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ÚTEIS, ALUMÍNIO E TÓXICOS 2006

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 
Faculdade de Ciências Agronômicas 
DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS 
ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO 
 
 
COBALTO, SILÍCIO, SÓDIO E ALUMÍNIO 
 
Hélio Grassi Filho 
 
 1. COBALTO 
 Dentro de pouco tempo deverá ser considerado essencial para algumas culturas, 
principalmente às que dependem da fixação simbiótica do N2(leguminosa). 
 
 1.1. COBALTO NO SOLO 
 Teor no solo:- Total - 1 a 40ppm 
 - Disponível - 0,1ppm - Extração com ácido acético 2,5% 
 Condições de Carência 
- solos alcalinos e calcários; 
- altos teores de Ferro e Manganês; 
- calagem excessiva; 
- falta de umidade; 
 
 1.2. COBALTO NA PLANTA 
 
 O Co é absorvido como Co+2, sendo transportado na corrente transpiratória, o que causa sua 
acumulação nas margens e pontas das folhas. Quando absorvido via foliar é praticamente imóvel, 
embora, como acontece com o Cu, Fe, Mn e Zn, tende a formar quelatos com ácidos orgânicos 
como o ácido cítrico. 
 
 1.2.1. ABSORÇÃO 
 Forma: Co2+ , Co-Quelato; 
 Contato íon-raiz: Fluxo de massa; 
 Mecanismo: ativo; 
 
 1.2.2. TRANSPORTE E REDISTRIBUIÇÀO 
 O transporte que ocorre no xilema nas formas Co2+ e Co-citrato, acumulando nas folhas 
durante todo o ciclo da planta, ou seja, o teor de Co aumenta na folha, com a idade da mesma, já a 
redistribuição não ocorre, ou ocorre em pequenas proporções e na forma quelatizada. 
 
 1.3. FUNÇÕES DO COBALTO 
 
(1) Essencial para a fixação de nitrogênio por bactérias, cianobactérias e sistemas simbióticos; 
 Na fixação por Rhizobium, o Co faz parte da constituição da vitamina B12 necessária para a 
biossíntese da leghemoglobina: é quelatizado a 4 átomos de N ocupando o centro de uma estrutura 
porfírica. O complexo de metaloporfirina está associado a um nucleotídeo para dar a coenzima B12 
(cobamida). Tem sido verificado em solos de Minas Gerais que o tratamento das sementes de feijão 
com uma solução diluída de cloreto de cobalto (algumas g/ha) aumenta às vezes a produção em 0,5 
t ha-1. 
 
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Tabela 1 Efeito do Co na composição e no crescimento do nódulo em Lupinus angustifolius 
crescendo em solos deficientes em Co e com inoculação de Rhizobium lupini(a). (Diworth 
et al., 1979) 
 
Tratamento Peso de Nódulo Conteúdo Co No 
bacterióides 
Cobalamina Leghemoglobi
na 
Com Cobalto Fresco (g planta-1) (ng g-1 nódulo) (109 g-1 
nodulos) 
(ng g-1 nódulo) (mg g-1 
nódulo) 
- Co 0,1 45 15 5,9 0,71 
+ Co 0,6 100 27 28,3 1,91 
 
Tabela 2: Efeito do cobalto em amendoim 
 
Tratamento com No de nódulos Total de N na Produção 
Cobalto por planta maturidade (kg ha-1) 
 (% peso seco) 
Controle (-Co) 91 2.38 1232 
Tratamento de Semente 150 2.62 1687 
Aplicação Foliar (2x) 123 3.14 1752 
Tratamento de Semente + 
Aplicação Foliar (2x) 
166 3.38 1844 
 
 
- grupo prostético ligado à vitamina B12; 
- Constituinte Isomerase de Metil Malonil - CoA; Mutase de Glutamato; Desidratase de Glicerol; 
Desidratase de Diol; Desaminase de Etanolamina; Mutase de β-lisina; 
Processos: Fixação Biológica de Nitrogênio; Regulação Hormonal (abscisão e senescência); 
 
 1.4. TEOR ADEQUADO 
 A maior proporção encontra-se nas raízes vindo após as folhas, sendo que os caules são 
menos ricos 
 Teor na planta: 0,02 a 0,5ppm 
 Plantas Tolerantes ao Cobalto: indicativas para o Co no solo 
 Nyssa sylvatica (1000ppm) (USA) 
 Crotalaria cobaltica (500 a 800ppm) (Zaire) 
 
 1.5.TOXIDEZ DE COBALTO 
- diminui a absorção de Fe e Mn, e os sintomas lembram os de carência desses elementos; 
 
 
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2. SILÍCIO NA PLANTA 
 
Hélio Grassi Filho 
 
 O silício é o segundo elemento mais abundante na litosfera, vindo após o oxigênio. Está 
intimamente ligado ao sistema de proteção de plantas contra a entrada de patôgenos. 
 
 2.1. SILÍCIO NO SOLO 
 Nas regiões tropicais, com um bom regime pluviométrico, o teor de SiO2 é menor que os de 
sesquióxidos de Fe (Fe2O3) e Al (Al2O3). 
 Na solução do solo apresenta-se na forma de H4SiO4, solúvel em água quando o pH é menor 
que 9,0. 
 
 2.2. SILÍCIO NA PLANTA 
 
 É absorvido como ácido monosilícico, H4SiO4, não dissociado, o processo sendo, ao que 
parece, ativo, visto ser sensível à temperatura e aos inibidores metabólicos; na seiva bruta do arroz o 
teor é centenas de vezes mais alto que a concentração do meio, e a forma é a do ácido monosilícico. 
 A maior proporção na planta, entretanto, é a da sílica amorfa hidratada, SiO2.nH2O. Em 
espécies do cerrado, particularmente gramíneas, é comum o aparecimento de corpos silicosos 
insolúveis. 
 
 2.2.1. ABSORÇÃO 
 Forma: H4SiO4; 
 Contato íon-raiz: Fluxo de massa; 
 Mecanismo: passivo ou ativo, depende da espécie; 
 Passivo: Trigo e Soja; Ativo Arroz e Aveia; 
- a concentração de H4SiO4 na planta é cerca de 100 vezes maior que na solução do solo; 
 
 2.2.2. TRANSPORTE E REDISTRIBUIÇÃO 
 O transporte via xilema ocorre na forma H4SiO4, e a redistribuição ocorre também na forma 
H4SiO4, porém é tido como pouco móvel; concentra-se na maioria das plantas, no sistema radicular; 
no arroz 90% do Si encontra-se nas folhas, onde é acumulado; Raiz>Caule>Folhas; 
 Depois de solidificado torna-se imóvel na planta: nas células epidérmicas do arroz, abaixo 
da cutícula, aparece uma camada de sílica a qual deve ajudar a limitar a perda de água por 
transpiração e dificultar a penetração de hifas de fungos; nas dicotiledôneas essa camada não 
aparece. 
 
 
 2.3. FUNÇÕES DO SILÍCIO 
 
(1) Elimina ou diminui a toxidez de Mn; 
 na presença de Si, diminui a absorção de Fe e Mn pelas plantas; no caso do arroz, por 
exemplo, a elevação no teor de Si na Matéria Seca de 1-35 g kg-1 é acompanhada de acentuada 
diminuição no teor de Fe e na toxidez por este provocada; a absorção de Fe pelo arroz é 
inversamente proporcional ao poder oxidante das raízes; é possível que o Si aumente a rigidez dos 
vasos que conduzem O2 da parte aérea para as raízes; o excesso de Mn se concentra em manchas 
 
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necróticas pardas, sendo distribuído mais uniformemente na folha em presença de Si o qual, além 
de diminuir a absorção do primeiro, protege a planta da atividade das peroxidases por ele ativadas; 
 
Tabela 1 Efeito do suprimento de silício (50mg SiO2 dm-3) no peso de matéria seca da parte aérea e 
no conteúdo de Mn nas raízes e parte aérea e na razão de transpiração do arroz (Oryza 
sativa L.) (Horiguchi (1988) 
 
Nível de PMS Parte aérea Conteúdo de Mn (mg Mn g-1 de MS) Razão Transp 
Mn (g planta -1) Raízes Parte Aérea mg H2O g-1 MS 
dia-1 
(mg dm-3) - Si + Si - Si + Si - Si + Si - Si + Si 
0,32 4,4 4,5 0,03 0,13 0,25 0,21 11,8 10,9 
1,1 4,3 4,7 0,12 0,50 0,66 0,53 11,6 10,7 
3,2 4,2 5,0 0,72 1,60 1,94 1,20 11,7 10,8 
10,0 4,1 5,0 2,12 2,89 4,36 1,97 11,7 10,7 
 
 
Efeito do Mn no peso de matéria seca de plantas de 
feijoeiro na preseça e na ausência de silício
0
5
10
15
20
25
0,1 0,5 5 10
Mn (uM)
Pe
so
 d
e 
m
at
ér
ia
 s
ec
a 
(g
 p
la
nt
a-
1)
Silício (+) Silício (-)
 
 
Figura 1 Efeito do manganês no peso de matéria seca de plantas de feijoeiro na presença e na 
ausência de silício (1,55 mg SiO2 dm-3) (Horst & Marschner, 1978) 
 
(2) Absorção de P 
 Na verdade o que ocorre é aumento na disponibilidade do fósforo no solo, seja por que o 
silicato o desloca de sítios de adsorção (ou ocupa-os preferêncialmente) na argila e nos 
sesquióxidos, ou por que diminui a atividade dos íons Al+3em solução, evitando que estes 
precipitem o H2PO4-1; 
 
(3) Maior resistência à entrada de patógenos, devido à deposição do silício em placas na camada de 
cutícula; 
 
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Tabela 2 Efeito de Silício no crescimento e granação de arroz em terras baixas.(Okuda & 
Takahashi, 1965) 
 
Presença 
de 
Silício 
Altura de 
plantas 
(cm) 
N° de 
panículas por 
vaso/ 
N° de 
espiguetas por 
panículas 
% de grãos 
cheios 
Peso de 
grãos 
maduros 
(g) 
- Si 85,0 9,5 49,3 55,0 5,25 
+ Si 94,5 11,6 63,2 76,0 10,83 
 
- arroz deficiente em Si apresenta uma velocidade de transpiração 30% maior que as plantas com 
suprimento normal; 
- aumento de produção de cana-de-açúcar e produção de açúcar 
 
Tabela 3 Efeito da aplicação de 20t/ha de silcato na produção de cana-de-açúcar e na de açúcar por 
hectare, em dois locais da região dos Everglaides (Flórida) 
 
 Produção de cana Produção de açúcar
Local Corte Sem Si Com Si Sem Si Com Si 
 (t/ha) 
 1o 100,1 129,0 13,4 15,7 
A 2o 109,6 126,6 12,9 14,6 
 3o 83,1 100,5 10,6 13,4 
 1o 94,6 123,0 11,6 15,3 
B 2o 89,0 118,5 10,5 14,4 
 3o 51,9 72,0 5,8 8,7 
 Anderson et al. (1987) 
 
Tabela 4 Conteúdo de silício medido e calculado de brotações de plantas crescidas em solução 
nutritiva com diferentes concentrações de Si (Vorm, 1980) 
 
Espécies de Concentração Coeficiente Conteúdo de SiO2 Razão 
plantas de Si na SN Transpiração (mg kg-1 PMS) Medido/ 
 (mg SiO2 dm-3) (L H2O kg-1 
PMS) 
Medido Calculado Calculado 
 
 0,75 286 10,9 0,2 54,5 
Arroz 30 248 94,5 7,4 12,7 
 162 248 124,0 40,2 3,1 
 
 0,75 295 1,2 0,22 5,5 
Trigo 30 295 18,4 8,9 2,1 
 162 267 41,0 43,3 0,9 
 
 0,75 197 0,2 0,15 1,3 
Soja 30 197 1,7 5,9 0,3 
 162 197 4,0 31,9 0,1 
 
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Plantas Acumuladoras de Si: 
gramíneas de solo encharcado - arroz, Equisetum arvense(rabo de cavalo) e Pináceae - 10 a 15% 
SiO2; 
cereais de solo seco - cana-de-açúcar e algumas dicotiledôneas - 1 a 3% SiO2; 
 
Plantas Não Acumuladoras: a maioria das dicoltiledôneas e tomateiro - <0,5% SiO2; 
 
Sintomas de deficiência 
- Arroz - necrose em folhas velhas, acompanhada de alta transpiração 
- Tomate - folhas novas mal formadas e má formação dos frutos; 
 
 
 
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3.SÓDIO NA PLANTA 
 
Hélio Grassi Filho 
 
 Em 1860 acreditava-se que o Na fosse essencial, tendo sido demonstrado sua essencialidade 
para a Atriplex vesicaria, da família Chenopodiaceae. Na ausência as folhas ficam cloróticas e 
depois mostram manchas necróticas nas pontas e ao longo das margens, o crescimento cessa e as 
plantas morrem. As plantas com sintomas severos de deficiência se recuperam uma semana depois 
de receber sódio na solução nutritiva. 
 
 3.1. SÓDIO NO SOLO 
- Minerais secundários: montmorilonita e ilita; 
- em regiões áridas e semi-áridas poderá contribuir com 25% ou mais do total da CTC; 
- Existe uma grande variação na tolerância à salinidade (NaCl); 
 
 3.2. SÓDIO NA PLANTA 
 
 O Na é absorvido ativamente como Na+1 e as plantas, de modo geral, favorecem a absorção 
do K+1, especialmente quando em presença de baixas concentrações deste. 
 
 3.2.1.ABSORÇÃO: segue a absorção do K+; 
 Forma: Na+; 
 Contato íon-raiz: Difusão e Fluxo de massa; 
 Mecanismo: Ativo; 
 
 3.2.2. TRANSPORTE E REDISTRIBUIÇÃO 
 Tanto no xilema como no floema caminha na forma Na+, com grande mobilidade, sendo que 
a distribuição do Na na planta segue a ordem RAIZ > CAULE > FOLHAS. 
 
 3.3. FUNÇÕES DO SÓDIO 
- plantas C4 respondem à adição de Na, como é o caso da cana-de-açúcar; 
- pode substituir parcialmente o K+, principalmente no processo osmótico; 
- controle hormonal (citoquininas) em plantas C4;
 
 3.3.1. Substituição de Potássio por Sódio em Plantas 
 As plantas podem ser classificadas segundo a resposta de crescimento adicional à presença 
do Na+; 
 
Grupo A: maioria das Chenopodiaceas, beterraba açúcareira, de mesa, forrageira e nabo e 
gramíneas C4 (capim de Rhodes); 
Grupo B: Repolho, Coqueiro, Algodoeiro, Couve, Tremoceiro, Seringueira, Espinafre, Linho, 
Rabanete, Ervilha; 
Grupo C: Milheto, Arroz, Aveia, Cevada, Tomateiro, Batata; 
Grupo D: Trigo Sarraceno, Milho, Centeio, Soja, Feijão, Alface 
 
 
 
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Classificação de acordo com a capacidade de substituição de 
K por Na.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
A B C D
Grupo de Plantas
P
ro
du
çã
o 
R
el
at
iv
a 
a 
K
 e
 N
a
K insubstituível Na Facultativo Crescimento Na
 
 
Figura 1: Esquema (tentativo) de classificaçào das culturas de acordo com a capacidade de 
substituição do K pelo Na e efeito independente do Na na produção. 
 
Grupo A: maioria das Chenopodiaceas, beterraba açúcareira, de mesa, forrageira e nabo e 
gramíneas C4 (capim de Rhodes); 
Grupo B: Repolho, Coqueiro, Algodoeiro, Couve, Tremoceiro, Seringueira, Espinafre, Linho, 
Rabanete, Ervilha; 
Grupo C: Milheto, Arroz, Aveia, Cevada, Tomateiro, Batata; 
Grupo D: Trigo Sarraceno, Milho, Centeio, Soja, Feijão, Alface;
 
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2. ALUMÍNIO EM PLANTAS 
 
Hélio Grassi Filho 
 
 
 É um dos mais importantes constituintes do solo, sendo o principal responsável pela acidez 
dos solos tropicais. 
 Em geral o conteúdo de Al é muito maior nas raízes do que em outras partes das plantas, 
onde é fixada nos espaços livres. 
 
 2.1. ALUMÍNIO NO SOLO 
 Pode ser encontrado ligado aos minerais de argila, complexado em compostos solúveis da 
matéria orgânica(ac. húmicos e fúlvicos) ou encontrado na solução do solo nas formas: 
 
Espécies iônicas: Al3+; Al(OH)2+; Al(OH)2+ ; [Al(OH)3]?; AlSO4+; AlF2+; AlCl3; Al-Org; 
 
 Também o Al é o responsável por insolubilizar o P (fixação, sendo o principal prejuízo ao 
solo e à planta). 
 
 2.2. ALUMÍNIO NA PLANTA 
 
 Não há evidências de que o Al possa a ser um elemento essencial às plantas, entretanto, 
existem muitos relatos de que o Al em baixas concentrações promovem um incremento no 
desenvolvimento de beterraba açúcareira, milho e alguns leguminosas tropicais. A concentração de 
estímulo ao crescimento pode variar de 70 a 185 μM. Plantas superiores normalmente contém 
50 a 100 mg kg-1 na sua matéria seca, mas a cultura do CHÁ, os níveis de Al podem variar de 2.000 
a 5.000 mg kg-1, sendo necessário para o seu crescimento. 
 
 
 2.2.1. ABSORÇÃO 
 Forma: Al3+ é a forma tóxica absorvida pela planta, podendo também absorver nas outras 
espécies iônicas presentes na solução do solo, mas estas outras formas causam poucos ou nenhum 
dano às plantas. 
 Contato íon-raiz: fluxo de massa; 
 Mecanismo: passivo; 
 
Como pode ocorrer a entrada de Al na planta? 
- o Al3+ poderia passar pela membrana através dos fosfolipídeos, podendo já formar compostos 
insolúveis, ou entrar nas formas de quelato ou ligado a cloreto, que são tidas como formas neutras. 
- no apoplasto pode haver precipitação do Al na forma de fosfatos de alumínio ou outros 
compostos, sendo este um dos mecanismos de proteção a que a planta lança mão para proteger-se 
do Al; 
 
 
 
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ÁREA DECIÊNCIA DO SOLO 
 
 
 2.3. TOXIDEZ DE ALUMÍNIO 
 Os efeitos fitotóxicos são observados principalmente nas raízes das plantas, sendo o local de 
maior acúmulo, servindo como um filtro que impede a subida do Al até a parte aérea da planta. O 
Al presente na parte aérea da planta é o Al na forma neutra. 
 2.3.1. INJÚRIAS CAUSADAS PELA PRESENÇA DO ALUMÍNIO 
 
 Podemos dividir o efeito fitotóxico em três injúrias causadas: 
a) Injúrias Primárias Diretas: 
- o alumínio causando efeito negativo na integridade e na função da membrana plasmática; 
- pode ser encontrado ligado às proteínas ou aos fosfolipídeos nas mesmas 
- efluxo de íons (K+); 
- afeta carregadores da membrana através da inibição pelo Al às atividades das enzimas 
Mg2+_ATPase, K+_ATPase e Ca2+_ATPase; 
 
b)Injúrias Primárias Indiretas: 
- causa desbalanço iônico interno à célula, afetando o funcionamento das organelas e do citoplasma; 
- inibição da divisão celular - inibição do crescimento; 
- desarranjo metabólico - alterando fotossíntese, respiração e atividades enzimáticas; 
 
c) Injúrias Secundárias: 
- antagonismo com os nutrientes P, K, Ca e Mg, gerando deficiências de nutrientes; 
 
 2.3.2. SINTOMAS DE TOXIDEZ DE ALUMÍNIO 
- raízes curtas, grossas e pardas; 
- parte aérea - diminuição do crescimento; 
- ocorrência de células binucleadas nas pontas das raízes; 
- interferência na produção de DNA e ATP; 
- redução da absorção e do transporte de P, K, Ca e Mg; 
 
 2.3.3. TOLERÂNCIA AO ALUMÍNIO 
Classificação de algumas plantas tolerantes e sensíveis ao alumínio: 
TOLERANTES: aveia, batata, azaléia, algodão, e milho; 
SENSÍVEIS: alfafa, beterraba e aspargos; 
 2.4. CONTROLE 
 Através da elevação da saturação por bases do solo a 70% pela calagem, teremos o controle 
da toxidez de Al em plantas. 
 
 
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4 - ELEMENTOS TÓXICOS 
HÉLIO GRASSI FILHO 
 Qualquer elemento, mesmo os essenciais e úteis podem ser tóxicos às plantas, quando em 
concentrações excessivas. 
 A contaminação com um elemento tóxico pode ser feita de várias maneiras: aerossóis, 
pesticidas, calagens, adubos químicos minerais e orgânicos, resíduos de agroindústria, resíduos 
industriais e outros. 
 Para melhor compreender o que vem a ser elemento tóxico, vamos definir o que vem a ser 
elemento traço: 
 
1. ELEMENTO TRAÇO: refere-se a aqueles que ocorrem em níveis bastante baixos, de poucas 
parte por milhão, em um sistema. São considerados sinônimos: microelementos ou micronutrientes 
e metais pesados. 
 
2. MICRONUTRIENTES: metal com caráter inequívoco dentro da nutrição mineral de plantas - 
Co, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn, são essenciais ao desenvolvimento das plantas, embora exigidos em 
pequenas quantidades. 
 
3. METAIS PESADOS: refere-se aos elementos que tem densidade maior que 5,0, sendo que os 
metais considerados micronutrientes são classificados como metais pesados, aos quais se somam 
Cd, Ni, Pb, Ti, Sn, Hg e outros(elementos de transição da tabela periódica). 
 
1. POSSÍVEIS MECANISMOS DE TOXIDEZ DEVIDO A METAIS 
- Deslocamento de um metal essencial por outro não essencial; 
[Cd deslocando Zn e Cu de sítios ativos de enzimas] 
- Complexação do metal por um grupo funcional de uma biomolécula, bloqueando efetivamente o 
grupo para posterior reação; [Cd/Zn] 
- A interação com o metal, modifica-se a conformação de uma biomolécula crítica para uma função 
bioquímica importante; [Pb x Zn; Cd x Zn] 
- Metais traços formam complexos de alta estabilidade com ligantes orgânicos e inorgânicos; 
 
2. PROCESSOS QUE LIMITAM A TRANSMISSÃO DE METAIS DE METAIS TRAÇOS PARA 
A CADEIA ALIMENTAR. 
- A insolubilidade no solo previne o transporte; 
- A imobilidade do elemento na raiz previne transporte para partes comestíveis; 
- A fitotoxidade ao metal ocorre em concentrações menores que para os animais; 
 
3. FATORES DE SOLO QUE REGULAM A TOXICIDADE DE METAIS TRAÇOS 
- pH ? a elevação do pH através da calagem promove a precipitação dos metais na forma de 
Me(OH); 
- CTC ? metais traços tem alta força de ligação aos sítios de troca, tendo alta seletividade por um 
sítio de troca; (103 a 106 vezes maior que íons como Ca2+ e Mg2+); 
- M.O. ? ligações, complexações e quelatização de metais com a matéria orgânica solúvel; (ácidos 
húmicos, ácidos fúlvicos e humina); 
 
4. FONTES DE METAIS PESADOS 
 
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- Fertilizantes Fosfatados; - Resíduos Industriais; - Resíduos Urbanos ? 
lixo e esgoto 
 
Resultado de análise de alguns adubos 
Fertilizantes Metais pesados - ppm 
 Zn Cu Cr Ni Pb Cd 
DAP 715 3 485 64 4 50 
SS 165 15 87 - o - 488 - o - 
ST 418 49 392 - o - 238 - o - 
KCl 10 3 - o - - o - 117 - o - 
Composição média e limites de variação de alguns metais pesados para o lodo, esterco de curral e 
composição de lixo. 
Elemento Lodo de esgoto Esterco de Composto 
 Média Limites Curral de lixo 
 ppm 
Hg 2 0 - 5 - o - 0,7 
Co 10 0 - 100 - o - - o - 
Cd 20 0 - 300 - o - 0,4 
Ni 150 10 - 1.300 - o - 58 
Cu 250 1 - 3.000 200 163 
Cr 500 10 - 50.000 - o - 105 
Pb 700 50 - 50.000 - o - 115 
Mn 500 50 - 2.500 400 1 
Zn 3.000 500 - 20.000 800 262 
Fe 16.000 2.000 - 42.000 2.500 18.600 
 FONTE: COTTENIE(1981) e BERTON(1991) 
 
Quantidade total de metais pesados permitida em áreas agrícolas (EUA) 
METAIS CTC DO SOLO (emg/100cm3) 
 0 - 5 5 - 15 > 15 
 kg/ha 
Pb 600 1.200 2.400 
Zn 300 600 1.200 
Cu 150 300 600 
Ni 150 300 600 
Cd 6 12 24 
Fonte: GLÓRIA, N.A. (1992) USO AGRONÔMICO DE RESÍDUOS 
 
 
5. CARACTERÍSTICAS DOS ELEMENTOS TÓXICOS 
 
5.1. IODO(I-) 
Teor na folha - 0,1ppm estimula o crescimento; 
 - 0,0 a 0,5ppm teor normal; 
 - 0,5 a 1,0ppm ? toxidez; 
A cultura do alface tolera o teor de 160ppm nas folhas, sem o aparecimento de sintoma de toxidez. 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 
Faculdade de Ciências Agronômicas 
DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS 
ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO 
 
 
Sintomas: - as folhas mais velhas amarelecem; 
 - as folhas mais novas permanecem verdes, 
 porém curvadas e com necrose marginal; 
Correção:- adição de cloreto (inibição competitiva); 
 
5.2. BROMO(Br-) 
Em geral é menos tóxico que o Iodo, sendo absorvido na forma Br-; 
Toxidez - ocorre através da aplicação de brometo de metila; 
Sintomas - clorose e depois necrose das pontas e margens das folhas; 
 - redução do poder germinativo; 
Teores nas folhas: 0 a 260-300ppm 
Plantas sensíveis: cebola, cravo, crisântemo, batata, espinafre, beterraba; 
Plantas tolerantes: cenoura, fumo, tomateiro (até 2.000ppm) 
 
5.3. FLUOR(F-) 
Flúor no solo: 100 a 300ppm ? rede cristalina, silicatos e fosfatos; 
Toxidez: ocorre próximo à industria que lançam HF e ácido hidrofluorídrico na atmosfera; 
Pouco F- é absorvido pelas raízes, que em igualdade de concentração absorvem 100 vezes mais 
cloreto que fluoreto; 
Teor normal: 2 a 20ppm(chá=400ppm); 
 
5.4. CÁDMIO(Cd2+) 
Ocorrência Natural: contaminante de minérios de Zn e Pb, Sphalerite, Wurzite e Galena; 
Fontes: resíduos de mineração, galvanoplastia, indústria de pilhas, adubos fosfatados, lodo de 
esgoto e pneus; 
Solo: pouco móvel, sua disponibilidade para as plantas é dependente de pH e da concentração no 
solo. A disponibilidade de Cd decresce com a elevação do pH; 
Planta: existem diferenças entre as plantas na absorção do cádmio, sendo o fumo a cultura que mais 
absorve este metal; 
- o sistema radicular apresentará de 50 a 90% do Cd2+ absorvido, ficando a parte aérea com 10 a 
50%, dependendo da espécie; 
- o Cd2+ combina-se com os grupos SH- das enzimas e proteínas; 
- teor médio nas plantas = 0,1 a 1,0ppm; 
 
 Acumulação de Cd2+ na parte aéreade várias culturas. 
Cultura Cádmio aplicado (kg/ha) 
 0 11,2 
Alface 0,86 3,56 
Brócolos 0,27 0,89 
Tomate 0,52 1,04 
Batata 0,11 0,10 
Milho 0,10 1,83 
Feijão 0,07 0,21 
Cenoura 0,71 1,25 
 Fonte: PAGE(1981) 
 
 
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 Homem: ingestão leva a acúmulo de Cd2+ nos rins, causando hipertensão. Acúmulos 
excessivos de Cd2+(mal de ITAÍ-ITAÍ/Japão), leva a desintegração dos ossos em pessoas com 
deficiência de Ca e Vitamina D; 
- Quantidade máxima ingerida semanalmente(OMS)-400 a 500μg Cd 
- Quantidade ingerida através dos alimentos 200 a 250μg Cd; 
- meia vida biológica - 20 anos; 
 
5.5. CHUMBO(Pb2+) 
Ocorrência Natural: Mineral Galena - PbS; 
Fonte: Industrias de baterias, encanamentos, carvão, aditivos de gasolina, pigmentos de tintas e 
corantes; 
Solo:- é fortemente retido no solo, apresentando baixíssima disponibilidade para as plantas; 
- o teor no solo pode variar de 2 a 200ppm; 
- a disponibilidade é reduzida através de calagem e adubação fosfatada; 
Planta: Teor normal 2 a 3ppm 
 Tóxico > 50ppm 
- não é translocado para as sementes - meio de prevenir a toxicidade aos homens e animais; 
Homem: - pode acumular nos ossos e nos rins em formas pouco solúveis; 
 - ingestão alta pode causar encefalite seguida de retardamento mental; 
 
5.6. CROMIO(Cr3+) 
Ocorrência Natural: Mineral Cromita[Mg,Fe][Cr,Al,Fe]2O4; 
Fontes: galvanoplastia, ligas metálicas, esgoto industrial, produtos químicos contendo crômio, 
resíduos urbanos e resíduos de curtume; 
Solo: a forma Cr3+ é insolúvel no solo e a forma Cr6+ é solúvel; 
Planta: em vista da possibilidade do Cr6+ estar presente em materiais orgânicos, presume-se que o 
lodo de esgoto não apresente perigo para a cadeia alimentar; 
Homem: o Cr é essencial ao homem e animais, mas elevadas quantidades estão associadas a 
diminuição do crescimento e danos aos fígado e rins; 
 
5.7. MERCÚRIO(Hg2+) 
Ocorrência Natural: Mineral Cinabar(HgS); 
Fonte: resíduo industrial, resíduo de mineração, carvão, lodo de esgoto e fungicidas; 
Solo: muito pouco móvel no solo, estando fortemente ligado ao colóide; 
- é mais perigoso em ambientes aquáticos, onde assume a forma Metil-Hg; 
Planta: é preso fortemente à raízes das plantas, de forma que sua concentração na parte aérea é bem 
reduzida; 
- cogumelos acumulam Hg e metil-Hg de forma que a aplicação de lodo de esgoto para a produção 
destes “vegetais” é proibitiva; 
Homem: pequenas quantidades de Hg podem causar sintomas neurológicos como tumores, 
vertigens, irritabilidade e depressão podendo também apresentar salivação e diarréia; 
 A ingestão máxima semanal(OMS) não deve ultrapassar 0,005mg/kg de peso vivo. 
 
5.8. NÍQUEL(Ni2+) 
Ocorrência natural: teor na crosta=80ppm; os minerais mais comuns são: laterita, pentlandita e mais 
de 100 outros; 
 
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Fonte: ligas metálicas, indústrias de baterias, resíduos de indústria de óleos vegetais e lodo de 
esgoto; 
Solo: teor no solo < 100ppm; 
- a toxidez é corrigida pela calagem e pela adubação potássica, enquanto que a adubação fosfatada 
aumenta a disponibilidade do Ni(pH > 5,6 ? baixa disponibilidade); 
Planta: forma absorvida Ni2+; 
- aplicações de sais diluídas aumentam a produção de batata e uva; 
- há evidências de que o Ni possa substituir o Fe e que pode prevenir a destruição da clorofila; 
- a concentração de 100 a 2000ppm de Ni na solução aplicada via foliar propiciaram maior 
quantidade de clorofila e aumento de 20 a 40% de massa verde(batata); 
- teor na planta - normal - 0,5 a 5,0ppm; 
 - tóxico - 40ppm; 
- sintoma de toxidez - idêntica à carência de Ferro; 
Segundo MALAVOLTA et al. (1989), o níquel participa como ativador enzimático da Urease 
dentro da célula(Uréia + H2O--> CO2 + 2NH3; participa dos processos : metabolismo do nitrogênio; 
 
5.9. SELÊNIO (SeO42-) 
Ocorrência Natural: componentes de rochas fosfáticas; 
Fonte: adubos e lodo de esgoto; 
Solo: teor médio variando de 0,01 a 0,5ppm; 
Planta: absorção na forma SeO42- ou ligado a compostos orgânicos(HSe- ou Se2-); 
Teores na planta maiores que 5 ppm podem causar doenças denominadas “Alkali Disease”, levando 
a perdas de peso e lesões no fígado(gado) e deformações de embriões(aves); 
Compete com o Enxofre - sítio ativo de absorção e na incorporação aos aminoácidos cistina, 
cisteína e metionina; 
Capacidade em absorver selênio: 
CRUCÍFERAS > GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS > LEGUMINOSAS > CEREAIS; 
Homem: pode causar cárie dental, erupções na pele, artrite e edema subcutâneo; 
- O Se tem efeito inibitório contra vários tipos de câncer;

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