Buscar

alencar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
DANILO JUVENAL NOLASCO
MUSEU E PATRIMÔNIO
Cruzeiro do Sul
2016
O texto abaixo tem como principal função apresentar os argumentos de José de Alencar sobre a escravidão e a integração do negro na sociedade brasileira do século XIX. Uma vez que o Romantismo utilizado na época para criar uma identidade Nacional excluiu o negro na construção desta identidade. O fato é que Alencar apresenta como fundante de uma importante linha de raciocínio sobre o pensamento social brasileiro. 
O romantismo brasileiro do século XIX descartou o negro como tema literário. Porem quando retratado utilizava estereótipos e caricaturas chamativamente racistas que reproduz a inferioridade do negro rotulando como incapaz, estúpido, ignorante, animal, inapto, palerma entre outros adjetivos. O tema escravidão foi constantemente levantado no período imperial e no processo de independência até a sua abolição, esta também levou à abolição da monarquia. 
A proposta romântica destaca o índio como herói nacional, desliga ao esquecimento a figura do negro que atuou mutuamente este solo como mão de obra dos grandes proprietários por um bom tempo. O indígena estava ligado à docilidade e à felicidade. Seu contato com a natureza evidencia a inocência humana que foi perdida com a civilização moderna. O índio, sob a influencia dos romantismos europeus, tornou-se o bom selvagem, encontrava-se no Éden (Carvalho 1998), o lugar de sua morada não pode ser desprezado. Vale ressaltar que o indianismo representou uma descoberta conveniente e que tinha um elemento crucial para a formação desta nova identidade nacional, uma vez que separa por completo das demais identidades já existentes. 
O guarani (1857) de José de Alencar apresenta os primórdios da construção do povo brasileiro, incorporando elementos diferentes: O Índio e o Branco. Ceci e Peri constituíram 
Uma síntese entre a civilização (européia) e a barbárie (do novo mundo). Da mesma forma Iracema (1865), Moacir, fruto da relação entre Iracema e Martin, apresentou-se metaforicamente a constituição de uma civilização propriamente Americana. Nesse sentido, a figura do herói indígena aparece ai como símbolo Maximo dessa representação. 
No entanto, fugindo da poética de seus romances, que foi evidenciado a exclusão do negro nesta formação de identidade encontramos em alguns de seus escritos, principalmente nas cartas de Erasmo, em seus discursos parlamentares, algumas considerações sobre a constituição da identidade nacional e sobre o cruzamento das raças. Um ponto importante que pode se fácil notado nesses escritos é, sem duvida, a defesa da escravatura. A instituição escravocrata estava nos debates do Império desde 1866. Dessa discussão resultou a instituição da lei do Ventre livre em 1871, e essa discussão só retornará novamente nos anos 1880, quando entra n agenda o debate sobre a abolição. 
Alencar reconhece nas cartas a existência de três raças distintas em convívio comum no solo brasileiro a raça ibérica (a européia), a raça americana (índio e branco), e a raça africana (o negro). Esta ultima que dedica boa parte de seus argumentos em favor da escravidão. Quanto a isso, Alencar organiza seus argumentos a partir de duas perspectivas distintas. 
Por um lado, a formação de um povo já dada pela herança colonial através da miscigenação entre o índio e o branco que ele chama de povo americano, de outro, uma possibilidade de inserção do negro no interior dessa nacionalidade a partir de um processo civilizatório promovido pela própria escravidão. 
Se o índio e o branco já construíam essa identidade a partir de uma herança passada, o negro também seria nela inserida, porem, num momento futuro. É o próprio Alencar quem afirma: 
Verdade profética! A próxima civilização do universo será americana com a atual é européia. Essa transfusão de todas as famílias no solo virgem deste continente ficara incompleta se faltasse o sangue africano, que no século VIII afervorou o progresso da Europa (ALENCAR: 2008, p. 74). 
A raça africana é caracterizada por Alencar de forma variada: De um lado, embrutecida e bárbara, de outro, vigorosa e forte. Ele explica que apenas o negro poderia levar a cabo o desenvolvimento da América, uma vez que o índio enquanto herói não se deixou submeter ao cativeiro, preferindo o próprio extermínio. A escravatura não seria uma instituição que reproduziria a barbárie, pelo contrario, ela tenderia a civilizar o negro africano, formando seu caráter, fazendo-o controlar suas emoções e superar seu estado de ignorância. 
O que Alencar deixa claro não é uma sociedade de cor branca ou miscigenada , mas uma sociedade moldada pela civilização, e que para isso acontecer o negro deveria entrar nessa função de identidade, entretanto para isso teriam que passar completamente pelo processo civilizatório da escravidão.

Outros materiais