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Direito Romano - 1 bimestre

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DIREITO ROMANO
1º BIMESTRE - 2018
CONCEITO DE DIREITO ROMANO
É um modo de solucionar conflitos com base em uma ciência
Há dois direitos universais: romano e muçulmano (o muçulmano está em extinção)
Com o direito romano, nós já temos um modo de solucionar os conflitos antes de eles acontecerem
O direito romano é o sistema jurídico (isto é, um conjunto de normas, princípios e conceitos relativamente estáveis através do tempo) em vigor desde a formação de Roma (754 a.C.) até os dias atuais - e provavelmente para sempre
“O direito romano é um laboratório de juristas”: ele é como uma gangorra, experimenta várias situações (porém, se tornou mais estável ao longo do tempo)
PODERES POLÍTICOS E FONTES DO DIREITO
HISTÓRIA DAS FONTES DO DIREITO ROMANO
Fontes do direito = diversos modos de formação do direito
As fontes do direito dependem do sistema constitucional de cada país
A divisão mais racional da história das fontes é a que segue a divisão que inspira a história de Roma: 
Realeza
República
Alto Império
Baixo Império
1º PERÍODO - REALEZA 
ORIGEM DE ROMA
Não temos provas fortes a respeito da origem de Roma. A cidade foi construída da reunião de três tribos, sob a autoridade de um rei; foi fundada com uma muralha em torno de uma colina (Roma Quadrada) e dividida em lotes, terrenos grandes foram concebidos às famílias fundadoras - sistema patriarcal.
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
PATRICIOS: descendentes das primeiras famílias que povoaram Roma, eram proprietários de terras, ocupavam cargos públicos e possuíam muita riqueza e escravos.
CLIENTES: embora livres, viviam “presos” aos patrícios, de quem recebiam proteção e influência.
PLEBEUS: eram livres de qualquer subordinação aos patrícios, mas formavam uma camada social inferior na sociedade. 
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA 
REI: sua preocupação era garantir a segurança de todos, seus poderes são limitados pelo senado e pelo povo.
SENADO: órgão de pessoas mais velhas, que se reuniam e decidiam as mudanças da cidade. As decisões mais importantes eram guiadas pelo Senado (isso acorre até hoje).
POVO: votava as leis por proposta do rei. Segundo o historiador Theodor Mommsen, o povo se organizava na sociedade da mesma forma que se organizava em família (a macroestrutura reproduz a microestrutura). O povo era convocado em comício toda vez que houvesse uma grande deliberação (geralmente era convocado pelo rei para receber aprovação de alguma medida). Se o povo aprovasse ainda não era lei, para ser lei o rei tinha que levar para o Senado e o Senado aprovar.
FONTES DO DIREITO
COSTUMES: maior fonte do direito romano na Realeza, é o que todos espontaneamente/voluntariamente decidem e aprovam. Transmite-se de geração para geração por uso repetido. Naquele período, os costumes podiam revogas leis.
Fundamento do costume: nós, seres humanos, temos a necessidade natural de repetição dos outros. O sociólogo Gabriel de Tarde diz que se nós não imitarmos, nós morremos. O costume é não trocar o certo pelo duvidoso.
LEIS: é o que o povo aprovou em comício. A lei era uma exceção, quase todo o direito da época era formado pelos costumes. As leis aprovadas pelo povo em comício eram particulares e circunstanciais, não houve leis de aplicação geral. 
“Curruptissima re publica, plurimae leges” (“quanto mais corrupta é uma república, mais leis ela tem.”)
Uma das características do direito da Realeza é o excesso de religiosidade. Essa religiosidade se explica de três formas:
Deuses que “deram” as normas
Se as normas/costumes são dadas por deuses, por que preciso escreve-las? Em todos os casos, houve a absorção de um povo para o outro, então era preciso escrever para que o outro povo conhecesse os costumes.
Normalmente, não havia julgamento. Mas as vezes as pessoas procuravam sábios (sacerdotes) para ajudar a resolver algo. 
Direito Realeza: Religioso
 Formal
 Costumeiro
2º PERÍODO - REPÚBLICA
No final da Realeza, os três últimos reis foram da mesma república e quase chegaram a uma tirania. Aumentaram a participação da plebe (entregando terras e cargos) e em troca conseguiram a aprovação de leis. Se tornaram rivais dos patrícios e com isso criaram três grupos:
Reis
Patrícios (perceberam que muitos reis em outras cidades também estavam se tornando tiranos)
Plebe (enriqueceu)
Os líderes patrícios foram até a plebe para discutir as atitudes dos reis e sobre a injustiça que eles estavam sofrendo, pois estavam perdendo sua liberdade. Patrícios firmaram então compromissos com os dois grupos (reis e plebe) que ficaram conhecidos como rés publica (a coisa é pública, ou seja, tudo é de todos - porém, garantiram a propriedade privada).
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
A organização da cidade romana não foi modificada pela queda da Realeza. 
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
CÔNSULES: o rei foi substituído por dois (se fosse só um corria o risco de ele virar rei) magistrados patrícios (os cônsules), eleitos por um ano. Eles faziam as mesmas coisas que o rei, mas sem a parte religiosa. Para chegar a cônsul, a pessoa tinha que passar por mais cargos antes (e ter aprovação do povo).
SENADO: sua importância aumentou: os cônsules devem obter a opinião favorável do Senado para todas as questões importantes. Além disso, o Senado deve sempre ratificar as leis votadas, para que elas tenham eficácia.
POVO: (patrícios e plebeus). Reúne-se em comícios: por cúrias, por centúrias e em comícios por tribos. 
Comícios por centúrias: são os mais importantes.
Comícios por cúrias: reduzem-se a deliberação sobre certas matérias religiosas, até serem extintos. 
Comícios por tribos: recrutamento do povo por um critério territorial, decisões passaram a ser mais democráticas.
Em todos esses comícios, o povo exerce os poderes legislativo, executivo e judiciário.
→ Poder legislativo: as leis são propostas pelo magistrado e votadas pelo povo. 
→Poder judiciário: cuidava de delitos (conta o povo Romano ou contra os particulares). Crime punido com a pena capital: assembleia judiciária reunida em cúrias.
Delitos menos graves: assembleia judiciária reunida por tribos.
→Poder eleitoral: a consequência da República são as eleições de magistrado, já que é impossível todos administrarem tudo. Os magistrados eram eleitos pelo povo para administrar a coisa pública (não é um representante). Inicialmente, só haviam dois cônsules (que eram os magistrados). Depois, houve a necessidade de se criar mais cargos. 
Os patrícios foram malandros: deixaram a plebe votar, mas ela não podia se candidatar a nada. Quando a plebe reclamou, criaram o tribuno da plebe.
TRIBUNO DA PLEBE: não tem nenhum poder político, não pode decidir nada, mas pode vetar tudo. Isso é importante porque na república as coisas eram complexas e as vezes as pessoas não tinham como fazer nada quando acontecia algo errado. Esse tribuno podia vetar as decisões ruins. 
QUESTORES: cuidavam dos tributos. Cobravam impostos, guardavam o dinheiro, pagavam obras públicas, etc.
DITADOR: poderiam haver crises na República (guerras, conflitos) e não dava para esperar o magistrado chegar a um acordo. Então o povo elegeu um ditador para ficar lá por seis meses e colocar ordem em tudo. Se ele conseguisse a ordem antes desses seis meses, ele saia e voltavam os cônsules. No momento em que o ditador era eleito, todos os outros cargos se paralisavam. Caso ele não conseguisse resolver a crise, outro ditador era eleito.
CENSORES: eram responsáveis pelo senso (recenseamento), pelo recrutamento do Senado e pela vigilância dos costumes. O censor fazia advertências, mas não proibia. Controlava os costumes do ponto de vista moral, político e econômico (cuidando para que a República não se deixasse levar por hábitos que não se sabe quais as consequências).
PRETOR: eram encarregados da justiça. Os pretores confirmam, complementam e corrigem o direito civil. Eleito pelo povo para dizer qual direito deveria ser aplicado em determinado conflito. O pretor contava com dois poderes:
Jurisdicto (poderde dizer o direito, dicção do direito)
Imperium (poder de mando, pode mandar alguém fazer algo a força)
O pretor fazia o julgamento do direito (que é diferente de fazer o julgamento de fato - o direito refere-se ao povo, os fatos referem-se à realidade). Ele também ajudava as pessoas a encontrarem um juiz para julgar a causa. 
O autor da causa ia até o pretor, que pegava uma tábua e fazia o “processo”, então via o que os costumes, leis e plebiscitos diziam a respeito do acontecido. Após o juiz ser escolhido, havia o “julgamento popular” na praça pública, onde ambas as partes levavam pessoas (amigos, parentes, etc) para discutir perante o juiz = surgiram os advogados. 
Portanto, haviam duas fases: uma no tribunal e outra perante o juiz.
Outra função do pretor era fazer valer a sentença (pois ele tem o imperium).
Além disso, o pretor fazia o “edito do pretor”: muitos casos não estavam previstos nos costumes, leis ou plebiscitos, então, para ganhar votos, os pretores faziam promessas de criar novos direitos. Quando ele era eleito, era obrigado a ir até a praça pública e escrever o seu edictum, que era obrigado a cumprir naquele ano (ou ele seria punido). 
Os novos pretores mantinham os direitos antigos; só faziam algumas alterações, criavam alguns direitos e/ou retiravam os que não estavam agradando o povo. 
EDIS CURIS: eram a policia da cidade, faziam a vigilância dos mercados e das provisões alimentares, entre outros. 
GOVERNADORES: nas províncias, são os magistrados judiciais (como o pretor) e também magistrados judiciais (como o cônsul).
FONTES DO DIREITO
COSTUMES
LEIS: A “lei das XII tábuas” se aplicava a patrícios e a plebeus. Três patrícios foram para a Magna Grécia copiar as leis gregas em vigor (como inspiração). Quando voltaram, todas as magistraturas ordinárias foram suspensas e o poder foi confiado a uma comissão de dez membros, responsáveis por redigir as leis. A lei das XII tábuas regulamentou matérias de direito público, direito privado e direito sacro. O direito existente não foi modificado, mas os costumes não escritos foram codificados. 
PLEBISCITOS: decisões tomadas pela plebe, por proposta de um tribuno. No início, aplicavam-se somente à plebe, mas depois adquiriram a mesma eficácia que a lei.
JURISPRUDÊNCIA: ciência/doutrina do direito (livros que interpretam as normas). O jurista estuda casos muitos sérios e da o seu parecer (opinião). A jurisprudência não tem força obrigatória, mas ela é mais persuasiva do que qualquer outra fonte do direito. 
Podemos dividir a história da jurisprudência em três partes:
A ciência dos pontífices - fase esotérica: até o século IV a.C. a ciência do direito era monopólio do colégio dos pontífices, que a guardavam em segredo. Para praticar os atos jurídicos era necessário conhecer o calendário e saber quais os dias fastos (permitidos pelos deuses). As ações exigiam o pronunciamento de fórmulas, conhecidas apenas pelos pontífices. Eles eram responsáveis pela interpretação das leis.
A divulgação da ciência dos pontífices - fase de vulgarização: um escriba divulgou em uma coleção as fórmulas das ações de lei e o calendário que estabelecia os dias fastos. Assim, os plebeus também puderam se dedicar ao estudo do direito. 
A função dos jurisconsultos: dar consultas orais ou escritas, assistir o cliente nos processos e assistir o cliente na redação dos atos jurídicos. 
Fase de sistematização da ciência do direito: um jurista deixou um ius civile, em 18 volumes, a primeira exposição metódica do direito civil, que foi muito comentado pelos juristas imperiais.
EDITOS DOS MAGISTRADOS: os altos magistrados tinham o costume de publicar, no momento de sua eleição, declarações nas quais apresentavam seus projetos. 
Diferenças entre o edito e a lei:
O edito cessa com os poderes do magistrado que foi autor dela, enquanto a lei é perpétua.
O edito aplica-se somente na região territorial do magistrado que a estabeleceu, enquanto a lei estende-se para todo o território dominado por Roma.
O edito não pode revogar ou criar uma regra do direito, ao contrário da lei. 
3º PERÍODO - ALTO IMPÉRIO
Não foi um imperialismo, mas sim um império.
Dinarquia: o imperador divide seu poder com o Senado (o povo já não é mais chamado em comício).
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
MAGISTRATURAS: o imperador reúne todas as magistraturas que na República eram divididas entre os diversos magistrados. Ele tem a administração das províncias imperiais e o gozo de seu tesouro privado. 
Os magistrados da República continuaram a ser eleitos pelos comícios e depois pelo Senado. Mas a autoridade deles foi completamente ofuscada pela autoridade do imperador e de seus delegados. 
COMÍCIOS: perdem seus poderes eleitoral, judiciário e legislativo. 
SENADO: herdou o poder eleitoral dos comícios e parte do poder legislativo. Compartilha, com o imperador, o poder judiciário e administra as províncias senatoriais. Porém, o Senado perde sua função de corpo consultivo e sua independência. 
FONTES DO DIREITO
COSTUMES
LEIS: raramente eram feitas leis novas. As lege datae eram medidas tomadas pelo imperador em nome do povo.
PLEBISCITOS
SENADOS CONSULTOS: medidas legislativas emanadas do Senado. Com o desaparecimento dos comícios, o Senado herdou o poder legislativo. Logo, todo senátus-consultos passou a ser deliberado por proposta do imperador.
EDITO DOS MAGISTRADOS: sua importância diminuiu. 
Um jurisconsulto foi encarregado pelo imperador Adriano de codificar os edicta perpetua publicados pelos pretores, criando o Edito Perpétuo (=golpe à legislação dos pretores).
CONSTITUIÇOES IMPERIAIS: medidas legislativas emanadas do imperador. A partir de Adriano, o poder legislativo dos imperadores começa a se desenvolver (quando o edito dos pretores deixa de ser uma fonte viva do direito). 
Constituições = podem estabelecer regras em nome do povo (alguns imperadores abusavam disso). Muitas dessas constituições tinham a função de organizar o Estado.
Podemos distinguir quatro tipos de constituições imperias:
Edicta: disposições análogas aos editos dos magistrados. São anunciados pelo imperador quando assume seu cargo.
Mandata: instruções dirigidas pelo imperador aos seus funcionários.
Decreta: decisões judiciárias dadas pelo imperador nos processos em que a ele se apelou ou que ele próprio se convocou. 
Rescripta: repostas dadas pelo imperador a alguém sobre questões de direito. 
RESPONSA PRUDENTIUM: o imperador Augusto deu poder a alguns juristas, eles receberam o direto de dar respostas públicas. Essas respostas eram estimadas como sendo dadas em nome do povo.
Principais jurisconsultos do Alto Império:
Sabinianos e Proculianos: duas escolas rivais. A escola sabiniana era mais conservadora, enquanto a escola de Próculo era mais inovadora. 
4º PERÍODO - BAIXO IMPÉRIO
Os últimos imperadores romanos enfrentaram uma grande crise (semelhante à República). Havia também uma guerra com o Senado.
Dioleciano dividiu as províncias romanas em diócesanes, cada uma com um líder.
A marca do Baixo Império é o Dirigismo Estatal: a economia foi segurada, foram estabelecidos preços iguais para o império todo. - isso fixou as pessoas na terra.
Controle muito grande das pessoas e da economia.
Foi no Baixo Império que surgiu a figura do adscripticio e o servus glibal. Criou-se também a figura dos decuniones (recebiam alguns títulos e vantagens do Imperador, mas não podiam sair da cidade).
Criou-se uma verdadeira casta social.
Um sistema como esse tende a falir.
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
IMPERADOR: possui poder absoluto. Exerce seu poder com um conselho e com a ajuda de inúmeras pessoas, ao mesmo tempo ministros e domésticos. A insegurança política e econômica leva a um socialismo de Estado.
AS ANTIGAS MAGISTRATURAS REPUBLICANAS: não desaparecem, mas os magistrados perderam todas as suas atribuições. 
SENADO: é mero conselho municipal da capital.
O cristianismo passou a se expandir clandestinamente e o direito romano deixou de ser tão aceito, pois era pagão. (Cristianismo Primitivo X DireitoRomano).
Depois, por causa de Constantino, o Império Romano passou a tolerar o cristianismo (o cristianismo não influenciou muito o direito romano).
Período de centralização (importada do Oriente). 
FONTES DO DIREITO
Do ponto de vista jurídico, o Baixo Império é chamado de decadência, pois os juristas não escreviam mais. 
COSTUMES “desapareceram” = essas fontes não deixaram de existir, mas não foram mais atualizadas.
LEIS
PLEBISCITOS
EDITO DO MAGISTRADO
SENADOS CONSULTOS
JURISPRUDÊNCIA
CONSTITUICÇAO IMPERIAL: única fonte nova do direito (Digesto título IV). Essas constituições agora são chamadas de leges. Por consequência, admite-se que o imperador é o único e aceitável interprete da lei. Os quatro tipos de constituições imperiais existentes no Alto Império tentem a se confundir, até que todas recebem o nome de edicta. 
→“Qual a justificativa para que uma regra do imperador seja aplicada a todas as cidades?” As necessidades eram enormes e precisavam de uma ordem, essa necessidade dá o fundamento à Constituição Imperial. 
Lei das citações: citação imperial criada por Teodósio II e Valentiniano III que confirmava a autoridade dos escritos de Paulo, Ulpiano, Papiniano, Modestino e Gaio citadas por eles. Em caso de desacordo entre os juristas, bastava decidir de acordo com a maioria. Em caso de empate, decidia-se de acordo com a opinião de Papiniano. 
As fontes do direito foram separadas em dois grupos:
 Iura:
→ Direitos dos juristas
→ Glora (traduções e interpretações do Digesto)
Lege:
→ Qualquer norma que não seja jurisprudência 
→ Constituições Imperiais 
 
Aplica-se este
Na ausência deste
OS MONUMENTOS DO DIREITO NO BAIXO IMPÉRIO
Para conhece-los, é preciso distingui-los em três períodos:
ANTES DE JUSTINIANO
Compilações privadas: com o passar do tempo, as obras dos juristas eram de acesso cada vez mais difícil (= vulgarização do direito). Começou-se então a estabelecer códigos (colocar as leis no mesmo livro e vender). Código Gregoriano e Código Hermogeniano. 
Codificações oficiais: Código Teodosiano - promulgado no Oriente por Teodósio, é uma compilação de constituições imperiais publicadas desde Constantino. 
A OBRA DE JUSTINIANO
Foi criada para facilitar o trabalho dos juristas. Foram criadas as seguintes obras:
O Codex 
Os Digesta
As Institutas
O Segundo Codex
As Novelas
DEPOIS DE JUSTINIANO
As duas principais obras legislativas posteriores a Justiniano são:
A Paráfrase das Institutas de Justiniano, em grego.
As Basílicas, também em grego. 
CLASSIFICAÇOES DO DIREITO
DIREITO MODERNO
Direito Objetivo
Sujeito do DireitoParte geral.
Os manuais ensinam o direito romano dessa forma.
Capacidade Jurídica
Objeto
Fatos Jurídicos 
DIREITO ROMANO
Pessoas (Digesto título V)
Coisas (objetos que as pessoas podem ter - matérias e imateriais (bens e direitos).
Ações (que protegem as coisas)
Direito Objetivo: é o preceito hipotético e abstrato cuja finalidade é regulamentar a conduta humana em sociedade e cuja característica essencial é a força coercitiva atribuída pela própria sociedade. 
A regra jurídica tem como característica a força coercitiva, mas nem toda norma que tem força coercitiva é jurídica (só é jurídica quando é reconhecida por toda a sociedade - o direito romano não aceita isso). 
DIREITO PÚBLICO E PRIVADO 
Dir. público: as regras se referem ao EstadoDefinição no direito moderno.
Dir. privado: as regras se referem ao indivíduo
Dir. público: estudo que se volta para a norma Definição no direito romano.
No direito romano, tudo é público e privado ao mesmo tempo.
de acordo com o interesse da sociedade
Dir. privado: estudo que se volta para a norma
de acordo com o interesse do indivíduo 
O direito público se refere a três elementos:
Sagrado
Sacerdote
Magistrado 
Nos dias de hoje, o que restou para nós são os magistrados (autoridades).
Regras desses dois vão ficando cada vez mais próximas até que
civile = gentium
Ius civile
Direito de cada cidadão
Ius gentium
Direito mais importante para os romanos; comum a todos os povos.
Ius naturale
Ius gentium: introduziu as guerras, a propriedade, o comércio, etc. Introduziu também, dentro do direito de guerra, a servidão.
O direito quiritário é o direito civil romano. 
“Como decodificar o direito natural?” Ele é mais um fundamento dos direitos do que um direito escrito. Ele é como um “depósito de ideias”, sempre resulta de alguma interpretação da natureza. 
Ius fetiale: espécie de magistrado que ia com o embaixador fazer uma declaração de guerra (na Realeza e na República). É precedente do nosso “direito de guerra”.
Todos os povos tinham um modo respeitoso de tratas a guerra. 
AS PESSOAS - ESTUDO DOS STATUS
Pessoa: todo ser humano capaz de ter direitos e obrigações. 
OS TRÊS ELEMENTOS DA CAPACIDADE JURÍDICA 
O direito moderno tem o conceito de “capacidade jurídica de gozo”, que está ligado à personalidade (tem capacidade jurídica de gozo o ente dotado de personalidade, ou seja, todo mundo).
Em Roma, era utilizado o conceito de status. Para que uma pessoa tivesse completa capacidade jurídica de gozo, era preciso satisfazer três condições quanto ao seu status:
Ser livre
Ser cidadão romano
Ser sui iuris (independente do pátrio poder)
CAPACIDADE DE DIREITO E CAPACIDADE DE FATO
CAPACIDADE DE DIREITO: possibilidade de alguém ser sujeito de direitos e de obrigações. 
CAPACIDADE DE FATO: também conhecida como capacidade de agir, é a possibilidade de praticar atos jurídicos. 
CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS FÍSICAS EM ROMA
Quanto à capacidade de direito, podemos distinguir as pessoas:
Quanto ao status libertatis: as pessoas são livres ou escravas. Os livres são ingênuos ou libertos.
Quanto ao status civitatis: há os romanos e os não-romanos.
Quanto ao status familiae: as pessoas são sui iuris ou alieni iuris. 
Quanto à capacidade de fato, podemos classificar as pessoas em:
Plenamente capazes.
Pessoas que estão sob tutela ou cautela.
livre
 -
 -Status libertatis
 -
 -
Servo (escravo) 
cidadão romano
 -Status civitatis
 -
 -
 -
peregrino (estrangeiro)
Status familiae
sui iuris
alieni iuris
PESSOAS MORAIS
O direito também atribui personalidade a certas pessoas morais (entidades), denominadas pessoas morais ou jurídicas.
STATUS FAMILIAE
DISTINÇÃO ENTE PESSOAS SUI IURIS E ALIENI IURIS 
SUI IURIS: pessoas que não estão sob a dependência de outrem, não tem nenhum ascendente masculino vivo.
ALIENI IURIS: pessoas que estão submetidas ao poder de outrem.
Poderes que podem ser exercidos por um chefe de família:
Dominica potestas: poder do dono sobre seus escravos.
Patria potestas: poder do chefe de famílias (paterfamilias) sobras as pessoas alieni iuris a ele submetidas.
Mancipium: poder do paterfamilias sobre as pessoas in mancipio.
Manus: poder do paterfamilias sobre sua esposa (com quem se casou cun manu) ou sobre as esposas de seus descendentes (que tenham casado cun manu)
Dominium: poder que o dominus exerce sobre as coisas que lhe pertencem.
INTERESSE PRÁTICO DESSA DISTINÇÃO
O sui iuris é independente e possui personalidade jurídica. Ele tem patrimônio próprio e tudo que adquire lhe pertence.
O alieni iuris não tem patrimônio próprio e tudo que adquire vai para o sui iuris.
A FAMÍLIA E O PARENTESCO
A palavra família, quando aplicada as coisas, designava o conjunto de patrimônios do paterfamilias ou o conjunto de escravos. Quando aplicada às pessoas, designava a reunião de indivíduos sob a autoridade de um mesmo chefe.
CARACTERÍSTICAS DA FAMÍLIA ROMANA E COMPARAÇAO COM A FAMILÍA MODERNA
REGIME PATRIARCAL: a família romana está inteiramente fundada sob a autoridade de um homem, chefe (que é o paterfamilias). Qualquer homem que não tenha ascendente masculino vivoé paterfamilias, mesmo se ele for solteiro e não tiver filhos.
GRUPO FORTEMENTE ORGANIZADO: a família romana tem vida própria no seio da sociedade, com seus interesses particulares, pecuniários ou religiosos.
PARENTESCO CIVIL: são parentes aqueles que estão submetidos a pátria potestas de um mesmo chefe de família (agnação).
CARACTERÍSTICAS DA PATRIA POTESTAS: é o poder do chefe sobre os membros da sua família (é comparável ao poder de um dono sobre seus escravos).
AMPLITUDE DA DOMUS: domus = circulo (grande) de membros de uma família submetidos a uma mesma patria potestas. Essa patria potestas dura por toda a existência do paterfamílias. 
Além da domus, existem dois círculos familiares mais amplos:
AGNAÇAO: parentesco civil existente entre aqueles que estão (estiveram ou estariam) subordinados a um mesmo paterfamilias. - era mais valorizada em Roma.
COGNAÇÃO: leva em conta o parentesco sanguíneo. 
AGNAÇÃO: as pessoas unidas por agnação são agnadas entre elas. Encontram-se unidas por tal vínculo:
Aqueles que estão subordinados ao poder de um mesmo paterfamilias (filhos legítimos ou adotados, mulher que se uniu por matrimônio cum manu, esposas dos filhos casadas cum manu, netos ou netas do paterfamilias).
Aqueles que estiveram submetidos ao poder de um mesmo paterfamilias.
Aqueles que poderiam estar submetidos ao poder de um mesmo paterfamilias, se esse fosse imortal (exemplo: netos nascidos após a sua morte).
CARÁTER ARTIFICIAL DA AGNAÇÃO
O parentesco criado pala agnação é artificial, pode ser que as pessoas não tenham nenhum vínculo sanguíneo entre elas e não existe entre todos os parentes de primeiro grau (como entre uma mãe casada sine manu e seus filhos).
IMPORTÂNCIA JURÍDICA DA AGNAÇÃO
É o único parentesco reconhecido e sancionado pelo ius civile. 
Os agnados herdam e os cognados não.
Apenas os agnados podem exercer tutela legítima. 
COGNAÇÃO: parentesco sanguíneo proveniente do lado masculino e os parentes das mulheres. 
EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO ROMANA: PROTEÇÃO DA COGNAÇÃO
No antigo regime romano, só a agnação era reconhecida juridicamente.
Tempos depois, a legislação passou a proteger cada vez mais a cognação.
A atividade do pretor foi responsável pela admissão do direito de sucessão dos cognados.
Em seguida, foi estabelecida, na ausência de testamento de deserdação, direitos recíprocos de secessão entre mãe e filho no casamento sine manu. 
O direito a alimentos foi reconhecido a parentes de ambos os lados (masculino e feminino).
Somente com Justiniano a cognação foi definitivamente triunfada.
A GENS
Outro agrupamento, ao lado da família.
 Membros das gens = gentiles.
Gentiles são aqueles que possuem o mesmo nome gentílico, descendentes de ingênuos que não tenham origem servil e que nunca tenham sofrido capitis deminuto.
Composta por pessoas descendentes de um antepassado comum e longínquo.
Instituição patrícia.
Cada gen se localizava em um espaço do território e formava uma unidade política e econômica. 
EFEITOS JURÍDICOS DAS GENTILITAS
Na ausência de agnados, a sucessão e a tutela eram conferidos aos gentilites.
CASAMENTO
CUM MANU: a mulher entrava para a família como subordinada ao marido (como se fosse filha dele). Nesse tipo de casamento, se o paterfamilias morresse sem deixar testamento (o que era muito raro) os bens dele eram divididos entre os filhos e a esposa casada cum manu.
SINE MANU: a mulher não fica subordinada paterfamilias, ela mantem os seus bens. Esse tipo de casamento era mais comum e lembra a nossa união estável. Era comum o homem ser “alieni iuris” e a esposa dele ser “sui iuris”.
EMANCIPAÇÃO
Naquela época, emancipar o filho significava tornar-lo sui iuris. 
Para o pai emancipar o filho, ele precisava vender o filho três vezes - fazer a cerimônia de mantipatio três vezes. Isso servia para todo mundo saber que o filho dele se tornou sui iuris.
As formalidades servem para formar prova ou dar “substância” ao ato. 
STATUS LIBERTATIS
DIVISÃO DAS PESSOAS SEGUNDO O STATUS LIBERTATIS
HOMENS LIVRES: entre os homens livres, existem os livres de nascença (ingênuos) e os que eram escravos e ficaram livres (libertos).
SEMILIVRES: pessoas in mancipio e os colonos
ESCRAVOS
OS ESCRAVOS 
DEFINIÇÃO: ser humano desprovido de toda personalidade para o direito civil. É um objeto de direito, uma coisa. Pertence à propriedade de outro ser humano. 
“Servo” é um termo do direito internacional de guerra para se referir às pessoas que você conserva consigo. 
“O escravo romano originalmente seria essencialmente um estrangeiro e todo estrangeiro seria virtualmente um escravo em Roma”.
FONTES DA ESCRAVIDÃO
Por um modo do ius gentium: A origem da escravidão em Roma era a guerra. Quando uma cidade atacava a outra e vencia a guerra, todas as pessoas que sobreviveram eram “conservadas” pela cidade vencedora. O intuito disso era fazer com que essas pessoas conseguissem voltar a ter suas vidas. 
Por um modo do ius civile
Nascimento: A maior causa da escravidão em Roma era a pessoa ser filho de escrava (sem importar a condição do pai).
mulher livre + escravo = filhos livres
mulher escrava + escravo = filhos escravos
Se em algum momento da gestação esse filho foi livre (exemplo: mãe deixou de ser escrava e depois voltou), o filho será livre - “a calamidade da mãe não pode prejudicar aquele que está no ventre”.
 Fatos posteriores ao nascimento: 1) No direito antigo: Na época da Lei das XII Tábuas havia no ius civiile cinco tipos de escravos (aquele que, não inscrito nos registros do censo, é vendido como escravo pelo Estado Romano; o soldado deserdor; o devedor insolvente e condenado, vendido como escravo pelo seu credor; o ladrão encontrado em flagrante delito; a criança vendida ao estrangeiro pelo seu paterfamilias). 2) No período imperial: a mulher livre que se unisse a um escravo alheio tornava-se escrava do dono do escravo. Na época do imperador Adriano o edito do pretor punia o homem livre que se vendesse como escravo, com a ajuda de um cúmplice vendedor, para depois alegar que era livre e dividir o preço da venda com o vendedor. No período imperial, quem cometia crimes de menor gravidade era forçado a trabalhar nas minas, enquanto a pessoa estivesse realizando esse trabalho ela era considerada escrava. Também eram escravas as pessoas condenadas a enfrentar as feras no circo.
A CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESCRAVO
Direito Antigo: a condição de direito do escravo é muito diferente da sua condição de fato.
→Condição de direito: o escravo é uma coisa, desprovido de personalidade. As consequências disso são:
Dominica potestas: direito absoluto que o dono tem sobre o escravo. Originalmente, esse poder era sem limites, o dono podia até matar seu escravo. O dono tinha direito também sobre os filhos da sua escrava (da mesma forma que tem propriedade das crias de seus animais domésticos).
Ausência de personalidade jurídica: o escravo não tinha direito algum. Não podia ser proprietário de bens, nem credor ou devedor. Também não tinha direitos de família: não podia se casar ou ter filhos submetidos a sua autoridade. Quando ele pretendia discutir sua liberdade em juízo, precisava ser representado por um terceiro.
→Amenização
Amenização de fato da dominica protestas: os escravos não tinham muito do que se lamentar. No início, quando eles ainda eram pouco numerosos, viviam com seus donos e, inclusive, participavam dos cultos da família.
Amenização de ausência de personalidade jurídica do escravo
Representação ativa do dono do escravo: o escravo podia representar seu dono em atos jurídicos, para adquirir direitos para ele, mas não para agravar sua condição.
O pecúlio do escravo: o dono podia dar ao escravo um pecúlio (conjunto de bens).
Fim da República e Principado: a condição de fato do escravo piorou. O número de escravos aumentou e eles passaram a viver longe de seus donos. No geral, eram estrangeiros de cultura e etnia diferentes das de seu dono, fator que facilitava o abuso de poder por parte dos donos. Quando a condiçãode fato do escravo se aproximava da condição de direito, o legislador era chamado para protege-lo e limitar a dominica potestas. 
→Melhora da condição de direito: Uma nova legislação estabeleceu diversas proibições aos donos de escravos (exemplos: a de mandar os escravos para o combate às feras; a de abandonar os escravos velhos e efêmeros; a de matar o escravo sem motivo).
→Melhora na capacidade de agir do escravo: o escravo podia contrair uma obrigação natural (iure naturali). Além disso, ele se obrigava iure civili por seus delitos, mas só podia ser demandado em juízo quando a escravidão terminasse (e, consequentemente, ele pudesse ter patrimônio). O direito pretoriano permitiu que em certos casos o escravo poderia praticar atos que tornassem o seu dono um devedor.
Baixo Império: reconhecimento da cognatio servilis - com influência do cristianismo, a união de escravos e sua família tornaram-se reconhecidas pelo direito. 
CESSAÇÃO DA ESCRAVIDÃO
Pela lei: escravo velho, doente, abandonado pelo seu dono, recém-nascido abandonado.
Em virtude do ius postliminii: o cidadão romano tornava-se escravo quando era feito prisioneiro pelo inimigo. Mas se ele conseguisse escapar e voltar a Roma sua escravidão cessava (ele é retroativamente livre, como se nunca tivesse sido escravo).
Pela concessão da liberdade (alforria): era muito comum o servo ser alforriado.
A MANUMISSÃO E OS LIBERTOS
DEFINIÇÃO: ato por meio do qual o dono confere liberdade ao seu escravo.
FORMAS DE MANUMISSÃO
O direito antigo
→O censo: inscrição do escravo nos registros do censo, como cidadão romano. Esse procedimento era insuficiente porque só era praticável em Roma e porque o censo só acontecia a cada cinco anos.
→A vindicta: utilização de uma ação judicial de reivindicação da liberdade. O dono que queria libertar seu escravo deveria ir até o pretor acompanhado de um amigo. Esse amigo tocava o escravo com uma vareta e o declarava um homem livre. 
→O testamento: o dono podia conceder a liberdade do escravo no seu testamento.
Essas três formas de manumissão fazem parte do ius civile e, consequentemente, concediam ao escravo não só a liberdade mas também a cidadania romana. 
O direito clássico
→Formas solenes de manumissão: o censo deixa de ser realizado no início do Alto Império e a vindicta sofreu simplificações (bastava o dono declarar a sua vontade de libertar o escravo em frente ao magistrado). No testamento, o dono podia conceder a libertação por meio indireto, determinando a um herdeiro a obrigação de libertar o escravo.
→Formas não solenes de manumissão (manumissão pretoriana): manumissão diante dos amigos, durante a refeição ou por carta dirigida. 
As formas não solenes de manumissão não produziam efeitos no direito civil. A pessoa permanecia escrava e podia ser reivindicada por seu dono.
Lex Iunia Norbana: declarou que esses escravos são livres, mas não são cidadãos romanos ( = latinos junianos).
Baixo Império
→Formas solenes: mantém-se as formas anteriores e surge a manumissão nas sacrossantas igrejas, por uma declaração feita pelo padre diante do dono e dos fiéis.
→Formas não solenes: a manumissão entre amigos ou por carta passou a ser praticada com mais frequência e a produzir os mesmos efeitos que a manumissão solene.
LIMITAÇÕES À FACULDADE DE MANUMITIR
Origem das limitações à faculdade de manumitir: quando a escravidão aumentou, aumentaram também as manumissões, o que fez com que a cidade ficasse cheia de libertos de moralidade duvidosa. 
Lex Aelia Sentia: impedia que a liberdade e a cidadania fossem concedidas facilmente a quem não era digno de recebe-las. Três foram as situações previstas pela lei:
O dono que libertava um escravo deveria ter no mínimo vinte anos.
O liberto deveria ter no mínimo trinta anos (caso contrario seria latino juniano e não cidadão romano).
O escravo que sofria penas infames durante a escravidão se tornava pereguinus dedticius quando conseguisse sua liberdade.
A manumissão feita com o objetivo de transformar o dono em devedor era nula, feita em fraude dos direitos dos credores.
Lex Fufia Canina: tinha o objetivo de restringir o número de manumissões por testamento (feitas em prejuízo dos herdeiros). Suas principais disposições eram:
O dono de três a dez escravos não podia manumitir mais do que a metade.
Quem possuía de onze a trinta, não podia manumitir mais de um terço.
Quem possuía entre cento e um e quinhentos, não mais do que um quinto.
Quem possuía mais de quinhentos, o limite era cem.
Reformas de Justiniano: conservou somente as disposições 1 e 4 da Lex Aelia Sentia.
CONDIÇÃO JURÍDICA DO LIBERTO. O PATRONATO
O direito antigo
→Condição social dos libertos: os libertos dos romanos eram livres e cidadãos romanos. Mas a condição deles era inferior à condição dos ingênuos:
Do ponto de vista dos direitos políticos: são eleitores, mas não são elegíveis às magistraturas.
Do ponto de vista dos direitos privados: não possuíam o direito de contrair justas núpcias com um ingênuo e, mais tarde, com uma pessoa de classe senatorial. 
→Obrigações do liberto em relação ao seu patrono: o liberto mantem-se ligado ao seu antigo dono (patrono) e passa a ter sobre ele alguns direitos (iura patronatus):
O obsequium: dever de respeito ao patrono e aos seus descendentes. O liberto não podia chamar a juízo ou intentar uma ação judicial contra seu patrono. Ambos deveriam prestar alimentos ao outro em caso de miséria.
As operae: serviços devidos pelo liberto (podiam ser domésticos devidos em caráter pessoal e sem possibilidade de apreciação em valor monetário ou de caráter industrial e com valor monetário).
Os bona: quando um liberto morria sem deixar filhos os seus bens eram entregues ao patrono. Além disso, o patrono tinha direito à tutela do liberto, caso ele fosse impúbere ou do sexo feminino.
As obrigações do liberto em relação ao patrono eram perpétuas. Já os filhos dos libertos (que nasciam ingênuos) não eram vinculados pelos iura patronatos. Mas continuavam dependendo moral e economicamente do antigo patrono de seu pai.
Reformas do início do Império
→Três classes de libertos
Primeira classe - libertos cidadãos romanos: foram libertados por um modo solene. Sua condição jurídica não foi alterada desde o direito antigo (ainda podiam votar mas não podiam ser eleitos). 
Do ponto de vista do direito privado, possuem mais liberdade, têm o ius commercii e o ius connubii (mas o casamento entre libertos e ingênuos ainda foi proibido por um bom tempo).
Segunda classe - libertos latinos junianos: libertos que foram alforriados por modos não solenes, que foram libertados com menos de trinta anos ou que foram libertados por um dono que tivesse sobre eles a “propriedade bonitária”.
Do ponto de vista jurídico eles não possuem direito algum. 
Em relação aos direitos privados, não tinham o ius connubii, mas tinham o ius commercii. 
Do ponto de vista do testamento se submetem a uma dupla incapacidade: não podiam fazer testamentos e não podiam ser instituídos herdeiros ou legatários de um testamento. 
Terceira classe -libertos deditícios: são aqueles que sofreram penas infames durante a escravidão. 
A condição jurídica deles era ruim, não podiam se tornar latinos nem cidadãos romanos. Eram proibidos de ir à Roma ou no perímetro de cem milhas em torno da cidade.
Baixo Império
→Uma só classe de libertos: todos os libertos são cidadãos romanos. 
OS INGÊNUOS
DEFINIÇÃO: ingênuo é a pessoa que nasce livre (e que nunca deixou de ser live). Não importa se o pai é ingênuo ou liberto. 
CONDIÇÃO JURÍDICA: podem ser cidadãos romanos, latinos ou peregrinos. O cidadão romano tinha todos os direitos, já os latinos e peregrinos tinham uma condição inferior.
AQUISIÇÃO DA INGENUIDADE
Por meio da restituto natalium, concedida pelo imperador com o consentimento do patrono.
Por meio do ius anuli aureli, o privilegio de usar o anel de ouro, também concedido pelo imperador (não se eliminavam a relação de patronato e os direitos privados inerentes a ela).
AS PESSOAS IN MANCIPIODEFINIÇÃO: o mancipium é um poder que um homem livre exercia sobre outro homem livre (pessoas em semi-liberdade).
CAUSAS
Os alieni iuris emancipados pelo seu paterfamilias a outro paterfamilias
Os alieni iuris que tinham cometido um delito e tinham sido abandonados pelo seu paterfamilias (mancipium temporário).
O alieni iuris que era emancipado ou adotado tornava-se subordinado à um mancipium fictício, que durava alguns instantes. 
CONDIÇÃO DA PESSOA IN MANCIPIO: a pessoa estava em uma situação próxima à escravidão. Porém, ela conserva seu status civitatis e seu status libertatis. Quando deixa de ser in mancipio, não recebe a qualificação de liberto.
OS COLONOS
DEFINIÇÃO: um homem, o colono, permanecia vinculado perpetuamente a uma terra, para cultiva-la mediante recebimento de remuneração (semi-liberdade).
ORIGEM: o colonato nasceu com a finalidade de fixar os produtores em suas terras, para assegurar ao Império o pão e os impostos.
COMO ALGUÉM SE TORNA COLONO
Pelo nascimento
Por convenção
Por prescrição
A título de pena
Por causa do próprio Estado Romano.
CONDIÇÃO JURÍDICA DO COLONO: ele é um homem livre (tem personalidade jurídica completa) e vinculado a uma terra. 
COMO ALGUÉM DEIXA DE SER COLONO: o colonato se extinguia se o colono adquirisse a propriedade da terra da qual ele era servo.
STATUS CIVITATIS
Os homens ou são escravos, ou são livres. Os homens livres podem ter condição jurídica variada, de acordo com a nacionalidade. 
OS CIDADÃOS ROMANOS
AQUISIÇÃO E PERDA DA CIDADANIA ROMANA
Adquire-se a cidadania romana:
Pelo nascimento: pais cidadãos = filho cidadão. Se apenas um dos pais for cidadão, o filho segue a condição do pai se os pais forem casados. Se os pais não forem casados, o filho segue a condição da mãe. Porém, a criança nascida de mãe romana e pai latino ou peregrino não é cidadã romana.
Por fato posterior ao nascimento: a concessão da cidadania romana podia ser realizada como forma de reconhecimento a um estrangeiro por sua benemerência ou especial serviço a Roma.
Causas principais da perda da cidadania romana:
Perda de liberdade.
Se fazendo membro de uma cidade estrangeira.
Por efeito de determinadas condenações. 
CONDIÇÃO JURÍDICA DO CIDADÃO ROMANO
Direito publico - a cidadania assegurava:
Direito de servir nas legiões. 
Direito de voto.
Direito de ser eleito nas magistraturas.
Direito privado - a cidadania assegurava:
Direito de casar-se em justas núpcias e de fundar uma família romana.
Direito de tornar-se proprietário quititário, credor, devedor, de praticar atos do ius civile e de fazer testamento.
Direito de agir em justiça pelo procedimento de ação da lei.
Direito ao nome: acrescenta-se aos direitos públicos e privados
Para os ingênuos: o nome era composto pelo prenome, pelo nome de família e pelo sobrenome (nome de um ramo da família).
Para os libertos: levava o nome e o prenome do seu antigo dono, conservando-se o seu nome de escravo (sobrenome).
OS NÃO CIDADÃOS: LATINOS E PEREGRINOS 
OS LATINOS
Compreendem duas classes distintas:
Latini veteres ou prisci: todos aqueles a quem Roma concedeu a qualidade de latino até 268 a.C
Condição jurídica: é próxima àquela dos cidadãos romanos. Têm o direito de voto quando estiverem em Roma (mas não podem ser eleitos). Têm também o conubium, o commercium e o direito de agir em juízo pelas ações da lei.
Essa classe de latinos foi a primeira a desaparecer.
Latini coloniarii: são aqueles que receberam o direito de latinidade por integrarem uma colônia latina em alguma região do império. 
Condição jurídica: possuíam apenas o ius commerci e o direito de agir em justiça por meio das ações da lei.
OS PEREGRINOS
Distinguiam-se dois tipos:
Peregrinos ordinários: habitantes de cidades que fizeram tratados de aliança com Roma e que mantiveram suas leis e costumes nacionais
Peregrinos deditícios: membros de cidades que se renderam a Roma (mas que não houve tratado ou aliança).
Condição jurídica dos peregrinos: não possuíam qualquer atributo da cidadania. Viviam sob o império das leis particulares de suas cidades nas relações com peregrinos da mesma cidade. Nas relações com romanos ou com peregrinos de outras cidades, se utilizavam do ius gentium. 
Aquisição da cidadania romana pelos peregrinos: adquiriam por um beneficio legal ou por concessão religiosa.

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