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O primata que conta histórias

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O PRIMATA QUE CONTA HISTÓRIAS
Jerônimo Teixeira e Marcelo Marthe
(...) Esta é um singularidade da espécie humana: pelo exercício de contar e ouvir histórias – nos mais variados meios: conversação, livros, internet, cinema -, homens e mulheres se importam com pessoas que não lhes são próximas, que não estão mais vivas, ou que nem sequer existem.
A ficção é um traço definidor da humanidade, e como tal se pode afirmar que ela tem raízes biológicas profundas. Cultivar o hábito de leitura (e, em especial, da boa leitura) surte efeitos nítidos: desenvolve a imaginação, o vocabulário e o conhecimento, a capacidade de associar – de usar a inteligência de forma mais plena, enfim.
LER FAZ BEM: a importância da leitura de ficção para a realização na vida e na carreira
DE MACHADO DE ASSIS AO BOLSHOI E AO MIT: Em todas as entrevista que fez em faculdades americanas, a mineira Luana Lopes Lara, de 17 anos, teve de declarar um livro indispensável. Escolhei Dom Casmurro, de Machado de Assis. “Li três vezes. Na primeira, não gostei, mas me encantei com o final em aberto.” Ex-aluna de escola técnica e ex-bailarina do Bolshoi de Joinville, Luana foi aprovada nas prestigiadíssimas Harvard, Yale e Stanford, mas optou por engenharia elétrica no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). “A faculdade quer saber se o aluno tem o hábito de leitura e, mais ainda, uma visão crítica.”
LER FAZ BEM
LEITURA ÁGIL E UMA VAGA NO ITA: Há várias similaridades entre a trajetória de Marcos Santana de Oliveira e a de Roger Leite Lucena. Ambos têm 19 anos, nasceram no Maranhão e são, respectivamente, primeiro e segundo lugar no vestibular de 2014 do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), uma das provas mais difíceis do país. São, também, leitores onívoros (que comem de tudo; aqui, que leem de tudo). Marcos é fã dos livros de Sherlock Holmes e do clássico Viagem ao centro da Terra, de Júlio Verne. Rogers vai da Bíblia a Machado de Assis, Bernardo Guimarães e Lima Barreto. Nas férias, ele acordava às 8 horas e passava o dia lendo. “Isso ajudou a aumentar meu vocabulário, estruturar frases, transmitir ideias e pensar rápido, sem cansar”, diz.
LER FAZ BEM
O VALOR TÁTICO DE UM BOM REPERTÓRIO: As leitura preferidas do paulista Maurício Lorenzetti, de 19 anos, vão de 1984, de George Orwell, e Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, a O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams. Ele usou esse gosto como estratégia no vestibular. “Ler não só enriquece o vocabulário e o conhecimento, como se faz interpretar bem um texto ou as questões de uma prova”, diz. Foi uma das maiores notas de ingresso na Unicamp, onde cursa engenharia da computação.
LER FAZ BEM
CULTO E DESENVOLTO: Já na infância o amazonense Gabriel Benarrós, de 25 anos, lia Érico Veríssimo, Clarice Lispector e Machado de Assis. Aos 17 anos, ele foi aceito em dezessete universidades americanas. Escolheu Stanford. Foi nas aulas que, em 2012, ele fundou a startup Ingresse.com, site que comercializa ingressos para eventos e mantém trinta funcionários. Diz Benarrós que é da narrativa que vem sua desenvoltura nos negócios: “Entender como os grandes contadores de história se comunicam me ensinou a passar uma mensagem de forma convincente”.
Veja. 14 de maio, 2014. p. 127-31.

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