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Resenha crítica sobre o princípio da presunção de inocência

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Introdução
 Hassan Magid De Castro Souki é graduado em Direito pela Pontifícia Católica de Minas Gerais, PUC Minas (2000). É especialista em Direito Público pela Universidade Gama Filho e Mestre em Direito pela Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas. Além do que, é professor da Escola Superior Dom Helder Câmara e do Centro Universitário Estácio de Sá e coordenador do Núcleo de Prática Jurídica e do Serviço de Assistência Jurídica da Faculdade UNA de Contagem.
Desenvolvimento
 O princípio da presunção de inocência, é a garantia ao acusado de uma infração penal a um julgamento digno, sustentado pelo art. 5 CF inc. LVII “Ninguém será culpado até o trânsito em julgado de sentença condenatória”. Assim, tem como principal intuito a obrigação do Estado em provar a culpa do indivíduo por meio do processo. É importante mencionar que este princípio tem como finalidade a tutela da liberdade pessoal. Dessa forma, o indivíduo tem proteção em face de uma suposta sanção penal antecipada. Ligado a isto, estão os princípios constitucionais do processo, que servem para garantir um processo justo e limitar o poder estatal. 
 No dia 17 de Fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento HC 126.292, decidiu por 7 votos a 4, a aplicação da pena após a condenação ser confirmada em segunda instância, alterando o entendimento inicial do sentido do princípio de presunção de inocência. O Ministro Teori Zavascki foi o relator do processo, sendo apoiado pelos Ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes. São contrários os Ministros Marco Aurélio, Rosa Weber, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski.
Conclusão
 Souki ao dizer que “o texto constitucional é claro” relembra que o princípio de presunção de inocência é um princípio basilar do Direito e direito fundamental do indivíduo e, dessa forma, a decisão, é um retrocesso que acaba com seu verdadeiro significado. 
 Ao se pronunciar, o Ministro Celso de Mello diz de maneira sucinta e concisa que, a Constituição deve ser observada com cuidado, pois há limites que nem o Estado, nem seus agentes podem ultrapassar. Já o Ministro Marco Aurélio, afirmou que a decisão não é compatível com a Constituição brasileira, que tem em primeiro lugar o intuito de garantir os direitos fundamentais, disse “tenho dúvidas […] se mantido esse rumo quanto à leitura dessa carta [a Constituição] pelo Supremo Tribunal Federal, ela poderá continuar a ser tida como uma carta cidadã.” 
 Ou seja, não importa o crime cometido, todo acusado tem o direito à defesa, independente do crime que supostamente cometeu, pois, mesmo o causador de um crime hediondo não perde seus direitos fundamentais. De acordo com Nabuco Filho, “Mesmo que o crime praticado seja considerado repugnante pela coletividade, este fato não implica que o acusado perderá seus direitos concedidos pela Constituição Federal. Todavia, o suspeito pela prática do crime poderá ser considerado inocente ao final da persecução penal.”
 Nesse mesmo sentido, têm-se a possibilidade do erro judicial, já que, mesmo existindo o princípio de presunção de inocência ainda há vários casos noticiados pela mídia, e muitos outros que não chegam ao conhecimento do público, agora, com a execução da pena em decisão confirmada em segunda instância, esses casos tendem a se multiplicar. De acordo com Nabuco Filho, o homem tende a interpretar a realidade de certa forma, muitas vezes erroneamente, afirmando que aquilo que ele acha que é a verdade, realmente é. Em seu texto Souki ainda chama a mudança de “malabarismo hermenêutico”, pois para ele, a decisão deixa de atender à Constituição Federal e ao Estado Democrático de Direito e acolhe o senso comum. 
 Existem países que já adotam esse tipo de modelo como Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Portugal, Espanha e Argentina. Porém, nenhum dos países citados acima apresenta em suas constituições alguma passagem que determina que o indivíduo será considerado culpado somente após sua condenação, como no art.5 da Constituição brasileira,além do mais, segundo um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences estima que pelo menos 4,1% dos condenados à morte nos EUA são inocentes - uma em cada 25 pessoas condenadas.
 Em ato público organizado pela seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil para demonstrar repúdio à decisão do STF, o Presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), Augusto de Arruda Botelho, disse: “A voz da sociedade sempre é pinçada por quatro ou cinco casos notórios de repercussão, porém, esquecem que nossas penitenciárias – somos a quarta maior população carcerário do mundo – estão lotadas de pessoas jovens, negras, moradoras da periferias e réus primários e são justamente essas pessoas que serão atingidas pela absurda e triste decisão do Supremo Tribunal Federal. Não há crime grave que justifique o atropelo da lei e o esquecimento dos direitos e garantias fundamentais”. Segundo o último levantamento nacional de informações penitenciarias (INFOPEN), no Brasil o déficit de vagas do sistema prisional chega a mais de 231 mil vagas e com essa decisão do STF pensando em médio e longo prazo, esse número tende a aumentar. 
Bibliografia:
http://www.escavador.com/sobre/2002019/hassan-magid-de-castro-souki
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura HYPERLINK "http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11829"& HYPERLINK "http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11829"artigo_id=11829
http://www.politize.com.br/prisao-apos-decisao-em-segunda-instancia-argumentos-contra-e-favor/
http://www.iddd.org.br/index.php/2016/02/25/o-stf-e-a-ameaca-a-presuncao-de-inocencia/

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