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Doença da Membrana Hialina

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1 
DOENÇA DA MEMBRANA HIALINA: ASPECTOS CLÍNICOS E 
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA 
 
HYALINE MEMBRANE DISEASE: CLINICAL ASPECTS AND APPROACH 
PHYSIOTHERAPEUTIC 
 
LAGE, Clara Bretas 1, NASCIMENTO JÙNIOR, Edson Francisco 2, CARLOS, Sheila Santa Bárbara 
Coelho 3, NICO, Patrícia Barreto Costa 4 
 1. Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE, Governador 
Valadares, MG. clara_bretaslaage@hotmail.com 
2. Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE, Governador 
Valadares, MG. edsonfjr@hotmail.com 
3. Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE, Governador 
Valadares, MG. shielasbc@hotmail.com 
4. Professora do Curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE, Governador 
Valadares, MG. patbcn@superig.com.br 
 
RESUMO: A Doença da Membrana Hialina (DMH) ou Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) é 
uma patologia causada por imaturidade pulmonar e está relacionada à deficiência primaria de 
surfactante. Acomete frequentemente recém-nascidos pré-termo (RNPT), de peso inferior a 1500g, 
normalmente do sexo masculino e se manifesta nas primeiras semanas de vida. A SDR representa séria 
complicação da prematuridade, causando significativa morbidade e mortalidade de neonatos no Brasil. O 
tratamento clínico é realizado pela administração de surfactante exógeno ao neonato. A fisioterapia na 
DMH tem como objetivos melhorar o mecanismo de purificação mucociliar, prevenir e corrigir 
complicações decorrentes do acúmulo de secreções. O objetivo do presente estudo é revisar bibliografias 
que abordem os aspectos clínicos e tratamento fisioterapêutico da DMH em neonatos. Foi realizada 
revisão sistemática da literatura, com utilização de artigos científicos publicados em sites de busca 
cientifica, livros e teses. Foram selecionados os textos publicados no período de 1998 a 2009. Conclui-se 
com essa revisão que a fisioterapia tem efeitos benéficos no tratamento da DMH, contribuindo para a 
diminuição da incidência de complicações respiratórias em RNPT. No entanto faz-se necessário a 
realização de novos estudos que abordem o tratamento fisioterapêutico na DMH. 
 
Palavras-chave: Fisioterapia. Recém-nascido pré-termo. Surfactante. Doença da membrana hialina e 
Síndrome do desconforto respiratório. 
 
ABSTRACT: The Hyaline Membrane Disease (HMD) or Respiratory Distress Syndrome (RDS) is a 
disease caused by lung immaturity and is related to the primary deficiency of surfactant. Often affects 
preterm infants (PN), weighing less than 1500g, males and manifests itself in the first weeks of life. The 
SDR represents a serious complication of prematurity, causing significant morbidity and mortality of 
newborns in Brazil. The clinical treatment of HMD is made by the administration of exogenous surfactant 
for the newborn. Physical therapy proves increasingly widespread in the care of respiratory disorders of 
neonates and aims to improve the mechanism of purification clearance, assisting the process of 
mucociliary clearance, prevent and correct complications resulting from the accumulation of secretions. 
The aim of this study is to review bibliographies that address the physical therapy for HMD in newborns. 
This study was a systematic review of the literature, using scientific papers published in scientific search 
engines, books and theses. Were selected texts published between 1998 to 2009. We conclude from this 
review that the therapy has beneficial effects in the treatment of HMD, contributing to reducing the 
incidence of respiratory complications in RNPT. However it is necessary to carry out further studies to 
address the DMH and its associated physiotherapy treatment. 
 
Keywords: Physiotherapy. Newborn preterm. Surfactant. Hyaline membrane disease. Pre-term 
newborns and Respiratory distress. 
 2 
1.0 – INTRODUÇÃO 
 
A Doença da Membrana Hialina (DMH) 
ou Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) 
é uma patologia causada por imaturidade 
pulmonar e está relacionada à deficiência 
primária de surfactante. Acomete 
freqüentemente recém nascidos pré-termos 
(RNPT) de peso inferior a 1500g, normalmente 
do sexo masculino e se manifesta nas primeiras 
semanas de vida. (ARAÚJO, 2007; CONSOLO et 
al., 2002; ABREU et al., 2005; MULLER et al., 
2000; RIBEIRO et al., 2003; CASTRO, 2005; 
OLIVEIRA et al., 2005; KOPELMAN et al., 1998; 
SARMENTO, 2007). 
 O surfactante é uma substância que e 
tem como propriedade diminuir a tensão 
superficial do alvéolo pulmonar e evitar o 
colabamento dos mesmos no momento da 
expiração. (ABREU et al., 2006; RIBEIRO et al., 
2003; OLIVEIRA et al., 2005; FREDDI et al., 
2003; ARAÚJO, 2007; ALBUQUERQUE et al., 
2002). 
O diagnóstico da DMH baseia-se na 
análise de dados maternos, do parto e do recém-
nascido, nos exames complementares e na 
exclusão de outras causas de dificuldades 
respiratórias (RIBEIRO et al., 2003). 
Observa-se logo após o nascimento os 
sinais típicos de angústia respiratória neonatal 
(ARAÚJO, 2007), com um trabalho respiratório 
que pode ser seis vezes maior que o normal, 
exigindo altas concentrações de oxigênio (O2) no 
ar inspirado (hipoxemia geralmente irreversível), 
o que aumenta a produção de gás carbônico 
(CO2), gerando cansaço rápido e apnéias 
bruscas (EGER, 2003). 
 Os sintomas são: taquipnéia ou 
bradipnéia, gemido expiratório, batimento da asa 
do nariz, retração da caixa torácica, cianose e 
edema de extremidades (ARAÚJO, 2007; 
MULLER et al., 2000; RIBEIRO et al., 2003). 
No Brasil, observa-se um alto índice de 
RNPT, com idade gestacional inferior a 37 
semanas, fato este que eleva a mortalidade 
infantil. (RIBEIRO et al., 2007; CASTRO, 2005). 
Cerca de 50% dos óbitos que ocorrem no 
período neonatal estão relacionados a distúrbios 
respiratórios, participando a DMH em cerca de 
80 a 90% dos casos. (RIBEIRO et al., 2003). 
A propedêutica da DMH ocorre em três 
níveis, onde o primeiro nível de prevenção é o 
acompanhamento pré-natal; o segundo inclui o 
uso de corticosteróides nas gestantes com alto 
risco de ter um parto pré-maturo; e o terceiro 
nível é o uso preventivo de surfactante em 
recém-nascidos prematuros nos primeiros 
minutos de vida (ARAÚJO, 2007). 
O tratamento clínico é realizado por meio 
da administração de surfactante exógeno, o que 
diminui a necessidade de suporte ventilatório 
para manter uma adequada troca gasosa, 
reduzindo assim o risco de volutrauma e de 
toxidade do oxigênio (ARAÚJO, 2007; RIBEIRO 
et al., 2003). 
A assistência fisioterapêutica tem se 
mostrado cada vez mais abrangente nesse 
campo de atuação e caminha lado a lado com a 
medicina nos cuidados dos distúrbios motores e 
respiratórios de neonatos (OLIVEIRA et al., 
2005). 
As técnicas fisioterapêuticas utilizadas 
em neonatos com DMH têm por objetivos 
melhorar o mecanismo de purificação mucociliar, 
detectando e corrigindo fatores que interferem 
nesse processo; auxiliar no processo de 
depuração mucociliar, prevenindo o acúmulo de 
secreções, minimizando as obstruções do trato 
respiratório e da cânula traqueal; prevenir e 
corrigir complicações decorrentes do acúmulo de 
 3 
secreção pulmonar, como atelectasias, infecções 
e alterações da relação ventilação-perfusão 
(ARAÚJO, 2007; EGER, 2003; OLIVEIRA et al., 
2005; SARMENTO, 2007). 
Dentro do tratamento fisioterapêutico 
utilizado para a DMH, pode-se destacar os 
seguintes procedimentos: posicionamento do 
bebê (EGER, 2003; SARMENTO, 2007); 
oxigenoterapia (ARAUJO, 2007; EGER, 2003; 
NICOLAU, FALCÃO, 2007; RIBEIRO et al., 2003; 
SARMENTO, 2007), pressão positiva contínua 
nas vias aéreas (CPAP) (ARAÚJO, 2007; 
RIBEIRO et al., 2003), ventilação mecânica 
(ARAÚJO, 2007; RIBEIRO et al, 2003; 
BRUNHEROTTI et al., 2003), vibração torácica 
(OLIVEIRA et al., 2005; ABREU et al., 2007;SARMENTO, 2007); estímulo diafragmático 
(OLIVEIRA et al., 2005; SARMENTO, 2007); 
aspiração das vias aéreas (ARAÚJO, 2007; 
OLIVEIRA et al., 2005; SARMENTO, 2007); 
aceleração do fluxo expiratório (AFE) (OLIVEIRA 
et al., 2005; ABREU et al., 2007), entre outros. 
Portanto, o objetivo do presente trabalho 
é revisar bibliografias que abordem os aspectos 
clínicos e o tratamento fisioterapêutico da 
Doença da Membrana Hialina em neonatos. 
 
2.0 – METODOLOGIA 
 
O presente estudo apresenta uma 
revisão sistemática da literatura, descritiva e 
qualitativa por meio de fonte indireta, com 
utilização de artigos científicos publicados em 
sites de busca científica como Bireme, Lilacs, 
SciELO e MedLine, livros e teses. Foram 
selecionados os textos publicados no período 
1998 a 2009, com informações relevantes para a 
discussão sobre a DMH, aspectos clínicos e 
abordagem fisioterapêutica. 
 O levantamento foi realizado com as 
seguintes palavras-chaves: fisioterapia, recém 
nascido pré-termo, surfactante, doença da 
membrana hialina e síndrome do desconforto 
respiratório. 
 
3.0 – REVISÂO DA LITERATURA 
 
Segundo Parker & Prasat (2002) apud 
ARAÚJO (2007), os pulmões dos recém 
nascidos são menos elásticos em relação aos 
das crianças de mais idade e de adultos. Nos 
pulmões dos RNPT além da diminuição da 
capacidade elástica pode haver falta de 
surfactante. Pouca complacência significa que 
são necessárias maiores pressões de insuflação 
para manter o volume pulmonar e os neonatos 
precisam trabalhar mais para ventilar seus 
pulmões. 
Conforme Araújo (2007), nos pulmões 
dos recém-nascidos existe um número menor de 
alvéolos, e, portanto, uma área de superfície 
menor para as trocas gasosas. 
Conforme a Malinowisk (2000) apud 
ARAÚJO (2007), o recém nascido, apresenta 
uma capacidade residual funcional (CRF) menor 
por causa da complacência da parede torácica, 
que oferece menor resistência às forças de 
retração dos pulmões, acarretando um menor 
volume no final da expiração. Com uma CRF 
menor, o fechamento das vias aéreas e 
atelectasia podem ocorrer mais facilmente, 
resultando uma relação ventilação/ perfusão 
(V/Q) mais baixa e aumento do shunt. Uma CRF 
pequena significa que a alteração da ventilação 
causa alteração mais rápida dos valores dos 
gases sanguíneos. A combinação de uma CRF 
pequena e de um consumo elevado de oxigênio 
priva o lactente de oxigênio, que pode, 
rapidamente torna-se gravemente, hipoxêmico. 
 
 4 
3.1 A DOENÇA DA MEMENBRANA HIALINA 
A Doença da Membrana Hialina (DMH) 
ou Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) 
é uma patologia associada à deficiência primária 
de surfactante, que afeta particularmente o 
RNPT, sendo sua incidência inversamente 
proporcional à idade gestacional (SARMENTO, 
2007; ARAÚJO, 2007; RIBEIRO et al., 2003; 
EGER, 2003; ABREU et al., 2006; OLIVEIRA et 
al., 2005; CONSOLO et al., 2002; FREDDI et al., 
2003; MULLER et al., 2000). 
 O surfactante é uma substância 
fosfolipídea produzida pelos pneumócitos tipo II, 
que recobrem os espaços alveolares e tem como 
propriedade diminuir a tensão superficial 
alveolar, prevenir atelectasias e edemas, 
melhorar as trocas gasosas, diminuir o esforço 
respiratório, aumentar a complacência pulmonar, 
facilitar o transporte mucociliar e manter a 
estabilidade alveolar (SARMENTO, 2007; 
OLIVEIRA et al., 2005; MULLER et al., 2000; 
FREDDI et al., 2003; RIBEIRO et al., 2003; 
ARAÚJO, 2007; EGER, 2003; CONSOLO et al., 
2002; ABREU et al., 2006). 
 O surfactante começa a ser produzido na 
24ª a 28ª semana de gestação, mostra-se em 
um nível quimicamente maduro 
aproximadamente na 34ª semana e indica a 
maturidade do pulmão ao permitir a manutenção 
da respiração contínua. (SARMENTO, 2007; 
ARAÚJO, 2007; RIBEIRO et al., 2003; OLIVEIRA 
et al., 2005). 
 As manifestações clínicas da DMH 
caracterizam-se por dispnéia, taquipnéia ou 
bradipnéia em casos graves, gemido expiratório, 
cianose, batimentos de asas nasais, retração 
esternal, dificuldade em iniciar a respiração 
normal, edema de extremidades, tiragem 
intercostal e subcostal e crises de apnéia. A 
hipotensão, hipotonia e a hipoatividade são 
regras da SDR (OLIVEIRA et al., 2005; ARAÚJO, 
2007; MULLER et al., 2000; ALBUQUERQUE et 
al, 2002). 
Na SDR, a complacência pulmonar é 
baixa e múltiplas áreas de atelectasia se 
desenvolvem, de acordo com Kopelman (1998). 
Segundo Sarmento (2007) e Ribeiro et 
al. (2003), os fatores predisponentes para o 
desenvolvimento da SDR envolvem a 
prematuridade, sexo masculino, anóxia perinatal, 
hemorragia e diabetes materna, deslocamento 
da placenta, eritroblastose fetal, asfixia perinatal, 
parto traumático, cesariana, uso de anestésico 
e/ou analgésicos, gemelaridade. Os neonatos 
negros têm menor risco de virem a apresentar a 
SDR e, quando ocorre, é menos grave. 
O diagnóstico da SDR, além do quadro 
clínico, é realizado por meio da análise 
radiográfica, que evidencia um aspecto retículo-
granular ou de “vidro moído” representado pelas 
áreas atelectasiadas. Esse quadro varia em 
quatro graus: grau I – leve (granulações finas); 
grau II – moderada (granulação bem evidente em 
“vidro moído”); grau III – grave (broncograma 
aéreo alcançando a periferias dos campos 
pulmonares, discreto borramento cardíaco) e 
grau IV (opacidade total dos campos 
pulmonares, área cardíaca imperceptível) 
(SARMENTO, 2007; ARAÚJO, 2007; EGER, 
2003; RIBEIRO et al., 2003; OLIVEIRA et al., 
2005). Na gasometria nota-se acidose mista, 
hipóxia e hipercapnia (ARAÚJO, 2007; EGER, 
2003; RIBEIRO et al., 2003). A ausculta pode 
revelar ventilação pulmonar deficiente com 
murmúrio vesicular diminuído (ARAÚJO, 2007; 
OLIVEIRA et al., 2005; BRUNHEROTTI et al., 
2003; ALBUQUERQUE et al., 2002). 
Freddi (2003) relata que existe um 
intervalo de tempo para que o diagnóstico se 
torne evidente, uma vez que nessa síndrome 
 5 
ocorre atelectasias progressivas. Com grande 
freqüência, o raio-X torna-se característico 
quando o quadro já é bastante avançado. 
De acordo com Araújo (2007), Sarmento 
(2007) e Ribeiro et al. (2003), uma vez 
estabelecido o diagnóstico, as medidas 
terapêuticas visam fundamentalmente conservar 
a oxigenação, ventilação e pH adequados, além 
de medidas gerais de manutenção térmica, 
calórica e hídrica do RN. 
O tratamento clínico se dá pelo uso de 
surfactante exógeno, o que diminui a 
necessidade de suporte ventilatório para manter 
uma adequada troca gasosa e pela 
oxigenoterapia, que deve ser atentamente 
vigiada a fim de evitar os efeitos tóxicos do O2 
sobre a retina e o pulmão do RN. (RIBEIRO et 
al., 2003). 
Logo após a administração do 
surfactante exógeno, sintético ou natural, há 
alteração no curso da DMH com uma rápida 
melhora das trocas gasosas, o que é 
comprovado pela redução das necessidades de 
oxigênio e pelo aumento da pressão parcial de 
oxigênio arterial (PaO2) (ABREU et al., 2006) 
Segundo Ribeiro et al. (2003) e 
Sarmento (2007), outra medida importante é a 
administração de corticosteróides às gestantes 
entre 26 e 34 semanas quando houver risco de 
parto prematuro. Procedimento de utilidade 
comprovada, no sentido de induzir à síntese de 
surfactante pelo feto, promovendo a aceleração 
da maturidade pulmonar fetal. 
 
3.2 ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA 
Segundo Eger (2003) e Sarmento 
(2007), a atuação da fisioterapia está relacionada 
à prevenção e tratamento de possíveis 
complicações decorrentes da doença e da 
própria terapêutica empregada. Quando 
necessário a administração do surfactante 
exógeno, o atendimento só deve ser realizado 
após as primeiras 24 horas de vida, ou 12 horas 
após a administração dos corticosteróides. 
A fisioterapia respiratória tem por 
objetivo manter as vias aéreas permeáveis 
utilizando técnicas específicas queirão promover 
a mobilização de secreções, manter a mobilidade 
muscular, melhorar a função dos músculos 
respiratórios e prevenir complicações (OLIVEIRA 
et al., 2005) 
O fisioterapeuta pode intervir por meio de 
técnicas específicas no progresso clínico do RN, 
que são: 
� Vibração torácica: O efeito positivo dessa 
técnica baseia-se na propriedade tixotrópica do 
muco, que se liquefaz quando submetido a 
constante agitação. Também causa um 
relaxamento da parede torácica e melhora a 
perfusão alveolar (OLIVEIRA et al., 2005). É uma 
manobra de higiene brônquica que auxilia na 
fluidificação do muco, facilitando sua mobilização 
para as vias aéreas mais proximais. É mais 
eficiente quando associada à drenagem postural. 
(ARAÚJO, 2007; SARMENTO, 2007). 
� Drenagem postural, utiliza o efeito da 
gravidade, por meio da verticalização do 
brônquio lobar, removendo secreções brônquicas 
das regiões mais periféricas para centrais 
(OLIVEIRA et al., 2005; SARMENTO, 2007). 
Segundo Araújo (2007) o tempo pra cada 
postura varia de 2 a 5 minutos quando associada 
a outra manobra. É uma manobra que favorece a 
expansão de regiões atelectasiadas quando o 
pulmão comprometido é colocado no lado não 
dependente. (SARMENTO, 2007). 
� Aceleração do fluxo expiratório (AFE) 
modifica o tipo de fluxo aéreo brônquico, 
formando turbulências, modificando as 
propriedades do muco, facilitando a eliminação 
 6 
das secreções da periferia para vias aéreas 
centrais (OLIVEIRA et al., 2005). 
� Terapia expiratória manual passiva 
(TEMP) promove a aceleração do fluxo aéreo 
expiratório, com isso, um maior deslocamento 
das secreções traqueobrônquicas, facilitando a 
limpeza das vias aéreas e aumentando a 
ventilação pulmonar (EGER, 2003). 
� Posicionamento: utilização de coxins 
para conter os movimentos de extensão 
excessiva que facilitam as clonias e o reflexo de 
Moro. A posição mais utilizada é a fowler (semi-
sentada), que induz a respiração diafragmática 
pelo abaixamento das vísceras por ação 
gravitacional, melhorando a expansibilidade 
(OLIVEIRA et al., 2005). 
� A posição prona oferece um apoio 
abdominal, otimiza o trabalho respiratório e 
melhora a saturação de O2. É a mais indicada 
para melhor estabilidade da caixa torácica e 
movimento diafragmático, além de propiciar uma 
melhor expansão e ventilação pulmonar. A 
posição supina é a mais utilizada para melhor 
função pulmonar, estimulação sensorial e 
prevenção de escaras. (OLIVEIRA et al., 2005; 
SARMENTO, 2007). 
� Estímulo diafragmático tem como 
objetivo coordenar os movimentos respiratórios e 
melhorar a atividade diafragmática, promovendo 
propriocepção da musculatura de respiratória 
(OLIVEIRA et al., 2005; ARAÚJO, 2007). 
� Reequilíbrio toracoabdominal (RTA): 
técnica que trabalha o aumento do fluxo aéreo e 
conseqüentemente a desobstrução brônquica. 
Nos bebês é realizada de forma passiva, através 
de massagens musculares, alongamento e 
fortalecimentos dos músculos respiratórios tem 
como objetivo proporcionar um bom padrão de 
respiração e desta forma, evitar situações de 
desconforto respiratório intenso como a fadiga 
muscular respiratória. (EGER, 2003). 
� Aspiração: técnica utilizada para 
remoção das secreções, uma vez que o reflexo 
de tosse pode encontrar-se imaturo e ineficiente, 
principalmente em RNPT. Previne a obstrução 
no tubo endotraqueal, evitando o aparecimento 
de atelectasias e infecções pulmonares 
(OLIVEIRA et al., 2005). Por se tratar de um 
procedimento estressante e desconfortável, a 
aspiração pelas narinas deve ser feita somente 
quando necessária baseada na ausculta 
pulmonar e no desconforto respiratório 
(SARMENTO, 2007). 
Deve-se evitar a manipulação intensa do 
neonato que pode levar a fadiga, à demanda 
excessiva de O2, ao estresse e desconforto. O 
fisioterapeuta deve estar atento, procurar dosar 
as técnicas empregadas assim como o tempo de 
realização da intervenção. (ARAÚJO, 2007; 
EGER, 2003). 
Segundo Araújo (2007), a vibração 
associada à compressão deve ser evitada, em 
razão da alta complacência torácica e maior risco 
de deformidade. Eger (2003) afirma que a 
vibração deve ser associada com compressão 
vigorosa. E ambos relatam que a vibração 
torácica deve ser associada à drenagem 
postural. 
A análise do comportamento da 
saturação de O2 em dois recém-nascidos com 
DMH submetidos ao tratamento fisioterapêutico 
evidenciou um aumento deste parâmetro, 
favorecendo a ligação entre oxigênio e a 
hemoglobina, através da melhora da ventilação 
pulmonar. A fisioterapia mostrou ser um 
procedimento adequado para prematuros, não 
comprometendo sua estabilidade clínica e 
hemodinâmica, ao contrário, melhorando sua 
condição clínica (OLIVEIRA et al.; 2005) 
Ribeiro et al. (2007) em seu estudo 
 7 
comparou os RN’s com DMH atendidos pela 
fisioterapia e o grupo não atendido e constatou 
que os RN’s submetidos a fisioterapia 
apresentaram um tempo maior de internação em 
relação aos não atendidos, porém, a maioria dos 
RN’s encaminhados para o atendimento 
fisioterapêutico apresentava muito baixo peso e 
extrema prematuridade, comparados com o 
grupo não encaminhado, justificando o maior 
tempo de internação. 
A fisioterapia demonstrou ser um 
procedimento terapêutico adequado para o 
tratamento dos RNPT com DMH. Abreu et al. 
(2006) relataram em seu estudo o declínio da 
freqüência cardíaca dos RNPT pós-
procedimentos intervencionistas de fisioterapia 
com o aumento da fase diastólica do ciclo 
cardíaco. Assim, recomendaram a realização da 
fisioterapia como um dos recursos para o 
tratamento dessa população neonatal. 
 
4.0 – CONCLUSÃO 
 
 Conclui-se com essa revisão que a 
fisioterapia tem efeitos benéficos no tratamento 
da DMH, possibilitando a diminuição da 
incidência de complicações respiratórias em 
RNPT, contribuindo com a diminuição da 
mortalidade de neonatos. No entanto, faz-se 
necessário a realização de novos estudos que 
abordem o tratamento fisioterapêutico na DMH, 
pois observamos escassez de estudos e 
pesquisas relacionadas a fisioterapia e a DMH. 
 
5.0 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ABREU, L. C.; ANGHEBEN, J. M. M.; BRAZ, P. 
F., et al. Efeitos da fisioterapia neonatal sobre a 
freqüência cardíaca em recém-nascidos pré-
termos com doença pulmonar das membranas 
hialina pós-reposição de surfactante exógeno. 
Arq Med ABC, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 5-11, 
2006. 
 
ABREU, L. C.; PEREIRA, V. X.; VALENTINE, V. 
E.; et al. Uma visão prática da fisioterapia 
respiratória: ausência de evidência não é 
evidência de ausência. Arq Med ABC, São 
Paulo, v. 32, n. 2, p. 76-78, 2007. 
 
ALBUQUERQUE, I. C. C.; AMORIM, M. M. R.; 
MENESES, J.; et al. Avaliação do impacto da 
corticoterapia antenatal para aceleração da 
maturidade pulmonar fetal nos recém-nascidos 
em maternidade-escola brasileira. RBGO, 
Recife, v.24, n.10, p. 655-661, 2002. 
 
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