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1 PARTE II – SÉRIES DE FOURIER 1 – NOTA HISTÓRICA Jean-Baptiste Joseph Fourier nasceu a 21 de março de 1768 em Auxerre, França, filho de um alfaiate, e com apenas 10 anos de idade ficou órfão. Devido ao seu talento demonstrado em seus primeiros estudos, ele recebeu suporte financeiro para terminar sua educação. Em 1780, ingressou na École Royale Militaire onde logo descobriu a matemática e se dedicou a ela por longos anos. Em 1787, ele se envolveu com a Revolução Francesa, ocupando um cargo local no Comitê Revolucionário. Inicialmente, Fourier se mostrou empolgado com os propósitos da Revolução, mas depois se decepcionou com o regime de terror que se seguiu. Em julho de 1794 ele foi preso por ter proferido um discurso de protesto em Órleans, mas foi libertado por Napoleão quando tomou o poder na França. Em 1795, torna-se professor da École Polytechnique e, dois anos depois, sucede Lagrange na cadeira de Análise e Mecânica. Nessa época já se tornara um dos confidentes de Napoleão. Fourier era um reconhecido orador e foi um excelente professor. Em 1798, juntamente com outros cientistas famosos da França, acompanhou o exército de Napoleão na invasão do Egito como consultor científico. A pedido do próprio Imperador, ele ocupou o cargo de prefeito de Grenoble. Uma de suas obras foi o projeto e execução da drenagem de charcos por onde deveria ser construída uma estrada ligando Grenoble a Turim. Em 1822, ele publica seu trabalho Théorie analytique de la chaleur, onde introduz o que se conhece hoje como Séries de Fourier. À época em que exercia o cargo de prefeito, Fourier estudou a condução de calor em sólidos e as chamadas séries de Fourier tiveram seu início nas soluções analíticas que ele encontrou. Elas surgiram ao considerar equações diferenciais parciais com dependências espacial e temporal. A idéia não era nova pois um dos Bernoulli, além de D’Alambert e Euler já tinham feito uso da expansão senoidal. Embora o livro Théorie Analytique de la Chaleur tenha aparecido em 1822, já em 1807 o autor surpreendeu os membros da Academia Francesa de Ciências, 2 afirmando que uma função arbitrária e periódica podia ser representada por uma combinação linear das funções seno e cosseno. E esta função arbitrária podia não ser contínua. Prontamente Lagrange rejeitou, em termos definitivos, a conclusão a que chegara Fourier, porque percebia que a fundamentação teórica e o rigor matemático empregados se mostravam bastante incompletos. Por vários anos seguintes o assunto esteve em pauta das discussões e, ao mesmo tempo, outros matemáticos se empenharam em colocar as ideias de Fourier em crescente rigor analítico. O nome de Dirichlet está fortemente ligado a essas contribuições para o desenvolvimento e aceitação das séries de Fourier. Nos anos finais de sua vida ele se tornou, segundo seus contemporâneos, um homem “totalmente maçante” com suas histórias sobre a glória de trabalhar com Napoleão e o trabalho maravilhoso que o imperador estava por fazer. Os anos que ele passou no norte da África, levaram-no a acreditar que o deserto tinha a temperatura ideal para se ter boa saúde; por isso, sempre se vestia com roupas pesadas e vivia em ambiente bastante quente. Morreu de ataque cardíaco em 16 de maio de 1830. 2 - INTRODUÇÃO As séries de Fourier são constituídas por uma combinação linear de seno e cosseno e se mostram muito convenientes para representar fenômenos periódicos. Funções periódicas aparecem com grande variedade em problemas físicos: oscilações de um sistema massa-mola; movimento de um pêndulo; vibração de uma corda de violino; da coluna de ar dentro de um tubo, como uma flauta; e, em geral, sons musicais (o tom musical percebido por nossos ouvidos é uma combinação de vibrações harmônicas simples). Circuitos elétricos envolvem variáveis que se comportam de forma periódica, como por exemplo, a corrente alternada, e esses sistemas podem ser descritos por uma série composta de funções oscilatórias. Neste capítulo discutiremos conceitos básicos, fatos e técnicas em conexão com essas séries. Serão resolvidos diversos exemplos e alguns deles bastante importantes na área da Física Aplicada ou na de Engenharia. A teoria sobre as séries de Fourier é relativamente complexa, entretanto, seu uso nas aplicações são relativamente simples. O que queremos tratar envolve o desenvolvimento de funções periódicas utilizando uma série trigonométrica. Porém, você poderia estar se perguntando por que escolher tal expansão se já conhecemos a série de Taylor e ela representa muito bem as funções. É verdade; funções como xsen ,xcos,e,x x2 são exemplos para os quais as séries de Taylor funcionam muito bem. Entretanto, para outra classe de funções que apresentam periodicidade e/ou descontinuidade, o desenvolvimento em série de Taylor fica comprometido. Além disso, a representação por série de potências exige que as funções possuam derivadas de toda ordem. Nesse sentido, as séries de Fourier são mais universais do que as séries de Taylor porque elas podem representar funções periódicas descontínuas. Para tais funções não existem representações em série de Taylor. 3 3 – SÉRIES TRIGONOMÉTRICAS Uma função real )x(f é chamada periódica se ela está definida para todo x real e se existe alguma constante positiva p tal que )x(f)px(f =+ , para todo x. (56) O número p é chamado período da função. Seu gráfico, para todo x, é obtido por repetição periódica da curva compreendida no intervalo de comprimento p. (figura 3.1). Figura 3.1 – Função periódica A função =)x(f constante é periódica porque qualquer valor de p reproduz o comportamento da função. Para este caso, diz-se que não existe um período primitivo ou fundamental. O uso da variável x é usual, porém, ela pode representar qualquer variável real, incluindo o tempo. Em problemas envolvendo equações diferenciais que governam o movimento de um sistema é comum utilizar t como variável para obter o desenvolvimento em séries de Fourier. Alguns autores usam t como variável muda de integração para determinar os coeficientes de Fourier. Uma série trigonométrica é uma série do tipo L+++++ x2senbx2cosasenxbxcosa 2 a 2211 0 (57) na qual os coeficientes KK ,b,b,a,a 2110 são constantes reais. Esta série tem período pi2 . Observe que desde agora reservamos os a’s para coeficientes da função cosseno, e os b’s para a função seno. Cada termo da série trigonométrica possui período 2π: xcos)2xcos( =pi+ ; senx)2x(sen =pi+ ; x2cos)2x2cos( =pi+ ... e de forma geral, xcos)n2nxcos()]2x(ncos[ =pi+=pi+ e xsen)n2nx(sen)]2x(n[sen =pi+=pi+ . Agora surge a pergunta: se o período de, por exemplo, x3sen é 32pi , como a série pode ter período pi2 ? A resposta é que, além do período pi2 /3, a função x3sen possui período pi2 e este valor é compartilhado por todos os termos da série (é como se ele fosse o m.m.c dos períodos). Por exemplo, a função )]2x(ncos[ pi+ tem período pi2 adicionalmente ao período n/2pi . 4 Podemos reescrever a série trigonométrica usando a notação de somatória; a inserção de parênteses é possível porque a série é convergente. ( )∑ ∞ = ++ 1n nn 0 nxsenbnxcosa 2 a (58) O fator 2/1 no primeiro termo é apenas conveniência e ao tratar de séries de Fourier esta convenção irá se tornar mais evidente. Foi dito anteriormente que o tom musical é uma combinação de oscilações harmônicas simples: eles são representados por nxsenbnxcosa nn + . A amplitude dos coeficientes nn b e a é uma medida da importância do n-ésimo sobretom no espectro da onda sonora. As diferençasnos tons de diferentes instrumentos musicais podem ser atribuídas a pesos diferenciados dos coeficientes da série trigonométrica. 4 – SÉRIES DE FOURIER Quando os coeficientes da série trigonométrica satisfazem certas condições, a serem estabelecidas a seguir, ela é denomina série de Fourier. Precisamos encontrar a relação entre a função periódica )x(f (com período 2π) e os coeficientes da série. Vamos supor que esta função possa ser representada por uma série trigonométrica: )nxsenbnxcosa( 2 a)x(f 1n nn 0 ∑ ∞ = ++= (59) ou seja, estamos supondo que esta série convirja e tem como soma a função )x(f . Usaremos o intervalo ],[ pipi− , porém qualquer outro intervalo de comprimento 2π pode ser utilizado. Para encontrar 0a , integramos ambos os lados da igualdade de pipi− a : dx)nxsenbnxcosa(dx 2 adx)x(f 1n nn 0 ∫ ∑∫ ∫ pi pi− ∞ = pi pi− pi pi− ++= . A integração termo a termo é justificada se a convergência é uniforme, e este fato será usado no processo. Então, podemos escrever ∑ ∫ ∫∫ ∫ ∞ = pi pi− pi pi− pi pi− pi pi− ++= 1n nn 0 nxdxsenbnxdxcosadx 2 adx)x(f . As integrais em nxcos e nxsen se anulam como pode ser verificado facilmente realizando as integrações e colocando-se os extremos. Portanto, somente o primeiro termo “sobrevive”: 5 ⇒pi==∫ ∫ pi pi− pi pi− 2 2 adx 2 adx)x(f 00 ∫ pi pi− pi = dx)x(f1a 0 (60) Para os coeficientes K,a,a 21 podemos fazer algo semelhante. Multiplicam-se ambos os membros da igualdade por mxcos e integra-se no intervalo ],[ pipi− . Antes porém, vamos revisar as condições de ortogonalidade do conjunto formado pelas funções seno e cosseno. Estes resultados serão úteis na determinação dos coeficientes. ∫ pi pi− piδ= =pi ≠ = m,n mn para mn para 0 mxdxcosnxcos O símbolo m,nδ é chamado delta de Kronecker, com ≠ = =δ mn para 0 mn para 1 m,n . ∫ pi pi− piδ= =pi ≠ = m,n mn para mn para 0 mxdxsennxsen . A outra relação de que precisamos é 0mxdxcosnxsen =∫ pi pi− . Para demonstrar as duas primeiras condições de ortogonalidade, podem-se utilizar as relações: [ ]]x)mncos[(]x)mncos[( 2 1 mxcosnxcos −++= , quando mn ≠ [ ]]x)mncos[(]x)mncos[( 2 1 mxsennxsen +−−= , quando mn ≠ . Para a última condição de ortogonalidade, usa-se: [ ]]x)mn[(sen]x)mn[(sen 2 1 mxcosnxsen −++= , quando mn ≠ . Todas essas integrais se anulam no intervalo ],[ pipi− . E finalmente, quando mn = , temos: ∫ −= 4 x2sen 2 xdxxsen 2 e ∫ += 4 x2sen 2 xdxxcos2 . Multiplicando-se a equação (59) por mxcos e integrando, tem-se: 6 mxdxcos)nxsenbnxcosa( 2 a mxdxcos)x(f 1 nn 0∫ ∫ ∑ pi pi− pi pi− ∞ ++= . O primeiro termo à direita, que contém 0a , anula-se porque a integral em cosseno é zero devido aos extremos simétricos. Considerando que podemos integrar dentro da somatória, então, )mxdxcosnxsenbmxdxcosnxcosa(mxdxcos)x(f n 1n n ∫ ∫∫ ∑ pi pi− pi pi− pi pi− ∞ = += . Pela relação de ortogonalidade dada acima, vemos que o segundo termo à direita, também se anula. Para o primeiro, a outra relação de ortogonalidade resulta em valor não nulo somente para nm = : ∴pi==∫ ∫ pi pi− pi pi− n 2 n anxdxcosanxdxcos)x(f ∫ pi pi− pi = nxdxcos)x(f1a n ),3,2,1n( K= (61). Multiplicando-se (59) por mxsen e integrando-se, podemos determinar nb : )mxdxsennxsenbmxdxsennxcosa(mxdxsen)x(f n 1n n ∫ ∫∫ ∑ pi pi− pi pi− pi pi− ∞ = += . Novamente, pelas relações de ortogonalidades entre as funções trigonométricas, tem-se: ∴pi=== ∫∫∫ pi pi− pi pi− pi pi− n 2 nn bdxnxsenbnxdxsennxsenbnxdxsen)x(f ∫ pi pi− pi = nxdxsen)x(f1b n ),3,2,1n( K= (62). Esses são os coeficientes de Fourier e, quando a série trigonométrica tem seus coeficientes definidos desta forma, ela é chamada de série de Fourier. O coeficiente 0a foi calculado separadamente, mas ele pode ser expresso utilizando-se a relação de na . Por esta razão foi que escrevemos a série trigonométrica com o fator ½ multiplicado 0a . Podemos, então, incorporar essas observações na fórmula de na : 7 ∫ pi pi− pi = nxdxcos)x(f1a n ),3,2,1,0n( K= (63). ∫ pi pi− pi = nxdxsen)x(f1b n ),3,2,1n( K= (62). Note cuidadosamente que a integração é realizada na variável contínua x, e que a soma corre sobre a variável discreta n. EXEMPLO 4.1. Encontrar a série de Fourier para a “onda quadrada”, definida por pi≤< <≤pi− = x0 se 1 0x se 1)x(f . Observe que foi dado o intervalo de comprimento 2π, porém, na figura representamos a extensão periódica para todo x real. Figura E 4.1 – Onda quadrada. SOLUÇÃO. [ ] 0]0)x(0[1xx1dx)1(1dx)1(1dx)x(f1a 000 0 0 0 =−pi+−− pi =+− pi = pi +− pi = pi = pi− pi pi− pi pi− pi pi− ∫∫∫ . ∫∫∫ pi pi− pi pi− = pi +− pi = pi = 0 0 n nxdxcos)1( 1 nxdxcos)1(1nxdxcos)x(f1a 00)n(sen)n(sen( n 01 a n nxsen1 n nxsen1 n 0 0 = −pi+pi−−− pi =∴ pi + − pi = pi pi− . A série não contém termos envolvendo cosseno porque todos os coeficientes que multiplicam esta função são nulos. = +− pi = pi = ∫ ∫∫ pi− pipi pi− 0 0 n nxdxsen)1(nxdxsen)1( 1 nxdxsen)x(f1b 8 pi − pi = + pi − pi− − pi = − pi = pi pi− n ncos2 n 21 n 1 n ncos n )(ncos n 11 n nxcos n nxcos1 0 0 . Neste ponto, a análise deve ser bastante cuidadosa (na última passagem usamos o fato que cosseno é uma função par, )cos()cos( α=α− . 1 –se n é par, então 2ncos2 =pi e o resultado é nulo 0b n =∴ para n par. 2 – se n é ímpar, então pi = pi =∴−=pi n 4 n 41b2ncos2 n para n ímpar. A série de Fourier para esta função é dada por: nxsen n 4 x5sen 5 4 x3sen 3 4 xsen 4)x(f ,..5,3,1n ∑ ∞ = pi =+ pi + pi + pi = K . A somatória pode ser reescrita, observando que n sendo ímpar, ele é da forma 1k2 − com K,3,2,1k = . Então, a função pode ser representada por: x)1n2(sen)1n2( 4)x(f 1n − pi− = ∑ ∞ = . COMENTÁRIOS: Na figura E 4.1.1 representamos a função f(x) juntamente com os primeiros termos da série. x3sen 3 4SS ; xsen4S 121 pi += pi = . Todas as curvas, ,...,S ,S ,S 321 passam pelo ponto 0x = , embora a função não esteja definida neste ponto (veja a definição). Este é um resultado geral para séries de Fourier: nas descontinuidades a aproximação tende ao valor médio da função, e próximo a esses pontos, a amplitude de oscilação se torna maior ( chamado de fenômeno de Gibbs). Na determinação dos coeficientes n0 a e a , calculamos todas as integrais. Isto não é necessário se considerarmos a paridade da função: é uma função ímpar (simétrica em relação à origem) e o produto dela com cosseno (par) resulta em uma função ímpar. Figura E 4.1.1. – A função original e alguns termos da série. Quando integrada em extremos simétricos,o resultado é zero. Portanto, não havia necessidade de se realizarem as integrações para na . Finalmente, a série obtida permite determinar o valor de 9 K+−+− 7 1 5 1 3 11 = 1n2 1)1( 1n 1n − −∑ ∞ = + . Esta é uma série alternada, cujo valor de convergência foi descoberto geometricamente por Leibniz. Considere o ponto 1)2(f2x =pi∴pi= (veja o gráfico da função). Então, LL 5 14 3 1441)25(sen 5 4)23(sen 3 4)2(sen41 × pi +× pi − pi =⇒+pi pi +pi pi +pi pi = . +− pi = K 5 1 3 1141 . Portanto, a série converge para 4 pi . EXEMPLO 4.2. Encontrar a série de Fourier para a função periódica esboçada na figura E 4.2. Figura E 4.2 – Função periódica para este problema. SOLUÇÃO. Sempre aparecem dificuldades quando é dada a representação gráfica e precisa-se da forma analítica ou, dada a expressão matemática necessita-se de um gráfico. Para este problema, temos a primeira situação. pi<< pi pi≤≤pi− pi −<<pi− = x 2 para 0 2 x 2 para 1 2 x para 0 )x(f A forma analítica da função mostra que, efetivamente, só precisamos integrar no intervalo [ ]2,2 pipi− . Observe que a função é par e, portanto, os coeficientes nb devem se anular. 1 22 1 x 1dx)1(1a 2 2 2 2 0 = pi− − pi pi = pi = pi = pi pi− pi pi− ∫ . 2 2 2 2 n n nxsen1 nxdxcos)1(1a pi pi− pi pi− pi = pi = ∫ pi− − pi pi = n )2/n(sen n 2/nsen1 . Como a função seno é ímpar, podemos escrever, 10 [ ])2/n(sen n 2 n 2/nsen n 2/nsen1 a n pi pi = pi + pi pi = . Se n é par, o resultado se anula. Portanto, precisamos analisar somente o caso de n ser ímpar. 12/5sen5n 123sen3n 12sen1n =pi⇒= −=pi⇒= =pi⇒= Então, a série procurada é da forma: −+− pi += − pi + pi − pi += K K x5cos 5 1 x3cos 3 1 xcos 2 2 1 x5cos 5 12 x3cos 3 12 xcos 2 2 1)x(f ( ) x)1n2cos()1n2( 21 2 1)x(f 1n 1n − pi− −+= ∑ ∞ = − . Nesta série, só aparecem termos em cosseno; isto é de se esperar porque a função f(x) sendo par, o desenvolvimento deve conter termos pares. O coeficiente 212a 0 = é uma reta horizontal passando pelo ponto ½ e representa a aproximação mais “pobre” da série que representa a função. Se você fizer 0x = , encontrará a mesma série alternada do exemplo anterior. Observe que sempre a escolha recai sobre pontos para os quais a função é contínua; a escolha de um ponto de descontinuidade pode levar a um resultado paradoxal. Por exemplo, façamos 2x pi= . Então, a série é escrita como: [ ] !!!!!! 0 2 1 ....0002 2 1 2 5 cos 2 3 cos 2 cos 2 2 11 =∴−+− pi =⇒ − pi + pi − pi pi += K Isto ocorre porque enquanto 1)2(f =pi , a série tem valor 21 (ponto médio da função). Para os dois exemplos discutidos, consideramos uma função ímpar e outra par. Para a primeira encontraram-se somente os nb e, para a segunda, somente os na . Entretanto, existem funções que não possuem paridade definida, isto é, elas não podem ser caracterizadas nem como uma função ímpar e nem como uma função par. Nestes casos, é de se esperar que ambos os coeficientes estejam presentes na série de Fourier. O exemplo seguinte trata desse caso. EXEMPLO 4.3. Dada a função ,2x0 para ,x)x(f 2 pi<<= a) esboce um gráfico da função, supondo que ela seja periódica; b) desenvolva f(x) em série de Fourier. 11 SOLUÇÃO. a) O gráfico da função está representado na figura E 4.3. Observe que esta função não é par e nem ímpar: não possui simetria em relação ao eixo y e nem simetria em relação à origem. A única dúvida que poderia surgir seria quanto à função ser par. Se você observar o gráfico verá que para o ponto ε−pi= 2x o valor da função está próximo de 24pi e, para o ponto ε+pi−=ε−pi−=− 2)2(x , o valor da função é quase nulo. Então, com o auxílio das curvas podemos concluir que )2x(f)2x(f ε+pi−=−≠ε−pi= . Figura E 4.3 - Gráfico da função periódica 2x)x(f = . Gostaríamos de estender um pouco mais a discussão acima. Se pretendêssemos mostrar analiticamente que )x(f)x(f −≠ , deveríamos ser mais cautelosos. O primeiro impulso é, simplesmente, obter 2)2( ε−pi e 2)2( ε+pi− , que por simetria dos termos entre parênteses, dá o mesmo resultado, 22 44 ε+piε−pi . Mas isto está errado! Se não estivesse, a função seria par, contrariamente à conclusão obtida através da análise gráfica. O equívoco está em considerar o ramo, à esquerda do eixo vertical, como sendo a mesma função 2x)x(f = . Este ramo tem dependência em x dada por: 22 4x4x pi+pi+ (verifique isto). Se agora você substituir ε−pi= 2x no ramo à direita (descrito por 2x)x(f = ), e substituir ε+pi−=− 2x no ramo à esquerda (descrito por 22 4x4x)x(f pi+pi+= ), ambos os resultados serão bem diferentes. Isto demonstra que )x(f)x(f −≠ , como já tínhamos concluído. Demonstra outra coisa também: devemos ter cautela ao analisar a paridade de uma função. b) Cálculo dos coeficientes. 3 8 a 3 x1 adxx1a 2 0 2 0 3 0 2 0 2 0 pi =∴ pi =⇒ pi = pipi ∫ . = − + − − pi = pi = pipi ∗ ∫ 2 0 32 2 tabela2 0 2 n n )nxsen(2 n )nxcos( x2 n nxsen x 1 nxdxcosx1a ( ) 2n2 n 4 an2cos n 41 =∴ pi− pi − pi = . 12 = + − − − pi = pi = pipi ∫ 2 0 32 2 2 0 tabela 2 n n )nx(cos2 n )nxsen( x2 n )nxcos( x 1 nxdxsenx1b = + −− − pi = pi2 0 32 2 n nxcos2 n nxsen x2 n nxcos x 1 ⇒ −pi+−pi pi ++pi− pi− pi = ]1n2[cos n 2]0n2sen[ n 4]0)n2cos[( n 41 32 2 n 4b n pi −= Com esses coeficientes, podemos escrever o desenvolvimento de Fourier: +++pi− ++++ pi = KK 3 x3sen 2 x2sen xsen4 9 x3cos 4 x2cos xcos4 3 4)x(f 2 . ∑ ∞ = pi −+ pi = 1n 2 2 nxsen n 4 nxcos n 4 3 4)x(f . Esta representação é válida para todo x do eixo real e não somente no intervalo [0,2π], uma vez que a função é periódica. ∗ consultar uma tabela de integrais. EXEMPLO 4.4. Encontrar a série de Fourier para a função pi≤≤pi pi≤< ≤≤pi = x2 se 0 2x0 se 1 0x- se 0 )x(f Figura E 4.4 – Gráfico de f(x). SOLUÇÃO. Como de costume, estamos considerando uma função periódica e, portanto, o desenvolvimento em série de Fourier é válido para qualquer x do eixo real. A integração só se processa no intervalo ]2,0[ pi porque fora dele a função se anula. Uma conclusão rápida (e errada!) é que como =)x(f 1 é uma função par, então ×1 seno é uma função ímpar e, portanto, a integral se anula. Daí, segue-se que todos os 13 coeficientes na serão nulos. Sem precipitações: a integral só se anula se o intervalo forsimétrico, e, neste caso ele NÃO é simétrico. Teremos os na e os nb na série de Fourier. [ ] 2 1 2 1 ax 1dx)1(1a 020 2 0 0 = pi pi =∴ pi = pi = pi pi ∫ . )2n(sen n 1 n nxsen1 nxdxcos)1(1a 2 o 2 0 n pi pi = pi = pi = pipi ∫ . Se n é par, o resultado é nulo. Se n é ímpar, =− = = pi K K 3,5,7, n para 1 1,5,9,n para 1 2 n sen . [ ]12ncos( n 1 n nxcos1 nxdxsen)1(1b 2 o 2 0 n −pi pi −= − pi = pi = pipi ∫ . Para n ímpar, pi =∴=pi n 1b0)2ncos( n (n ímpar). Para n par, )4,8,12,(n 0b4,8,12, n para 1 )2,6,10,(n n 2b2,6,10,n para 1)2ncos( n n ==⇒= = pi =⇒=− =pi KK KK Resumindo, os valores de nb são dados por: =pi pi 2,6,10,...n para n2 ímparn para n1 . Representamos então a função: ++++++ pi + + +−+− pi += K K 7 x7sen 6 x6sen2 5 x5sen 3 x3sen 2 x2sen2 xsen 1 7 x7cos 5 x5cos 3 x3cos xcos 1 4 1)x(f Todos os exemplos mostraram que é possível representar funções através de séries de Fourier. Mas será que toda função pode ser assim desenvolvida? Infelizmente, a resposta é não. Na próxima seção veremos de que maneira podemos fazer essa triagem, especificando algumas condições sob as quais a função pode ser representada por uma série de Fourier. PROBLEMAS PROPOSTOS – SEÇÃO 4 1 – Para cada uma das funções dadas, construa um gráfico primeiramente no intervalo ],[ pipi− , e depois, faça-a periódica. 14 a) x)x(f = ; b) xsen)x(f = ; c) xe)x(f −= ; d) pi<< <<pi− = x0 se e 0x se 0)x(f x- 2 – Encontrar as séries de Fourier para as funções abaixo, detalhando os cálculos. a) b) c) ,x1)x(f += se pi<<pi− x . Esboce um gráfico desta função no intervalo dado. d) pi<< <<pi− = x0 sex cos 0x se 0)x(f . Esboce um gráfico no intervalo dado, e depois, faça-a periódica. e) pi<< <<pi− = x0 sex 0x se 0)x(f 5 – CONDIÇÕES DE DIRICHLET E CONVERGÊNCIA Na seção 1 (nota histórica), dissemos que o nome de Dirichlet está ligado às séries de Fourier devido às suas contribuições no desenvolvimento e fundamentação teórica relacionadas a estas séries. Entretanto, não existem, ainda, condições necessárias e suficientes estabelecidas. Dirichlet elaborou as condições suficientes para que uma função possa ser desenvolvida em série de Fourier. Isto significa que se a função cumpre certos requisitos, ela tem a representação de Fourier; porém, algumas funções que não obedecem a esses critérios, também podem ter sua série de Fourier. ALGUMAS DEFINIÇÕES. 1 – Uma função f(x), definida em um intervalo fechado [a,b], é chamada contínua por partes se esse intervalo pode ser dividido em um número finito de subintervalos tais que, em cada um deles, ► a função f(x) é contínua, ► f(x) possui limites finitos à esquerda e à direita nos extremos de cada subintervalo. 15 2 – A função f(x) é chamada suave por partes se ela é contínua por partes e sua primeira derivada é contínua por partes em cada subintervalo. 3 – Uma função é dita ser bastante suave por partes se ela é suave por partes e sua segunda derivada é contínua por partes. Figura 5.1 – Função contínua por partes no intervalo [a,b] . CONDIÇÕES DE DIRICHLET. Uma função definida em um intervalo fechado [a,b] satisfaz às condições de Dirichlet se ela: a) é contínua por partes; b) possui um número finito de descontinuidades finitas; c) possui um número finito de máximos e mínimos. Se uma função obedece a essas três condições, ela pode ser desenvolvida em série de Fourier, e sua convergência é uniforme em intervalos fechados nos quais a função é contínua. Para cada ponto de descontinuidade, 0x , a série converge para o valor médio da função, [ ])x(f)x(f 2 1 00 −+ + . Obviamente, se a função é contínua no ponto 0x , então os dois limites coincidem. Todos os exemplos discutidos na seção anterior satisfazem as condições de Dirichlet; adicionalmente, estas funções apresentam periodicidade e, portanto, as expansões em séries de Fourier são válidas para qualquer ponto do eixo x, e não somente em pontos restritos ao intervalo [-π,π]. Quando desenvolvemos uma função em série de Fourier, não encontramos uma série, mas sim, a série. Isto quer dizer que, uma vez determinada a série, ela é única. As condições estabelecidas acima são suficientes. Por exemplo, a função ( )]2xln[cos)x(f = possui série de Fourier dada por nxcos n )1(2ln 1n n ∑ ∞ = − −− . Esta função claramente não satisfaz às condições de Dirichlet porque existem descontinuidades infinitas nos pontos pi± . Observe agora as duas funções x 1)x(f1 = e x 1 sen)x(f2 = . A primeira apresenta uma descontinuidade infinita na origem (portanto, não cumpre as condições de Dirichlet) e NÃO possui série de Fourier associada a ela. A segunda função NÃO tem um número finito de máximos e mínimos quando x se aproxima de zero: ela oscila violentamente na proximidade deste ponto. Também NÃO possui uma série de Fourier. 16 Quando dizemos que a função não possui uma série de Fourier, significa que não se consegue estabelecer os coeficientes nn b e a e são esses coeficientes, em última instância, que caracterizam a série. Em síntese, se você verificar que sua função satisfaz as condições acima, pode concluir que ela possui um desenvolvimento em série de Fourier. Porém, se a função não satisfaz os três critérios, não conclua nada. O primeiro exemplo, )2xcos(ln)x(f = , mostra isso. A função )x1(sen)x(f = oscila fortemente perto da origem: ela possui infinitos máximos e mínimos nesta região e tende a zero quando x cresce. Neste caso, não temos uma série de Fourier para a função porque ela não satisfaz às condições de Dirichlet no intervalo ),( pipi− . SOBRE A CONVERGÊNCIA A representação da função f(x) dada por: ∑ ∞ = ++= 1n nn 0 )nxsenbnxcosa( 2 a)x(f deve ser entendida como significando que a série converge em média para função, e não que converge pontualmente, no sentido de que, ∑ ∞ = ++= 1n 0n0n 0 0 )nxsenbnxcosa(2 a)x(f para todo 0x no intervalo ],[ pipi− . Isto é fácil perceber porque se mudamos o valor da função no ponto 0x , os coeficientes da série permanecem inalterados. Mas, surpreendentemente, quando a função é razoavelmente bem comportada, a série converge para f(x) em todo ponto do intervalo. Os exemplos resolvidos nessa seção poderiam convencer (erroneamente) o leitor de que toda série converge pontualmente para o valor da função. O critério que permite concluir sobre a convergência pontual é enunciado a seguir. “Seja uma função contínua por partes e com primeira derivada também contínua por partes no intervalo [a,b]. Então, o desenvolvimento de f(x) em série de Fourier converge pontualmente nesse intervalo e tem valor 2 )x(f)x(f 00 −+ + .” Este é um dos teoremas mais importantes da teoria das séries de Fourier. A expressão 2 )x(f)x(f 00 −+ + nada mais é do que a média dos limites à esquerda e à direita da função no ponto 0x . Para pontos de continuidade, esse limite é igual a )x(f 0 . Se a função possui uma descontinuidade (finita, obviamente), a série converge para o valor médio da função. Estas conclusões podem ser verificadas analisando os 17exemplos resolvidos da seção anterior. A figura 5.2 mostra uma função contínua por partes e com primeira derivada contínua. Figura 5.2 – Função mostrando a situação discutida acima. 6 – FUNÇÕES COM PERÍODO ARBITRÁRIO Todas as funções analisadas até este ponto possuíam período 2π. Seria um desperdício se as séries de Fourier fossem válidas somente nesse intervalo, porque diversas funções periódicas apresentam períodos arbitrários. Entretanto, a transição para tratar tais funções é bastante simples. Existem duas possibilidades: a primeira é transformar a função de período p ou 2L (a nomenclatura não é uniforme) em outra função com período 2π e obter os coeficientes da forma convencional, como fizemos até agora. Isso equivale a uma mudança de escala no eixo x. Ao final dos cálculos, retornamos a função original f(x). A segunda alternativa é preservar a função com seu período arbitrário, e mudar os argumentos das funções seno e cosseno. Este procedimento é o mais utilizado para se obter a série de Fourier. Vamos analisar ambos e fica a critério do leitor a escolha mais conveniente. Como alerta, fica registrado que o uso de ambos, simultaneamente, não funciona. 1º MÉTODO. Se f(x) tem período p (diferente de zero), temos )x(f)px(f =+ . Então, a substituição t 2 p x pi = transforma f(x) em outra função pi = t 2 pf)t(g . Esta nova função, g(t), tem período 2π: pi+ pi =pi+ )2t( 2 pf)2t(g = + pi pt 2 pf . Como xt 2 p = pi , podemos escrever: pi ==+=pi+ t 2 pf)x(f)px(f)2t(g ).t(g)2t(g =pi+⇒ A mudança da variável x para a variável t corresponde simplesmente a uma mudança de escala. Desde que g(t) tem período 2π, podemos obter os coeficientes da série, usando o mesmo procedimento já conhecido e escrever: ∑ ∞ = ++= 1n nn 0 )ntsenbntcosa( 2 a)t(g (64) Os coeficientes são dados, novamente, por: 18 dtntcos)t(g1a n ∫ pi pi− pi = ( K,2,1,0n = ) ∫ pi pi− pi = ntdtsen)t(g1b n ( K,3,2,1n = ). Se agora t é substituído por x p 2pi , encontramos a expansão de Fourier para f(x): ∑ ∞ pi + pi += 1 nn 0 x p n2 senbx p n2 cosa 2 a)x(f (65) A expressão é consistente: se pi= 2p , recuperamos a relação estabelecida na seção 4 para a função f(x). Alguns autores usam a notação 2L para caracterizar o período, e com esta nomenclatura, podemos escrever a relação acima: ∑ ∞ = pi + pi += 1n nn 0 x L n senbx L n cosa 2 a)x(f (66) EXEMPLO 6.1. Achar a representação em série de Fourier para a função 1x2)x(f += , definida no intervalo [0,2]. SOLUÇÃO. O período p vale 202xx if =−=− . Usando a substituição pi =⇒ pi = t x 2 pt x , a função g(t) é dada por: .1t21t2)t(g + pi =+ pi = Figura E 6.1 – As funções f(x) e g(t). 19 O desenvolvimento que iremos obter é válido somente no intervalo dado. Se tivermos a informação adicional de que a função é periódica em todo eixo, então a expansão se torna válida para todo x no intervalo ),( ∞−∞ . 6241tt1dt1t21a 22 0 22 0 0 = pi+ pi pi pi = + pipi ⇒ + pipi = pipi ∫ . = + pipi = + pipi = + pipi = ∫ ∫ ∫∫ pi pi pipi 2 0 2 0 2 0 2 0 n ntdtcosntdtcost 21dtntcosntcost21dtntcos1t21a = + + pi pi+− pi pi = pi + + pi pipi 0 n n2sen2 n 0cos n n2cos2 n ntsen1 n nttsen n ntcos2 222 2 0 2 0 22 0a01 n 1 n 12 a0 n n2sen21 n222n =∴×pi + − pi =⇒ − pi pi pi + ( ,...3,2,1n = ). =+ pipi = + pipi = ∫∫ pipi dt)ntsenntsent2(1ntdtsen1t21b 2 0 2 0 n = pi + pi ∫∫ pipi 2 0 2 0 2 ntdtsen 1 ntdtsent2 pipi pi − − pi = 2 0 2 0 22 n ntcos1 n ntcost n ntsen2 pi −=⇒ pi pi − pi = n 4bn2cos n 22 n2 . A função g(t) pode então ser escrita: ∑ ∞ = pi −= 1n n ntsen43)t(g . Para escrever a f(x), basta substituir xt pi= na expressão acima. Portanto, ∑ ∞ = pi pi −= 1n n xnsen43)x(f . A função constante 32ay 0 == determina área nula entre ela e a função. A porção abaixo da reta horizontal é a mesma da porção acima. Use o gráfico da figura E 6.1 para representar a situação descrita. Esta é a razão pela qual uma função ímpar tem o termo independente nulo. Deixamos para o leitor fazer a extensão periódica da função f(x). 2º MÉTODO. Vamos supor que a função periódica tenha período L2p = . A mesma relação obtida no 1º MÉTODO será utilizada: 20 ∑ ∞ = pi + pi += 1n nn 0 x L n senbx L n cosa 2 a)x(f (67) Entretanto, em vez de se definir uma nova função g(t) e calcular os coeficientes usando esta função, podemos considerar a própria f(x) e expressar os resultados: dx L xn cos)x(f L 1 a L L n ∫ − pi = ,...)2,1,0n( = (68) ∫ − pi = L L n dxL xn sen)x(f L 1b ...)3,2,1n( = (69) A diferença fundamental entre essas relações e aquelas obtidas no 1º MÉTODO é que, aqui, a substituição acontece nos argumentos das funções trigonométricas, preservando a forma original da função f(x). A escolha do intervalo simétrico ]L,L[− não é essencial: para f(x) periódica com período 2L, qualquer intervalo )L2x,x( 00 + pode ser usado para se calcular os coeficientes: dx L xn cos)x(f L 1 a L2x x n 0 0 ∫ + pi = ( ...2,1,0n = ) (70) ∫ + pi = L2x x n 0 0 dx L xn sen)x(f L 1b ( ....3,2,1n = ) (71) EXEMPLO 6.2. Resolver o exemplo anterior pelo 2º MÉTODO. SOLUÇÃO. O período 1L2L2p =∴== . Como o intervalo não é simétrico, usaremos as relações acima para calcular os coeficientes: 624xxdx)1x2( 1 1 a 2 0 2 o 2 2 0 0 =+=+=+= ∫ . ∴ pi pi + pi pi + pi pi = pi = pi += ∫∫ 2 0 2 0 22 2 0 2 0 n n xnsen n xnxsen n xncos2dx 1 xn cosx2dx L xn cos)1x2( 1 1 a 0 n 1n2cos2a 22n = pi −pi = . 21 ∴ pi pi − pi pi − pi pi = pi = pi += ∫∫ 2 0 2 0 22 2 0 2 0 n n xncos n xncosx n xnsen2dx 1 xn xsen2dx 1 xn sen)1x2( 1 1b pi −=⇒ pi pi− = n 4b n n2cos22b nn . A representação em série de Fourier de f(x) é dada por: ∑ ∞ = pi pi −= 1n n xnsen43)x(f . O mesmo resultado anterior. Este último exemplo mostra que o 2º MÉTODO é capaz de gerar o resultado mais rapidamente, pois não há necessidade de, no final, redefinir a função f(x) a partir de g(t) como é feito no 1º MÉTODO. A escolha de um método ou de outro fica a critério do leitor. No início desta seção, alertamos para que não sejamusados os dois métodos simultaneamente. Isto significa que muitas vezes ocorre uma justaposição no seguinte sentido: o estudante utiliza uma relação na qual o integrando é composto por uma função f(x) de período 2π, multiplicada por uma função trigonométrica cujo argumento é da forma Lxnpi . Este procedimento não pode funcionar. Ou transformamos a f(x) para outra função g(t) de período 2π e não alteramos as funções seno e cosseno (1º método), ou bem preservamos a f(x) em sua forma original e mudamos os argumentos das funções trigonométricas (2º método). A sugestão é que o leitor, ao fazer uma escolha por um dos MÉTODOS, resolva certo número de problemas com o objetivo de adquirir confiança nos cálculos e dominar a técnica escolhida. EXEMPLO 6.3. Desenvolver a função do exemplo 4.1 (onda quadrada) no intervalo ]1,1[− . SOLUÇÃO. Usaremos o 2º método. Intuitivamente, podemos esperar um resultado diferente daquele já obtido para o intervalo ],[ pipi− ? Isto é, a série de Fourier se modifica quando muda-se o intervalo? Vamos efetuar os cálculos para concluir algo a respeito. 1L2)xx(L2p if =⇒=−== . 001)1(0xxdx)1(dx)1(dx)x(fa 1 1 0 1 1 0 1 0 0 10 =−++−=+−=+−== ∫ ∫ ∫ − − − . ∫ ∫ ∫ − − =pi+pi−=pi= 1 1 0 1 1 0 n xdxncos)1(xdxncos)1(xdxncos)x(fa 22 0a0 n nsen n )(nsen0 n xnsen n xnsen n 1 0 0 1 =⇒+ pi pi − pi pi− −= pi pi − pi pi = − . ∫∫ ∫ =pi+pi−=pi= − − 1 0 1 1 0 1 n xdxnsen)1(xdxnsen)1(xdxnsen)x(fb [ ]n1 0 0 1 )1(1 n 2 n 1 n ncos n )(ncos n 1 n xncos n xncos −− pi = pi + pi pi − pi pi− − pi = pi pi − pi pi = − . Para n par, o resultado é nulo; para n ímpar, pi = n 4b n . Então, f(x) pode ser desenvolvida na seguinte série de Fourier: x)1n2(sen)1n2( 14 ...x5sen 5 1 x3sen 3 1 xsen 4)x(f 1n pi− −pi = +pi+pi+pi pi = ∑ ∞ = . Quase o mesmo resultado obtido no exemplo 4.1, exceto pelo fator xpi . Portanto, mudando-se o intervalo, a representação também se altera. EXEMPLO 6.4. Encontrar a representação em série de Fourier da função (onda triangular): ≤≤− ≤≤+ = 2x0 para x2 0x2- para x2)x(f . SOLUÇÃO. O gráfico da função f(x), juntamente com sua extensão periódica, está esboçado na figura E 6.4. É sempre conveniente observar o comportamento gráfico para perceber o que está acontecendo com os coeficientes que devem ser calculados. Figura E 6.4 – A função f(x) com seu comportamento periódico. Período da função: 2L4)xx(L2p if =∴=−== = −+ += −++== −−− ∫ ∫∫ 2 0 20 2 20 2 2 0 2 2 0 2 x x2 2 1 2 x x2 2 1dx)x2(dx)x2( 2 1dx)x(f 2 1 a 23 2a 2 4)2(2 2 1 2 4)2(2 2 1 0 =∴ −+ −−−= . A reta horizontal 12ay 0 == e a curva de f(x) determinam áreas iguais abaixo e acima da curva. Figura E 6.4.1 – Áreas compreendidas entre a reta horizontal e a função f(x). pi −+ pi += pi = ∫ ∫∫ −− dx 2 xn cos)x2(dx 2 xn cos)x2( 2 1dx 2 xn cos)x(f 2 1 a 0 2 2 0 2 2 n = pi − pi + pi + pi = ∫ ∫ ∫ ∫ − − 0 2 0 2 2 0 2 0 dx 2 xn cosxdx 2 xn cos2dx 2 xn cosxdx 2 xn cos2 2 1 . A primeira integral e a terceira podem ser agrupadas em uma única, com os extremos variando de 2 a 2− . Isto corresponde a um período e, portanto, o resultado é nulo. Restam, então, as integrais para se obter na : pi − pi pi − pi pi − pi = pi − pi ∫ ∫ − 2222 0 2 2 0 )2n( 1 )2n( ncos 2 1 )2n( ncos )2n( 1 2 1dx 2 xn cosxdx 2 xn cosx 2 1 [ ] pi =−−+−− pi =∴ ímparn para n8 parn para 0)1(1)1(1)n( 2 a 22 n2 2n . dx 2 xn sen)x(f 2 1b 2 2 n ∫ − pi = = pi −+ pi += ∫ ∫ − 0 2 2 0 dx 2 xn sen)x2(dx 2 xn sen)x2( 2 1 0b 2n ncos2 4n nsen 2n )1(ncos2 4n )1(nsen 2 1 n2222 =⇒ pi pi + pi pi − pi −pi − pi −pi− = . A série de Fourier para a função f(x) pode, então, ser escrita: 2 x)1n2( cos)1n2( 181 2 xn cos n 181)x(f 1n 22 ímpar n 22 pi− −pi += pi pi += ∑∑ ∞ = ∞ . 24 Note que neste caso a convergência da série é mais rápida do que nos casos anteriores, porque aqui se tem o fator 2n 1 no denominador. Este fato está ligado à continuidade da função no intervalo (incluindo os extremos). Usando o resultado acima e o fato que 2)0(f = , mostre que ∑ ∞ = = −1n 2)1n2( 1 8251911 2pi=+++ K . PROBLEMAS PROPOSTOS – SEÇÃO 6. Para cada uma das funções seguintes, representá-las graficamente no intervalo dado e fazer sua extensão periódica. Após, achar sua série de Fourier. a) 2x2 para x)x(f <<−= . b) 4x4 para x)x(f <<−= c) <<− << = 2x1 sex 1 1x0 se x)x(f . d) 2x0 para x)x(f 2 <<= . e) 1x0 para xsen)x(f <<pi= . 7 – FUNÇÕES PARES E ÍMPARES – EXTENSÕES Em vários exemplos utilizamos as características das funções para obter as séries de Fourier correspondentes e com isso, evitamos cálculos desnecessários, fonte permanente de erros. Especificamente, esta economia é conseguida observando-se a paridade da função. Na primeira parte desta seção, estaremos relembrando os conceitos de funções pares e ímpares; na segunda, obteremos suas extensões quando a função é definida somente em um intervalo, por exemplo, na região positiva do eixo x. Gostaríamos de ressaltar dois pontos muito importantes que, embora já tenham sido comentados, é sempre bom não serem esquecidos sobre o desenvolvimento de uma função em série de Fourier. – Dada uma função em certo intervalo, sua representação em série de Fourier só é válida neste intervalo. Fora dele, nada pode ser afirmado ou concluído. Somente se tivermos a informação adicional de que a função é periódica, pode-se concluir que o desenvolvimento é válido para todo eixo real. – Os coeficientes (chamados de coeficientes de Euler-Fourier), para uma função periódica, podem ser obtidos usando-se quaisquer dois pontos cujo intervalo seja caracterizado por um período. Se a função é periódica com período 2π, os coeficientes são dados por: 25 dxnxcos)x(f1a 2x x n 0 0 ∫ pi+ pi = ...3,2,1,0n( = ) ∫ pi+ pi = 2x x n 0 0 dxnxsen)x(f1b ,..)3,2,1n( = . Se a função é periódica com período 2L, os coeficientes podem ser determinados por: dx L xn cos)x(f L 1 a L2x x n 0 0 ∫ + pi = ...3,2,1,0n( = ) ∫ + pi = L2x x n 0 0 dx L xn sen)x(f L 1b ,...)3,2,1n( = . FUNÇÃO PAR (simétrica em relação ao eixo y). Dizemos que uma função f(x) é par se )x(f)x(f =− para qualquer valor de x. Esta definição deixa implícito que a variável x assume qualquer valor do eixo real. FUNÇÃO ÍMPAR (simétrica em relação à origem). Diz-se que uma função f(x) é ímpar se )x(f)x(f −=− para qualquervalor de x. Novamente, está implícito que a variável pode assumir qualquer valor do eixo real. Algumas propriedades sobre funções pares e ímpares. I – O produto de duas funções pares resulta em outra função par: )x(h)x(h)x(h)x(g)x(f)x(g)x(f)x(h)x(g)x(f)x(h =−∴==−−=−⇒≡ . II – O produto de duas funções ímpares é uma função par: )x(h)x(h)x(g)x(f)]x(g)[x(f)x(g)x(f)x(h)x(g)x(f)x(h =−∴=−−=−−=−⇒≡ . III – O produto de uma função par f(x), por uma ímpar g(x) resulta em uma função ímpar: )x(h)x(h)x(g)x(f)]x(g)[x(f)x(g)x(f)x(h)x(g)x(f)x(h −=−∴−=−=−−=−⇒≡ . IV – A única função que simultaneamente é par e ímpar é a função nula. Se f(x) é par ( por hipótese), então )x(f)x(f =− (a). Se f(x) é ímpar (por hipótese), então )x(f)x(f −=− (b). Subtraindo (b) de (a) 0)x(f0)x(f2 =∴=⇒ para qualquer x. 26 V – Qualquer função f(x), definida para todo x, pode ser escrita como uma combinação linear de funções pares e ímpares, da forma: [ ] [ ])x(f)x(f 2 1)x(f)x(f 2 1)x(f −−+−+= , sendo o primeiro termo par, e o segundo, ímpar. Por exemplo, xe não é nem par e nem ímpar, mas pode ser escrita como: [ ] [ ] xsenhxcoshee 2 1 ee 2 1 e xxxxx +=−++= −− . As três primeiras propriedades podem ser utilizadas para se concluir sobre a paridade de um produto que envolva qualquer número de funções pares e ímpares. Podemos, então, aplicar o que foi estabelecido acima para o cálculo dos coeficientes da série de Fourier. . Para f(x) PAR: Na determinação de na , o integrando é um produto de duas funções: )x(senocos)x(f . Por (I), este produto é par. Considerando ainda que os extremos sejam simétricos, a expressão para o coeficiente na é dada por: dx L xn cos)x(f L 12adx L xn cos)x(f L 1 a L 0 n L L n ∫∫ pi =⇒ pi = − ...)2,1,0n( = . O coeficiente nb envolve o integrando f(x)sen(x), que por (III) é ímpar, e como os extremos de integração são simétricos, 0b n ≡ para todo n. Então, a série de Fourier, para função f(x) PAR, é dada por: ∑ ∞ = pi += 1n n 0 L xn cosa 2 a)x(f (72) Este desenvolvimento é chamado de série de Fourier em cosseno. Para f(x) ÍMPAR: Para na , o integrando é formado pelo produto f(x) cosseno(x) que é uma função ímpar (relação II). Como os extremos são simétricos, a integral se anula e temos 0a n ≡ para todo n. Para nb , o integrando é composto pelo produto )x(seno)x(f , que é uma função par segundo a relação (II). Com os extremos de integração simétricos, temos: ∫ ∫ − pi =⇒ pi = L L L 0 nn dxL xn sen)x(f2bdx L xn sen)x(f L 1b ...)3,2,1n( = . Neste caso, a função ÍMPAR f(x) pode ser escrita: 27 ∑ ∞ = pi = 1n n L xn senb)x(f (73) Esta relação é conhecida como série de Fourier em seno. Se o intervalo é ],[ pipi− , basta trocar L por π em todas as expressões acima. EXTENSÕES PARES E ÍMPARES Nas aplicações da teoria das séries de Fourier, precisamos muitas vezes obter um desenvolvimento de uma função contínua por partes e definida apenas no intervalo ).L,0( Podemos, então, estender esta função ao intervalo )L,L(− , de tal modo que esta nova função coincida com a antiga em ).L,0( Existem, literalmente, infinitas maneiras de se fazer isto; porém, duas delas se apresentam mais frequentemente nas aplicações. A primeira é chamada de extensão PAR da função f(x), representada por )x(Pf e definida por: <<− << = 0xL para f(-x) Lx0 para )x(f)x(Pf . A segunda é chamada extensão ÍMPAR de f(x), representada por )x(I f e definida por: <<−−− << = 0xL para )x(f Lx0 para )x(f)x(I f . Embora a extensão gráfica seja útil para visualizar o problema, nos cálculos dos coeficientes precisamos da forma analítica da função. O exemplo seguinte mostra como obter as extensões. EXEMPLO 7.1. Encontrar as extensões par e ímpar da função 2x)x(f = definida inicialmente no intervalo (0,2). Esboce os gráficos em ambos os casos. Esboce também algumas extensões que não são nem par e nem ímpar. SOLUÇÃO. Note, primeiramente, que nada foi dito sobre o período da função. Se nos ativermos a que o intervalo (0,2) é o período, então nada há a se fazer. O problema está completamente resolvido no exemplo 4.3, usando o intervalo )2,0( pi . Entretanto, queremos encontrar as extensões par e ímpar para f(x). Isto significa que o intervalo deve ser estendido a (-2,2). Extensão par: <<−− << = 0x2 para )x( 2x0 para x)x(P 2 2 f 2 f x)x(P =∴ , para todo x no intervalo )2,2(− . Extensão ímpar: 28 <<−−− << = 0x2 para )x( 2x0 para x)x(I 2 2 f <<−− << =∴ 0x2 para x 2x0 para x)x(I 2 2 f . Figura E 7.1 – Gráficos de )x(Pf , de )x(I f e de algumas outras possíveis extensões. EXEMPLO 7.2 Construa a extensão ÍMPAR da função x)x(f −pi= , definida no intervalo ),0( pi . Esboce um gráfico de )x(I f , considerando que ela seja periódica. Obtenha a representação de Fourier desta função. SOLUÇÃO. <<pi−−pi−=−−pi−=−− pi<<−pi= = 0x para x)]x([)x(f x0 para x)x(f)x(I f . Como a função é ímpar, só teremos os coeficientes nb . Supondo que a função )x(I f seja periódica em todo eixo real, o gráfico fica da seguinte forma: Figura E 7.2 – Gráfico de )x(I f periódica. ∫ ∫∫∫ pi pipipi pi− = pi −=−pi pi ⇒ pi = 0 o0 fn nxdxxsen 2 nxdxsen2nxdxsen)x(2nxdxsen)x(I1b 29 = pipi pi + − pi −= − pi − −= pipi n ncos2 n 1 n ncos2 n xcoxnx n nxsen2 n nxcos2 0 2 0 ( ) n 2b n )1(2 n 2 n 12b n )1(2 n 1 n )1(2 n nn n nn =∴ − ++ − −=⇒ − + − − −= A série de Fourier pode ser escrita como ∑ ∞ = = 1n f n nxsen2)x(I . EXEMPLO 7.3. Encontrar as séries de Fourier para as extensões par e ímpar do exemplo 7.1, supondo que ambas sejam periódicas com período fundamental )2,2(− . SOLUÇÃO. As expansões que iremos determinar são válidas para todo o eixo real. Para 2f x)x(P = , somente os coeficientes na devem estar presentes, enquanto todos os nb são nulos. ∫∫ =∴== − 2 0 0 2 2 2 2 0 3 8 adxx 2 12dxx 2 1 a . ⇒ pi =∴ pi = pi = ∫∫∫ − dx 2 xn cosxadx 2 xn cosx 2 12dx 2 xn cosx 2 1 a 2 0 2 n 2 0 2 2 2 2 n ∴pi pi = pi pi − pi + pi pi = ncos)2/n( 4 2 xn sen)2/n( 2 2/n x 2 xn cos)2/n( x2 a 2 2 0 3 22 0 2n 22 n n n 16)1(a pi −= . Para a extensão par de f(x) podemos, então, escrever a série: 2 xn cos n )1(16 3 4 2 xn cosa 2 a)x(P 1n 2 n 2 1n n 0 f pi− pi += pi += ∑∑ ∞ = ∞ = . Observe que a expansão converge rapidamente devido ao fator 2n1 . 30 Qual é o valor de .... 25 1 9 1 4 11 +−+− ? Para responder a esta questão, devemos nos lembrar de que a série passa pelo ponto 0x = porque a função é contínua neste ponto e tem valor nulo. Para 1 2 xn cos ,0x =pi= Então, ∴ +−+− pi −=−⇒ +−+− pi += LL 25 1 9 1 4 1116 3 4 25 19 1 4 1116 3 40 22 1225 1 9 1 4 11 2pi = +−+− L . Para )x(I f , somente os coeficientes nb devem constar na série. = −+=⇒= ∫ 2 0 2 3 2 0 2n 2 0 2 n 2 xπn cos 2/πn x )2/πn( 2 2 xπn sen )2/πn( x2bdx 2 xπn senx 2 12b ⇒−− −=− −= 3 n 333 )2/πn( 2)1()2/πn( 4 )2/πn( 2 )2/πn( 2 πncos)2/πn( 4 )2/πn( 2 3 n 3n )πn( 16)1( πn 8 )πn( 16b −− −= . Para n par: πn 8b n −= ),6,4,2n( K= . Para n ímpar: 3n )πn( 32 πn 8b −= ),5,3,1n( K= . A extensão ímpar pode ser escrita como: ∑∑∑ ∞ = ∞ = ∞ = −+−= ..5,3,1n 33 ..5,3,1n..6,4,2n f 2 xπn sen n 1 π 32 2 xπn sen n 1 π 8 2 xπn sen n 1 π 8)x(I . PROBLEMAS PROPOSTOS – SEÇÃO 7. 1 – Determine quais das funções são pares, quais são ímpares e quais não possuem paridade. Esboce um gráfico para as pares e para as ímpares. a) x2senx 2 b) xx 2 − c) 2x2ex − d) xe e) xsenx 2 − f) xsenhx − . 2 – Calcule a integral ∫ − − 3 3 x5 dxx2cosex 2 . 31 3 – Determine as extensões pares e ímpares das funções definidas em [0,L): a) x2 exsenx + b) 1x3xx 23 −++ c) xcosx x xsen + d) xxsenh + . 4 – Represente as funções como a soma de uma função par e uma ímpar. a) x2e− b) x1 x − c) x1 x1 − + . 5 – Desenvolva a função x)x(f +pi= ( pi<< x0 ) em série de Fourier em cossenos. 6 – Expresse a função − = x2 x)x(f )2x1( )1x0( << << em série de Fourier em senos. 7 – Representar a função xe)x(f = para Lx0 << em série de Fourier em cossenos. 8 – FORMA COMPLEXA DA SÉRIE DE FOURIER Séries de Fourier podem ser escritas em forma complexa que, em certos casos, pode simplificar os cálculos. Usando a fórmula de Euler, com x sendo substituído por nx, podemos escrever: nxisennxcose inx += (74) nxisennxcose inx −=− (75) Somando-se essas duas expressões, obtém-se nxcos em termos de exponenciais complexas: )ee( 2 1 nxcos inxinx −+= (76) Subtraindo-se as duas obtém-se a função nxsen em termos de exponenciais complexas: )ee( 2 i)ee( i2 1 nxsen inxinxinxinx −− −−=−= (77) Substituindo-se essas duas relações na expressão nxsenbnxcosa nn + obtemos: )ee(ib 2 1)ee(a 2 1 nxsenbnxcosa inxinxn inxinx nnn −− +−+=+ nxsenbnxcosa nn + inx nn inx nn e)iba(2 1 e)iba( 2 1 −++−= . 32 A série de Fourier pode, então, ser escrita na forma complexa: )edec(c)x(f 1n inx n inx n0 ∑ ∞ = −++= (78) na qual 2 a c 00 = , )iba(2 1 c nnn −= e )iba(2 1d nnn += . Os coeficientes nn d e c são dados por: [ ] ⇒− pi =−= ∫ pi pi− dxnxisennxcos)x(f 2 1)iba( 2 1 c nnn ∫ pi pi− − pi = .dxe)x(f 2 1 c inxn (79) [ ] ⇒+ pi =+= ∫ pi pi− dxnxisennxcos)x(f 2 1)iba( 2 1d nnn ∫ pi pi− pi = dxe)x(f 2 1d inxn (80) Podemos combinar as duas expressões dos coeficientes em uma única: trocando-se n por n− na expressão de nc , temos os coeficientes nd . Ou seja, escrevendo nn cd −= , a série de Fourier pode ser escrita de forma compacta: ∫ ∑ pi pi− − ∞ ∞− pi = = dxe)x(f 2 1 c ec)x(f inx n inx n , com K,2,1,0n ±±= . (81) Estabelecida a forma complexa, podemos expressar a série de Fourier em termos das funções trigonométrica reais seno e cosseno. Para isto, precisamos obter os coeficientes na e nb a partir dos nc . O Exemplo 8.1 mostra duas maneiras de como é possível obter os coeficientes reais, usando o coeficiente complexo nc . A soma de a ∞+∞− que aparece na representação de f(x) é para ser entendida como a soma de duas séries: ∑ ∑∑ ∞ = ∞ = − − ∞ ∞− += 0n 1n inx n inx n inx n ececec (82) 33 Esta é a forma complexa das séries de Fourier para a função real f(x). Se a função tiver período L2p = , as expressões ficam modificadas da seguinte maneira: ∫ ∑ − pi ∞ ∞− pi = = L L Lxin n Lxin n dxe)x(f L2 1 c ec)x(f (83) EXEMPLO 8.1 Encontrar a série de Fourier para a função real xe)x(f = no intervalo ( )pipi− , . A partir desta expressão, obtenha a forma usual da série de Fourier. SOLUÇÃO Precisamos calcular os coeficientes nc , porém vamos observar primeiramente que: nxisennxcose inx ±=± e para n inteiro, nin )1(ncose0nsen −=pi=∴=pi pi± . Então, pi pi− − pi pi− − pi pi− − −pi = pi = pi = ∫∫ x)in1(x)in1(inxx n ein1 1 2 1dxe 2 1dxee 2 1 c ninxx )1)(ee()in1( 1 2 1 ee in1 1 2 1 −− −pi = −pi = pi−pipi pi− − . Mas, pi=− pi−pi senh2ee e 2n1 in1 )in1)(in1( in1 in1 1 + + = +− + = − . Portanto, a expressão para nc é dada por: pi pi + + −= senh n1 in1)1(c 2nn . Este coeficiente permite escrever a série de Fourier para a função f(x): inx 2 nx e n1 in1)1(senhe)x(f + + − pi pi == ∑ ∞ ∞− . Queremos, agora, obter o desenvolvimento usual: isto significa transformar a expressão acima em uma série de termos reais. [ ] ).nxsennxcosn(i)nxnsennx(cosnxisennxcos)in1(e)in1( inx ++−=++=+ Não basta considerar somente a parte real desta expressão e escrever a série de Fourier: lembre-se de que n varia no intervalo ),( ∞−∞ e, portanto, temos também valores negativos para n. 34 [ ] )nxsennxcosn(i)nxsennnx(cos)nx(seni)nxcos()in1(e)in1( inx +−−=−+−−=− − . Quando somarmos essas duas relações, a parte imaginaria se cancela e temos: ).nxsennnx(cos2e)in1(e)in1( inxinx −=−++ − Agora, os valores de n são somente os valores positivos: ,...3,2,1n = porque já trocamos n por .n− Para 0n = , pode-se utilizar diretamente a série complexa: 2 asenh c 01 i01)1(senh0n para 000 = pi pi =∴ + + − pi pi ⇒= A série real para esta função pode ser escrita como: =−− +pi pi +− +pi pi − pi pi = ....)x2sen2x2(cos 21 1senh2)xsenx(cos 11 1senh2senhe 22 x −−+−− pi pi = Lx2sen2x2(cos 5 1)xsenx(cos 2 1 2 1senh2ex . FORMA ALTERNATIVA PARA SE DETERMINAR A SÉRIE REAL Sabemos que )iba( 2 1 c nnn −= e )iba(2 1d nnn += . Somando-se e subtraindo-se as duas expressões, temos: nnn dca += e i cdb nnn − = . Mas nn cd −= , de modo que as relações acima podem ser rescritas como: nnn cca −+= e i ccb nnn − = − . Como o coeficiente nc já foi calculado, pi + + −= senh n1 in1)1(c 2nn , então, trocando-se n por n− , obtemos :c n− pi pi + − −=⇒ pi pi −+ − −= − − − senh n1 in1)1(csenh)n(1 in1)1(c 2nn2nn . Conhecendo-se nc e nc− , os coeficientes reais na e nb podem ser obtidos: )n1( senh)1(2 acca 2 n nnnn +pi pi− =⇒+= − e pi pi = senh2 a 0 . )n1( senh)1(n2b i ccb 2 n n nn n +pi pi− −=⇒ − = − . 35 A série de Fourier em coeficientes reais é entãoescrita como: + − − + − + pi pi == ∑ ∑ ∞ = ∞ =1n 1n 2 n 2 n x nxsen n1 n)1( nxcos n1 )1( 2 1senh2 e)x(f . O mesmo valor obtido anteriormente. PROBLEMAS PROPOSTOS – SEÇÃO 8 1 – Encontre a série de Fourier complexa para a função pi<< <<pi−− = x0 1 0x 1)x(f . A partir do resultado obtido, encontre a série real de Fourier usando qualquer um dos métodos discutidos no exemplo 8.1. Compare sua resposta com aquela obtida no exemplo 4.1. 2 – Qual a série complexa de Fourier para a função xe)x(f −= no intervalo ),( pipi− ? 9 – INTEGRAIS DE FOURIER Nas seções precedentes tratamos das séries de Fourier para funções periódicas. A representação em série de Fourier foi usada para funções limitadas em certo intervalo finito ou no intervalo ),( ∞−∞ desde que a função fosse periódica. Entretanto, em diversos problemas práticos a periodicidade não está presente e a expansão da função para todo intervalo real ),( ∞−∞ , não é válida. Surge, então, a seguinte pergunta: o que pode ser feito para estender o método para essas funções não periódicas e cuja representação seja válida para todo eixo real? O propósito desta seção é examinar essa possibilidade. Na discussão que segue, usamos uma função bastante simples para entender o que acontece. Considere a função periódica dada por: << <<− −<<− = Lx1 para 0 1x1 para 1 1xL para 0 )x(fL A sequência na figura 9.1 representa graficamente esta função de período 16 8, ,4L2 = até para o limite de ∞→L : <<− == ∞→ intervalo. deste fora x para 0 1x1 para 1)x(flim)x(f LL 36 O exemplo 9.1 resolve esta função usando a integral de Fourier. Se você considerar que a variável x pode ser entendida como uma variável temporal, então o que fizemos foi simplesmente transformar um pulso periódico em um único pulso limitado no tempo e centrado em 0t = . Queremos analisar uma função periódica )x(fL (período 2L), representada por uma série de Fourier: )x L n senbx L n cosa( 2 a)x(f n 1n n 0 L pi + pi += ∑ ∞ = . Usaremos a notação L n n pi =ω para escrever a série na forma: )xsenbxcosa( 2 a)x(f nn 1n nn 0 L ω+ω+= ∑ ∞ = (84) Perguntamos, então, o que deve acontecer com esta série se ∞→L . Vamos mudar a variável de integração, de x para t, para reescrever os coeficientes: ∫ − ω= L L nn dt)tcos()t(fL 1 a (85) ∫ − ω= L L nn dt)t(sen)t(fL 1b (86) Figura 9.1 – A função periódica fL(x) e o limite de L→∞. Substituindo-se esses coeficientes na série de Fourier, tem-se: 37 ∑ ∫ ∫∑∫ ∞ = − − ∞ = − ωω+ωω+= 1n L L L L n 1n nnn L L L )t(sen)t(fL 1)x(sendt)tcos()t(f L 1)xcos(dt)t(f L2 1)x(f . Usando a relação )xsen)(tsen()x(cos)t(cos)]xt(cos[ nnnnn ωω+ωω=−ω a expressão acima pode ser escrita de forma mais compacta: ∫ ∑ ∫ − ∞ = − −ω+= L L 1n L L nL dt)]xt(cos[)t(fL 1dt)t(f L2 1)x(f (87) Agora já estamos em condições de responder à pergunta sobre o que deve acontecer com a série quando L→∞. O primeiro termo à direita da igualdade se anula porque a integral é finita (lembre-se de que f(x) é limitada) e para L→∞, o resultado tende a zero. Este termo correspondia ao conhecido 2a 0 . Como LL n L )1n( L n n1nn pi =ω∆∴pi−pi+=ω−ω≡ω∆⇒pi=ω + . Então, pi ω∆ = L 1 e substituímos na expressão da série para obter, quando L→∞, dt)]xt(cos[)t(f1)x(f 1n n∑ ∫ ∞ = ∞ ∞− −ωω∆ pi → . Quando L→∞, a variação ω→ω∆ d (quase-contínuo) e neste caso trocamos a somatória por uma integral: ∫ ∫ ∞ ∞ ∞− −ωω pi = 0 dt)]xt(cos[)t(fd1)x(f (88) Esta é a integral de Fourier para a função f(x). Sua obtenção não é, de forma alguma, uma demonstração rigorosa: ela apenas sugere que esta representação seja adequada para uma função não-periódica. A integral de Fourier está sujeita às condições: (1) f(x) deve ser contínua por partes, (2) diferenciável e (3) absolutamente integrável – isto é, ∫ ∞ ∞− dx)x(f é finita. Note cuidadosamente a sequência imposta para calcular a integral de Fourier. Primeiramente, é feita uma integração na variável t resultando uma função )x,(F ω . A expressão ∫ ∞ ωω pi 0 d)x,(F1 representa o desenvolvimento da função f(x): ela é o correspondente contínuo das séries de Fourier quando n era uma variável discreta. 38 A integral de Fourier pode ser escrita de várias formas e uma delas é dada abaixo, que traz maior semelhança com a expressão das séries de Fourier: ∫ ∞ ωωω+ωω= 0 d]xsen)(Bxcos)(A[)x(f (89) na qual os coeficientes são dados por: ∫ ∞ ∞− ω pi =ω dttcos)t(f1)(A (90) ∫ ∞ ∞− ω pi =ω dttsen)t(f1)(B (91) Ambas as formas, (88) e (89), são equivalentes e a escolha de uma ou de outra, depende do problema analisado. Particularmente, prefiro usar esta última forma por estar mais próxima àquela correspondente à série de Fourier. EXEMPLO 9.1 Encontrar a integral de Fourier para a função > < = 1x para 0 1x para 1)x(f . SOLUÇÃO O gráfico desta função está esboçado na figura E 9.1 Figura E 9.1 – Gráfico da função f(x) para este problema. Vamos resolver este problema pelos dois métodos citados na teoria. 1º MÉTODO: uso da relação ∫ ∫ ∞ ∞ ∞− −ωω pi = 0 dt)]xt(cos[)t(fd1)x(f . A integral na variável t, no intervalo ∞<<∞− t , na verdade se restringe ao intervalo ]1,1[− , porque fora dele a função se anula. ⇒−ω×ω pi = ∫ ∫ ∞ −0 1 1 dt)]xt(cos[1d1)x(f ∴−ωω pi = ∫ ∫ ∞ −0 1 1 dt)]xt(cos[d1)x(f 39 = ω ω−ω− − ω ω−ω ω pi = ω −ω ω pi = ∫∫ ∞ − ∞ )x(sen)x(send1)]xt([send1)x(f 0 1 10 = ω ω+ω + ω ω−ω ω pi = ∫ ∞ 0 )x(sen)x(send1 ∴ ω ωω+ωω+ωω−ωω ω pi = ∫ ∞ 0 xsencosxcossenxsencosxcossend1 ω ω ωω pi = ∫ ∞ dxcossen2)x(f 0 . 2º MÉTODO: uso dos coeficientes )B( e )(A ωω . piω ω =ω⇒ ω ω pi =ω pi =ω − − ∫ sen2)(Atsen1dttcos1)(A 1 1 1 1 . )(B ω é nulo porque o integrando é ímpar e os extremos de integração são simétricos. Então, a representação de f(x) pela integral de Fourier é dada por: ω ω ωω pi =∴ωωω= ∫∫ ∞∞ dxcossen2)x(fdxcos)(A)x(f 00 . Os resultados obtidos pelos dois métodos são iguais, como deveria ser. A facilidade de se utilizar um método ou outro depende da habilidade do usuário na manipulação das integrais. EXEMPLO 9.2 Discuta a representação obtida no exemplo 9.1. SOLUÇÃO No caso das séries de Fourier a representação gráfica da soma parcial de alguns termos são curvas que se aproximam da função periódica f(x) desenvolvida pela série. Similarmente, para as integrais de Fourier, essas curvas envolvendo aproximação são obtidas trocando o extremo superior de integração ∞, por um número finito a. Por exemplo, a figura 9.2.1 são as curvas de aproximação para três valores de a. Se você se lembrar de que a variável ω está ligada à variável discreta n através da relação L n n pi =ω , a escolha de um valor finito a para ω corresponderiaa fixar um valor para n. Outro aspecto que queremos discutir é sobre alguns valores da integral de Fourier para este caso. 40 Figura 9.2.1 – A integral de Fourier para alguns valores de a. Sabemos que o desenvolvimento de uma função f(x) converge para o valor desta função em pontos de continuidade e para a média do valor da função em pontos de descontinuidade. Então, 1)x(f = para 0x = e 2 1 2 )1(f)1(f)x(f =+= +− para 1x = . Assim, temos para a integral de Fourier: > = = =ω ω ωω pi = ∫ ∞ 1 xpara 0 1 xpara 2/1 0 xpara 1 dxcossen2)x(f 0 . > =pi =pi =ω ω ωω ∫ ∞ 1 xpara 0 1 xpara 4 0 xpara 2 dxcossen 0 . O valor para 0x = é particularmente interessante. Neste caso, 2 dsen 0 pi =ω ω ω ∫ ∞ . Esta integral é o limite da função chamada integral-seno: ∫ ωω ω = u 0 dsen)u(Si quando u→∞. 41 Figura 9.2.2 – O integrando ω ω =ω sen)(F e a função Si(u). Observe que, quando u→∞, a função tende ao valor π/2. EXEMPLO 9.3 Encontre a integral de Fourier da função pi<< <<pi−− = x0 para 1 0x para 1)x(f . SOLUÇÃO A função f(x) é ímpar e se decidirmos usar a prescrição dada no segundo método, precisamos calcular somente os coeficientes B(ω) porque A(ω) é zero. Vamos utilizar o segundo método: ∫ ∞ ωωω+ωω= 0 d]xsen)(Bxcos)(A[)x(f . ∫∫ pi pi− ∞ ∞− ω pi =ω⇒ω pi =ω dttsen)t(f1)(Bdttsen)t(f1)(B . ∫∫∫ pipi pi− ω pi =ω pi +ω− pi =ω 00 0 dttsen)1(2dttsen)1(1dttsen)1(1)(B , porque tsen)x(f ω é uma função par e os extremos são simétricos. Então temos, ⇒ ω ω − pi =ω∴ω pi =ω pipi ∫ 00 tcos2)(Bdttsen)1(2)(B ⇒ ω + ω ωpi − pi =ω 1cos2)(B ω ωpi− pi =ω cos12)(B . A função f(x) é, então, representada pela integral de Fourier: 42 ω ω ω ωpi− pi = ∫ ∞ dxsencos12)x(f 0 . Os exemplos 9.1 e 9.3 consideraram uma função par e uma função ímpar, respectivamente. No primeiro caso, somente o coeficiente A(ω) aparece no desenvolvimento da integral de Fourier; no segundo caso, somente o coeficiente B(ω) está presente no desenvolvimento. A situação é semelhante àquela encontrada para séries de Fourier quando a função tem paridade definida. Podemos escrever para as integrais de Fourier: 1º) Se f(x) é par, então, ∫ ∞ ωωω= 0 dxcos)(A)x(f (92) onde ∫ ∞ ω pi =ω 0 dttcos)t(f2)(A . Esta representação de f(x) é chamada de integral de Fourier em cosseno. 2º) Se f(x) é ímpar, temos, ∫ ∞ ωωω= 0 dxsen)(B)x(f (93) onde ∫ ∞ ω pi =ω 0 dttsen)t(f2)(B . Esta representação de f(x) é conhecida como integral de Fourier em seno. Quando a função f(x) não possui paridade definida, em geral, ambos os coeficientes aparecem na representação. PROBLEMAS PROPOSTOS – SEÇÃO 9 1 – Dada a função >pi < = − 0 xse e 0 xse 0)x(f x , mostrar que ela tem a integral de Fourier dada por: ω ω+ ωω+ω ∫ ∞ d 1 xsenxcos 0 2 . 2 – Mostre que as integrais de Fourier em cosseno e em seno da função kxe)x(f −= ( 0k e 0x >> ) são dadas, respectivamente, por: 43 ω ω+ ω pi == ∫ ∞ − d k xcosk2 e)x(f 0 22 kx e ω ω+ ωω pi == ∫ ∞ − d k xsen2 e)x(f 0 22 kx . 3 – Para a função > <≤pi = 1 xse 0 1x0 se 2)x(f , a) – Faça um gráfico da função. b) – Mostre que a integral de Fourier é ωdxωsen ω ωcos1 2 1 ωd ω xωcosωsen 2 1 00 ∫∫ ∞∞ − + . Para calcular algumas integrais é conveniente utilizar uma tabela de integrais, como por exemplo, a tabela da coleção Schaum. 10 – INTEGRAIS DE FOURIER COM NOTAÇÃO COMPLEXA Na seção 8, representamos uma série de Fourier, dada inicialmente em termos de seno e cosseno, por uma série com notação complexa. Seria, então, imediato conjeturar sobre a possibilidade de expressar uma integral de Fourier usando a notação complexa. Nesta seção veremos que a representação complexa para essas integrais não só é possível, mas também introduz ao estudo da transformada de Fourier. A notação complexa, entretanto, difere por pequenos detalhes, entre os diversos autores. A mais significativa se refere ao sinal da exponencial complexa. A diferença tem sua origem em como se escreve a integral real: por exemplo, na seção 9, a relação, dt)t(sen)t(f L 1)x(sendt)tcos()t(f L 1)xcos(dt)t(f L2 1)x(f 1n L L L L n 1n nnn L L L ∑ ∫ ∫∑∫ ∞ = − − ∞ = − ωω+ωω+= foi escrita de forma compacta como, ∫ ∑ ∫ − ∞ = − −ω+= L L 1n L L nL dt)]xt(cos[)t(fL 1dt)t(f L2 1)x(f . O integrando da segunda expressão à direita poderia ser também escrito como, )]tx(cos[)t(f n −ω , porque a função cosseno é par, e, portanto, )]tx(cos[)]xt(cos[ nn −ω=−ω . É exatamente por este detalhe que, às vezes, um sinal negativo na exponencial está presente. Nosso desenvolvimento segue a maioria dos livros textos, sendo o livro do Arfken (Mathematical Methods for Physicists), uma exceção a ser mencionada. A integral de Fourier que representa uma função f(x) é dada por: ∫ ∞ ωωω+ωω= 0 d]xsen)(Bxcos)(A[)x(f (94) 44 na qual os coeficientes são calculados pelas relações: ∫ ∞ ∞− ω pi =ω dttcos)t(f1)(A (95) ∫ ∞ ∞− ω pi =ω dttsen)t(f1)(B (96) Substituindo estas expressões na de f(x), obtemos: { }∫ ∫ ∞ ∞ ∞− ω ωω+ωω pi = 0 ddtxsentsenxcostcos)t(f1)x(f . Neste ponto, precisamos decidir como escrever a expressão entre chaves: ou bem escrevemos )]xt(cos[ −ω , ou então )]tx(cos[ −ω , conforme discutimos no início desta seção. Faremos a opção pela segunda forma, e, com esta escolha a representação de f(x) assume a forma: ∫ ∫ ∞ ∞ ∞− ω ω−ω pi = 0 ddt]txcos[)t(f1)x(f (97) Mas ainda temos um problema: nas séries de Fourier complexa, o índice n varia no intervalo ),( ∞−∞ e a variável contínua ω (associada a n) está definida no intervalo ),0[ ∞ . Para ampliar este intervalo, vamos considerar a integral ∫ ∞ ∞− ω−ω dt]txcos[)t(f . O resultado após a integração é uma outra função F(ω) porque a variável de integração é t. Afirmamos agora que esta função F(ω) é par não importando a paridade de f(x). Para ver isto, escrevemos, ∫ ∞ ∞− ω−ω=ω dt]txcos[)t(f)(F e trocamos ω por ω− : ∫ ∞ ∞− −ω−=ω− dt)]tx(cos[)t(f)(F , porém, como a função cosseno é par, )cos()cos( α=α− , podemos escrever: ∫ ∞ ∞− −ω−=ω− dt)]tx(cos[)t(f)(F = )(Fdt]txcos[)t(f ω=ω−ω∫ ∞ ∞− . 45 Isto significa que o valor da integral na variável ω no intervalo [0,∞) é a metade da integral no intervalo ).,( ∞−∞ Então, a função f(x) pode ser escrita como: ∴ωω pi =ωω pi =ω ω−ω pi = ∫∫∫ ∫ ∞ ∞− ∞∞ ∞ ∞− d)(F 2 11d)(F1ddt]txcos[)t(f1)x(f 00 [ ] ω ω−ω pi = ∫ ∫ ∞ ∞− ∞ ∞− ddt)txcos()t(f 2 1)x(f (98) Observe que agora os intervalos para ambas as integrações são iguais. Parte do problema está resolvido, porém, só temos o termo em
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