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Resenha "As Raízes da Psicologia Social Moderna"

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O livro do dr. Robert M. Farr tem o objetivo de explorar o surgimento e desenvolvimento da psicologia social moderna. Essa pretensão abrange um curto período de tempo que vai do surgimento da psicologia como ciência até o ano de 1954 com a publicação do Handbook de Lindzey. Sua abordagem remete ao “longo passado” da disciplina e à sua “curta história”. E outro ponto importante do livro é sua preocupação em diferenciar a psicologia social psicológica e sociológica. Também é um ponto forte da obra sua preocupação em apontar fatores culturais para certos rumos que a psicologia toma em determinado tempo e local.
O primeiro capítulo é dedicado a explicar porque a psicologia social moderna é um fenômeno essencialmente americano. Isso se dá principalmente no pós-guerra, onde para o autor se inaugura a moderna psicologia social. A cultura individualista americana influenciou a metodologia e o positivismo daquele país fez a psicologia social se aproximar do experimentalismo. Esses são os elementos que marcam o início da psicologia social e são elementos tipicamente americanos. O positivismo inclusive invade a interpretação histórica da trajetória da psicologia social. A figura central do capítulo é Gordon Allport.
O segundo capítulo trata do surgimento da psicologia na Alemanha, tanto da psicologia na modalidade Naturwissenschaft quanto na Geisteswissenschaft. Essas divisões equivaleria as ciências naturais e ciências sociais na América. As duas formas são fundadas por Wundt. Entre os principais pontos levantados pelo autor sobre o assunto, ele aborda a separação consciente que Wundt fazia da psicologia fisiológica de laboratório e da psicologia das massas. A primeira tratava da consciência e a segunda daquilo que era produzido pela cultura. Essas noções foram de bastante influência para pesquisadores posteriores a Wundt.
O terceiro capítulo versa sobre a psicologia das massas ou da cultura. Começando por Wundt, o autor tenta demonstrar como o enfoque da psicologia, como também avanços na sociologia, contribuíram para um entendimento da sociedade de maneira psicológica. Diversos autores são mencionados neste capítulo. E a diferença de uma psicologia social psicológica de uma sociológica são apresentadas. Os autores abordados são Wundt, Durkheim, Le bon, Freud, Saussure, Mead, McDougall e F. H. Allport. O foco principal é entender como cada autor enxerga a dinâmica entre indivíduo e sociedade e onde a mente está, é produzida e se comporta nessa dinâmica.
O quarto capítulo é inteiramente dedicado a G.H. Mead. Tanto sua vida e obra são abordados, como seu legado e as força que guiaram esse legado. É enfatizado o fato dele ser filósofo e como ele fundamenta sua noção de psicologia social baseada na evolução de Darwin. Inaugura a noção de self e deixa um legado conhecido como behaviorismo social e influência Blumer no que ficou conhecido como interacionismo simbólico. Mead então se configura como de uma tradição da psicologia social sociológica, já que era de uma tradição hegeliana e não cartesiana.
 O quinto capítulo explana sobre o Manual de Murchison como genuinamente pertencente a tradição da psicologia comparativa. Ele fala de cada capítulo especificamente e mostra como o manual está totalmente baseado em uma visão positivista de psicologia social. O Manual vai da análise de plantas e animais até a análise de sociedade separadas em raças. Claramente influenciada e baseada no darwinismo. O autor acredita que com o manual chega-se ao fim da psicologia comparativa nos E.U.A.
O sexto capítulo então discorre sobre a individualização da psicologia social, principalmente na América. Ele trata dos fatores que levaram a tal situação. A cultura individualista da região é um fator. Os irmãos Allport são os principais responsáveis por uma definição de psicologia social individualista. O predomínio do behaviorismo é outro fator importante, como também a invasão dos psicólogos da Gestalt para os E.U.A., todos deixam uma herança de individualismo metodológico. Por fim, ele salienta como a guerra fria separou as ciências sociais entre tradições mais individualistas (americana) e coletivistas (europeia).
O sétimo capítulo fala das formas sociológicas e psicológicas da psicologia social. Começa versando sobre a linha tênue entre psicologia social e sociologia. Fala dos autores das duas disciplinas que tomam caminhos em dos dois níveis aqui analisados. Logo após, o autor começa a falar especificamente de cada um que pertence a tradição sociológica. Começando pelo interacionismo simbólico. Essa forma de psicologia social é predominantemente sociológica. O ponto da discussão aqui é sobre o self proposto por Mead e como ele é formado na interação entre sujeito e sociedade. Num segundo momento, ele afunila ainda mais. Fala mais um vez do interacionismo simbólico e também discorre sobre a psicologia social em Chicago, teoria das representações sociais e como o contexto histórico influenciou no avanço da sociologização de parte da psicologia social americana.
O oitavo capítulo tenta reconstruir a história da psicologia social. O autor está preocupado em explicar como chegamos até o ponto final do período abordada no livro e vai explicar como vai fazer isso neste capítulo. E começa fazendo uma longa discussão sobre a diferença entre ancestrais e fundadores. O ponto aqui é que a escolha do ancestral do fundador de uma ciência diz muito sobre a epistemologia usada nessa ciência fundada. Posteriormente, ele fala sobre os paradigmas e zietgeists, onde chama atenção para o cuidado de se afirmar que existem paradigmas ou que algo pertencia ao zeitgeist.
O nono capítulo é uma discussão sobre o papel da guerra na história da psicologia social. O autor fala das duas guerras, levantando tanto pontos metodológicos que se desenvolvem para suprir necessidades da guerra, quanto pontos culturais que influenciam as ciências. Ele acredita que a herança da guerra fria foi o individualismo na psicologia social, mas que o debate entre as duas formas se acirrou bastante com as guerras. Este capítulo, assim como o oitavo funciona como introduções a seu capítulo de conclusão.
O capítulo que encerra o livro tem o título de “O passado longínquo e a curta história da psicologia social”. O capítulo vai encerrar a obra com notas sobre o positivismo na história da psicologia social, inclusive para contá-la. Segue dialogando sobre o manuais e como eles acrescentam moldes à ciência e dão sua versão que está diretamente ligada aos pensamentos de quem escreve. E assim se encerra o livro. Posteriormente, vem um apêndice com uma linha histórica dos acontecimentos tratados no livro.

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