1 213 126 min0,2 105,14 min1056 ly cm Cal S (1) onde S (1,97 ly min-1) é a constante solar, definida como o fluxo de radiação solar que chega ao topo da atmosfera terrestre e é recebido em uma superfície perpendicular a direção do sol à distância média entre o sol e a terra. A energia total interceptada pela terra por unidade de tempo é igual à .a2.S onde a é o raio médio da terra (a = 6,37 x 108 cm), logo: .a2.S = 2,55 x 10 18 cal.min-1 = 3,67 x 1021 cal.dia-1 Esta energia é espalhada uniformemente sobre toda a superfície terrestre (a terra gira). A quantidade de energia recebida por unidade de área e tempo no topo da atmosfera (Qtopo) é um quarto da constante solar, ou seja: 11 2 2 .236min.5,0 44 anoklyly S a Sa Qtopo (1.1) Na realidade a distribuição não é uniforme, o valor anual no equador é cerca de 2,4 vezes maior que perto dos pólos. 1.2 Leis da Radiação 1.2.1 Lei de Kirchhoff: Para certo comprimento de onda e temperatura, a absorvidade de um material é igual a sua emissividade (E), ou seja: a = E . Embora a terra em valor absoluto quase não emita energia, ela ainda é um eficiente absorvedor nesse comprimento de onda. 1.2.2 Lei de Beer. Suponhamos que entre uma camada (1) e (2), haja um meio homogêneo. A absorção nesse meio será diretamente proporcional a espessura da camada e a intensidade da radiação incidente (I(x)), ou seja: dxIKdI (1.2) onde K representa um coeficiente de absorção da camada e é a densidade da substância. Integrando-se a equação (1.2), tem-se: x dxk oeII 0 (1.3) Esta expressão é conhecida como a lei de Beer. Definindo espessura óptica como: x dxu 0 (ML-2) (1.4) ou seja, a massa do material absorvente pelo qual a radiação passa. Se a espessura óptica total for u*, a transmissividade monocromática (), pode ser expressa por: = *2 uK o e I xI (1.5) se a refletividade da camada for igual a zero, então: a = 1 - = 1 – e-Ku* (1.6) 1.2.3 Equação de Shwarzschild Considera-se um feixe de radiação de intensidade I passando por uma camada onde tanto a absorção como emissão, acontecem de acordo com as equações (1.2) e (1.4), a radiação absorvida em uma espessura óptica, du, pode ser expressa por KIdu. A lei de Kirchhoff exige que a emissão na camada seja KI*du onde I* representa a intensidade monocromática do corpo negro. O saldo de intensidade total será: * IIK du dI (1.7) A equação acima é conhecida como equação de Shwarzschild e pode ser integrada caso a temperatura e o coeficiente de absorção, a forem conhecidos. 1.2.4 Lei de Planck. A lei de Planck pode ser escrita sob forma de uma equação que estabelece a distribuição do fluxo de energia emitida por um corpo negro em função do comprimento de onda e da temperatura do corpo negro: 12 5 1 1exp TCCI (1.8) onde I é o fluxo de energia emitida na banda de a ( + d), T é a temperatura absoluta, em graus Kelvin, do corpo negro e C1 e C2 são constantes. Como existe uma relação entre comprimento de onda e freqüência (), ( = C), a lei de Planck pode ser escrita em termos de freqüência: 143 1exp 3 TCCI (1.9) onde C3 e C4 são constantes. E é o fluxo de energia emitida pelo corpo negro na banda de freqüência a + d. que é diferente da energia emitida em uma largura de banda d. A relação entre essas energias é: I C I 2 (1.10) A distribuição do fluxo de energia de um corpo negro de acordo com a Lei de Planck é usualmente representada em um gráfico I versus . A figura 1 mostra I do corpo negro a diferentes temperaturas. A área sob uma dessas curvas, como exemplo 6000º K, determina o fluxo total de energia emitida por todos comprimentos de onda, que é obtida por integração da lei de Planck. Figura 1: distribuição da densidade do fluxo de radiação por unidade de comprimento de onda () para três temperaturas (lei de Planck). 1.2.5 Lei de Stefan-Boltzmam Esta lei estabelece que o fluxo de energia emitida por um corpo negro é proporcional a quarta potência da temperatura absoluta. No caso do corpo em questão não ser um corpo negro a lei de Stefan–Boltzmam é escrita: I = ET4 (1.11) Onde E é a emissividade do corpo em questão e é a constante de Stefan– Boltzmam. O comprimento de onda no qual o fluxo de energia é máximo pode ser achado diferenciando a lei de Planck com respeito a . O resultado é conhecido como Lei de Wien é escrito: máxT = const. (1.12) Onde: const. = 0,2884 cm.ºK = 2884 ºK 1. 3. Absorção e Emissão de Radiação. Radiação é absorvida quando passa através de matéria, e a fração absorvida é uma característica do material. A razão da radiação absorvida para a radiação incidente a um certo comprimento de onda é chamada de absorvidade monocromática (a) e usualmente é em função do comprimento de onda. Um corpo com absorvidade igual a unidade para todos os comprimentos de onda é chamado de corpo negro. Perfeitos corpos negros não existem na natureza, mas eles se aproximam bem do corpo negro ideal especialmente no infravermelho. Da radiação incidente que não é absorvida, parte é transmitida e parte é refletida. O quociente da radiação refletida para a incidente é chamada de refletividade monocromática (r) e o quociente da transmitida para a incidente é chamado de transmissividade monocromática (T). As três razões estão relacionadas por: a+ r + T = 1 (1.13) Para um corpo negro r = T = 0, ou seja a = 1 para todos comprimentos de onda. 1.4 Radiação Solar no topo da atmosfera. A quantidade de radiação solar incidente no topo da atmosfera depende do ano, hora do dia e latitude. Seja Ah um elemento de área paralelo a superfície da terra no topo da atmosfera e An sua projeção num plano normal aos raios solares num dado instante, logo: AhAnZ cos (1.14) Onde z é o ângulo Zenital do sol, ou seja o ângulo que o sol faz com a vertical do local. A quantidade de energia que passa através da área Ah deve ser igual a que passa por An. Usando a definição da constante solar tem-se: AhQAn d d S S ´ 2 (1.15) onde d e d são respectivamente as distâncias instantânea e a média entre o sol e a terra, Q é o fluxo num dado instante de radiação solar através da área Ah. Combinando as duas equações acima, o resultado é: Z d d SQS cos 2 [ (1.16) O ângulo Zenite do Sol não é, em geral, medido diretamente e deve ser determinado a partir de outros ângulos conhecidos; na figura 2 (Humphys, 1940) P é o ponto de observação no topo da atmosfera e OV, o Zenite através desse ponto. Se o Sol estiver na direção OS ou PS, o plano formado por OV e OS interceptará a superfície da terra em um grande círculo e o ângulo VOS, medido pelo arco PX desse círculo, é igual a distância angular Sol – Zenite. No triângulo esférico NPX, o arco NX (X é o subponto do Sol) é igual a 90º menos a declinação solar , ou seja a distância angular do subponto X ao equador (positivo para hemisfério norte e negativo no sul). Finalmente o arco NP é igual a 90º menos a latitude do ponto de observação e o ângulo h que é o ângulo horário ou o ângulo que a terra deve girar para trazer o ponto P diretamente sob o Sol (P X). Da trigonometria esférica tem-se: coshcossensencos Z (1.17) A declinação solar () é em função do dia do ano e independe da localização do ponto de observação. Varia de 23º 27’ em 21 de junho a - 23º 27’ em 22 de dezembro. O ângulo horário é zero ao meio dia solar, isto é quando o sol está diretamente ao sul ou norte do ponto de observação e aumenta de 15º para cada antes ou depois do meio dia solar (sol a pino). As 0600hs, por exemplo, o ângulo horário é 90º, utilizando a equação (1.17). Nos pólos o ângulo de elevação do sol é sempre igual ao ângulo de declinação e durante 6 meses de luz solar, o sol circula acima do horizonte, nunca se elevando mais do que 23,5º. A transição entre o dia e a noite polar ocorre nos equinócios (20 de março e 23 de setembro), quando a = 0º e o caminho do sol coincide com o horizonte. Com o sol a pino (meio dia solar) em qualquer latitude cosh = 1, onde P X e Z = - e cosZ = sensen + coscos = cos ( - ). Ao nascer e ao por do sol em qualquer latitude, exceto nos pólos cosZ = 0, h = H = período de meio dia e cosH = -tantan. O período de meio dia será de 6 horas se tan = 0 (no equador todos dias) ou tan = 0 (nos equinócios em todas as latitudes exceto nos pólos). A latitude da noite polar pode ser calculada, tendo H = 0 na equação (1.15). Então: tan = - cot ( 0) e a latitude da noite polar é igual a 90º - () no inverno. A radiação solar total inicidente numa superfície horizontal no topo da atmosfera (QS) pode ser determinada somando ou integrando equação (1.15) do nascer ou por do sol. O resultado é: 2 1 1440 d d SdtQQ H H Ss (Hsensen + cossenH) ly/dia (1.18) Figura 2: Relação entre o ângulo solar (Z), a latitude (), a declinação solar (), o ângulo hora (H) e o azimute do sol (a). 1.5 Atenuação da Radiação na Atmosfera A radiação electromagnética ao atravessar um meio gasoso é absorvida, espalhada e refletida, parte do espalhamento retorna para o espaço (brilho da terra) e parte é dirigida em direção ao chão. A quantidade e direção do espalhamento depende da razão entre o diâmetro das partículas presentes e do comprimento de onda considerado. Se a razão é pequena, a quantidade espalhada é proporcional a 1/4. Este é o chamado espalhamento de Rayleigh. O exemplo típico é moléculas de átomos presentes no ar espalhando radiação visível. Os comprimentos de ondas menores são espalhados mais eficientemente pelas moléculas ou seja o azul mais do que o amarelo e vermelho; é por isso que o céu é azul. A medida que o diâmetro das partículas cresce o espalhamento se torna mais e mais independente do comprimento de ondas, até que para partículas suficientemente grandes comparadas com os comprimentos de onda, o espalhamento é neutro isto é igual para todos os . Este é o chamado espalhamento de Mie. Exemplo típico quando as gotas de água atingem um diâmetro muito maior que os comprimentos de ondas do visível, a luz espalhada aparece branca como no caso de nuvens e nevoeiro ou neblina. A absorção na atmosfera depende do gás e de sua quantidade presente na atmosfera. Não sendo verdadeiros corpos negros, os gases não absorvem igualmente em todos os comprimentos de ondas e sim apresentam espectros de absorção. A figura 3 apresenta os espectros dos gases absorventes mais importantes na atmosfera. A parte inferior da figura mostra a soma dos bandas de absorção, ou seja, a absorção da atmosfera. Existem quatro pontos importantes a serem observados: Na região do ultravioleta (0,1 a 0,3): o ozônio é o principal absorvente, protegendo dos raios UV que são letais a vida vegetal e animal; Cerca de 70% da energia solar está concentrada entre 0,3 e 0,7. A atmosfera absorve muito pouco nessa banda, permitindo que grande parte da energia solar chegue a superfície da terra; Cerca de 8 a 14, com excessão de uma pequena banda de absorção do ozônio, centrada a 9,6, a atmosfera quase não absorve. Essa banda é chamada de “ janela da atmosfera” pois o sistema terra–atmosfera perde energia para o espaço mantendo assim o equilíbrio térmico do planeta, válido para uma atmosfera limpa. Se nuvens ou poluentes estiverem presentes, eles tendem a absorver a radiação proveniente da superfície e emite proporcionalmente a sua temperatura. Acima de 14, a atmosfera é quase que totalmente opaca a radiação de onda longa ou infravermelho. Em resumo, a atmosfera é muito mais transparente à radiação visível que à infravermelha. Isto faz com que o sistema terra - atmosfera “aprisione” energia solar. Esse efeito é conhecido como efeito estufa (“greenhouse”). Radiômetros a bordo de satélites utilizam-se basicamente da Lei Stefan – Boltzman e das sondas de absorção para determinarem temperaturas da superfície e de outras camadas da atmosfera. Figura 3: Absorvidade da radiação solar para os gases e a distribuição relativa das densidades de fluxo de radiação solar (6000ºK) e terrestre (254ºK). 1.6 Radiação e o sistema Terra – Atmosfera. A radiação solar recebida pela terra é parcialmente refletida e parcialmente absorvida. Em um período longo, a energia absorvida deve ser igual a emitida pela terra – atmosfera para o espaço. Se não, a temperatura média da terra estaria aumentando ou diminuindo. A atmosfera recebe calor da radiação solar de onda curta, da radiação terrestre de onda longa e ainda da convecção, pela qual as correntes verticais de ar ascendente libertam energia calorífica (sensível ou latente) da superfície do Globo. A atmosfera perde calor irradiando para cima, para o espaço, para baixo e para o Globo. Sem esta convecção a superfície do Globo terrestre deveria estar muito mais quente, cerca de 67ºC, em vez de 15ºC, para poder emitir radiação suficiente para compensar o balanço do equilíbrio térmico. O espectro terrestre é diferente do solar como pode ser visto na figura 3. Nesse caso o sistema terra – atmosfera é considerada como um corpo negro a temperatura 254ºK. Note-se que o comprimento de onda para a superfície para o qual o fluxo emitido é máximo (lei de Wien) é 10 . As duas curvas estão claramente separadas em duas bandas espectrais uma acima e outra abaixo, por esta razão chama-se a radiação recebida do sol por ondas curtas e a radiação emitida pelo sistema Terra–atmosfera de ondas longas ou irradiação infravermelha. Atualmente, os satélites podem dizer-nos como é que esta radiação de onda longa é distribuída, através de medições das imagens no infravermelho. As observações mostram que as quantidades são as mais altas nas regiões desérticas, menores nas latitudes médiase as mais baixas nas regiões polares. 1.7 Interação da radiação solar com a superfície terrestre. A radiação solar absorvida na superfície da terra é um dos fatores primordiais na determinação do clima das regiões. A maneira de se determinar a quantidade de radiação absorvida por uma superfície é medindo a radiação que essa superfície reflete. A razão da radiação refletida pela incidente é chamada de albedo (refletividade da superfície na banda de ondas curtas) da superfície. A atmosfera, sem presença de nuvens, é praticamente transparente as ondas curtas (SWR), a radiação refletida é parcialmente mandada de volta para o espaço, pois dessa radiação é espalhada de volta para o espaço, pois parte dessa radiação é espalhada em direção ao chão. O valor do albedo do sistema terra-atmosfera é de 30%. Se por exemplo, aumenta a nebulosidade da terra, diminui a quantidade de energia absorvida pela terra e consequentemente a temperatura média do globo, pois menos energia ficaria disponível para os processos físicos que ocorrem na atmosfera, tendo consequência do aumento da cobertura de gelo nos oceanos. 1.7.1 Balanço Terra – Atmosfera: ganhos. Todos os orçamentos são uma questão de entrada e saída. Neste caso, as entradas são a radiação recebida do Sol e as saídas são a perda de radiação pela Terra. A longo prazo, estas quantidades deveriam equilibrar-se, mas no decurso da história da Terra é sabido que deve ter havido pequenos desequilíbrios, como evidenciam as ocorrências de idades do gelo. O sol emite radiação de onda curta a uma razão que varia pouco, pelo que é designada constante solar. Esta emissão fornece a energia para toda a vida natural e movimentos no nosso planeta. Quando atinge a Terra a radiação solar é refletida, retrodifundida e absorvida por vários componentes: 6% é retrodifundida para o espaço pelo próprio ar, 20% é refletida pelas nuvens e 4% pela superfície do Globo. Deste modo, 30% da radiação perde-se para o planeta por estes processos que, coletivamente, constituem o albedo. As nuvens absorvem 3% da radiação solar restante, ao passo que o vapor d’ água, as poeiras e outros componentes no ar contabilizam 16%. O resultado de todas estas interferências atmosféricas é garantir que apenas 51% da radiação solar incidente atinja verdadeiramente a superfície do Globo (figura 4). Esta quantidade é apenas uma média e dissimula as variações na quantidade de radiação solar que chega ao solo em diferentes pontos do planeta. Devido a Terra ser esférica, as regiões tropicais são atingidas por três vezes à distribuição da nebulosidade, as regiões equatoriais recebem metade da radiação solar do que a recebida pelos desertos quentes e secos, onde cerca de 80% da radiação total que penetra na atmosfera atinge o solo. E nas latitudes médias nubladas a radiação solar recebida no solo é somente um terço da que se encontra nos desertos. 1.7.2 Balanço Terra – Atmosfera: perdas. A entrada da radiação solar tem de ser equilibrada por uma saída de calor enviado pela Terra, o que resulta de radiação pela atmosfera. Ao contrário da radiação de onda curta, a radiação da Terra ocorre sob a forma de onda longa e é por isso muito mais absorvida pelo vapor d’água e dióxido de carbono existentes na atmosfera. Da radiação emitida pelo globo terrestre (a parte sólida da Terra), cerca de 90% é absorvida pela atmosfera, que irradia cerca de 80% de novo para o solo. Deste modo, a atmosfera atua como uma cobertura ou como o vidro de uma estufa. Como resultado, apenas uma pequeníssima quantidade da radiação terrestre se escapa diretamente para o espaço (figura 4). Figura 4: Balanço da entrada e saída de radiação na interação superfície e atmosfera. 1.7.3 Balanço do “orçamento” energético. A terra mantém um equilíbrio energético com o espaço, num “orçamento” em que a atmosfera tem um papel importante. Pode-se considerar que o orçamento energético, ou calor, funciona na atmosfera, pois é a causa fundamental das condições meteorológicas. Deixando de lado o papel da convecção nesta transferência de calor, pode-se considerar o balanço entre a radiação que entra e a que sai, conhecida por radiação resultante. Interessa aqui ver qual á a distribuição da radiação, quer para a superfície do globo terrestre, quer para atmosfera. Estas considerações conduzem sucessivamente para a radiação resultante para o sistema Globo – atmosfera no seu todo. Entre 80ºN e 80ºS a superfície do Globo tem radiação resultante positiva, quer dizer, recebe mais do que perde. Esta radiação resultante positiva é particularmente alta nos trópicos. A atmosfera, por outro lado, tem balanço negativo da radiação resultante, o qual não varia com a latitude. Adicionando as duas distribuições obtemos a radiação resultante do sistema Globo – atmosfera. Entre as latitudes de 40ºN e 35ºS o “orçamento” da radiação resultante é positivo e para os pólos torna-se negativo. Esta distribuição sugere que os trópicos tornam-se progressivamente mais quentes, e os pólos progressivamente mais frios: o equador seria 14ºC mais quentes e o pólo norte 25ºC mais frio do que são de fato, deve haver uma transferência de calor dos trópicos para os pólos, que é conhecida como fluxo meridional, assegurando temperaturas estáveis e que o gradiente da temperatura média ao longo dos meridianos, seja cerca de 40ºC mais baixo do que seria de outro modo. Além deste fluxo meridional, o calor é também transportado para cima: o efeito resultante é de que as variações ao longo dos meridianos da radiação de onda longa no topo da atmosfera são muito menores do que os da radiação solar incidente. A transferência necessária de calor para os pólos (o fluxo meridional) tem lugar na atmosfera e no oceano, como a primeira responsável por cerca de dois terços do total. A transferência é realizada pelo movimento de ar frio e seco qiue se desloca para baixo em direção ao equador. As configurações do fluxo do ar que conduzem a estes movimentos são essencialmente os sistemas meteorológicos do nosso planeta Terra. A necessidade de equilíbrio para o orçamento da radiação é, em suma, a razão por que as condições meteorológicas existem. Reside aqui a relação crítica entre as características climáticas da atmosfera a longo prazo e os movimentos turbulentos, ativos a muitos níveis diferentes, relação que proporciona o nosso estado do tempo de dia para dia. A distribuição da radiação resultante no meio da atmosfera é a força condutora que está por detrás dos grandes sistemas meteorológicos da Terra.
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