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Conceitos Básicos de Sociologia

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SOCIOLOGIA GERAL E JURÍDICA
PROFESSORA: PATRICIA FORMIGA
I UNIDADE – PARTE II - CONCEITOS BÁSICOS DE SOCIOLOGIA
TEXTO N. 1 - INTERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO
TEXTO N 2 – SOCIEDADE E CULTURA
2.1- Conceito de Cultura
2.1.1 - Elementos da cultura
2.1.2 - Valores e Normas
2.2 - O Processo de Socialização
2.2.1 - Funções do Controle Social
2.2.2 - Sistema de Status e Papéis Sociais
TEXTO N. 3 - MUDANÇA SOCIAL
3.1-Conceito de Mudança Social
3.2 - Fatores da Mudança Social
3.3 - Fatores Contrários à Mudança Social
TEXTO N. 4 – PROCESSOS SOCIAIS
4.1 – Tipos de Processo Sociais
4.1.1- Processos Associativos
4.1.2 – Processos Dissociativos
TEXTO N. 5 – INSTITUIÇÕES SOCIAIS
5.1 – Família
5.2 – Instituições Econômicas
5.3 – Instituições Políticas
5.4 – Religião
5.5 – Educação e Escola
TEXTO N. 1 - INTERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO
	Em 1920, Rev. Singh confirmou um boato que circulava entre os aldeões da Índia rural: a existência de crianças vivendo com lobos. Colocando uma torre de observação do lado de fora de uma grande caverna em um formigueiro abandonado, ele e alguns aldeões observaram uma mãe e seus filhotes, dois dos quais se pareciam com homens, mas não agiam como tal. O povo local tinha medo de abrir o lugar onde esses “fantasmas” moravam, mas Ver. Singh finalmente encontrou trabalhadores a fim de abrir o formigueiro. A mãe atacou os trabalhadores e foi morta, mas, uma vez dentro, os trabalhadores encontraram quatro pequenas criaturas – dois filhotes de lobo e duas garotinhas. Uma das crianças tinha cerca de oito anos de idade, a outra cerca de dezoito meses. Elas eram como lobos na aparência e no comportamento. Tinha calos duros nos joelhos e nas palmas da mão, pois andavam de quatro. Mexiam suas narinas para cheirar comida, abaixavam seus rostos para comer e beber. Comiam carne crua e caçavam animais selvagens. Quando trazidas de volta à civilização, Kamala e Amala evitavam outras crianças e, de fato, preferiam a companhia do cachorro e do gato. Quando dormiam, enrolavam-se juntas no chão.
	Nunca se soube como essas crianças entraram na toca do lobo, mas o que é revelador é o bom desempenho que tiveram como lobas. Casos como esse demonstram como nossas experiências sociais influenciam o que nos tornamos. Nós não saímos do útero completamente “humanos”. Devemos aprender o que ser, como nos comportar e como pensar. Se for criado por um lobo, você se tornará mais próximo de um lobo, mesmo que sua fisiologia não seja muito adequada para isso e, no fim, você morrerá por causa disso. Criado por pais humanos, você se torna humano – uma direção mais adequada ao seu equipamento biológico.
	Nossa composição biológica, então, não assegura nossa “humanização”. Casos de crianças isoladas dos homens por ocasião do nascimento claramente documentam a necessidade de aprender como se tornar humano. Lembremos o caso de “Anna do Sótão”, uma criança bastarda cujo avô a manteve viva no sótão, mas a privou de todo contato humano. Quando encontrada por assistentes sociais, Anna não podia andar ou conversar, e, porque ela não reagia aos gestos humanos, inicialmente pensaram que ela fosse surda e muda. Antes que morresse quatro anos depois, ela tinha conseguido fazer considerável progresso no aprendizado de como movimentar-se e comunicar-se, mas estava claro que ela jamais seria normal. Outro caso de criança isolada, Isabelle, demonstra que, quando o isolamento não é tão completo, defici6encias podem rapidamente ser superadas através de treinamento intenso. Como Anna, Isabelle era bastarda, e tinha sido isolada por sua mãe, que era surda-muda. Ela não tinha aprendido a falar de forma convencional, mas, ao contrário de Anna, tinha aprendido a se comunicar; comunicava-se com sua mãe através de uma série de sons guturais, coaxados. Mais tarde, ela conseguiu se tornar quase normal quando lhe deram treinamento especial.
	A conclusão a ser tirada aqui é que nossas capacidades humanas básicas – discriminar sons, ver e usar gestos, andar, conversar, reagir aos outros – são em grande parte aprendidas. Nossa herança genética dá a capacidade de aprender esses comportamentos, e pode até mesmo direcionar esse aprendizado, mas não garante seu surgimento e desenvolvimento. Tornamo-nos humanos através da interação com outros em uma variedade de contextos culturais e socioestruturais. As interações que influenciam o desenvolvimento dessas capacidades que nos permitem participar em sociedade são chamadas de socialização. Carregamos neste mundo uma herança genética – uma fisiologia humana, capacidades cognitivas, tendências emocionais, e talvez alguns impulsos básicos para a alimentação, companheirismo, sexo -, mas exatamente como essa herança é manifestada resulta em grande parte de nossa interação com os outros em contextos sociais e culturais.
TEXTO N 2 – CONCEITO DE CULTURA
2.1- Conceito de Cultura
O homem, diferentemente dos outros mamíferos superiores, que nascem com um organismo essencialmente completo, é curiosamente “inacabado” ao nascer. O caráter inacabado do organismo humano no nascimento está intimamente relacionado com o caráter relativamente não- especializado da estrutura dos seus instintos. O animal não- humano ingressa no mundo com impulsos altamente especializados e firmemente dirigidos. Como resultado, vive num mundo mais ou menos completamente determinado pela estrutura dos seus instintos. Esse mundo é fechado em termos de suas possibilidades, programado, por assim dizer, pela própria constituição do animal. Consequentemente, cada animal vive no ambiente especifico de sua espécie particular. 
Existe um mundo de camundongos, um mundo de cães, um mundo de cavalos, e assim por diante. Em contraste, a estrutura dos instintos do homem no nascimento é insuficientemente especializada e não é dirigida a um ambiente que lhe seja específico. Não há um mundo do homem no sentido acima. O mundo do homem é imperfeitamente programado pela sua própria constituição. É um mundo aberto. Ou seja, um mundo que deve ser modelado pela própria atividade do homem. 
Biologicamente privado de um mundo do homem, o homem constrói um mundo humano. Este mundo é a cultura. Seu esforço fundamental é fornecer à vida humana as estruturas firmes que lhe faltam biologicamente. Segue-se que essas estruturas de fabricação humana nunca podem ter a estabilidade que caracteriza as estruturas do mundo animal. A cultura, embora se torne para o homem uma “segunda natureza”, permanece algo de muito diferente da natureza, justamente por ser o produto da própria atividade do homem. Suas estruturas são inerentemente precárias e predestinadas a mudar. A cultura consiste na totalidade dos produtos do homem. 
O primeiro conceito de cultura foi dado no século XIX por Edward Tylor (1871, apud LARAYA, 1986, P.25) o qual diz; “... é todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. Essa definição abrangia em uma única palavra todas as possibilidades de realização do homem, e marcava definitivamente o caráter de aprendizado da cultura, totalmente oposta à visão de aquisição inata, transmitida por mecanismos biológicos (LARAYA, 1986).
Com base nessa afirmação de Tylor, que entendeu cultura como todo comportamento aprendido, tudo aquilo que independe de uma transmissão genética, a aquisição e a perpetuação da cultura passa a ser vista como um processo social e não mais biológico. Assim, cada sociedade será responsável por transmitir às novas gerações o patrimônio cultural que recebeu de seus antepassados. Esse processo de transmissão ocorre de duas formas: Educação Assistemática – acontece nas sociedades em que não há escolas, nestas a transmissão da cultura se dá através da família ou da convivência com o grupo adulto. Educação Sistemática –é característica das sociedades em que há escolas, estas se encarregam de completar a transmissão da cultura iniciada na família e em outros grupos sociais.
A cultura é a vida total de um povo, a herançasocial que o indivíduo adquire do seu grupo. Ela compreende artefatos, bens, processos técnicos, idéias, hábitos e valores herdados. Cada povo tem uma cultura própria. Cada sociedade elabora sua própria cultura e recebe a influência de outras culturas. Todas as sociedades, desde as mais simples até as mais complexas, possuem cultura. Não há sociedade sem cultura, do mesmo modo que não há ser humano destituído de cultura. Desde que nasce, o homem é influenciado pelo meio social em que vive. A cultura é um estilo de vida próprio, um modo de vida particular, que todas as sociedades possuem e que caracteriza cada uma delas (OLIVEIRA, 2001).
Cada realidade cultural tem uma lógica interna, a qual devemos procurar conhecer para que façam sentido suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais estas passam. É preciso relacionar a variedade de procedimentos culturais com os contextos em que são produzidos. As variações nas formas de família, por exemplo, ou nas maneiras de habitar, de se vestir ou de distribuir os produtos do trabalho não são gratuitas. Fazem sentido para os agrupamentos humanos que as vivem, são resultados de sua história, relacionam-se com as condições materiais de sua existência. 
2.1.1 - Elementos da cultura
A cultura possui um aspecto material e outro não-material. A cultura material - consiste em todo tipo de utensílio, ferramentas, instrumentos, máquinas, etc. utilizadas por um grupo social. A cultura não- material - abrange todos os aspectos não- materiais da sociedade, tais como: regras morais, religião, costumes ideologia, ciências, artes, etc. Existe porém uma interdependência entre as duas, como nos mostra os exemplos abaixo dados por Oliveira (2001, p. 139): 
Quando, por exemplo, assistimos à apresentação de uma orquestra, sabemos que as músicas apresentadas são produtos da criatividade de um ou mais músicos. Entretanto, para comunicar sua criação aos outros, os artistas valem-se de instrumentos musicais. Da mesma forma que uma música requer instrumentos musicais para sua exteriorização, também as religiões, de modo geral, necessitam de templos, alteres e outros elementos materiais para que possam ser praticadas.
A cultura é decorrência do diverso modo de interação em que convivem os indivíduos em sociedade, a série de criações individuais que a sociedade canoniza como modos de ser coletivos ou herança social do grupo. Nesse imenso repositório de respostas prontas às nossas urgências vitais está todo um mundo humano ou humanizado que se superpõe à natureza como uma espécie de sobrenatureza. Nele habitam os grandes produtos do espírito, a arte, a religião, a ciência, a filosofia, o conhecimento vulgar, as normas morais, o direito, os sistemas de governo e as normas técnicas, o exército e a organização eclesiástica, etc..
2.1.2 - Valores e Normas
As idéias que definem o que é importante, útil ou desejável são fundamentais em todas as culturas. Essas idéias abstratas, ou valores, atribuem significado e orientam os seres humanos na sua interação com o mundo social. A monogamia – a fidelidade a um único parceiro sexual – é um exemplo de um valor proeminente na maioria das sociedades ocidentais. As normas são as regras de comportamento que refletem ou incorporam os valores de uma cultura. As normas e os valores determinam entre si a forma como os membros de uma determinada cultura se comportam. Em culturas em que se valoriza grandemente a aprendizagem, por exemplo, as normas culturais encorajam os alunos a despender grande energia no estudo, apoiando os pais que fazem sacrifícios em prol da educação dos filhos. Numa cultura que valoriza a hospitalidade, as normas culturais podem estimular expectativas quanto à dádiva de presentes ou ao comportamento social de convidados a anfitriões.
As normas e os valores variam muito entre culturas. Algumas valorizam grandemente o individualismo, enquanto outras podem enfatizar as necessidades coletivas. Um simples exemplo ilustra bem tal. A maioria dos alunos britânicos sentir-se-iam indignados se descobrissem um colega a copiar num exame. Na Grã-Bretanha, copiar do colega ao lado vai contra os valores fundamentais da realização individual, da igualdade de oportunidades, do trabalho árduo e do respeito pelas regras. No entanto, os estudantes russos sentir-se-iam intrigados com esta noção de ultraje dos seus colegas britânicos. A entreajuda entre colegas num exame é reflexo do quanto os russos valorizam a igualdade e a resolução coletiva de problemas face à autoridade. Pense na sua reação face a este mesmo exemplo. O que será que revela acerca dos valores da sua sociedade?
Mesmo no seio de uma sociedade ou comunidade, os valores podem ser contraditórios: alguns grupos ou indivíduos podem valorizar crenças religiosas tradicionais, enquanto outros podem aprovar o progresso e a ciência. Há pessoas que preferem o sucesso e o conforto material, outros favorecem a simplicidade e uma vida pacata. Nesta época em que vivemos marcada pela mudança, repleta de movimentos globais de pessoas, bens e informação, não é de estranhar que deparemos com casos de valores culturais em conflito.
As normas e os valores culturais mudam freqüentemente ao longo do tempo. Muitas das normas que hoje tomamos como assentes nas nossas vidas – como ter relações sexuais antes do casamento e haver uniões de fato – contradizem valores que até há algumas décadas atrás eram partilhados por muitos. Os valores que regem a nossa vida íntima evoluíram gradual e naturalmente durante muitos anos. 
Muitos dos nossos hábitos e comportamentos estão enraizados em normas culturais. Os gestos, movimentos e expressões são fortemente influenciados por fatores culturais (GIDDENS, 2004). 
2.2 - O Processo de Socialização
Nove décimos de tudo o que você faz, diz, pensa, sente, desde que se levanta de manhã cedo até que vai para a cama de noite, você diz, faz, pensa, sente, não como expressão própria, independente, mas em conformidade inconsciente e sem crítica com regras, regulamentos, hábitos grupais, padrões, códigos, estilos e sensações que existiram muito antes que você nascesse. (RUSSEL, G. Smith apud OLIVEIRA, 2001, P.151).
Como já dissemos anteriormente, os modos sociais que vai viver o indivíduo são resultados da cultura e não natureza, por isso eles não podem ser proporcionados pela herança biológica e sim pela tradição social. Esse processo responsável pela adaptação do indivíduo ao seu grupo é chamado de Socialização. Ele se inicia na família, e se estende por todas as outras instituições da sociedade. É ininterrupto, só finaliza com a morte, como bem colocou Machado Neto (1987, p.165): 
Para que cada um de nós desenvolva aqueles sentimentos e, mais ainda, se comporte dentro dos cânones estabelecidos pela convivência é que, a cada passo, do berço ao túmulo, a sociedade nos está socializando. Da admoestação materna às penitenciárias, do castigo escolar aos tribunais, da penitência religiosa ao escárnio popular, a sociedade nos cerca de todos os lados, com instâncias de socialização. Tais instâncias atuam ensinando-nos a colocar-nos em lugar dos outros, de modo a antecipar e prever suas expectativas quanto ao nosso comportamento e o dever que nele vai implícito, graças, especialmente, ao grupo e a tais expectativas.
Embora esse processo de socialização perpasse todas as instituições da sociedade, mesmo com todo esse esforço socializador desta, nem todos os indivíduos se socializam inteiramente, ou de forma satisfatória, a sociedade então, tem que estar preparada no caso de aparecer no seu meio o comportamento anti-social, por isso prepara a prevenção de sua ocorrência com uma série de normas coatoras, como, por exemplo, as normas do trato social, as normas morais, a educação, as normas religiosas e o direito, todas compondo o chamado aparato de controle social (MACHADO NETO, 1987).
O controle social funciona como o maior instrumento de socialização. O olhar de reprovação dos pais quando a criança toma sopa fazendo barulho, ou a gozação que os adolescentesfazem se um deles aparece vestido de terno e gravata são exemplos de controle social.
O controle social são as formas pelas quais a sociedade inculca os valores do grupo na mente de seus membros, para evitar que adotem um comportamento divergente. 
	O controle social tem por objetivo fazer com que cada indivíduo tenha o comportamento socialmente esperado. É o controle, por exemplo, que nos leva a manter a cabeça descoberta, enquanto até algumas décadas atrás esse mesmo controle fazia com que a maioria das pessoas usasse chapéu. Desse modo, o controle social leva as pessoas a evitarem um determinado comportamento em certa época e a adotá-lo em outro. Assim foi com a calça comprida para as mulheres, a minissaia, a roupa de banho, o cabelo comprido, etc.
	Para a antropóloga Ruth Benedict, “a história de um indivíduo é, antes de mais nada, o relato de sua acomodação aos padrões e tradições vigentes em sua comunidade. Desde o momento em que nasce, os costumes do grupo a que pertence moldam suas experiências e comportamentos. Ao atingir a idade em que aprende a falar, já é praticamente um produto de sua cultura e, ao tornar-se adulto, capaz de tomar parte nas atividades da comunidade, seus hábitos, suas crenças, suas resistências já não diferem, em grande parte, das de seu grupo”.
	A primeira agência de controle social é a família. Desde que nasce, a criança é orientada, controlada, moldada pelo grupo familiar.
	Depois da família, temos a igreja, a escola e o Estado: são todos agências formais ou institucionalizadas de controle social.
	O controle social pode ser difuso ou informal e institucionalizado ou formal. Nas comunidades isoladas e pequenas, como os povoados do interior ou as aldeias indígenas, o controle social é difuso, vago, muitas vezes de caráter religioso. Nas sociedades complexas, o controle social é institucionalizado, isto é, há órgãos ou instituições sociais encarregados dele.
	Como conseqüência, também as sanções podem ser difusas e organizadas. Quando algumas sanções estabelecidas pela sociedade não são suficientes para exercer o controle social, surge a necessidade de elaborar mais leis e instituições encarregadas especificamente do controle social. nas sociedades modernas, mais complexas, aumenta a presença da instituição jurídica, da instituição policial e do Estado, substituindo os controles espontâneos que antes predominavam.
O direito é o modo mais formal do controle social formal. Sua função é de socializador em última instância, pois sua presença e sua atuação só se faz necessária quando já as anteriores barreiras que a sociedade ergue contra a conduta anti-social foram ultrapassadas, quando a conduta social já se apartou da tradição cultural, aprendida pela educação para, superando as condições de mera descortesia, simples imoralidade ou mesmo, pecado, alcançar o nível mais grave do ilícito ou, tanto pior, do crime.
O direito é um ingrediente cultural, e como todo e qualquer sistema normativo da conduta é uma peculiaridade das sociedades humanas. Somente onde pode haver liberdade, onde não governa um infalível instinto, há possibilidade e necessidade de normatizar a conduta. Normas, nas sociedades animais, seria um contra-senso tão grande como atribuí-las ao mundo físico e formular, em termos de dever ser, a lei da atração universal, propondo uma sanção para os corpos celestes que não se comportassem como devido. Somente a vida humana, que enquanto vida biográfica não é natureza, mas história, somente ela pode necessitar de normas que a antecipem e pretendam regular. Somente a vida humana, porque não nos é dada feita, pode necessitar de um projeto de realização. Pois bem, as normas sociais envolvem um projeto coletivo de vida, que prevenindo a conduta anti-social, procura evitá-la ou puni-la através da sanção que a norma pressupõe.
O homem faz cultura para satisfazer determinadas necessidades. Em face dessas necessidades, os atos que praticamos e os artefatos que construímos, são justificados mediante uma valoração que lhes dá um sentido, uma finalidade.
2.2.1 - Funções do controle social
	Osborn e Newmeyer citam o seguinte exemplo: “Tomemos a simples questão de conduzir um veículo pela rua, sem atender a qualquer norma ou sistema previamente combinado. O primeiro carro que encontramos toma a direita, o segundo toma a esquerda, o terceiro mantém-se no centro à espera de que o nosso se desvie. Com que segurança se pode conduzir um automóvel nessas circunstâncias? Se queremos evitar constantes colisões, devemos instituir uma praxe metodizada, compreendida e aceita por todos. O mesmo ocorre e aplica-se a todos os aspectos da vida em comum na sociedade. Supomos subtendida e espontânea essa ordem social, quando de fato ela fora paulatinamente organizada no decurso da evolução do grupo e devemo-la ao controle social (...)”.
	São três as funções do controle social: ordem social; proteção social; e eficiência social.
	A eficiência econômica e social dos grupos e instituições da sociedade é maior onde a sociedade é mais organizada. A existência de algumas instituições sociais – como o Estado, com seu aparelho jurídico e policial, por exemplo – tem a finalidade de manter a sociedade organizada e oferecer proteção a ela e aos indivíduos.
2.2.2 - Sistema de status e Papéis sociais
	
	Numa empresa, o patrão têm direitos, deveres e privilégios diferentes dos que possuem seus empregados. Numa escola, o professor possui direitos e deveres diferentes dos do aluno. Todo indivíduo ocupa na sociedade em que vive posições sociais que lhe dão maior ou menor ganho, prestígio social e poder.
	A posição ocupada pelo indivíduo no grupo social denomina-se status social. O status social implica direitos, deveres, prestígios e até privilégios, conforme o valor social conferido a cada posição. Assim, os diretores de uma grande empresa têm certas regalias – altos rendimentos, carro à disposição, sala bem decorada, secretárias, tratamento cerimonioso que os outros funcionários não possuem. Ou seja, o status do diretor é mais elevado. Também seus deveres e responsabilidades estão ligados ao seu status, e muitas vezes eles precisam tomar decisões difíceis pela empresa.
Numa sociedade, o individuo ocupa tantos status quanto forem os grupos sociais a que pertence. Vejamos o exemplo de uma pessoa que é chefe de família ocupa o cargo de gerente de vendas de uma empresa, é sócio de um clube, freqüenta a igreja de seu bairro, pertence ao diretório regional de um partido político. Essa pessoa tem um status no grupo familiar, um status ocupacional, um status no grupo de recreação, outro no grupo religioso e ainda outro no grupo político.
Dependendo da maneira pela qual o indivíduo obtém seu status, este pode ser classificado em:
 Status Atribuído- que não é escolhido voluntariamente pelo indivíduo, e não depende de suas ações ou qualidades. Por exemplo, o status de “filho de operário” ou de “irmão caçula”. Os principais fatores atribuidores de status são: idade, sexo, raça, laços de parentesco, classe social, etc.
Status Adquirido – obtido em função das qualidades pessoais do indivíduo, de sua capacidade e habilidade. Os status que uma pessoa obtém ao longo da vida como resultado de competição e luta são status adquiridos, pois dependem das habilidades pessoais do indivíduo e supõem a vitória sobre os rivais e o reconhecimento de tal êxito pelo grupo social. A pessoa deve demonstrar sua superioridade sobre os outros competidores e receber o reconhecimento disso.
Em algumas sociedades, como na Europa durante o período medieval, os status eram quase exclusivamente atribuídos. Nas sociedades modernas, predominam os status adquiridos. Em nossa sociedade, os indivíduos geralmente lutam por status mais elevado.
	Por intermédio do processo de socialização, os indivíduos aprendem os seus papéis sociais – expectativas socialmente definidas seguidas pelas pessoas de uma determinada posição social. O papel social do “médico”, por exemplo, envolve um conjunto de comportamentos que devem ser seguidos por todo e qualquer médico,independentemente das suas opiniões pessoais ou maneiras de ver. Na medida em que todos os médicos partilham esse papel, é possível falar em termos genéricos de um modo de comportamento profissional dos médicos, independente dos indivíduos específicos que ocupam essas posições.
	Papel social é o comportamento que o grupo social espera de qualquer pessoa que ocupe determinado status social. Corresponde mais precisamente às tarefas, às obrigações inerentes ao status.
TEXTO N. 3 - MUDANÇA SOCIAL
3.1 - Conceito de Mudança Social
	 A cultura que compreende todos os domínios da vida social é dinâmica, e esse processo faz com que a sociedade esteja em constante mudança, pois não está parada no tempo. É verdade que em algumas sociedades as mudanças se tornam mais visíveis por serem mais aceleradas, enquanto em outras, a mudança parece imperceptível, o que aos olhos de muitas pessoas não sofre nenhuma alteração, mas mesmo nestes casos há mudança social. Citamos como exemplos no primeiro caso as grandes cidades, e no segundo caso, grupos indígenas que vivem isolados da sociedade nacional.
Assim, vamos entender por Mudança social, qualquer modificação nas formas de vida de uma sociedade, tais modificações compreendem transformações na composição etária, nas relações de classe, no estilo de vida, na visão de mundo, nas crenças, nos valores, nos costumes, etc. Se observarmos uma mesma sociedade em dois momentos sucessivos de sua história, veremos que muita coisa mudou, principalmente em relação aos aspectos materiais, tendo em vista que as mudanças não apresentam o mesmo ritmo em todos os setores das atividades sociais. Ou seja, o ritmo da mudança social não é homogêneo para todos os aspectos da sociedade. É assim que, por exemplo, uma sociedade irá substituir mais facilmente um utensílio ou uma máquina do que uma crença, ou um costume há muito arraigado. Da mesma forma, as instituições econômicas mudam com mais rapidez do que a organização da família, ou das crenças religiosas.
	Embora todas as sociedades estejam em mudança, o ritmo da mudança social vai variar de sociedade para sociedade. É o processo chamado de defasagem cultural. As mudanças ocorrem num ritmo lento nas sociedades mais simples, como as pequenas comunidades isoladas, e acelerado e até vertiginoso nas sociedades contemporâneas complexas, como as das grandes cidades (OLIVEIRA, 2001).
O que determina o ritmo de mudança é principalmente o maior ou menor números de contatos sociais com outras culturas. O contato entre as culturas provoca não apenas a difusão de descobertas e invenções, tanto materiais quanto as sociais, mas, igualmente, de valores, crenças, desejos. O aperfeiçoamento dos meios de comunicação de massa intensifica o contato entre as culturas. É por tal razão que na atualidade o desenvolvimento dos meios de comunicação, corresponde a um dos mais eficientes instrumentos de mudança social. 
3.2 - Fatores da Mudança Social
Embora, como nos lembrou Vila Nova (2000), que outros fatores concorram para a mudança social, como os geográficos; a liderança, fatores demográficos, duas são as causas comumente aceitas da mudança social: Descobertas e Invenção e Difusão Cultural. 
Falemos rapidamente desses três fatores que mesmo em menor grau, podem provocar mudanças na sociedade. Os fatores geográficos, dizem respeito às condições climáticas, cataclismas, maior ou menor disponibilidade de determinados recursos naturais. Em relação às idéias, Weber (1984) já afirmara seu grande papel, que quando pensadas e disseminadas por indivíduos dotados de um poder carismático funcionava como um vetor de mudança. É o caso da mudança histórica européia, que foi levada a cabo por personalidades atípicas e carismáticas como Lutero e Calvino, os quais disseminando seus ideários alteraram toda uma ética dominante voltada para a contemplação. E por fim, fatores demográficos, como migrações, aumentos ou decréscimos da população, que também podem atuar como causas da mudança social.
Todavia, para a maioria dos sociólogos, a mudança social se estabelece de duas formas: através de fatores endógenos (internos), ou seja, mudanças originadas dentro da própria sociedade - são as invenções; ou por fatores exógenos (externos), quando são oriundos de outras sociedades – é a difusão cultural (OLIVEIRA, 20001).
	A primeira causa da mudança social são as invenções. Estas por sua vez dependem da descoberta. Entende-se por descoberta, a aquisição de todo e qualquer conhecimento, que vem se somar ao acervo de informações e explicações já existentes. Enquanto Invenção é o elemento ativo, é a aplicação original da recente descoberta. Assim, as descobertas só se tornam causas da mudança social quando são transformadas em invenções, pois a mera descoberta não modifica a cultura, somente depois de sua aplicação, isto é, da invenção. Podemos citar, por exemplo: descoberta da eletricidade e invenção da lâmpada; descoberta da energia atômica e invenção da bomba atômica. 	
Toda invenção pertence a uma sociedade determinada. Embora não seja a sociedade em seu conjunto que invente, mas sim os indivíduos, a sociedade fornece as bases, pois todo inventor utiliza o conhecimento acumulado de sua cultura. Cada geração não parte da estaca zero, mas de uma herança social transmitida. O patrimônio cultural e a necessidade social é que geram as invenções. Teria sido praticamente impossível a Einstein elaborar a Teoria da Relatividade se tivesse nascido entre os esquimós, por exemplo (OLIVEIRA, 2001, p. 183).
	As invenções são classificadas de dois tipos: as materiais e as sociais. Entende-se por invenções materiais, todos os aspectos materiais da cultura que representam mudanças significativas de comportamento, de sociabilidade, como, por exemplo, a utilização de computadores em praticamente todos os ramos da economia, tem alterado a forma de trabalho e também as relações de trabalho, a criação do celular também é um novo hábito que surge nas sociedades contemporâneas. Dentro das invenções sociais temos: A criação do Estado, o sufrágio universal, organização sindical, são exemplos de invenções sociais responsáveis por muitas mudanças nas sociedades nos últimos tempos.
Se a mudança social é em grande parte conseqüência das invenções, conseqüentemente, quanto maior for o número destas, tanto mais rápida será a mudança. A característica marcante das sociedades contemporâneas são as rápidas mudanças que ocorrem incessantemente, devido ao grande número de invenções (OLIVEIRA, 2001).
	Todavia, se as sociedades dependessem unicamente das invenções para se modificarem, certamente as mudanças seriam mais lentas. Contudo, há também fatores externos responsáveis pelas mudanças sociais: é o processo chamado de difusão cultural, que altera e acelera o ritmo da mudança na sociedade, através do contato entre culturas. Isso faz com que muitas das coisas que fazemos ou utilizamos, não se formaram nem foram inventados no Brasil. É o caso da língua que falamos, a religião que seguimos, muitos utensílios e máquinas que usamos. Leia o texto abaixo, do antropólogo Ralph Linton, que mostra a amplitude da difusão cultural.
O cidadão americano desperta num leito construído segundo padrão originário no Oriente próximo, mas modificado na Europa, antes de ser transmitido a América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou doméstica na Índia, tecida por processos inventados no Oriente próximo. Ao levantar da cama entra no quarto de banho cujos aparelhos são uma mistura de invenções européias e norte-americanas. Tira o pijama, inventado na índia, faz a barba, que é um rito masoquístico que parece provir dos sumerianos ou do antigo Egito . ....De caminho para o breakfast, pára para comprar um jornal, pagando-o com moedas, invenção da Líbia antiga. No restaurante toda uma série de elementos tomados de empréstimo o espera.....Acabando de comer, se recosta para fumar, hábito dos índios americanos e que consomem uma planta originária do Brasil.....Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteresinventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for bom cidadão conservador, agradecerá a uma divindade hebraica, numa língua indo-européia, o fato de ser 100% americano.
	Mais facilmente uma sociedade adota técnicas do que valores, idéias, sistemas religiosos ou filosóficos. Isso não significa que estes elementos não sejam difundidos, eles o são, só que acontecem num ritmo mais lento, encontrando certas dificuldades. Citamos, por exemplo, o caso da religião. O Brasil, mesmo sendo considerado solo fértil para a proliferação de igrejas evangélicas, não deixa de apresentar resistência, ao discurso evangélico, impondo dificuldades na aceitação de uma nova religião. Isto ocorre por que as crenças religiosas estão impregnados de reações emotivas, de significados, sendo mais difíceis de serem substituídas. 
	No processo de difusão, colaboram para uma aceitação mais rápida três fatores: 1- a utilidade que apresenta para a cultura. Exemplo, um novo modelo de vestido pode ser adotado com facilidade no Brasil, enquanto uma túnica africana para homens, por exemplo, encontrará grande resistência entre nós, pois vai contra os costumes tradicionais do país. 2- o prestígio da cultura doadora, em geral os costumes e modas vindos dos Estados Unidos, por exemplo, espalham-se com extrema facilidade nas cidades brasileiras. 3- a idéia de novidade. Tal idéia exerce um enorme poder de sedução principalmente em relação ao publico jovem. Assim, tudo que é novidade, vai ser mais facilmente aceito. Estas novidades se referem quase sempre a aspectos não essenciais da cultura – um produto novo, um novo corte de cabelo, a maneira de se vestir etc.
	Em resumo, as invenções e a difusão cultural são processos que geram mudanças sociais, pois suscitam modificações nos costumes, relações sociais e instituições. Essas alterações podem ser tão pequenas, a ponto de tornarem-se imperceptíveis, como podem alterar quase todos os setores da vida social. “A invenção de uma nova tinta pode causar alterações somente no campo artístico; mas a invenção da televisão, por exemplo, influenciou as diversões, a política, a educação, os hábitos familiares, a propaganda etc” (OLIVEIRA, 2001, p.186). 
	Assim as mudanças se classificam da seguinte forma: As Reformas – são as mudanças gradativas que não destroem as instituições sociais existentes, visam apenas a melhorá-las, sem romper com os costumes, e As Revoluções - são mudanças profundas e violentas que destroem ou procuram destruir a ordem social existente, substituindo-a por outra contrária. Tais mudanças bruscas, profundas ou muito aceleradas, podem ocasionar a desorganização social. 
3.3 - Fatores Contrários à Mudança Social
	Grande parte das mudanças sociais não ocorre sem esbarrar em obstáculos e resistências. Assim foram séculos para que se consolidassem grandes mudanças, como o cristianismo e a democracia. Um exemplo mais específico de resistência à mudança é o que ocorreu com o voto feminino, que só foi introduzido depois de muita luta. No Brasil, só em 1933 as mulheres puderam votar pela primeira vez.
	Assim, a estrutura social impõe obstáculos e resistências que dificultam a mudança social. Obstáculos - são barreiras oriundas da própria estrutura social e que dificultam ou impedem a mudança social. A agricultura brasileira, por exemplo, até a abolição, era totalmente baseada em trabalho escravo, isso se constituía num grande obstáculo, que seria o de substituir mão-de-obra escrava de uma hora para outra. E resistências - são atuações conscientes e deliberadas para impedir a mudança social. Nesse contexto, os proprietários de terras e de escravos impunham grande resistência à abolição da escravidão por ferir os seus interesses econômicos. Entre os fazendeiros proprietários de escravos organizavam-se partidos políticos para se opor à abolição.
	Em toda estrutura social existem grupos ou camadas sociais cujos interesses ou valores fazem com que resistam abertamente à mudança social.
	As atitudes individuais e sociais podem favorecer ou não a mudança social. Podemos classificar essas atitudes em três tipos principais: atitude conservadora, atitude reformista ou progressista e atitude revolucionária.
	A atitude conservadora é aquela que se mostra contrária ou temerosa em relação às mudanças. Nela se enquadram o tradicionalismo e o reacionarismo. No tradicionalismo, a tradição, pelo seu prestígio, pelo respeito suscitado entre as gerações mais jovens, impõe-se como um dos maiores obstáculos a toda e qualquer inovação na vida social. Tal é a pressão moral exercida pela tradição, que só através de grande esforço e enfrentando muita resistência a sociedade adota novas formas de conduta, estranhas à herança social. Já a postura reacionária equivale ao conservadorismo exagerado. Opõe-se, geralmente pela violência, a qualquer tipo de mudança das instituições sociais. É a atitude típica do radical de direita, que deseja que tudo permaneça como está, que quer a todo custo manter o status quo.
	A atitude reformista ou progressista é a que vê com agrado a mudança moderada. É o desejo de mudança gradativa dos modos de vida existentes e das instituições.
	A atitude revolucionária é a que defende transformações profundas, até com o emprego de métodos violentos, no sentido de mudar o status quo.
	Um grupo ou um indivíduo podem ser conservadores em alguns aspectos e reformistas ou revolucionários em outros.
TEXTO N. 4 – PROCESSOS SOCIAIS
Os alunos de uma escola resolvem fazer uma limpeza geral no salão de festas para o baile de formatura. Organizam-se, um ajuda o outro, e logo o trabalho está acabando. Este resultado foi possível porque houve COOPERAÇÃO. A cooperação é um tipo de processo social.
Processo é o nome que se dá a continua mudança de alguma coisa numa direção definida. Processo Social indica interação social, movimento, mudança. Os processos sociais são as diversas maneiras pelas quais os indivíduos e os grupos atuam uns com os outros, a forma como os indivíduos se relacionam e estabelecem relações sociais. Qualquer mudança proveniente dos contatos e da interação social entre os membros de uma sociedade constitui, portanto, um processo social.
4.1 TIPOS DE PROCESSOS SOCIAIS
No grupo social ou na sociedade como um todo, os indivíduos e os grupos se reúnem e se separam, associam-se e dissociam-se. Assim, os processos sociais podem ser associativos e dissociativos.
4.1.1 - Processos Sociais Associativos: cooperação, acomodação e assimilação.
COOPERAÇÃO – é a forma de interação social na qual diferentes pessoas, grupos ou comunidades trabalham juntos para um mesmo fim. A cooperação pode ser direta e indireta. A cooperação direta – compreende as atividades que as pessoas realizam juntas, como é o caso dos mutirões para a construção de casas populares. A cooperação indireta – é aquela em que as pessoas, mesmo realizando trabalhos diferentes, necessitam indiretamente umas das outras, por não serem auto-suficientes. Tomemos o exemplo de um médico e de um lavrador.
ACOMODAÇÃO – se dá quando indivíduos, grupos ou categorias em interação, não compartilhando de metas, valores, crenças, atitudes e padrões de comportamento, convivem, contudo, pacificamente, como se tal não ocorresse. Na acomodação, o comportamento dos membros das categorias sociais minoritárias não reflete as suas predisposições para a ação (atitudes), porém, antes, as esconde. Para serem aceitos socialmente, os indivíduos simulam um comportamento que não corresponde ao seu acervo sócio cultural subjetivo. É o que ocorre com indivíduos transplantados para ambiente sociocultural diverso do meio em que foram socializados. A acomodação tende a levar, no entanto, à ASSIMILAÇÃO – que é o processo através do qual indivíduos, grupos ou categorias culturalmente diferentes permutam os seus respectivos acervos socioculturais, de modo a se tornarem semelhantes. No caso de imigrantes estrangeiros, a miscigenação é um importantefator de assimilação, a exemplo do que, no Brasil, tem acontecido com diferentes categorias étnicas, notadamente japoneses e italianos, nas últimas décadas. A realização de casamentos interétnicos, além de ser um fator de assimilação, pode também muitas vezes, representar já uma conseqüência desse processo, pois a proibição da exogamia tende a ser uma característica das categorias socioculturais isoladas, prevalecendo em seu lugar, a obrigatoriedade da endogamia.
4.1.2 - Processos Sociais Dissociativos: competição e conflito.
COMPETIÇÃO – é um processo tão universal quanto a cooperação. Ela ocorre quando vários indivíduos buscam alcançar um objetivo que pode ser alcançado por todos ou pela sua maioria. Do mesmo modo que a cooperação, a competição tende a ser, na maioria das vezes, não consciente. Mas algumas formas de competição tendem a ser muito claras para os indivíduos envolvidos nesse processo, como, por exemplo, a competição profissional. Ao contrário do conflito, a competição é um processo de caráter pacífico.
CONFLITO – tende a ocorrer quando os indivíduos buscam um objetivo que só pode ser alcançado por um ou poucos dentre eles, ou, ainda, quando indivíduos, grupos ou categorias sociais têm interesses ou objetivos incompatíveis entre si. 
TEXTO N. 5 – INSTITUIÇÕES SOCIAIS
Instituições são conjuntos de valores, crenças, normas, posições e papéis referentes a campos específicos de atividade e de necessidades humanas. As normas e valores compreendidos por cada instituição orientam e regulamentam a satisfação das necessidades humanas. Exemplo: o conjunto de valores e normas referentes à família, orienta e regulamenta a procriação, a satisfação das necessidades sexuais e afetivas, a proteção da criança e adolescente e a transmissão de valores, como também as instituições educacionais, transmitem além das normas e valores, conhecimentos e técnicas.
5.1 – Família
	A família como instituição refere-se à orientação e a regulamentação das relações de parentesco, de procriação, das relações sexuais e da transmissão dos componentes intermentais básicos da sociedade. São muito variadas as formas de organizção da família. Principais tipos de família: monogâmica (união de um homem com uma mulher); pologínica (união de um homem com duas ou mais mulheres) e a poliandria (união de uma mulher com dois ou mais homens). Nas sociedades tradicionais agrárias o tipo de família é a extensa ou patriarcal (várias gerações de parentes). Nas sociedades urbano-industriais o tipo de família é a nuclear, composta pelo casal e filhos.
5.2 – Instituições Econômicas
	As atividades econômicas são institucionalizadas à medida que são explicadas por crenças, legitimadas por valores e reguladas por normas. Em todas as sociedades, para a produção, a circulação, a distribuição e a troca de bens escassos, existem crenças, valores, normas, posições e papéis determinados.
5.3 – Instituições Políticas
	As instituições políticas não são exclusivas das sociedades letradas. Caciques, chefes tribais, conselhos de anciãos com a atribuição e o poder de julgar e deliberar são evidências da existência das instituições políticas. A finalidade desta instituição é o controle social formal.
5.4 – Religião
	As instituições religiosas dizem respeito às relações que os homens estabelecem com o domínio metaempírico da realidade, ou seja, com o que está além da possibilidade de observação. A Religião é uma das mais importantes instituições sociais para a organização social pelo seu conteúdo moral. A Religião prescreve códigos éticos destinados a pautar a conduta dos indivíduos para obterem um prêmio depois da morte dado por uma divindade ou por um ser sobrenatural
5.5 – Educação e a Escola
	A educação constitui uma instituição universal pelo fato de que em todas as sociedades – das comunidades tribais às complexas sociedades urbano-industriais – é necessário garantir não apenas a continuidade biológica, mas, igualmente, a transmissão das normas, dos valores, dos símbolos e das crenças, enfim, da estrutura intermental sem a qual nenhuma sociedade pode funcionar. Trata-se de uma correia de transmissão de conhecimentos, normas de conduta e modos de sentir, pensar e agir, determinados previamente pelas tradições culturais, a serem veiculados, primeiramente pela socialização familiar e em seguida pela ação educativa formal da escola. Educação – é a ação exercida pelas gerações adultas, sobre as gerações que ainda não se encontram preparadas para a vida social. Pode servir tanto para a transformação da sociedade, como também para sua conservação. 
Referências bibliográficas:
BERGER, Peter L. O dossel sagrado. Elementos para uma teoria sociológica da Religião. São Paulo: Paulus, 1985.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Lisboa, 2004.
LARAYA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Brasília, UNB.
MACHADO NETO, Antônio Luis. Sociologia Jurídica. São Paulo: Saraiva, 1987.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de.(1996) Introdução à Sociologia. São Paulo, Ática. RODRIGUES, SANTOS, José Luiz dos. (1984) O que é cultura? São Paulo, Brasiliense ( Primeiros passos)
VILA NOVA, Sebastião. Introdução á Sociologia. São Paulo, Editora Atlas, 2000.

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