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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE GOIÂNIA - GO.
Protocolo: 201503330383
Denunciado: Isabelle Reis Santos
Vítima: Margarida dos Santos
ISABELLE REIS SANTOS devidamente qualificada nos autos do processo criminal em epígrafe, a que responde perante este r. Juízo, por suas procuradoras infra assinadas, vem à presença de V. Exa., apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, nos termos do art. 396-A do CPP, conforme a seguir passa a expor:
I – DOS FATOS
Segundo infere-se da peça informativa anexa, no dia 01 de janeiro de 2017 por volta das 14h30min, Margarida Reis Santos ofereceu em sua casa um chá para suas irmãs, localizado no Setor Bueno, nesta capital.
Ocorre que no dia referido, desapareceu da mesma um colar que mantinha em cima da penteadeira.
O fato foi informado ao delegado de polícia da cidade que Margarida conhecia, e este Delegado por conta própria solicitou que Fabrício, investigador de polícia, interceptasse a linha telefônica das irmãs da vítima.
Após vinte dias da interceptação ilícita realizada pelo delegado, Isabelle conversou com um terceiro que questionava a veracidade de um colar, que ela havia repassado para quitar dívidas. Porém o colar repassado tinha o valor irrisório de no máximo R$50,00.
Dia 04 de março de 2017, Margarida foi informada que Isabelle era maior suspeita de ter furtado o colar desaparecido. Porém, nesta data a mesma não quis oferecer denúncia.
Ocorre que no dia 05 de setembro de 2017, passado quase nove meses do ocorrido, e quase sete meses em que suspeitou de Isabelle, Margarida resolveu denunciar sua irmã, Isabelle.
Instaurou-se o Inquérito Policial, instruído com a interceptação telefônica realizada sem autorização judicial.
O Ministério Público ofereceu denúncia, e a mesma foi recebida pelo juiz competente na data de 27 de setembro de 2017. A réu encontra-se denunciada como incurso nas sanções previstas no artigo 155, caput, do Código Penal, em virtude de ser acusada de furtar coisa alheia móvel.
II – DO DIREITO
DA PROVA ILÍCITA
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao art. 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. Em outras palavras: prova ilícita é a que viola regra de direito material, seja constitucional ou legal, no momento da sua obtenção (confissão mediante tortura, v.g.). Impõe-se observar que a noção de prova ilícita está diretamente vinculada com o momento da obtenção da prova (não com o momento da sua produção, dentro do processo).
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
Por força do princípio da verdade processual (também conhecido como verdade real ou material ou substancial), que consiste na verdade (probatória) que se consegue dentro do devido processo legal, o que importa para o processo penal é a descoberta da verdade dos fatos, ou seja, o que interessa é a demonstração processual do que efetivamente ocorreu (para que a Justiça possa fazer incidir o direito aplicável e suas consequências jurídicas). Ocorre que nem tudo é válido para a obtenção dessa verdade.
Analisando o Princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas percebe-se que a prova ilícita é uma das provas não permitidas no nosso ordenamento jurídico. A Constituição Federal, no seu art. 5º, inc. LVI, diz: são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.
 	Preleciona Paulo Rangel que:
São irregulares as provas que, não obstante admitidas pela norma processual, foram colhidas com infringência das formalidades legais existentes. Quer-se dizer, embora a lei processual admita (não proibida) um determinado tipo de prova, ela exige, para sua validade, o cumprimento de determinadas formalidades que não são cumpridas.
São as provas ilícitas espécie das chamadas provas vedadas, porque por disposição de lei é que não podem ser trazidas a juízo ou invocadas como fundamento de um direito. Pelo mesmo motivo, enquadram-se dento das provas ilegais, ao lado das provas ilegítimas.
Partindo deste entendimento, nossos Tribunais têm decidido da seguinte forma:
HABEAS CORPUS. DESCAMINHO, FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR, FALSIDADE IDEOLÓGICA, USO DE DOCUMENTO FALSO E FORMAÇÃO DE QUADRILHA (ARTS. 334, 298 ,299, 304 E 288, TODOS DO CPB). RECONHECIMENTO, PELO TRIBUNAL A QUO, DE ILICITUDE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIO DAS PRORROGAÇÕES DAS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS, POR FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO JUDICIAL VÁLIDA, SEM A DETERMINAÇÃO DE SUA EXCLUSÃO DO PROCESSO, SOB A JUSTIFICATIVA DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. INIDONEIDADE JURÍDICA DA PROVA OBTIDA COM VIOLAÇÃO DOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS. ART. 5o., LVI DA CF. EXCLUSÃO DO PROCESSO. PRECEDENTES DO STJ E DO STF. PARECER DO MPF PELA CONCESSÃO DA ORDEM. ORDEM CONCEDIDA, PARA DETERMINAR A EXCLUSÃO DO PROCESSO DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIO DAS PRORROGAÇÕES DAS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. 1. É inadmissível, no Processo Penal, a utilização de provas obtidas por meios ilícitos para embasar a persecução penal ou uma eventual condenação (art. 5o., LVI da CF). 2. Reconhecida a ilicitude da prova pelo próprio Tribunal a quo, ante a falta de fundamentação das decisões de prorrogação da medida de interceptação telefônica do acusado, a única solução possível é a sua total desconsideração pelo Juízo processante e o desentranhamento do processo das transcrições dessas interceptações consideradas ilegais, como consectário lógico e necessário de reconhecimento de ser ilícita a prova colhida ao abrigo de decisões judiciais não fundamentadas, como assentou o egrégio TRF da 4ª Região. 3. Parecer do MPF pela concessão da ordem. 4. Ordem concedida, para determinar a exclusão do processo das provas obtidas por meio das prorrogações das interceptações telefônicas.
(STJ - HC: 143697 PR 2009/0148654-5, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento: 22/09/2009, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 13/10/2009)
DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU DA BAGATELA
O princípio da insignificância ou da bagatela encontra-se relação com o princípio da intervenção mínima do Direito Penal. Este por sua vez, parte do pressuposto que a intervenção do Estado na esfera de direitos do cidadão deve ser sempre a mínima possível, para que a atuação estatal não se torne demasiadamente desproporcional e desnecessária, diante de uma conduta incapaz de gerar lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado.
A jurisprudência de nossos Tribunais Superiores tem fixado certos requisitos para que o aplicador do direito possa reconhecer a insignificância de determinada conduta. São eles:
a) mínima ofensividade da conduta;
b) a ausência de periculosidade social da ação;
c) o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
d) a inexpressividade da lesão jurídica (HC 92.463 e HC 92.961 no STF e Resp 1084540 no STJ).
Heleno Cláudio Fragoso entende: 
As lesões de bens jurídicos só podem ser submetidas a pena quando isso seja indispensável para a ordenada vida em comum. Uma nova política criminal requer o exame rigoroso dos casos em que convém impor pena (criminalização), e dos casos em que convém excluir, em princípio, a sanção penal (descriminalização), suprimindo a infração, ou modificar ou atenuar a sanção existente (despenalização). Desde logo deve excluir-se do sistema penal a chamada criminalidade de bagatela e os fatos puníveis que se situam puramente na ordem moral. A intervenção punitiva só se legitima para assegurar a ordem externa. A incriminação só se justifica quando está em causa um bem ou valor socialmente importante.
Conclui-se, que o Princípio da Insignificância é o meio pelo qual o magistrado torna atípicas condutas consideradas típicas, através da análise da inexistência de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado aplicado a um caso concreto.
No âmago da jurisprudência pátria, grande tem sido a aplicação do Princípioda Insignificância pelos tribunais, por exemplo:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. FURTO DE UMA LATA DE DOCE DE LEITE E DE UM PACOTE DE BISCOITO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. 1. A aplicação do princípio da insignificância advém do entendimento de que o Direito Penal deve cuidar somente dos casos em que a conduta humana colocar em risco o bem jurídico tutelado pela norma penal. 2. No caso, o ínfimo valor dos bens subtraídos pelos recorrentes, - uma lata de doce de leite e um pacote de biscoito -, e sua natureza alimentar, impõe a aplicação do princípio da insignificância. 3. Recurso ordinário em habeas corpus provido para trancar a ação penal na origem.
(STJ - RHC: 50093 MG 2014/0188036-8, Relator: Ministro WALTER DE ALMEIDA GUILHERME (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), Data de Julgamento: 18/11/2014, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 26/11/2014)
III – DO PEDIDO
DIANTE DO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência que se digne a conceder ABSOLVIÇÃO da imputação que lhe é feita sobre o crime de furto, com fulcro no art. 386, inc. VI, do CPP por não haver provas suficientes demonstradas nos autos.
Pede E.
Deferimento.
Goiânia, 27 de setembro de 2017.

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