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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DO FÓRUM REGIONAL DE SÃO PAULO – SP BARNABÉ (...), estado civil (...), empresário, inscrito no Cadastro de Pessoa Física sob nº (...), endereço eletrônico (...), residente e domiciliado à (...), na cidade de Bauru, São Paulo, por seu advogado e bastante procurador que esta subscreve (procuração anexa), devidamente inscrito na OAB/SP (...), com escritório profissional situado na (...) vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor: AÇÃO INDENIZATÓRIA DE DANOS POR ACIDENTE DE TRÂNSITO C/C LUCROS CESSANTES decorrente de acidente de trânsito, com fundamento no Código de Processo Civil e artigos 927 e seguintes do Código Civil, em face de: VIAÇÃO METEORO LTDA, PESSO JURÍDICA DE Direito Privado, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica sob n° (...), endereço eletrônico (...), residente e domiciliado à (...) na Capital de São Paulo, pelos motivos e razões que passa a expor: 1. DA JUSTIÇA GRATUITA Declara o autor não ter condições de arcar com as custas judiciais sem prejuízo ao seu próprio sustento e, invoca a tutela da Lei 1.060/50 que assegura os necessitados, ou seja, aqueles que são pobres no sentido jurídico da palavra. Não obstante a condição presente, decorrente de acidente de trânsito, deixou de auferir seu sustento. Neste sentido junta-se declaração de hipossuficiência e cópia dos balanços mensais de sua empresa. Pelas supramencionadas razões, requer o autor que seja deferido os benefícios da justiça gratuita, assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV, pelo artigo 98 e seguintes do Código de Processo Civil, bem como a excelsa Lei 1.060/50. 2. DOS FATOS Aos onze dias do mês de setembro do ano de dois mil e dezessete, o Sr. Barnabé, retornava à sua sede conduzindo a pick-up de marca: FORD, modelo: RANGER, placa: GGG-1223, após realizar entregas de hortaliças em cidades vizinhas à Bauru, São Paulo. Naquela noite, chovia muito e a estrada estava escorregadia, e, ainda, havia muita neblina. Ocorre que, quando trafegava na curva do KM 447 da Rodovia BR-345, no município de Jaú, São Paulo, o Autor perdeu o controle da direção ao perceber que um ônibus que trafegava no sentido contrário havia invadido a contramão. Os pneus traseiros derraparam e o veículo rodopiou, ficando atravessado na pista, sem, conduto, invadir a pista contrária. No entanto, o ônibus da Viação Meteoro Ltda., assustou-se com a manobra efetuada pelo Autor e pisou no freio. Como a pista estava escorregadia e com resquícios de óleo, o motorista da empresa Ré perdeu o controle do ônibus e colidiu de frente com a pick-up. Com o impacto, a pick-up foi arremessada por cerca de 10 (dez) metros e bateu em um barranco da pista acarretando ferimentos graves no Autor, como um corte na testa, fratura nas pernas e nos braços. Ainda, mais cinco passageiros do ônibus que estavam sem o cinto de segurança tiveram ferimentos graves e leves. O veículo ficou todo amassado, com danos no chassi e por toda a lataria, conforme aponta o Boletim de Ocorrência anexo. A perícia realizada no local foi inconclusiva devido as más condições do clima no momento do acidente, mas reconheceu a invasão do ônibus à outra pista. Diante desta irresponsável conduta por parte do funcionário da Ré, além do grande dano material causado, o Autor, que trabalha sozinho em sua empresa CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA. - ME, está impossibilitado de exercer suas atividades laborais devido aos ferimentos sofridos, deixando de garantir seu sustento, pois no período de três meses, necessários para o reestabelecimento de sua saúde, a empresa zerou seu faturamento, tendo dificuldades com o locador da loja, bem como com seus fornecedores, acumulando um prejuízo de R$ 10.000,00 (dez mil reais), causando danos morais e lucros cessantes. A empresa Ré realizou três orçamentos para o conserto do veículo do Autor (em anexo), ficando apurado que o menor valor seria de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais). Por outro lado, foi apurada a perda total da pick-up Ranger. 3. DO DIREITO A responsabilidade da Ré constitui-se de forma subjetiva por ato ilícito, não obstante, as provas carreadas oportunamente nestes autos demonstram de forma cabal a necessidade das medidas pleiteadas, bem como a tutela antecipada aqui requerida. 3.1 DA INFRAÇÃO DE TRÂNSITO E O DEVER DE INDENIZAR Não há dúvidas que o universo jurídico é demandado primordialmente pelas obrigações oriundas das relações interpessoais. Conquanto, algumas advêm dos atos ilícitos que são tutelados pelo feérico dispositivo artigo 186 do Código Civil. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntaria, negligência ou imprudência, violar direito e causa dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. O caso é que o veículo da empresa Ré, segundo pode se extrair da perícia, invadiu a pista do autor sem qualquer resquício de prudência (vide anexo). Infringindo desta forma os artigos 26, inciso I, 28 e 186, inciso I do CTB - que por si só já é uma infração grave - e, segundo pacífica jurisprudência, tal infração gera a obrigação de indenizar pelos danos causados. APELAÇÃO – INDENIZATÓRIA – ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO – FATO DA COISA – LUCROS CESSANTES – CULPA – DEVER DE INDENIZAR – DANOS MORAIS – ACUIDADE DA SENTENÇA. - Responsabilidade do proprietário do bem, em razão do fato da coisa (art.932, do Código Civil) – legitimidade e responsabilidade do corréu pela imprudência do condutor de seu bem, responsável pela invasão da faixa de rolamento em sentido contrário – art. 186, do Código de Transito Brasileiro; - Dever de indenizar evidenciado: culpa confessa da parte que reconhece a perda de controle do veículo – descumprimento do dever de diligência e controle do veículo (artigo 28, do Código de Trânsito Brasileiro); - Manutenção da decisão por seus próprios e bem lançados fundamentos – artigo 252 do regimento Interno do Tribunal de Justiça de São Paulo; RECURSO NÃO PROVIDO. (TJ_SP – APL 00383188220068260506 SP 0038318- 82.2006.8.26.0506, Relator: Maria Lúcia Pizzotti, Data de Julgamento: 03/04/2017, 27ª Câmara Extraordinária de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo). Configurada a ilicitude do ato e dos danos causado por esta, não há que se falar em dubiedade sobre responsabilidade da Ré. 3.2 – DA SOLIEDARIEDADE O artigo 932, em seu inciso III, preceitua: Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele. Razão esta que configura a empresa AVIAÇÃO METEORO LTDA. Como Ré. 3.3 – DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS Estes decorrem do nexo de causalidade entre os fatos e os resultados, exigido pela demanda sobre a responsabilidade civil subjetiva. As provas aqui juntadas através de boletim de ocorrência, fotos dos danos causados no veículo, troca de e-mails com a transportadora e sua seguradora constituem provas carreadas de fé pública. Consubstancia-se em verdade como elemento de prova, o documento que por ata notarial ou declaração de servidor público, expressa os fatos relacionados com a demanda. Assim conclui-se do art. 384 e art. 405 da lei 13.105/2015. Consta na períciaque o veículo de propriedade da empresa Ré invadiu a contramão, comprovando-se a culpa. Em perícia realizada e nos três orçamentos realizados em oficinas diversas, fica evidente e incontroverso o dever de indenização pelos danos materiais causados ao veículo do Autor. 3.4 – DOS DANOS MORAIS Além dos danos materiais causados ao veículo, existem os danos morais físicos, uma vez que o Autor precisou passar por cirurgias nos braços e pernas, sem poder exercer suas atividades laborais. O Autor precisou se afastar por 03 (três) meses devido sua imobilidade. Portanto, não há como o autor arcar com as despesas decorrentes do acidente. 3.5 – DOS LUCROS CESSANTES Como já mencionado nos autos, o Autor ficou sem provimentos durante 03 (três) meses, e quando retornou a trabalhar percebeu que acumulou um prejuízo de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Por este motivo é que se encontra o ensejo de pleitear os lucros que por causa do acidente cessaram, uma vez que o autor deixou de perceber seus proventos. Pela certeza e fundamento já explanados, ressaltando mais uma vez que as provas cabais advêm de oportuna fé pública é que requer à Ré a devida indenização. Quanto a isto, a lei é clara, pois assim disciplina o Código Civil em seu artigo 949: “Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. ” APELAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. CHOQUE ENTRE MOTOCICLETA E VEÍCULO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS (LUCROS CESSANTES E DANOS EMERGENTES) E DANOS MORAIS. RÉU REVEL. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DO AUTOR. DANOS MORAIS. QUANTUM INDENIZATÓRIO. AUTOR VÍTIMA DE ACIDENTE DE TRÂNSITO CAUSADO POR CULPA EXCLUSIVA DO RÉU, QUE CRUZOU VIA PREFERENCIAL SEM A DEVIDA CAUTELA. FRATURA NA PERNA. AFASTAMENTO DAS ATIVIDADES LABORAIS POR APROXIMADAMENTE SEIS MESES. INDENIZAÇÃO QUE DEVE SER COMPATÍVEL COM A EXTENSÃO DOS DANOS CAUSADOS. OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE, ALÉM DO CARÁTER INIBITÓRIO E PEDAGÓGICO DA REPRIMENDA. MAJORAÇÃO QUE SE IMPÕE. DANOS MATERIAIS. LUCROS CESSANTES. INCAPACIDADE TEMPORÁRIA COMPROVADA. RECEBIMENTO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO (AUXÍLIO-DOENÇA). POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. VERBAS DE NATUREZA DISTINTAS. PRECEDENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. EXEGESE DO ARTIGO 949 DO CÓDIGO CIVIL. SENTENÇA REFORMADA. REDISTRIBUIÇÃO DOS ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA, NA FORMA DO ARTIGO 86, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 0007106-58.2014.8.24.0008, de Blumenau, rel. Des. Rubens Schulz, j. 24-08-2017). Para comprovar o prejuízo sofrido pelo Autor, juntamos em anexo os balanços mensais de sua empresa. 6 – DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: a) A condenação da Ré na restituição dos prejuízos sofridos pelo Autor na exta quantia de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), devendo ser corrigido monetariamente e acrescido de juros legais desde a data do acidente até a data do efetivo pagamento; b) O deferimento da benesse da justiça gratuita, uma vez que se encontram presentes os requisitos legais; c) A citação da Ré no endereço de seu domicílio, bem como em seu endereço eletrônico, ambos mencionados acima, no prazo legal, sob pena de revelia; d) Finalmente, a condenação da Ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes de acordo com o disposto no artigo 85, §2º do Código de Processo Civil. 7 – DO VALOR DA CAUSA Dá-se à causa, o valor de R$ 70.000,00,00 (setenta mil reais). 8 – DAS PROVAS O Autor requer a produção de todos os tipos de provas, em especial depoimento pessoal, oitiva de testemunhas e juntada de documentos. 9 – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO Haja vista as diversas tentativas de conciliação com a empresa Ré, bem como com sua seguradora, conforme comprovam os e-mails anexos, o Autor não tem interesse na realização de Audiência de Conciliação. Nestes termos, Pede deferimento São Paulo, 23 de março de 2018.
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