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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Engenharia Elétrica Eletromagnetismo Aula 3 Professor Frank Coelho de Alcantara CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Você está no terceiro encontro da disciplina Eletromagnetismo, que bom te ver novamente! O potencial elétrico e a corrente são as duas grandezas fundamentais da eletricidade e eletrônica. Nas aulas anteriores estivemos preocupados com o potencial elétrico, ou tensão, cargas e campos. Neste encontro, nos preocuparemos com a corrente elétrica, os campos, fluxos e densidades de cargas em materiais condutores, semicondutores e isolantes. Trabalharemos os fenômenos que suportam a primeira Lei de Kirchhoff ou lei dos nós e porque a corrente total que chega a um determinado nó em um circuito é igual soma algébrica das correntes que deixam este nó. Veremos também o comportamento dos materiais condutores e dielétricos sobre o efeito de campos elétricos para isso. Finalmente, teremos que olhar o átomo, não a nível quântico, mas considerando apenas o elétron como carga elétrica que pode ser deslocado por um campo elétrico. Ao estudarmos os condutores, conheceremos a teoria eletromagnética que suporta a Lei de Ohm, talvez a mais importante lei de todo o estudo da eletricidade. Ohm formulou sua lei estudando circuitos, correntes, tensões e resistências. Nós a encontraremos por meio do estudo dos campos elétricos e da diferença de potencial em condutores. Ansioso? Então encontre um local confortável para estudar e vamos lá! Terminaremos estudando o comportamento de cargas e campos elétricos aplicados a dielétricos entre condutores, a própria definição de capacitância. Confira a aula com o professor Frank no conteúdo online! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Contextualizando Vivemos em um momento onde há uma necessidade crescente de energia, seja para manter as cidades funcionando ou para manter seus dispositivos pessoais. Neste cenário, em que está cada vez mais difícil produzir energia limpa na quantidade necessária. Talvez, uma forma de reduzir os efeitos da poluição no mundo seja a produção e armazenamento de energia elétrica de fontes limpas como a solar e a eólica. Já temos a tecnologia para produzir esta energia, mas ainda não temos a solução ideal para seu armazenamento. Imagine, por exemplo, que seu carro seja excitado pela mesma tecnologia de armazenamento do seu celular, você precisaria deixar o carro na tomada por seis ou sete horas antes de andar durante o dia. Esta solução é possível hoje, mas não é prática. Considere, por exemplo que precise andar mais do que o previsto. Teria que deixar o carro carregar por horas antes de voltar para casa. Surgem os supercapacitores. No final do século XIX já tínhamos a tecnologia para produzir capacitores na ordem de microfarads. Isso só foi possível com o desenvolvimento de novas topologias e novos dielétricos. Hoje estamos no limiar de uma nova tecnologia de supercapacitores. Capacitores da ordem de dezenas de milhares de farads. Este progresso só aconteceu graças ao surgimento de novos dielétricos. Imagine seu carro novamente, desta vez, mantido por um destes novos capacitores. Neste caso, em vez de horas para armazenar a energia necessária você gastaria minutos. Nada diferente do que temos hoje. E, é claro, esta tecnologia vai se espalhar por todos os nossos dispositivos tornando as cargas quase instantâneas e estes dispositivos ainda mais flexíveis e úteis. Mas, como foi possível, usando os dielétricos existentes no século XIX, criar capacitores mais eficientes? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Como foi possível criar a primeira geração de supercapacitores? Esta que permitiu, por exemplo, a invenção do computador pessoal? Vamos estudar todas essas questões, quer saber como? Assista o professor Frank contextualizando a aula de hoje no conteúdo online! Pesquise TEMA 1: Corrente e densidade de corrente elétrica A corrente, medida em Amperes (𝐴), em uma determinada área é um escalar que pode ser definido como a quantidade de carga que atravessa esta área determinada em uma unidade de tempo específica. Também na forma infinitesimal: Sendo assim, podemos dizer que a corrente de 1 Ampere representa uma carga positiva de 1 Coulomb sendo transferida a cada segundo. Como trabalharemos com grandes quantidades de carga atravessando áreas específicas, vamos introduzir a noção, de densidade de corrente (𝐽) (𝐴/𝑚2 ). Para isso, usando a definição de densidade, vamos dividir um elemento infinitesimal de corrente por um elemento infinitesimal de área. Veja a seguir! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 O resultado será um vetor, 𝑱𝑛. Se a densidade de corrente não for perpendicular à área, teremos que recorrer ao produto escalar e podemos encontrar a densidade de corrente total por meio da integral: Dependendo da forma como a corrente 𝐼 é produzida, existem densidades de corrente diferentes: densidade de corrente de convecção e densidade de corrente de condução, por exemplo. Corrente elétrica de Condução: é a corrente devida a aplicação de um campo elétrico sobre as cargas móveis de um condutor metálico. O sentido positivo da corrente é o sentido do campo aplicado. Corrente elétrica de Convecção: é a corrente devida ao movimento de cargas que não está confinada aos sólidos condutores. Ocorre devido ao movimento de íons, negativos e positivos, na matéria líquida ou gasosa. Como por exemplo, em uma lâmpada fluorescente. Esta corrente não obedece a primeira lei de Ohm. Saiba mais sobre esse assunto no link: http://educacao.globo.com/fisica/assunto/eletromagnetismo/resistores-e-leis-de- ohm.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Podemos relacionar a densidade de corrente com o movimento de um volume de cargas definido por sua densidade de cargas. Assim, a relação entre um elemento infinitesimal de carga e um volume, também infinitesimal determinará a densidade volumétrica de cargas. Como pode ser visto na Figura 2, ao lado. Vamos assumir que esse volume de cargas se movimente em um intervalo Δ𝑡, a uma distância Δ𝑥. Como a corrente é dada por um deslocamento de cargas no tempo, temos: Como, no limite, Δ𝑥/Δ𝑡 representa uma velocidade de deslocamento 𝑣𝑥 sobre o eixo 𝑥, temos: Como a densidade de corrente é dada por: Teremos: Onde 𝑱 representa a densidade de corrente, de condução dada em amperes por metro quadrado (𝐴/𝑚2). Confira no material online o que o professor Frank tem a dizer sobre a corrente e densidade elétrica! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 TEMA 2: Equação da continuidade da corrente Nós sabemos que a energia não pode ser criada nem destruída, tudo que podemos fazer é alterar sua forma. Este, um dos princípios mais conhecidos da física, tem aplicação direta no eletromagnetismo e, é o pano de fundo que permitiu as definições das Leis de Kirchhoff. Trata-se do princípio da conservação das cargas. O princípio da conservação da carga declara que as cargas elétricas não podem ser criadas nem destruídas. Sendo assim, uma quantidade idêntica de cargas positivas e negativas devem ser criadas simultaneamente (HAYT e BUCK, 2012). Em termos de valores infinitesimais,dizemos que a taxa de redução de cargas no interior de um volume dado deve ser igual a fluxo líquido de corrente através da superfície fechada deste volume 𝐼. A corrente através de uma superfície fechada é dada por: A existência desse fluxo de cargas positivas na superfície (corrente) deve ser balanceada por uma redução de cargas positivas no interior do volume ou, se preferir, pelo aumento de cargas negativas no interior do volume. Se chamarmos de 𝑄𝑖 a carga englobada pela superfície podemos dizer que sua taxa de variação (decréscimo) deve ser dada por: Logo, teremos a forma integral da equação de continuidade de cargas dada por: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Podemos utilizar o teorema da divergência para transformar a integral de superfície em uma integral de volume. ou substituindo teremos que: ou resolvendo temos que: Esta equação é conhecida como equação da continuidade da corrente. Não esqueça que essa equação é derivada do princípio da conservação das cargas e, essencialmente, indica que não haverá acúmulo de cargas em pontos do espaço. Para correntes constantes a variação da densidade de carga no tempo será zero, logo: ∇ ⋅ 𝑱 = 0, mostrando o total de cargas que deixa o volume é igual ao total de cargas que chega ao volume. Este é o fundamento da primeira Lei de Kirchhoff. Entenda melhor esse assunto no link a seguir: http://e- lee.ist.utl.pt/realisations/CircuitsElectriques/ApprocheCircuits/LoisKirchhoff/2_co urs.htm CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 O professor Frank esclarece sobre a equação estudada no material online! TEMA 3: Materiais condutores Podemos definir todos os materiais em termos de condutividade, 𝜎 em termos de mhos por metro (℧/m), ou Siemens por metro (𝑆/𝑚) entre condutores e não condutores ou, mais formalmente, condutores e dielétricos. A condutividade do material, 𝜎, é resultante dos arranjos atômicos e moleculares e, como tal, depende das condições de temperatura, pressão e da frequência a que estão submetidos. Dizemos que um material com alta condutividade 𝜎 ≫ 1, como metal, ou condutor, e materiais com baixa condutividade 𝜎 ≪ 1, como isolante, ou dielétrico. Muitos materiais possuirão tanto características de condutor quanto de dielétrico. E, existem ainda os materiais semicondutores, cujas características especiais permitiram a criação dos transistores e circuitos integrados. Tipicamente a condutividade de um material aumenta de forma diretamente proporcional a diminuição da temperatura. Em temperaturas próximas do zero absoluto (−273,15°𝐶), alguns metais atingem um estado de supercondutividade e param de oferecer oposição a passagem da corrente elétrica. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Um condutor é uma estrutura cristalina com abundância de cargas livres suficientemente energizadas para permitir seu movimento quando excitadas por um campo elétrico. Considere um condutor exposto ao campo 𝑬. Em um curto espaço de tempo, os elétrons energizados, de carga – 𝑒 sofreram uma força dada por: Fazendo com que as cargas livres positivas sejam deslocadas no sentido do campo e, simultaneamente, os elétrons sejam deslocados na direção oposta. Estas cargas, criarão um campo elétrico interno que leva a nossa primeira observação. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Como o elétron não está no espaço livre, mas no interior de um cristal, seu movimento não será uniforme nem constante. Ele sofre os efeitos da estrutura atômica a sua volta passando por momentos de atrito ou desvio. Contudo, se um elétron de massa 𝑚 está se movendo em um campo elétrico, dentro de um condutor, com velocidade média 𝑣 para satisfazer as leis de Newton, a variação média do momento deve se igualar à força aplicada. Sendo assim, A fórmula que você viu, onde 𝜏 representa o intervalo de tempo médio entre colisões, indica que a velocidade de arrasto do elétron no interior do condutor é diretamente proporcional ao campo elétrico aplicado (SADIKU, 2014). Para encontrarmos a densidade de carga podemos considerar que existe, em um dado momento, uma quantidade 𝑛 de elétrons. Desta forma, a densidade de cargas será dada por: Considerando isso, podemos determinar a densidade da corrente de condução por: Temos 𝜎 dado por (𝑛𝑒2 𝜏)/𝑚 que representa a condutividade, em Siemens do condutor submetido a este campo elétrico. A equação 𝑱 = 𝜎𝑬, conhecida como a lei pontual de Ohm, também pode ser definida em termos da mobilidade do elétron 𝜇𝑒 esta mobilidade é definida em unidades de metro quadrado por volt-segundo e é diferente para cada material. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Tipicamente teremos 0,0012 para o alumínio, 0,0032 para o cobre e 0,0056 para a prata (HAYT e BUCK, 2012). Por definição a mobilidade do elétron terá sempre sinal positivo. De tal forma que a velocidade do elétron será dada por: 𝑣 = −𝜇𝑬 Indicando que a velocidade é diretamente proporcional a mobilidade e ao campo elétrico 𝑬. Assim podemos definir a densidade da corrente de condução por: Como: Temos que 𝜎, a condutividade pode ser definida em termos da mobilidade ou: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 LEI DE OHN Considere a Figura 4, onde, por conveniência, estamos aplicando um campo elétrico 𝑬, uniforme e constante que dá origem a uma densidade de corrente de condução 𝑱 também uniforme e constante. Sendo assim, a corrente será dada por: Figura 4 A definição de diferença de potencial nos permite afirmar que: 𝑉𝑎𝑏 = − ∫ 𝑬 ⋅ 𝑑𝐿 𝑎 𝑏 = −𝑬 ∫ 𝑑𝐿 𝑎 𝑏 = −𝑬 ⋅ 𝑳𝑏𝑎 = 𝑬 ⋅ 𝑳𝑎𝑏 Observe que para alterar o sentido do campo 𝑬, na determinação do potencial, precisamos alterar o sentido do vetor 𝑳. Sendo assim, desprezando os índices apenas para facilitar o entendimento, podemos dizer que o potencial será dado por: 𝑰 = ∫𝑱 ⋅ 𝑑𝑆 𝑠 = 𝑱𝑆 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 𝑉 = 𝐸𝐿 ∴ 𝐸 = 𝑉 𝐿 Tomando agora as definições de densidade de corrente de forma genérica: E a densidade de corrente de condução: Podemos dizer que: Onde, 𝐿/𝜎𝑆 representa a resistência 𝑅 que o material opõe à passagem da corrente elétrica. Neste caso, o potencial entre dois extremos de um condutor será dado, na sua forma mais conhecida, a Lei de Ohm, por: A resistência 𝑅 é medida em Ohms Ω. Se o campo não for uniforme teremos que recorrer às integrais para definir a forma completa da Lei de Ohm através da definição do potencial elétrico. 𝑅 = 𝑉𝑎𝑏 𝐼 = − ∫ 𝐸 ⋅ 𝑑𝑳 𝑎 𝑏 ∫ 𝜎𝑬 ⋅ 𝑑𝑺 𝑠 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 CONDUTORES NAS REGIÕES DE FRONTEIRA Tomemos um condutor, isolado, no vácuo, submetido a um campo elétrico estático, uniforme e constante. Ainda estamos preocupados com o estudo da eletrostática, mas para entender o que acontece na fronteira entre o condutor e o vácuo, precisamos entender o que acontece nos primeiros nano segundos de exposição ao campo. Assim que o condutor é imerso no campo elétrons ou cargas perfeitas, as camadas mais energizadas da matéria começam a se deslocar na direção oposta ao sentido do campo de forma a se afastarem uns dos outros. Aomesmo tempo, cargas positivas, são deslocadas na direção e sentido do campo, mas se afastando umas das outras. Isto acontece até que os elétrons e cargas positivas atinjam a superfície do material e parem. Como o vácuo é isolante não há camada de energia disponível para o movimento de cargas. Não restará uma única carga no interior do condutor por isso: Se o campo elétrico na superfície externa do condutor for decomposto em dois componentes, um normal e outro tangencial, apenas para análise poderíamos deduzir que o componente tangencial é obrigatoriamente zero. Se o componente tangencial for diferente de zero, as cargas estarão em movimento. Não podemos ter cargas em movimento por que estamos analisando condições eletrostáticas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 A consequência mais importante do fato que o componente tangencial é zero, que não há deslocamento de cargas na superfície é que a superfície de um condutor perfeito, isolado no vácuo, é equipotencial. Não há trabalho e, o valor da diferença de potencial entre quaisquer dois pontos da superfície é zero. Resta-nos o componente normal. Neste caso, podemos recorrer à Lei de Gauss e trabalhar com superfícies infinitesimais. Sendo assim, podemos afirmar que o fluxo elétrico nesta superfície infinitesimal será igual a carga existente neste mesmo espaço. O fluxo não pode penetrar no condutor onde o campo é obrigatoriamente nulo e não têm componente tangencial logo deve ser normal ou a densidade de fluxo deixando a superfície é normal a densidade de cargas superficiais. Devido ao fato que o campo elétrico é um campo vetorial conservativo, qualquer que seja o percurso escolhido na superfície, a integral de linha fechada sobre esta superfície será nula: Entenda melhor acessando o link: http://www.igm.mat.br/aplicativos/index.php?option=com_content&view=article& id=718:campos-conservativos&catid=63:funcoes2 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Considere o percurso 𝑎, 𝑏, 𝑐, 𝑑 na Figura 5, temos: ∫ 𝑬 ⋅ 𝒅𝑳 𝑏 𝑎 = ∫ 𝑬 ⋅ 𝒅𝑳 𝑐 𝑏 = ∫ 𝑬 ⋅ 𝒅𝑳 𝑑 𝑐 = ∫ 𝑬 ⋅ 𝒅𝑳 𝑎 𝑑 = 0 Suponha que os trajetos 𝑏, 𝑐 e 𝑑, 𝑎 tendam a zero a segunda e quarta integrais são nulas. Por outro lado, o trajeto 𝑐, 𝑑 é nulo por estar no interior do condutor onde o campo 𝑬 é nulo. O QUE ACONTECEU ENTÃO? VEJA A SEGUIR. Resta-nos: Como 𝐸𝑡 é a componente tangencial do campo elétrico sobre a superfície do condutor e, como supomos: 𝐸𝑡 = 𝐷𝑡 = 0. Para descobrir a componente normal vamos observar o pequeno cilindro, na Figura 4, colocado de forma a cruzar a superfície do condutor, penetrando no mesmo e no dielétrico, vácuo, que o envolve. Este pequeno cilindro é uma gaussiana, e podemos utilizar a Lei de Gauss para esta superfície. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 No caso visto, temos: Onde 𝑄𝑖𝑛𝑡 é a carga envolta pela superfície gaussiana. Ou, usando a densidade de cargas, de forma infinitesimal e teremos: A integral da lateral é nula já que 𝑬𝒕 = 0. A integral da superfície inferior está dentro do condutor em que, novamente o campo elétrico também é zero, resta a superfície superior, logo: A igualdade só será válida se: ou seja, o campo externo, mais bem próximo a um condutor perfeito é nulo. A não ser que exista uma distribuição superficial de cargas (EDMINISTER, 1979). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Veja agora o professor Frank explicando um pouco melhor sobre os materiais condutores no conteúdo online! TEMA 4: Materiais dielétricos Nos materiais condutores, na sua maioria metais, existe uma determinada quantidade de elétrons em regiões do átomo com grandes níveis de energia, são os chamados elétrons de valência (HAYT e BUCK, 2012) quando a camada de valência está em um nível específico de energia, por agitação térmica por exemplo, a aplicação de um campo elétrico colocará cargas perfeitas na camada de condução e criará uma corrente elétrica. Existem, no entanto, matérias onde a distância entre o elétron com maior energia na camada de valência e a camada de condução é tão grande que, em condições normais, não é possível que um elétron atinja a camada de condução. Materiais com esta distância entre a camada de valência e a camada de condução são chamados de dielétricos ou isolantes. Quando sujeitamos um material dielétrico aos efeitos de um campo elétrico 𝑬, estes materiais se tornam polarizados. Esta polarização cria as condições necessárias para que a densidade de fluxo elétrico 𝑫 seja maior do que a que existiria, no espaço livre, devido à mesma intensidade de campo. Não nos preocuparemos em entender exatamente o que é uma carga positiva em um átomo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Não há nenhuma relação com o próton, na verdade, o mais próximo que chegaremos da física quântica é a consideração que a carga positiva é apenas uma falta, uma lacuna, deixada por um elétron. Neste caso, podemos imaginar um átomo não polarizado como sendo a sobreposição de duas regiões, uma composta de cargas positivas e outra composta de cargas negativas. Sob a influência do campo elétrico, a região de carga positiva move-se na direção e sentido do campo enquanto a região de carga negativa move-se na mesma direção do campo, mas em sentido oposto. Criando, desta forma uma substância polarizada como pode ser visto na Figura 6, que você analisa a seguir. O deslocamento destas regiões cria um dipolo elétrico que pode ser representado por seu momento: Observe que durante a criação deste momento a molécula do material armazena energia retirada do campo elétrico. Quando este campo é retirado, para a maior parte dos materiais quando o campo elétrico é retirado as regiões positiva e negativa voltam a se sobrepor e a energia acumulada no momento é devolvida. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Em um dado volume infinitesimal Δ𝑣 conterá um número 𝑁 de dipolos com momento 𝒑, de tal forma que poderemos determinar a polarização 𝑷 por: Sempre, é claro, considerando um dielétrico ideal, campo elétrico e temperatura constantes, o que não acontece no mundo real. Do ponto de vista macroscópico, poderemos associar a polarização ao aumento da densidade de fluxo elétrico. Confira a seguir. Observe que esta é a equação da densidade de fluxo elétrico acrescida do efeito causado pela polarização 𝑷. Esta equação permite que o campo elétrico e a polarização tenham direções diferentes, como ocorre em certos dielétricos de estrutura cristalina (EDMINISTER, 1979). Em um dielétrico isotrópico homogêneo 𝑬 e 𝑷 são paralelos em todos os pontos. A relação entre eles é linear e pode ser expressa em termos da susceptibilidade elétrica 𝜒𝑒. A susceptibilidade elétrica é característica do material e totalmente adimensional. Logo podemos calcular a densidade de fluxo elétrico 𝑫: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Onde 𝜖𝑟, dado por (1 + 𝜒𝑒) é a permissividade relativa do material e 𝜖 a permissividade. 𝑫 = 𝜖𝑬O uso da permissividade torna dispensável as considerações relacionadas a momento de dipolo, e cargas de polarização desde que utilizemos materiais isotrópicos. E podemos calcular a densidade de fluxo considerando apenas o campo elétrico e as características do material.LEMBRE-SE! Definimos materiais isotrópicos como sendo aqueles materiais cujas propriedades físicas não dependem da direção considerada. CONDIÇÕES DE FRONTEIRA Precisamos fazer algumas considerações importantes sobre as condições que existem na fronteira entre dois dielétricos e entre um dielétrico e um condutor. É possível provar que na região entre dois dielétricos existe a contribuição devida ao componente tangencial do campo elétrico na superfície de tal forma que esta contribuição seja idêntica nos dois dielétricos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Quanto ao componente normal, se usarmos a densidade de fluxo e uma gaussiana cilíndrica entre as duas superfícies, observaremos que: Contudo, como estamos considerando um dielétrico perfeito, não pode existir qualquer densidade superficial de cargas, já que não existem cargas livres em um dielétrico perfeito logo: Com relação à fronteira entre dielétrico e condutor, podemos partir do fato que tanto a densidade de fluxo elétrico 𝑫 quanto à intensidade de fluxo elétrico 𝑬 são nulas no interior de um condutor. Também sabemos que a componente tangencial deve ser zero, tanto para que a integral de linha da superfície, dada qualquer trajetória seja zero: Quanto será 𝑫 = 𝜖𝑬? Aplicando-se à Lei de Gauss podemos ver que as condições de fronteira analisadas para um condutor isolado no vácuo são válidas para a região entre um condutor e qualquer outro dielétrico, desde que seja feita a substituição da constante de permissividade do vácuo 𝜖0 pela permissividade característica do dielétrico, logo: Todas estas considerações foram feitas com materiais ideais. No nosso trabalho diário tais materiais não existem, então, não existem materiais dielétricos sem alguns elétrons livres e a carga introduzida no interior destes materiais eventualmente atingirá a superfície (HAYT e BUCK, 2012). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Aproveite e faça uma pausa para assistir à videoaula do professor Frank no material online! TEMA 5: Capacitância Dois corpos condutores quaisquer separados pelo vácuo ou um material dielétrico qualquer, quando sujeitos a uma diferença de potencial, criarão no material dielétrico uma distribuição de momentos dipolo de tal forma que as superfícies condutoras ficarão polarizadas com cargas +𝑄 𝑒 − 𝑄 respectivamente. Podemos definir a relação entre o módulo da carga e a diferença de potencial aplicada como sendo a capacitância do sistema, medida em farads e dada por: Sendo 1𝑓 = 1𝐶/𝑉, como vimos anteriormente, um coulomb é uma quantidade enorme de energia no vácuo e o mesmo pode ser dito de um farad. A capacitância depende apenas da geometria dos materiais envolvidos e das características elétricas dos mesmos. A capacitância independe da densidade de carga. Se ela aumenta, aumentará também o fluxo elétrico e consequentemente a diferença de potencial entre os dois condutores. Até os anos 1980 não seria possível encontrar no mercado capacitores medidos em unidades de farads ou seus múltiplos. Contudo, com o surgimento de dielétricos mais eficientes, hoje estudamos o uso de supercapacitores de milhares de farads como solução para o armazenamento portátil de energia. Faça a leitura do artigo “Supercapacitores”, a seguir para entender um pouco mais nosso tema de estudo! http://www.ufjf.br/fisica/files/2013/10/FIII-04-09-Supercapacitores.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 CAPACITÂNCIA EM PLACAS PLANAS Podemos aplicar à definição de capacitância a situação de duas placas condutoras, planas infinitas no vácuo, separadas pela distância fixa 𝑑 preenchida por um dielétrico com permissividade 𝜖. Colocando estas placas sobre um sistema de coordenadas cartesiano de tal forma que a placa inferior esteja sobre o eixo 𝑧 com carga positiva e a placa superior cruze o eixo 𝑧 em 𝑧 = 𝑑, como pode ser visto na Figura 7 a seguir. Considerando condições ideais a intensidade de campo elétrico será dada por: 𝑬 = 𝜌𝑠 𝜖 𝒂𝑧 Lembre-se que só há componentes normais as placas e, devido nossa escolha de posicionamento a componente normal e será paralela ao eixo 𝑧. Desta forma, teremos a densidade de fluxo 𝑫 dada por: 𝑫 = 𝜌𝑠𝑎𝑧, positiva, graças ao sentido do campo 𝑬, paralela ao eixo 𝑧, e de módulo igual à densidade de carga sobre a outra placa. Assim sendo: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 𝑫 = −𝑫𝑧=𝑑 = 𝜌𝑠 Podemos agora calcular a diferença de potencial entre estes dois condutores: 𝑉 = − ∫ 𝑬 ⋅ 𝑑𝑳 inf sup = − ∫ 𝜌𝑠 𝜖 ⋅ 𝑑𝑧 0 d = 𝜌𝑠 𝜖 𝑑 Observe que consideramos condutores ideais e infinitos. Ou seja, a carga total será infinita e, dessa forma, a capacitância também será infinita. Para evitar estas condições podemos considerar que as placas possuem uma área finita 𝑆 muitas vezes maior que a distância 𝑑 e desprezar as contribuições de campo devidas aos limites das placas. Sendo assim, teremos: 𝐶 = 𝑄 𝑉 = 𝜌𝑠𝑆 𝜌𝑠 𝜖 𝑑 Simplificando: 𝐶 = 𝜖𝑆 𝑑 Que relaciona a capacitância apenas a área das placas, a distância entre elas e a permissividade característica do dielétrico que as separa. SUPERCAPACITORES Uma das técnicas para a construção de supercapacitores é a colocação de dois ou mais dielétricos entre placas paralelas. Estes dielétricos podem ser organizados de forma a ficarem em série com o sentido do campo elétrico como pode ser visto na Figura 8. Seja 𝑄 a carga na placa positiva teremos que: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 27 Onde 𝑎𝑛 é vetor unitário na direção normal as placas. Sendo assim podemos calcular as intensidades de campo por: Assim, o potencial de cada placa em relação ao infinito será dado por: Logo: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 28 Como: Dois dielétricos colocados em série também produzem uma capacitância equivalente ao inverso da soma dos inversos de cada capacitância. Da mesma forma, seria possível provar que dois dielétricos colocados em paralelo dentro das placas produziriam uma capacitância equivalente a soma das capacitâncias individuais. Tente provar esta última equação! Chegamos ao último tema deste encontro, confira à explicação do professor Frank no material online! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 29 Na Prática Alguns minerais são muito importantes para indústria eletrônica no século XXI. Alguns por suas características de condutância e outros por suas características dielétricas. O ouro, a prata, o cobre e o tântalo estão entre os mais importantes. O pentóxido de tântalo (Ta2O5) se encontra entre os melhores dielétricos de baixo custo e rápida produção que temos hoje. De fato, não seria pretensão afirmar que seu celular só existe por que existem os capacitores de tântalo. Agora, complemente seus estudos respondendo às perguntas a seguir. Pesquise! QUE MINERAL É ESSE? DE ONDE VÊM? QUAL A RELAÇÃO ENTRE O TÂNTALO, SEU SMARTPHONE E DARFUR? Síntese Esta foi uma longa jornada, partimos da densidade de corrente e chegamos às fórmulas que permitem calcular capacitâncias em série e em paralelo sem discutirmos as características de corrente envolvidas nas teorias de circuitos. Como foi prometido para você na primeira aula: podemos usar ateoria eletromagnética para explicar como tudo funciona na eletricidade e eletrônica. Não esqueça das equações de continuidade de corrente, elas são importantes não apenas por causa das Leis de Kirchhoff, mas também em dispositivos integrados onde grandes fenômenos ocorrem nas diversas regiões de fronteira. Fechamos esta aula com os conceitos necessários ao entendimento dos capacitores e dos resistores e vimos a demonstração da Lei de Ohm tanto na forma pontual como em relação macroscópica. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 30 Não esqueça que ainda estamos trabalhando com campos estáticos no tempo. Ainda assim, tivemos que observar o deslocamento de cargas em situações de transição. Momentos entre a aplicação do campo elétrico e a estabilidade das cargas em materiais condutores e dielétricos. Quanto à pergunta inicial: podemos dizer que o surgimento dos supercapacitores foi possível graças ao arranjo geométrico de dielétricos diferentes para a separação de condutores. Dois dielétricos em paralelo, em relação ao campo elétrico provocam uma capacitância que é igual a soma das capacitâncias provocadas por cada um deles. Mas, não podemos deixar de considerar que isso só foi possível graças ao surgimento de tecnologias de encapsulamento que permitiram a colocação de quantidades muito pequenas de material entre placas muito próximas. O professor Frank sintetiza esta aula no conteúdo online. Confira, para fechar com chave de ouro este encontro. Referências BAKSHI, U. A.; BAKSHI, A. V. Eletromagnetic Fields. Pune: Tchenical Publications Pune, 2000. CHISHOLM, H. Ohm, Georg Simon. In: ______ Encyclopædia Britannica Eleventh Edition. Cambridge: [s.n.], 1911. p. 34. EDMINISTER, J. A. Eletromagnetismo. [S.l.]: McGraw Hill, 1979. HAYT, W.; BUCK, J. A. Eletromagnetism. 8º. ed. New York, NY, USA: McGrawHill, 2012. JOHN D. KRAUS, K. R. C. Eletromagnetismo. 2º. ed. Rio de Janeiro, RJ: Editora Guanabara, 1990. OPENSTAX - RICE UNIVERSITY. College Physics. Houston, TX, USA: Rice University, 2013. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 31 SADIKU, M. Elements of Electromagnetics. London, UK: Oxford University Press, 2014. TAFLOVE, A. Why Study Electromagnetics: The First Unit in an Undergraduate Electromagnetics Course. Evanston, IL, USA. 2002.
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