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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Engenharia Elétrica Eletromagnestismo Aula 1 Prof. Frank Coelho de Alcantara CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Esta é a nossa primeira aula de eletromagnetismo. Nela, vamos revisar álgebra vetorial e estudar os conceitos básicos de carga elétrica e campo elétrico. Ao longo do curso, precisaremos desses conceitos para entender como cargas e campos eletromagnéticos podem alterar nossos projetos, nossos produtos e a forma como utilizamos os dispositivos do mundo moderno. Em 1865 James Clerk Maxwell publicou seu artigo “A Dynamical Theory of the Electromagnetic Field”, um dos mais importantes estudos do século XIX. Ele pode ser lido no original (em inglês), no link a seguir. http://rstl.royalsocietypublishing.org/content/155/459 Você deve estar se perguntando: Por que, em pleno século XXI, ainda estudamos conceitos e fórmulas do século XIX? Vivemos em um tempo em que supercomputadores são capazes de aprender e resolver problemas com a mesma facilidade que o ser humano, em que carregamos no bolso um equipamento eletrônico mais potencial do que aqueles utilizados no tempo em que enviamos o homem à Lua (1969), e ainda assim, estamos limitados às leis do eletromagnetismo e da eletricidade. Talvez, a pergunta correta seja: Por que ainda é relevante aprender eletromagnetismo? Acredite ou não, o estudo do eletromagnetismo foi impulsionado por necessidades militares. Primeiro para facilitar as comunicações, depois para determinar a localização de alvos ou inimigos. Vale destacar que, ainda no nosso tempo, a estruturação dos aviões invisíveis só foi possível graças a compreensão das características de absorção e dispersão de ondas eletromagnéticas. Neste exato momento você está aprendendo por meio da Educação a Distância, que funciona graças a tecnologia eletromagnética. Computadores, celulares e tablets também utilizam tecnologias baseadas no conhecimento do eletromagnetismo. Esses dispositivos, que funcionam acima de um bilhão de ciclos por segundo, dependem essencialmente da compreensão dos campos e CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 das cargas que circulam por trilhas, fios e condutores. Mesmo no interior dos chips, a interação entre cargas e campos define a eficiência e, em casos extremos, o funcionamento desses dispositivos. Nessas frequências e distâncias, leis básicas da eletricidade, como as leis de Kirchhoff, acabam se tornando inúteis. Voltando ao mundano. Você está usando uma conexão Wi-Fi? Então, saiba que são as leis do eletromagnetismo que explicam como as transmissões de rádio funcionam, inclusive o Wi-Fi e o 3G. Ou seja, nosso mundo moderno depende indiscutivelmente do entendimento do eletromagnetismo. Contextualizando Começaremos esta aula pelo estudo da álgebra vetorial e terminaremos com o estudo do campo elétrico da eletrostática. Veremos a álgebra vetorial do ponto de vista do engenheiro, ou seja, mais voltado à prática do conhecimento das cargas elétricas, campos elétricos e da Lei de Coulomb, e sem o rigor das provas matemáticas. Charles Coulomb (1736 – 1806), foi um cientista francês que estudou as cargas elétricas utilizando uma balança de torção. Sua lei, como veremos, define a força de atração entre cargas elétricas. Qualquer quantidade de carga elétrica em um espaço produz um campo elétrico e qualquer partícula imersa nesse campo está sujeito a forças provenientes dessas cargas. Esses são os princípios que explicam o funcionamento de máquinas fotocopiadoras, impressoras de jato de tinta, para-raios e filtros de ar eletrostáticos. Nosso objetivo comum é que, ao final desta aula, você seja capaz de entender e aplicar a Lei de Coulomb, calcular os efeitos de campos eletrostáticos e compreender os efeitos de uma distribuição de cargas no espaço. Todos os conceitos ensinados serão utilizados por você ao longo de sua vida profissional. Por exemplo: o capacitor, um dos mais importantes componentes passivos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 disponíveis nos projetos de engenharia depende fundamentalmente dos conceitos que serão vistos neste material. Seu maior desafio de hoje será entender como podemos calcular o campo elétrico que existe entre as placas de um capacitor e porque este campo não influencia os outros componentes do circuito. Mas antes de botar a “mão na massa”, assista à contextualização do professor Frank Coelho de Alcantara sobre esses temas no material online. Álgebra Vetorial Definimos “escalar” como qualquer grandeza física que possa ser entendida por um número e uma unidade. Por exemplo: 15 kg de massa ou 12 m de comprimento. Usamos vetores e álgebra vetorial para entender grandezas que não teriam sentido se fossem definidas por apenas um número. Além disso, os vetores definem grandezas como velocidade, aceleração e campo elétrico, isto é, grandezas que, além da amplitude precisam de direção e sentido. Nesta disciplina representaremos os vetores por um segmento de reta orientado ou uma letra maiúscula em negrito em que o vetor V tem origem no ponto a e se propaga até b. (Observe a figura a seguir). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Operações com vetores Podemos definir três operações simples e diretas: a adição, a subtração e a multiplicação por um escalar. Estas operações seguem regras específicas da álgebra vetorial e, em alguns momentos, conflitam com as regras que usamos na álgebra normal, por isso atenha-se as seguintes regras: Adição Na adição, somamos vetores usando a regra do paralelogramo. Dados dois vetores, A e B, fazemos a soma entre eles transladando o vetor B no espaço até que a sua base, ou cauda, coincida com a ponta, ou cabeça, do vetor A (veja na figura a seguir). Assim, o vetor S está ligando a cauda de A (base do segmento de reta) até cabeça (ponta da seta) de B, que representa a soma entre A e B. É possível perceber que a ordem dos fatores não altera o resultado da soma. Tente isto: desenhe dois vetores e usando a trigonometria e faça as somas A + B e B + A. A soma vetorial é comutativa e associativa. A + B = B + A (Propriedade comutativa) A + (B + C) = (A + B) + C (Propriedade associativa) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Subtração Antes de definir subtração, definimos o vetor - A, vetor oposição. Trata-se de um vetor com a mesma intensidade e direção de A, mas de sentido oposto, observe a figura a seguir: Com este vetor definido, a subtração se resume a uma adição. A – B = A + (-B) Este processo é equivalente a girar um dos vetores e proceder com a regra do paralelogramo. Se A – B = 0, então A = B. Analiticamente, tanto a adição quanto a subtração de vetores pode ser realizada por meio dos seus componentes. Veremos esses componentes e as regras dessa soma ainda neste material. Multiplicação por escalar Podemos multiplicar qualquer vetor por qualquer escalar. Se o escalar multiplicador for positivo, o vetor será multiplicado e terá seu módulo (ou amplitude) alterado, porém manterá seu sentido. Se o escalar for negativo o vetor resultante terá seu sentido invertido. Sendo assim, são válidas as seguintes propriedades: a) 𝑨 𝑵 = 1 𝑛 𝑨 b) n(A + B) = nA + nB(Propriedade distributiva) c) (n+ m)A = nA + mA (Propriedade distributiva) d) 1A= A e) -1A = - A f) 0A = 0 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Tente confirmar as propriedades anteriores, usando seus conhecimentos de álgebra vetorial! Vetor unitário Um vetor unitário (v) é um vetor cujo módulo ou grandeza é 1 e está na mesma direção de um vetor dado V cuja amplitude, ou módulo, seja diferente de zero. O vetor unitário v pode ser encontrado por: 𝒗 = 𝑽 |𝑽| Em que |V| representa o módulo, amplitude ou comprimento do vetor. O módulo de um vetor é uma grandeza escalar não negativa que pode ser calculada de forma analítica. Observe que o vetor unitário v não pode ser definido se a amplitude do vetor V for igual a zero. Sistemas de coordenadas Para definir um vetor de forma completa precisamos definir seu módulo (ou magnitude) e sua direção. No espaço, o uso de um sistema de coordenadas se torna indispensável. Em eletromagnetismo utilizamos com frequência os sistemas cartesiano, esférico e cilíndrico. Mas, não se assustem, existem outros e, se necessário, você pode criar o seu próprio. Sistemas de coordenadas cartesiano Neste sistema, qualquer ponto no espaço ℝ3(espaço tridimensional) é definido pela interseção de três eixos ortogonais x, y, z. A origem do sistema se dá na interseção destes três eixos no ponto x = 0, y = 0 e z = 0, como pode ser visto na figura a seguir. A este ponto, de interseção, em álgebra vetorial damos o nome de origem e representamos pelo zero em negrito. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Fonte: HAYT e BUCK, 2012 Regra da mão direita Para a definição do sentido positivo dos eixos no sistema de coordenadas cartesiano, por definição, os eixos obedecem a regra da mão direita que utiliza os dedos polegar, indicador e médio. Fonte: HAYT e BUCK, 2012 Observe que a escolha da regra da mão direita é uma convenção totalmente arbitrária, cujo objetivo é garantir que todos os estudos e medidas tenham as mesmas referências e que você possa colocar os eixos em qualquer posição, garantindo as relações de ortogonalidade entre eles. Vetores unitários no sistema de coordenadas cartesiano No sistema de coordenadas cartesiano, qualquer vetor pode ser definido como produto de um escalar (módulo, amplitude) por cada um dos vetores unitários dos eixos cartesianos (ax, ay, az). De forma que a base, ou cauda, do CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 vetor esteja na origem e sua cabeça, ou ponta, esteja em um ponto qualquer do espaço, como pode ser visto na figura a seguir. De forma algébrica podemos representar qualquer vetor no espaço cartesiano tridimensional por meio do produto de um escalar pelos vetores unitários de cada eixo e, desta forma, encontrar seu módulo. 𝑨 = 𝑖𝒂𝑥 + 𝑗𝒂𝑦 + 𝑘𝒂𝑧 |𝑨| = √𝑖 2 + 𝑗2 + 𝑘2 = (𝑖2 + 𝑗2 + 𝑘2) 1 2⁄ O que implica que o vetor unitário a, referente ao vetor A, pode ser calculado no espaço cartesiano por: Exemplo: Dados os pontos A (-1,2,1) e B (3, -3,0), encontre o vetor Vab e o vetor unitário vAB. Solução: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Operações analíticas com vetores Definido o sistema de coordenadas, as operações com os vetores podem ser realizadas utilizando os componentes de projeção dos vetores neste sistema de coordenadas. Neste caso, se tomarmos um vetor A = ai ax + aj ay + ak az e B = bi bx + bj by + bk bz, teremos um vetor C de tal forma que: Um ponto no sistema cartesiano é dado por P (x, y z). O vetor posição, ou vetor raio, indica a distância entre a origem e este ponto e pode ser dado por: R = iax + jay + kaz. Desta forma a distância entre dois pontos no espaço pode ser calculada pelo módulo da subtração de dois vetores raio direcionados a esses pontos. Sistema de coordenadas cilíndricas Podemos imaginar um espaço cilíndrico como sendo o resultado da rotação de um semiplano y, z em torno do eixo z a uma determinada distância no plano x. Representaremos um ponto neste espaço por três parâmetros: ρ (rho): a distância entre a origem e a projeção do ponto no plano x, y, p; representa o raio do cilindro. ϕ (phi) ou ângulo azimutal: representa o desvio angular do vetor projeção no plano x, y relativo ao eixo x. z: a coordenada axial do ponto. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Observe essa representação nas figuras a seguir. Qualquer vetor neste sistema de coordenadas pode ser definido pelos vetores unitários aρ, aϕ, az. Fonte: HAYT e BUCK, 2012 Sistema de coordenadas esféricas Um ponto qualquer em um sistema de coordenadas esféricas também pode ser definido por meio do uso de três parâmetros: r: distância entre o ponto e a origem; o raio da esfera. θ (theta) ou ângulo polar, que representa o desvio angular do vetor posição em relação ao eixo z. ϕ (phi) ou ângulo azimutal, que representa o desvio angular do vetor posição em relação ao eixo x. Neste caso, observe as figuras a seguir. Qualquer vetor em um sistema de coordenadas esféricas poderá ser representado por meio dos vetores unitários: ar, aθ, aϕ. E existirá um espaço esférico e tridimensional se, e somente se, as seguintes condições foram obedecidas: 𝑟 ≥ 0, 0 ≤ 𝜃 ≤ 𝜋 e 0 ≤ 𝜙 ≤ 2𝜋. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Fonte: HAYT e BUCK, 2012 Conversões entre sistemas de coordenadas A tabela indicada a seguir apresenta as relações entre os três sistemas de coordenadas para a conversão entre sistemas. Já a tabela indicada a seguir apresenta as relações trigonométricas necessárias para a conversão entre os três sistemas de coordenadas dos respectivos vetores unitários. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Elementos infinitesimais em sistemas de coordenadas Vamos voltar aos sistemas de coordenadas para entender a composição de elementos infinitesimais necessários para a integração e derivação. Sistema de Coordenadas Cartesianas: Fonte: HAYT e BUCK, 2012 Unidades diferenciais de superfície: dx.dy dy.dz dx.dz Unidade diferencial de volume: dx.dy.dz Sistema de Coordenadas Cilíndricas: Fonte: HAYT e BUCK, 2012 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Unidades diferenciais de superfície: dp.dz pdϕ.dz dp.pdϕ Unidade diferencial de volume: dp.pdϕ.dz Sistema de Coordenadas Esféricas: Fonte: HAYT e BUCK, 2012 Unidades diferenciais de superfície: dr.rdθ dr.rsenθdϕ rdθ.rsenθdϕ Unidade diferencial de volume: dr.rdθ.rsenθdϕ Agora é com o professor Frank Coelho de Alcantara. Veja o que ele tem a dizer sobre a álgebra vetorial no material online. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Que tal relembrar os principais aspectos das coordenadas cilíndricas e esféricas? O vídeo indicado a seguir aborda este assunto de modo bem didático. Aproveite! https://www.youtube.com/watch?v=hc_rLtkqi6k Campo Vetorial, Produto Escalar e Produto Vetorial Um conceito importante do estudo do eletromagnetismo é o campo. Na maioria das situações de interesse, o campo é uma forma conveniente para a representação do efeito produzido poruma fonte física em cada ponto do espaço, a cada instante de tempo. O campo será escalar ou vetorial se a grandeza física a ele associada for de natureza escalar ou vetorial. Definimos o campo vetorial como sendo a função de um vetor que liga a origem do campo a um determinado ponto do espaço. Exemplo 1: Um campo vetorial G é definido pela função: G = 24xyαx + 12(x2 + 2)αy + 18z2αz . Dados dois pontos, P (1,2, -1) e Q (-2,1,3), encontre: a) A intensidade do campo G no ponto P; Solução: para resolver a intensidade do campo G no ponto P, tudo que precisamos é substituir as coordenadas do ponto na equação: b) O vetor unitário na direção de G no ponto Q; Solução: para encontrar o vetor unitário de G em Q, precisamos encontrar o vetor G (-2,1,3): CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Assim, o vetor unitário será dado por: c) O vetor unitário dirigido de Q até P; Solução: o vetor unitário de Q até P e dado pelo vetor unitário αPQ da subtração entre os vetores de raios P e Q: 𝑎𝑃𝑄 = 𝑷 − 𝑸 |𝑷 − 𝑸| = ((1 − (−2),2 − 1,3 − (−1)) √(1 − (−2))2 + (2 − 1)2 + (3 − (−1))2 𝒂𝑷𝑸 = (𝟑,𝟏, 𝟒) √𝟐𝟔 = (𝟎,𝟓𝟗 ,𝟎,𝟐𝟎 ,−𝟎,𝟕𝟖 d) A equação da superfície na qual a intensidade de G é igual a 60. Para calcular a equação da superfície em que |G|= 60, simplesmente escrevemos: E resolvemos: 60 = √(24𝑥𝑦)2 + (12(𝑥2 + 2))2 + (18𝑧2)2 602 = (24𝑥𝑦)2 + (12(𝑥2 + 2))2 + (18𝑧2)2 602 = 242𝑥 2𝑦2 + (12𝑥 2 + 24)2 + 182𝑧4 602 = 242𝑥 2𝑦2 + 122𝑥 4 + 242𝑥 2 + 242 + 182𝑧4 602 = 242𝑥 2𝑦2 + 122𝑥 4 + 242𝑥 2 + 242 + 182𝑧4 3600 = 576𝑥2𝑦2 + 144𝑥4 + 576𝑥2 + 576 + 324𝑧4 600 = 96𝑥 2𝑦2 + 24𝑥4 + 96𝑥2 + 96 + 54𝑧4 100 = 16𝑥 2𝑦2 + 4𝑥4 + 16𝑥2 + 16 + 9𝑧4 16𝑥 2𝑦2 + 4𝑥 4 + 16𝑥 2 + 9𝑧4 − 84 = CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Produto escalar Definimos produto escalar, ou produto interno, a operação em um espaço definido entre dois vetores A e B que resulta em um número real. Na forma algébrica o produto escalar é definido por: Geometricamente, o produto escalar é dado por: 𝑨 ∙ 𝑩 = |𝑨||𝑩|𝑐𝑜𝑠𝜃 Em que θ é o ângulo formado entre os dois vetores. A partir da definição geométrica podemos determinar uma fórmula para o cálculo do ângulo θ: 𝜽 = 𝑐𝑜𝑠−1 ( 𝑨 ∙ 𝑩 |𝑨||𝑩| ) Dica: você pode tentar provar estas propriedades para relembrar os conceitos básicos de álgebra vetorial. Exemplo 2: Encontre o ângulo agudo θ entre os vetores A = 2ax + ay + 3az e B = ax – 3ay + 2az. Solução: trata-se de uma aplicação direta do produto escalar na sua forma trigonométrica. Sendo assim: 𝜃 = 𝑐𝑜𝑠−1 ( 𝑨 ∙ 𝑩 |𝑨||𝑩| ) = 𝑐𝑜𝑠−1 ( 2.1 − 3.1 + 3.2 (√22 + 12 + 32)(√12 + 32 + 22) ) 𝜃 = 𝑐𝑜𝑠−1 ( 5 (√14)(√14) ) = 𝑐𝑜𝑠−1 ( 5 14 ) = 69,075º CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Exemplo 3: dados os vetores definidos pelos pontos: A (-2, 3, 8), B (0, 2, -1) e C (1, -2, 1), determine o produto escalar A.B e se existe ortogonalidade entre A.C. Solução: o produto escalar pode ser calculado diretamente da sua forma analítica: A.B = axbx + ayby + azbz, sendo assim: 𝑨 ∙ 𝑩 = 0 + 6 − 8 = −2 Já a ortogonalidade pode ser encontrada pela propriedade que afirma que quando dois vetores são ortogonais seu produto escalar é zero. Desta forma, precisamos calcular o produto escalar A.C: 𝑨 ∙ 𝑪 = −2 − 6 + 8 = 0 O que mostra que A e C são ortogonais entre si. Produto Vetorial O produto vetorial é uma operação entre vetores A e B que fornece como resultado um terceiro vetor V. De tal forma que, se utilizarmos a forma analítica no sistema de coordenadas cartesianas em 3 dimensões teremos: O resultado do produto vetorial é um vetor perpendicular ao plano formado pelos dois vetores operandos. Cuja direção é determinada pela regra da mão direita, com polegar apontando na direção do vetor resultante e com os dedos se movendo de A para B, como você pode ver na figura a seguir. Fonte: HAYT e BUCK, 2012 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 É possível demonstrar que o módulo do produto vetorial entre dois vetores A e B pode ser determinado pelo produto de um vetor unitário e a relação trigonométrica entre os módulos dos vetores: Em que αN é o vetor unitário normal ao plano contendo A e B, sendo que a direção de α é dada pela regra da mão direita. Por outro lado, o ângulo entre dois vetores pode ser calculado usando o produto vetorial: |𝑨 × 𝑩| = |𝑨||𝑩|𝑠𝑒𝑛𝜃 De tal forma que: 𝜃 = 𝑠𝑒𝑛−1 |𝑨 × 𝑩| |𝑨||𝑩| Propriedades do produto vetorial 1. Anticomutativa: 𝑨 × 𝑩 = −𝑩 × 𝑨. 2. Distributiva: 𝑨 × (𝑩 + 𝑪) = 𝑨 × 𝑩 + 𝑨 × 𝑪. 3. Não associativo: 𝑨 × (𝑩 × 𝑪) ≠ (𝑨 × 𝑩) × 𝑪. 4. 𝑛𝑨 × 𝑩 = 𝑛(𝑨 × 𝑩) = 𝑨 × 𝑩𝑛. 5. (𝑨 + 𝑩) × 𝑪 = 𝑨 × 𝑪 + 𝑩 × 𝑪. 6. 𝑨 ∙ (𝑩 × 𝑪) = (𝑨 × 𝑩) ∙ 𝑪. 7. 𝑨 × (𝑩 × 𝑪) = (𝑨 ∙ 𝑪)𝑩 − (𝑨 ∙ 𝑩)𝑪. 8. 𝑨 × 𝑩 = 𝟎 ⟹ 𝑨 𝑒 𝑩 𝑠ã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜𝑠. 9. 𝑨 × 𝑨 = 𝟎, o vetor 𝑨 é sempre paralelo a ele mesmo. Observe que se os vetores forem paralelos, estarão na mesma direção e sentido ou na mesma direção e sentido oposto, e o produto vetorial será zero. Isso também ocorrerá se um dos vetores for zero. Fora essas duas situações, o produto vetorial definirá um vetor ortogonal aos operados cujo módulo será equivalente a área de um paralelogramo formado pela translação dos dois vetores. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Exemplo 4: Dados os vetores A= 2ax -3ay + az e B= -4ax -2ay + 5az, calcule o produto vetorial A X B: A solução está na dica do professor Frank Coelho de Alcantara: Se você não tem disposição para memorizar fórmulas, a forma mais interessante de encontrar o vetor resultante de um produto vetorial é montar uma matriz e resolver o determinante pela regra de Cramer. Eu, pessoalmente, prefiro utilizar a regra de Cramer expandindo a matriz em uma operação de submatrizes e resolver cada determinante, veja: No material online, o professor Frank Coelho de Alcantara explica um pouco mais sobre o campo vetorial, o produto escalar e produto vetorial. Não perca! Lei de Coulomb No começo do século XVII o oficial inglês Charles Coulomb, em pesquisas bélicas, formulou a lei que mostra a atração exercida por duas cargas elétricas: “A força, mútua, que atua sobre duas cargas é proporcional ao valor das cargas e inversamente proporcional a distância que as separa”. (COULOMB) Para chegar a tanto, o oficial desenvolveu um equipamento específico para a medida desta força, a balança de torção, e realizou milhares de observações. Na sua forma vetorial, a Lei de Coulomb é dada por: 𝑭 = 𝑄1𝑄2 4𝜋𝜖𝑅2 𝒂𝟐𝟏 Em que a força é medida em Newtons (N), a distância em metros (m) e a carga em Coulombs (C). Um Coulomb é uma quantidade muito grande de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 energia, na verdade, a força que existiria entre duas cargas de um Coulomb, separadas por 1m é de 9x109 N, praticamente o equivalente a 1 milhão de toneladas (HAYT e BUCK, 2012). Por esta razão, comumente, usamos frações do Coulomb. O fator 4𝜋 foi introduzido a posteriori, para que não apareça nas equações de Maxwell (que estudaremos em outras lições). O Є, chamado de constante de permissividade, representa capacidade do meio de permitir a existência de campos elétricos e, no vácuo (ou espaço livre)é chamada de Є0 e tem o valor de 8,854 x 10-12 C2/N.m2 ou de forma equivalente, e mais prática, 8,854 x 10-12 F/m. (Lê-se: Farads por metro). Só para lembrar: a constante de permissividade Є0, para todos os efeitos, tem o mesmo valor no vácuo e no ar. Exemplo 5: Duas cargas, sendo que uma é duas vezes maior que a outra, estão separadas por uma distância de 15 cm e experimentam uma força repulsiva de 95 N em um meio cuja permissividade (Є0) tem o valor aproximado de 1 36𝜋 × 10−9𝐹/𝑚. Utilizando a lei de Coulomb, e desprezando o sentido da força exercida entre as partículas, determine qual destas cargas tem a maior intensidade? A lei de Coulomb é dada por: 𝑭 = 𝑄1𝑄2 4𝜋𝜀0 𝑅 2 Solução: Sabemos que segundo a Lei de Coulomb, a força entre duas cargas é dada por: 𝑭 = 𝑄1𝑄2 4𝜋𝜖𝑅2 𝒂𝟐𝟏 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Se podemos desprezar o sentido da força, podemos desconsiderar o vetor unitário α21. Dos dados do problema podemos tirar Q1 = 2Q2, ficando com: 𝑭 = 2𝑄2 𝑄2 4𝜋𝜀0𝑅 2 = 2𝑄2 2 4𝜋𝜀0 𝑅 2 = 𝑄2 2 2𝜋𝜀0𝑅 2 Em que podemos tirar: 𝐹 × 2𝜋𝜀0 𝑅 2 = 𝑄2 2 ∴ 𝑄2 = √𝐹2𝜋𝜀0𝑅 2 Ou: 𝑄2 = √95.2𝜋 1 36𝜋 × 10−9. (0,15)2 = √95. 1 18 × 10−9. 0,0225 = 10,897 × 10−6𝐶 𝑄1 = 2𝑄2 = 2.10,897 × 10 −6𝐶 = 21,794 × 10−6𝐶 Resposta: A maior carga tem intensidade de 21,794 x 10-6 C. Com o rigor vetorial, temos que considerar que a força F deve agir sobre a linha que une as duas cargas. Esta força é repulsiva se as cargas são do mesmo sinal e atrativa se forem de sinais contrários. Consideremos o vetor r1 que localiza Q1 e o vetor r2 que localiza Q2. Então, o vetor R12 = r2 – r1 representa o segmento de reta que vai de Q1 a Q2, como mostra a figura a seguir. O vetor F2 é a força que age em Q2 e está representado o caso em que Q1 e Q2 têm o mesmo sinal (HAYT,2015). Fonte: HAYT e BUCK, 2012 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Exemplo 6: Considere uma carga de 3 X 10-4 C, no ponto P (1,2,3) e uma carga de - 10-4C localizada no ponto P2 (2,0,5). Considere também que essas cargas estão no vácuo e determine a forma vetorial da força que existe entre elas. Solução: Sabemos que a forma vetorial da Lei de Coulomb é: 𝑭𝟏𝟐 = 𝑄1𝑄2 4𝜋𝜖𝑅2 𝒂𝟏𝟐 Também sabemos que: 𝑄1 = 3 × 10 −4 𝑄2 = −10 −4 Falta calcular o vetor unitário a12: Substituindo na equação da Lei de Coulomb, teremos: Algebrismos a parte, chegaremos a: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 É muito importante lembrar que, caso uma carga de prova esteja sobre efeito de um conjunto de cargas, a força resultante será dada pelo somatório das forças devidas a cada uma das cargas. Este é o princípio da superposição. Para duas cargas, atuando sobre uma única carga de testes a intensidade do campo elétrico será dado por: Ou, com os vetores unitários expandidos: 𝑬𝒓 = 𝑄1(𝑟 − 𝑟1 ′) 4𝜋𝜖0 |𝑟 − 𝑟′1| 3 + 𝑄1(𝑟 − 𝑟2 ′) 4𝜋𝜖0 |𝑟 − 𝑟′2| 3 Podemos extrapolar este conceito para n cargas, neste caso: Fique por dentro das principais aplicações da Lei de Coulomb assistindo à explicação do professor Frank Coelho de Alcantara, no material online. Intensidade do Campo Elétrico Se mantivermos uma carga qualquer Q1 fixa em um ponto do espaço e a movimentarmos nas suas proximidades, uma outra carga de testes Qp sofrerá a influência da primeira em qualquer ponto do espaço. A percepção desta força, em qualquer ponto, pela carga de testes Qp evidencia a existência de um campo elétrico, que se origina em Q1 e se propaga até o infinito. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 Você pode ver como esse efeito ocorre em um simulador online disponível a seguir. https://phet.colorado.edu/sims/charges-and-fields/charges-and- fields_en.html A intensidade desse campo em cada ponto medido pela carga Qp é dada pela Lei de Coulomb. Se dividirmos esta força pelo valor de Qp teremos uma força por unidade de carga, dada por: 𝑭𝑝 𝑄𝑝 = 𝑄1 4𝜋𝜖0 𝑅1𝑝 2 𝒂1𝑝 Definimos a intensidade de campo elétrico como um vetor força positivo em uma determinada unidade de carga positiva mensurado em Volts por metro (V/m), representado por um 𝑬. 𝑬 = 𝑭𝑝 𝑄𝑝 = 𝑄1 4𝜋𝜖0 𝑅1𝑝 2 𝒂1𝑝 Desta forma, podemos afirmar que a intensidade do campo elétrico devido a uma carga Q colocada em um ponto arbitrário r, que será percebida em um ponto r` será dada por: 𝑬 = 𝑭𝑝 𝑄𝑝 = 𝑄 4𝜋𝜖0 𝑅 2 𝒂1𝑝 = 𝑄(𝑟 − 𝑟′ ) 4𝜋𝜖0 |𝑟 − 𝑟 ′|3 Ou, na forma dos componentes cartesianos: Campo elétrico devido a n cargas Graças a linearidade da Lei de Coulomb, o campo elétrico, devido a duas cargas pontuais no vácuo, será dado pela soma das forças originadas de Q1 e Q2 agindo sobre a carga de prova Qp em r2. 𝑬𝒓 = 𝑄1 4𝜋𝜖0 |𝑟 − 𝑟1 | 2 𝒂1 + 𝑄2 4𝜋𝜖0 |𝑟 − 𝑟2 | 2 𝒂2 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 O princípio da superposição permite essa equação para qualquer número de cargas acrescentando novos operandos. Na forma de somatório teremos: 𝑬𝒓 = ∑ 𝑄𝑚 4𝜋𝜖0 |𝑟 − 𝑟𝑚| 3 𝒂𝑚 𝑛 𝑚=1 Exemplo 7 Cargas pontuais de 1 mC e -2 mC estão localizadas em (3, 2, -1) e (-1, - 1, 4), respectivamente. Calcule a força sobre uma carga de 10 nC localizada no ponto (0, 3, 1) e a intensidade do campo elétrico neste ponto: Solução: Podemos começar calculando o somatório das forças atuando no ponto desejado. 𝑭 = ∑ 𝑄𝑄𝑘 4𝜋𝜖𝑅2 𝒂𝑟 = 𝑘 =1,2 ∑ 𝑄𝑄𝑘(𝑟 − 𝑟𝑘) 4𝜋𝜖|𝑟 − 𝑟𝑘| 3 𝑘=1,2 Neste caso, podemos colocar a carga de prova Q e o fator constante em evidência e teremos: 𝑭 = 𝑄 4𝜋𝜖0 { 10−3[(0,3, 1) − (3,2, −1)] |(0,3, 1) − (3,2, −1)|3 − 2 × 10−3[(0,3, 1) − (−1, −1,4 )] |(0, 3, 1) − (−1, −1,4 )|3 } 𝑭 = 10 × 10−12 ( 10−9 9 ) [ (−3,1, 2) (14)3/2 − 2(1, 4,−3) (26)3/2 ] 𝑭 = 9 × 10−2[ (−3,1, 2) 14√14 + (−2,−8, 6) 26√26 ] 𝑭 = −6,507𝑎𝑥 − 3,817𝑎𝑦 + 7.506𝑎𝑧 𝑚𝑁 Por sua vez a intensidade no ponto será dada por: 𝑬 = −𝟔𝟓𝟎,𝟕𝒂𝒙 − 𝟑𝟖𝟏,𝟕𝒂𝒚 + 𝟕𝟓𝟎,𝟔𝒂𝒛 𝑲𝑽/𝒎 Quer saber mais sobre a intensidade do campo elétrico? O professor Frank Coelho de Alcantara fala sobre ela no material online. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 27 Cálculo do Campo Eletrostático Podemos visualizar qualquer volume, ou superfície, eletricamente carregada como sendo o conjunto resultante de um número imenso de cargas pontuais separadas por distâncias infinitesimais. É possível substituir este modelo de cargas pontuais por um modelo que considere uma densidade Volumétrica de Cargas. Representamos a densidade volumétrica de cargas pela letra grega ρ (rho), e usaremos ρϕ sempre que existir qualquer possibilidade de confusão entre a densidade volumétrica de cargas e o eixo ρ usado para as coordenadas cilíndricas. Mediremos densidade volumétrica de cargas em C/m3, Coulombs por metro cúbico, em que v representa o volume em questão. 𝜌 = lim Δ𝑣→0 Δ𝑄 Δ𝑣 ∴ 𝑄 ∫ 𝑑𝑄 𝑣𝑜𝑙 = ∫ 𝜌 𝑑𝑣 𝑣𝑜𝑙 É necessário não esquecer que, neste caso, apesar de usar apenas um sinal de integração, estamos falando de integrais tríplices.No trabalho com volumes é comum separarmos o estudo dos campos das cargas distribuídas em linear, planar e volumétrica. Podemos ainda calcular o campo elétrico devido a um valor infinitesimal de cargas ΔQ usando a Lei de Coulomb: Δ𝑬(𝑟) = Δ𝑄 4𝜋𝜖0 |𝑟 − 𝑟 ′|2 𝑟 − 𝑟′ |𝑟 − 𝑟′| = 𝜌𝑣 Δ𝑣 4𝜋𝜖0 |𝑟 − 𝑟 ′|2 𝑟 − 𝑟′ |𝑟 − 𝑟′| Considerando o efeito de todos os elementos de carga em um dado volume: 𝑬(𝑟) = ∭ 𝜌𝑣 (𝑟 ′)𝑑𝑣 ′ 4𝜋𝜖0 |𝑟 − 𝑟 ′|2 𝑟 − 𝑟′ |𝑟 − 𝑟′| CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 28 Exemplo 8 Calcule a carga total contida em um feixe de elétrons de 2 cm como pode ser visto na figura a seguir. Fonte: HAYT e BUCK, 2012 Observe a densidade de carga 𝜌𝑣 = −5 × 10 −6𝑒−10 5 𝜌𝑧 𝐶/𝑚2 , substituindo os diferenciais de volume de coordenadas cilíndricas ficamos com: Depois integramos em relação a z, e por fim p: 𝑄 = ∫ ( −10−5𝜋 −105𝜌 𝑒−10 5 𝜌𝑧𝜌𝑑𝜌)| 𝑧=0,02 𝑧=0,040,01 0 𝑄 = ∫ −10−5𝜋(𝑒−2000𝜌 − 𝑒−4000𝜌 𝑑𝜌)𝑑𝜌 0,01 0 𝑄 = −10−10 𝜋 ( 𝑒−2000𝜌 −2000 − 𝑒−400𝜌 −4000 )| 0 0,01 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 29 Campos elétricos em linhas de carga Tratamos distribuições volumétricas em que o raio de um cilindro é dispensável como sendo uma distribuição linear. Desta forma, indicamos a densidade volumétrica de cargas como pL dada em C/m. Para entender este problema, considere a figura a seguir, que apresenta uma carga linear uniforme de densidade volumétrica de cargas igual a ρL estendendo-se entre os pontos A e B ao longo do eixo z. Fonte: SADIKU, 2014 Neste caso, a derivada da carga dQ será dada por: Ou seja, todas as cargas de geradoras estão localizadas em pontos sobre o eixo z, com coordenadas dadas por (0, 0, z), (0, 0, z’), (0, 0, z”),... Sendo assim, a carga será dada por: 𝑄 = ∫ 𝜌𝐿 𝑑𝑧 𝑧𝐵 𝑧𝐴 A intensidade E em um ponto arbritário P (x, y, z) pode ser encontrada utilizando-se o conceito de campo elétrico expandido para levar em consideração as cargas infinitezimais (a integral de todas as cargas no sentido de um vetor unitário) como pode ser visto a seguir: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 30 Para uma distribuição de cargas dadas indicaremos o ponto de teste como (x,y,z) e o ponto de origem, como sendo (x’, y’, z’), então: dl = dz’. Calculando o vetor entre o ponto desejado e o ponto de origem: Só para lembrar, os componentes x e y possuem valor zero para todos os pontos em que estão as cargas. Vale a pena ressaltar que o eixo p se encontra em um plano x,y. Logo, como estamos lidando com vetores unitários: Para um dado ponto: Substituindo em na equação de cálculo da intensidade do campo temos: Para simplificar vamos definir os ângulos a, a1 e a2. Se considerarmos estes ângulos na figura podemos usar trigonomeria para simplificar a equação. 𝑹 = [𝜌2 + (𝑧 − 𝑧 ′)2]1/2 = 𝜌 sec 𝛼 𝑧 ′ = 𝑂𝑇 − 𝜌 tan 𝛼 𝑒 𝑑𝑧 ′ = −𝜌 sec2 𝛼 𝑑𝛼 Sendo assim, temos algo mais simples para integrar: 𝑬 = − 𝜌𝐿 4𝜋𝜖0 ∫ 𝜌 sec2 𝛼 (cos 𝛼 𝑎𝜌 + 𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑎𝑧 )𝑑𝛼 𝜌2 sec2 𝛼 𝛼2 𝛼1 𝑬 = − 𝜌𝐿 4𝜋𝜖0 ∫ (cos 𝛼 𝑎𝜌 + 𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝑎𝑧 )𝑑𝛼 𝛼2 𝛼1 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 31 Ou para encontrar uma distribuição linear e finita de cargas temos: Note que essa equação relaciona o campo elétrico com os vetores unitários dos diversos componentes. Um caso especial é o caso da linha infinita de cargas. Neste caso, os pontos A e B passam a ter coordenadas(0, 0, ∞) 𝑒 (0,0,−∞) respectivamente e a intensidade do campo elétrico passa ser dada por: Sugestão de leitura: O livro indicado a seguir apresenta uma demonstração um pouco diferente no capítulo 2.4. Caso tenha a oportunidade de estudá-lo, não deixe de dar uma conferida nesse material. HAYT, W.; BUCK, J. A. Eletromagnetism. 8º. ed. New York, NY, USA: McGrawHill, 2012 Campo para uma superfície plana de cargas Estudaremos uma superfície infinita com uma distribuição uniforme de cargas elétricas com o objetivo de encontrar a intensidade do campo elétrico em um ponto qualquer do espaço. Observe que o estudo desta topologia é indispensável para o entendimento do funcionamento dos capacitores. Neste caso a densidade de cargas indicada por ρs e medida em C/m2. Considerando os elementos infinitesimais, teremos: 𝑑𝑄 = 𝜌𝑆 𝑑𝑠 ∴ 𝑄 = ∫ 𝜌𝑆𝑑𝑠 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 32 Observe a figura a seguir. Colocaremos o plano de cargas em um plano cartesiano y, z, na coordenada x= 0 e a carga de prova em um ponto P (x, 0, 0). Fonte: HAYT e BUCK, 2012 Para que o campo seja uniforme, ele não poderá variar segundo as coordenadas y, z. Ou seja, só teremos o componente Ex. Para encontrar o componente Ex vamos dividir a superfície em linhas infinitas de carga de largura diferencial dy’. A densidade linear de cargas é dada por ρL = ρSdy, enquanto a distância R, pode ser calculada trigometricamente por meio de 𝑅 = √𝑥 2 + 𝑦2. Consequentemente, teremos: 𝑑𝐸𝑥 = 𝜌𝑆𝑑𝑦 2𝜋𝜖𝑜 √𝑥 2 + 𝑦2 cos 𝜃 = 𝜌𝑆 2𝜋𝜖𝑜 𝑥 𝑑𝑦 𝑥2 + 𝑦2 Integrando para obter a colaboração de todas as linhas dy temos: 𝑬𝑥 = 𝜌𝑆 2𝜋𝜖𝑜 ∫ 𝑥 𝑑𝑦 𝑥 2 + 𝑦2 ∞ −∞ = 𝜌𝑆 2𝜋𝜖𝑜 tan−1 𝑦 𝑥 | −∞ ∞ = 𝜌𝑆 2𝜖𝑜 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 33 Se o ponto P escolhido fosse negativo teríamos o sinal negativo na intensidade do campo produzido. Para contornar esta ambiguidade de sinais utilizamos um vetor unitário αn (normal à superfície) segundo a regra da mão direita e temos: Essa demonstração parte da colocação do plano na coordenada x = 0. Considere que neste plano a carga seja positiva e avalie o efeito de um segundo plano, colocado na coordenada x = a Será possível provar que fora destes planos, qualquer ponto em coordenadas x > a ou x >a, o campo será zero. Também é possível provar que para qualquer ponto entre as placas o campo será dado por: Só para lembrar: um capacitor é um elemento passivo formado por duas placas condutoras separadas por um dielétrico. Por isso, o estudo de distribuições planas de cargas é tão importante. Voltaremos a falar do capacitor em outras aulas. Aprofunde os seus conhecimentos sobre o cálculo do campo eletrostático assistindo à explicação do professor Frank Coelho de Alcantara, no material online. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 34 Na Prática Vamos praticar mais? Resolva as seguintes questões! Questão 1 Dados os vetores raio A = (7, 3, -2) e B = (-2, 7, -3), encontre o vetor unitário que seja perpendicular ao plano formado por estes vetores. Solução: Para achar o vetor unitário perpendicular a um determinado plano precisamos, primeiro, encontrar o produto vetorial a esses dois vetores e, só então, encontrar o vetor unitário. 𝑨 × 𝑩 = | 𝑎𝑥 𝑎𝑦 𝑎𝑧 7 3 −2 −2 7 −3 | = | 3 −2 7 −3 | 𝑎𝑥 − | 7 −2 −2 −3 | 𝑎𝑦 + | 7 3 −2 7 | 𝑎𝑧 𝑨 × 𝑩 = [(3)(−3) − (−2)(7)]𝑎𝑥 − [(7)(−3) − (−2)(−2)]𝑎𝑦 +[(7)(7) − (3)(−2)]𝑎𝑧 𝑨 × 𝑩 = [−9 + 14]𝑎𝑥− [−21 − 4]𝑎𝑦 +[49 + 6]𝑎𝑧 𝑨 × 𝑩 = 5𝑎𝑥 + 25𝑎𝑦 + 55𝑎𝑧 Agora calculamos o módulo do vetor encontrado: |𝑨 × 𝑩| = √52 + 252 + 552 = √3675 = 60,62 Sendo assim, o vetor unitário é: 𝑣 = 𝑨 × 𝑩 |𝑨 × 𝑩| = 5𝑎𝑥 + 25𝑎𝑦 + 55𝑎𝑧 60,62 = 0,82𝑎𝑥 + 0,41𝑎𝑦 + 0,91𝑎𝑧 Questão 2 Considere uma carga pontual 𝑄1 = 25 𝑛𝐶 localizada no ponto 𝑃1(4,−2,7) e a carga 𝑄2 = 60 𝑛𝐶 no ponto 𝑃2(−3,4, −2) ambas no vácuo. Determine em que ponto do eixo 𝑦 a intensidade do campo elétrico no eixo 𝑥, 𝐸𝑥 , será zero. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 35 Se utilizarmos os vetores posição destas cargas, a intensidade do campo elétrico será dada por: 𝑬 = 10−9 4𝜋𝜖0 [ 25𝑹13 |𝑹13 | 3 + 60𝑹23 |𝑹23| 3 ] Sendo assim, o primeiro passo é calcular estes dois vetores unitários: 𝑹13 = (1 − 4)𝑎𝑥 + (2 − (−2))𝑎𝑦 + (3 − 7)𝑎𝑧 𝑹13 = −3𝑎𝑥 + 4𝑎𝑦 − 4𝑎𝑧 ∴ |𝑹13| = √3 2 + 42 + 42 = √41 𝑹23 = (1 − (−3))𝑎𝑥 + (2 − 4)𝑎𝑦 + (3 − (−2))𝑎𝑧 𝑹23 = 4𝑎𝑥 − 2𝑎𝑦 + 5𝑎𝑧 ∴ |𝑹23 | = √4 2 + 22 + 52 = √45 Desta forma a intensidade do campo em 𝑃2 será dada por: 𝑬 = 10−9 4𝜋 10−9 36𝜋 [ 25(−3𝑎𝑥 + 4𝑎𝑦 − 4𝑎𝑧) |√41| 3 + 60(4𝑎𝑥 − 2𝑎𝑦 + 5𝑎𝑧) |√45| 3 ] 𝑬 = 9[ 25(−3𝑎𝑥 + 4𝑎𝑦 − 4𝑎𝑧) |41|3/2 + 60(4𝑎𝑥 − 2𝑎𝑦 + 5𝑎𝑧) |45|3/2 ] 𝑬 = 4,58𝑎𝑥 − 0,15𝑎𝑦 + 5,51𝑎𝑧 Síntese Chegamos ao final desta aula. Nela, fizemos uma trajetória linear do conhecimento necessário para entender os campos elétricos que atuam no interior de um capacitor. Este conhecimento será útil, tanto no entendimento do componente quanto na confecção de placas de circuitos impressos. Observe que quaisquer dois condutores criarão entre si um campo elétrico e, fundamentalmente, um capacitor. Este efeito, muitas vezes indesejado, chamado de capacitor parasita (um capacitor que existe no circuito sem que tenha sido colocado ali) é um dos limitadores para o uso de sistemas eletrônicos de alta frequência. Para finalizar, assista às considerações do professor Frank Coelho de Alcantara sobre os temas analisados nesta rota, no material online. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 36 Referências BAKSHI, U. A.; BAKSHI, A. V. Eletromagnetic Fields. Pune: Tchenical Publications Pune, 2000. HAYT, W.; BUCK, J. A. Eletromagnetism. 8º. ed. New York, NY, USA: McGrawHill, 2012. OPENSTAX - RICE UNIVERSITY. College Physics. Houston, TX, USA: Rice University, 2013. SADIKU, M. Elements of Electromagnetics. London, UK: Oxford University Press, 2014. TAFLOVE, A. Why Study Electromagnetics: The First Unit in an Undergraduate Electromagnetics Course. Evanston, IL, USA. 2002.
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