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QUEIXA CRIME

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Prévia do material em texto

MERITÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE GOIÂNIA, ESTADO DE GOIÁS.
QUERELANTE: RODOLFO T.
QUERELADOS: CLÓVIS V. E TEODORO S.
RODOLFO T., brasileiro, divorciado, administrador de empresas, com RG sob n.º 5908595 – SSP-GO, inscrito no CPF/MF sob n.º 700.494.511-11, residente e domiciliado na Avenida Guaranis, Qd. J, Lt. 23 – CEP 74.897-140, Setor Bela Vista, em Goiânia, estado de Goiás, neste ato representado por suas advogadas infra assinadas, vêm, com o devido acatamento, à douta presença de V. Ex.ª, para - com fundamento no art. 30 do Código de Processo Penal, oferecer QUEIXA-CRIME em face de CLÓVIS V., brasileiro, solteiro, jornalista, com RG sob n.º 7845962 – DGPC-GO, inscrito no CPF/MF sob n.º 038.789.487-11, residente e domiciliado na Rua S-6, Quadra S-29, Lote 12, nº 97 – CEP 74.547-120, Setor Bela Vista, em Goiânia, estado de Goiás, 74.120-020 e TEODORO S., brasileiro, casado, jornalista, com RG sob n.º 5749214 – SSP-GO, inscrito no CPF/MF sob n.º 458.985.719-12 residente e domiciliado na Avenida Assis Chateaubriand, nº 195 – CEP 74.145-187, Setor Oeste, em Goiânia, estado de Goiás - CEP: 74.130-011, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.
DOS FATOS
No dia 24 de maio de 2017, o querelado Clóvis V. imputou à vítima Rodolfo T. falsamente fato definido como crime bem como fato ofensivo à sua reputação além de ofender-lhe a dignidade ou o decoro.
Outrossim, o querelado Teodoro S., sabendo ser falsas as imputações feitas por Clóvis a Rodolfo, divulgou-as via mídia.
Clóvis V., sabendo serem inverídicas, acusou a vítima, dirigente do clube esportivo LX FC, de ter “roubado” o mencionado clube e os torcedores, pois teria se apropriado, indevidamente, de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) pertencentes à pessoa jurídica, na condição de seu diretor-geral, quando da venda do jogador Y, ocorrida no ano de 2014. Também, na mesma ocasião, completou as acusações afirmando que o querelante “já teria gasto parte da fortuna roubada, com festas, bebidas, drogas e prostitutas”. Essas afirmações foram proferidas durante o programa de televisão Futebol da Hora, no canal de televisão VX (gravação do programa de TV – doc. 1)e publicado no blog do comentarista esportivo, na Internet, no endereço eletrônico www.clovisv.futbol.xx (cópia da página – doc. 2). Tais declarações foram igualmente publicadas no jornal impresso Notícias do Futebol, de circulação nacional.
Destaque-se que o canal de televisão XV e o jornal Notícias do Futebol pertencem ao mesmo grupo econômico e têm como diretor-geral e redator-chefe Teodoro S. Sabe-se que todas as notícias foram veiculadas por ordem direta e expressa do segundo querelado.
Prosseguindo a empreitada criminosa, o querelado Clóvis V. disse, em seu blog pessoal na internet, que o dirigente não teria condições de gerir o clube porque seria “burro, de capacidade intelectual inferior a de uma barata” e, por isso, “tinha levado o clube à falência”, porém “estava com bolsos cheios de dinheiro do clube e dos torcedores”.
Por fim, Clóvis, na edição de seu blog, afirmou que “o dirigente do clube está tão decadente que passou a sair com homens”, e, por isso “a mulher o deixou”.
A materialidade delitiva resta patente, consoante gravação, em DVD, do programa de televisão, com dia e hora em que foi veiculado (doc. 1); edição do jornal impresso em que foi difundida a matéria sobre o assunto (doc. 3) e o nome e endereço de duas pessoas que estavam no estúdio e presenciaram os fatos (doc. 2).
A autorida igualmente resta comprovada, eis que é notória a autoria de Clóvis das ofensas perpetradas contra a vítima e, também, de Teodoro, que ordenou a veiculação das ofensas nos meios de comunicação já mencionados.
DO DIREITO 
Da Competência deste Juízo.
Verifica-se que as colocações fáticas feitas pelo querelante tendem a atribuir ao querelado a concorrência para o Crime de Calúnia (art. 138 do Código Penal), Difamação (art. 139 do Código Penal), e Crime de Injúria (art. 140 do Código Penal). As penas máximas cominadas a esses delitos correspondem, respectivamente, a 2 (dois) anos, 1 (um) ano e 6 (seis) meses
Se as penas fossem somadas, o querelado poderia ser condenado em até 3 (três) anos e 6 (seis) meses de detenção, o que, por si só, já excluiria do rol das chamadas “infrações de menor potencial ofensivo”, e afastada estará a competência do Juizado Especial, devendo o feito ser instruído e julgado por Juízo Comum.
Vejamos na LEI Nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências:
“Art. 61.  Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006) ”.(grifa-se)
Com o propósito de fundamentação, vejamos esta deliberação do STJ: 
EMENTA:PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA A HONRA. CONCURSO MATERIAL. SOMATÓRIO DAS REPRIMENDAS MÁXIMAS. SUPERIOR A DOIS ANOS. COMPETÊNCIA. JUÍZO COMUM. CONSTRANGIMENTO ILEGAL.INOCORRÊNCIA. 1. Praticados delitos de menor potencial ofensivo em concurso material, se o somatório das penas máximas abstratas previstas para os tipos penais ultrapassar 2 (dois) anos, afastada estará a competência do juizado especial, devendo o feito ser instruído e julgado por juízo comum. Precedentes. 2. Ordem denegada. (HC 66312 / RS, 6ª. Turma do STJ, rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Data do Julgamento 18/09/2007, Data da Publicação/Fonte DJ 08.10.2007 p. 371). (grifa-se)
Do mesmo modo, levando-se em consideração que os crimes foram perpetrados por meio televisivo e impresso, onde também, cumpre destacar que as infrações penais foram cometidas nesta comarca, torna-se este juízo competente para instruir e julgar o caso em tela.
II – b. Da Fundamentação
O primeiro querelado, ao ter acusado a vítima de ter “roubado”, na realidade imputou-lhe, falsamente, fato definido como crime, a saber, apropriação indébita. Assim, acusou-a injustamente de ter se apropriado de coisa alheia móvel, de que tinha posse, ou seja, de capital advindo da venda de jogador do clube. A conduta de Clóvis, nesses moldes, adequa-se perfeitamente ao tipo previsto no artigo 138 do Código Penal (calúnia).
Assim preceitua o art. 138, do Código de Processo Penal, a saber:
“Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.(grifa-se)
Caluniar é ligar alguém – por escrito, gestos ou palavras – a fato, falsamente e consabido pelo ofensor, definido como crime; fere-se, como se visualiza, a honra objetiva, que é o bem jurídico protegido. Ademais, é de se notar, que dentre os crimes contra a honra, a calúnia se afigura como o mais grave, visto que, pela própria redação legal, o agente dissemina informação que sabe ser falsa e que constitui crime, atribuindo-a a outrem. 
O elemento subjetivo específico do crime de calúnia, qual seja a vontade de atingir a honra objetiva da vítima, atribuindo falsamente e publicamente fato definido como crime, emerge claro ao ter o querelado acusado o querelante de ter cometido o crime de furto simples, tipificado no art. 155 do Código Penal Brasileiro, além de que tais afirmações foram proferidas durante o programa de televisão Futebol da Hora, no canal de televisão VX, ocasionando a publicidade do fato a ele imputado.
Leciona o Professor Magalhães Noronha, acerca da honra objetiva e consumação do crime de calúnia, verbis:
“Consuma-se a calúnia quando a imputação falsa se torna conhecida de outrem, que não o sujeito passivo. Neste sentido, é necessário haver publicidade, pois, de outro modo não existirá ofensa à honra objetiva, à reputação da pessoa”. (grifa-se)
Analisando-se o caso em tela, não restam dúvidas de que o querelado, por meio de mensagem ofensiva, proferidas durante o programa de televisão Futebol da Hora,no canal de televisão VX, abalou a honra e o respeito do querelante, acusando-lhe de ter praticado atos que desabonaram sua própria imagem.
O Código Penal dispõe, ainda, em seu art. 141, inciso III:
“Art. 141 – As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de 1/3 (um terço), se qualquer dos crimes é cometido:
III – na presença de várias, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.”(grifa-se)
Nesse sentido, vale ressaltar que Clóvis, além de cometer crime contra a honra, previsto no art. 139, caput, do Código Penal, o fez por intermédio de meio televisivo de grande abrangência, causando, assim, maior divulgação da mensagem entre todos os contatos do querelante, razão pela qual deve incidir na causa de aumento de pena descrita no art. 141, inciso III, do Código Penal.
Cabe dizer ainda que, em conformidade ao art. 145 do Código Penal, este tipo penal somente se procede mediante Ação Penal Privada, eis o porquê do oferecimento da presente Queixa-Crime.
Não obstante, é evidente o dolo específico do querelado, na clara intenção de macular a imagem de Rodolfo, ora querelante, que o difamou em meio de acesso a amigos e empregadores, tendo ciência que tal ato o prejudicaria.
Assim sendo, o querelado cometeu o crime de difamação tipificado no art. 139 do Código Penal, incidindo, ainda, na causa de aumento prevista no art. 141, inciso III, do mesmo código.
O Colendo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, nos autos do Recurso Ordinário em Habeas Corpus, nº 5134, da lavra do Ministro LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, já tratou sobre a consumação do crime de calúnia e sua honra objetiva, verbis:
RHC - PENAL - PROCESSUAL PENAL - CALÚNIA – DIFAMAÇÃO - INJÚRIA - DECADÊNCIA - OS CRIMES DE CALÚNIA E DIFAMAÇÃO OFENDEM A CHAMADA HONRA OBJETIVA. A CONSUMAÇÃO OCORRE QUANDO TERCEIRO (EXCLUÍDOS AUTOR E VÍTIMA) TOMAM CONHECIMENTO DO FEITO. A INJÚRIA, AO CONTRÁRIO, PORQUE RELATIVA À HONRA SUBJETIVA QUANDO A IRROGAÇÃO FOR CONHECIDA DO SUJEITO PASSIVO. A DECADÊNCIA, RELATIVA À INJÚRIA, TEM O TERMO "A QUO" NO DIA DE SEU CONHECIMENTO. (grifa-se)
O mesmo querelado, ao afirmar que a vítima “já teria gasto parte da fortuna roubada, com festas, bebidas, drogas e prostitutas”, ofendeu-lhe a honra objetiva, isto é, sua reputação para com a sociedade. Tal comportamento, por sua vez, amolda-se ao tipo previsto no art. 139 do CP (difamação), posto que fora imputado fato ofensivo à reputação do ofendido.
Deste modo, prescreve o art. 139, do Código de Processo Penal, o que se segue:
“Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa”.(grifa-se)
Uma difamação por meio de imprensa consuma-se com a publicação, não podendo então falar-se numa simples tentativa.
A liberdade de informação não resguarda a notícia inverídica. Há necessidade de a matéria jornalística ater-se à verdade objetiva, ao interesse social e à continência, ponderando entre valores constitucionais conflitantes: honra e liberdade de informação.
Nesse sentido, é o que entende o Tribunal de Justiça da Paraíba, acerca do caso em tela:
APELAÇÃO CIVEL – Ação de indenização por danos morais, calúnia e difamação – Notícia veiculada pela televisão – Responsabilidade do apresentador do programa – Valor da condenação – Limite máximo – Redução – Provimento parcial. – Age imprudentemente, aquele que divulga pela imprensa conduta desonrosa imputada a outrem antes de qualquer pronunciamento judicial, repercutindo o dano moral sobre o patrimônio, máxime se lavar em conta que, por decisão judicial, o inquérito policial instaurado contra o ofendido, foi arquivado, ante a inexistência de prova da materialidade do crime noticiado”. – Constitui difamação, a divulgação de matéria, em programa jornalístico, de fatos objeto de inquérito policial, mister quando tal inquérito é arquivado por inverídicos tais fatos, havendo manifesta imprudência do agente divulgador da notícia. – Em condenação indenizatória decorrente de dano moral, provocado por apresentador jornalístico, há de se levar ema conta o disposto nos arts. 51, IV e 53, I, da Lei de Imprensa – nº 5.250, de 9 de fevereiro de 1967 (TJPB – 888.1998.003764-3/001 – Relª. Desª. MARIA DE FATIMA BEZERRA CAVALCANTI, j. 3/12/1999).(grifa-se)
O crime de difamação é caracterizado pela atribuição de fato desonroso, mas não criminoso. É uma forma consciente e reprovável de ofender a honra de outrem, encontrando previsão legal no art. 139 do Código Penal.
Nas palavras de Cezar Roberto Bitencourt, para que a difamação ocorra, é necessário:
“[...] que o fato seja determinado e que essa determinação seja objetiva, pois a imputação vaga, imprecisa ou indefinida não a caracteriza, podendo, eventualmente, adequar-se ao crime de injúria. [...]” (grifa-se).
Apresenta-se, nesse sentido, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, in verbis:
PENAL E PROCESSO PENAL. CRIMES CONTRA A HONRA. CALÚNIA E DIFAMAÇÃO. QUEIXA-CRIME. VOTO PROFERIDO EM COLEGIADO COM EXPRESSÕES SUPOSTAMENTE OFENSIVAS À HONRA OBJETIVA DO ADVOGADO. MEMBROS QUE ACOMPANHAM O VOTO DO RELATOR. CONDUTA QUE NÃO SE AMOLDA AO CRIME DE CALÚNIA. VOTO CONDUTOR CUJAS RAZÕES NÃO DEMONSTRAM DOLO ESPECÍFICO DO PROLATOR EM OFENDER A HONRA SUBJETIVA OU OBJETIVA DO CAUSÍDICO. NARRATIVA CONFORME O ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER FUNCIONAL. DEFICIÊNCIA DAS IMPUTAÇÕES DOS CRIMES DE CALÚNIA E DIFAMAÇÃO. 1. Nos crimes de calúnia (art. 138 do CPB) e difamação (art. 139 do CPB), a lei tipifica, respectivamente, as condutas de "caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime" e "difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação". 2. O voto do relator é peça processual de autoria pessoal do seu prolator, que se responsabiliza individualmente por eventuais excessos dolosos. O simples fato de terem os demais membros de um órgão colegiado concordado com o voto proferido pelo relator não os transforma em coautores de crime contra a honra. 3. Tendo o querelante narrado de forma clara o fato que, a seu ver, configura os crimes imputados ao querelado, indicando expressamente quais as afirmações configurariam a calúnia e a difamação, atende-se minimamente o requisito do art. 41 do CPP (a queixa conterá a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias), o que viabiliza o exercício do direito de defesa e afasta a inépcia da queixa. 4. No crime de calúnia, o tipo penal exige a falsa imputação de fato definido como crime. No crime de difamação, o bem jurídico tutelado é a honra objetiva, consistindo na imputação de um fato ofensivo à honra objetiva da vítima, desde que tais fatos não sejam crimes (hipótese em que o crime seria de calúnia). 5. No caso, a análise dos autos demonstra inexistência do elemento subjetivo (dolo específico) dos tipos imputados, dado que o querelado tão somente narrou os fatos, sem evidenciar intenção de imputar crime ao querelante ou de atingir sua reputação, agindo, assim, no estrito cumprimento do dever legal. Ante a atipicidade da conduta, queixa rejeitada.
(STJ - APn: 713 SP 2012/0245150-8, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 20/11/2013, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJe 29/11/2013)(grifa-se)
Frente a presente explanação, claro está que o querelado veio a difamar a vítima, quando afirmou que o mesmo “já teria gasto parte da fortuna roubada, com festas, bebidas, drogas e prostitutas”. 
Eis a consumação do delito contra a honra objetiva, por meio que facilitou a sua divulgação, caracterizando, por sua vez a difamação do ofendido.
E, mais uma vez, Clóvis difamou o querelado ao afirmar que o dirigente estaria decadente e, por tal motivo, passou a sair com homens. Reitera-se a tipificação do delito de difamação.
Ademais, exclusivamente no que tange ao primeiro querelado, cometeu ato ofensor à honra subjetiva da vítima, atingindo sua autoestima, ao afirmar que ele seria “burro”, de “capacidade intelectual inferior a de uma barata”, fato esse que se amolda ao tipo do art. 140 do CP(injúria).
Além de cometer os crimes mencionados – calúnia e difamação –, que protegem a honra objetiva da vítima, o querelado cometeu de forma deliberada e conscientemente o crime de injúria, que protege a honra subjetiva do ofendido e está prevista no art. 140 do Código Penal.
“Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
 Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa”.(grifa-se)
Cezar Roberto Bitencourt nos ensina que:
“Injuriar é ofender a dignidade ou o decoro de alguém. A injúria, que é a expressão da opinião ou conceito do sujeito ativo, traduz sempre o desprezo ou menoscabo pelo injuriado. É essencialmente uma manifestação de desprezo e de desrespeito suficientemente idônea para ofender a honra da vítima no seu aspecto interno.” (grifa-se)
Por sua vez, ainda no que se refere ao tema em tela de debates, há o determinado entendimento do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, como se segue:
	
APELAÇÃO CRIMINAL. DIFAMAÇÃO E INJÚRIA. CONDENAÇÃO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DO CRIME DE DIFAMAÇÃO. ABSOLVIÇÃO. MANTIDA A CONDENAÇÃO PELO CRIME DE INJÚRIA. - A difamação consiste na imputação de fato que, embora sem revestir caráter criminoso, incide na reprovação ético-social e é, portanto, ofensivo à reputação da pessoa a quem se atribui; contudo, não se configura esse crime se as ofensas são genéricas, sem que se impute fato determinado. - Em se tratando de ataque contra a honra, através de palavras insultuosas contra a vítima, o que se afigura é a prática do crime injúria e não de difamação.Recurso parcialmente provido.(TJ-MA - APR: 191702002 MA, Relator: MARIA MADALENA ALVES SEREJO, Data de Julgamento: 02/04/2003, SAO LUIS) (grifa-se)
Por fim, vale ressaltar que Teodoro incorreu no art. 138, § 1º, do CP, por ter divulgado, de forma consciente e voluntária, a imputação falsa de fato criminoso à vítima.
Assim preceitua o referido artigo:
“Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga”. (grifa-se)
O § 1º, dispõe que na mesma pena responde o individuo que mesmo sabendo que a imputação é falsa, acaba por propagá-la ou divulgá-la. 
Segundo Nélson Hungria, “propalar refere-se mais propriamente ao relato verbal, enquanto divulgar tem acepção extensiva, isto é, significa relatar por qualquer meio”.
Nesta hipótese, o agente age impelido por dolo direto, ciente de sua ação e conhecendo a improcedência de suas assertivas querendo difundir tal ideia inquinada a denegrir a honra de outrem.
Por conseguinte, o entendimento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, consolidou o seguinte entendimento, o que se segue in verbis:
DIREITO PENAL. CALÚNIA (ART. 138 DO CP). 1. Imputar a outrem, falsamente, crime que, em verdade, não foi praticado, constitui conduta de alta reprovabilidade, configurando crime de calúnia. 2. Comprovadas autoria e materialidade, a condenação é medida que se impõe. (TRF-4 - ACR: 50056302620124047002 PR 5005630-26.2012.404.7002, Relator: LEANDRO PAULSEN, Data de Julgamento: 06/08/2014, OITAVA TURMA, Data de Publicação: D.E. 12/08/2014)
Destarte, restou amplamente demonstrada a conduta típica dos querelados, devendo Clóvis condenado, em concurso material de crimes, nas penas dos artigos 138, 139 e 140 c/c art. 141, III, todos do Código Penal e Teodoro condenado, em concurso material, nas penas do art. 138, § 1º c/c art. 141, III, também do Código Penal.	.
DO PEDIDO
Ante o exposto, requer que seja recebida e autuada a presente queixa-crime, determinando-se a citação dos querelados para serem processados e ao final condenados, sendo o primeiro nas penas dos arts. 138, 139 e 140 c/c os arts. 69 e 141, III, todos do Código Penal e o segundo nas penas do art. 138, § 1º c/carts. 69 e 141, III, todos do Código Penal.
Requer, outrossim, a notificação e oitiva das testemunhas arroladas a seguir:
1. TÍCIO, brasileiro, divorciado, jornalista, residente e domiciliado na Rua J-60, Qd. 10, Lt. 16 – Setor Jaó, em Goiânia, estado de Goiás
2. MÉVIO, brasileiro, casado, jornalista, residente e domiciliado na Avenida T-13, nº 60 – Setor Bela Vista, em Goiânia, estado de Goiás.
N. TERMOS
P. E. DEFERIMENTO
Goiânia, 10 de outubro de 2017.
Isadora Caroline Melo Cardoso
OAB/GO 46.555
Nathália Souza Rocha
OAB/GO 20.099
Paola de Oliveira Onófrio
OAB/GO 46.310

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