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Aula 4 O Estado

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Aula 4: O Estado
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Distinguir os diversos modelos de absolutismo europeu; �
2. reconhecer a importância da religião para a formação dos estados nacionais; �
3. comparar a estrutura política da Península Ibérica com as da Inglaterra e da França. 
Como vimos na última aula, a economia moderna precisou de um Estado forte e centralizado para se organizar. Ainda que tanto a economia quanto a sociedade guardem resquícios da Idade Média, durante a Idade Moderna, com a consolidação da Burguesia, a fragmentação medieval dá lugar à concentração de poderes nas mãos de um único indivíduo, no caso o rei, que por acumular todas as instâncias políticas, será conhecido como monarca absolutista. Embora seja um termo consagrado, a ideia de absolutismo continua sendo discutida entre os historiadores.
Quando usamos esse termo, muitas dúvidas ainda surgem e também alguns equívocos.  O fato de o governo absolutista ser centralista e não ser limitado pelos outros poderes, como estamos acostumados a ver nas sociedades modernas, faz com que confundamos absolutismo com ditadura. Por que isso acontece? Porque estamos habituados a tentar entender o passado com os olhos do presente. O que devemos ter em mente é que cada período histórico tem suas próprias características e sua própria dinâmica. Portanto, a não existência dos demais poderes não torna o Estado moderno necessariamente ditatorial ou totalitário.
Não caberia, portanto, compararmos um Estado contemporâneo totalitário, como a Alemanha fascista de Hitler, com o Estado absolutista da França moderna. Cada um deles funciona de acordo com seu próprio tempo e com o contexto no qual está inserido.
Relembrando o que já vimos até aqui: com a crise do feudalismo e o renascimento comercial e urbano, a organização política da Idade Média entra em crise e uma nova estrutura de governo começa a se organizar. Isso acontece, entre outras razões, porque o desenvolvimento mercantil torna necessário o estabelecimento de alguns princípios básicos para garantir o fortalecimento do comércio: investimento público, instituição de uma economia monetária e o controle da economia por parte do Estado. 
Politicamente, podemos dizer que a centralização do Estado Moderno foi baseada na aliança entre o rei e a burguesia. A burguesia apoiava o rei e este, em troca, organizava a economia. Entretanto, esse processo não é homogêneo, ou seja, não acontece no mesmo momento e da mesma maneira em todos os países da Europa. Por razões específicas de cada região, cada Estado se centraliza e se organiza de maneira diferente. 
Poder fragmentado medieval
À primeira vista, é comum termos a ideia de que essa transição política deu-se sem maiores dificuldades. Mas não foi assim. A passagem do poder fragmentado medieval para o poder centralizado moderno foi alvo de grandes disputas, seja entre reinos ou entre classes. A burguesia contrapôs-se à aristocracia para garantir o desenvolvimento comercial, reinos cristãos entraram em choque com reinos muçulmanos para centralizar seu território, e assim por diante. No processo de formação do Estado Moderno, a Península Ibérica, por razões que discutiremos adiante, saiu na frente. 
Poder centralizado moderno
Por essa razão, Portugal e Espanha foram os primeiros países a se lançarem ao Atlântico, iniciando assim a expansão marítima. Esse pioneirismo é uma das razões porque a maioria dos territórios do continente americano foi colonizado pelos ibéricos. Um equívoco comum é desconsiderarmos o longo processo de centralização: parece que bastou o feudalismo entrar em crise e o comércio se desenvolver e pronto, estava feito o absolutismo. Mas não foi assim. A centralização percorreu um longo caminho e só ocorreu depois de vários séculos.
Vejamos o caso de Portugal: sua centralização nos remete ao século XI, quando é fundado o Condado Portucalense. A fundação desse condado está ligada às guerras de Reconquista. Vamos ver isso melhor.
Durante séculos, a Península Ibérica, que estava dividida em reinos, recebeu uma enorme quantidade de muçulmanos, que imigravam de diversos lugares. Esses muçulmanos estabeleceram suas próprias cidades e, no caso da Península Ibérica, também um reino muçulmano, Granada. 
Assim, ao longo dos séculos, os muçulmanos envolveram-se em conflitos com os católicos, que queriam expulsar os chamados “mouros” do território ibérico. 
Essas guerras são chamadas de guerras de Reconquista justamente por marcar a reconquista do território pelos católicos. 
Ficou claro?
Portugal e Espanha só puderam realmente se unificar após a expulsão dos povos não católicos, como muçulmanos e judeus. Isso demonstra que a centralização não foi apenas um processo político, mas também social. 
Pelo mapa, podemos ver os avanços do cristianismo. Em verde, temos as regiões ocupadas pelos mouros. Progressivamente, à medida que os cristãos dominam essas regiões, os mouros vão sendo expulsos, até a retomada completa do território, em um processo que vai do século VIII até o século XV. 
Mas por que a expulsão dos muçulmanos foi importante para o processo de unificação dos reinos?
Lembre-se do conceito de identidade, que discutimos em nossa primeira aula. Durante a Idade Média, não havia uma identidade nacional. O que havia era o compartilhamento de uma mesma crença, a fé católica. Dessa forma, podemos dizer que os reinos ibéricos foram unificados tendo como base o catolicismo.
À medida que os portugueses conquistam novas regiões, o rei emite as Cartas de Foral, documentos que regulamentam a posse e a administração da terra. Os forais são documentos importantíssimos para a história de Portugal, pois foram a base da administração portuguesa entre os séculos XII e XVI.
Assim, já no século XIII, Portugal consegue fixar as fronteiras de seu território. Com uma base territorial sólida, o governo português pode se unificar politicamente e tornar-se um dos pioneiros no processo de expansão marítima. 
Entretanto, não podemos falar de um absolutismo português. No século XVI, quando o império português alcança seu apogeu, o rei Dom Sebastião morre em batalha, sem deixar herdeiros, extinguindo a dinastia de Avis. O trono é reivindicado por vários nobres, mas acaba sob o domínio da Espanha. Portanto, entre 1580 e 1640 Portugal e Espanha são unificados, num período conhecido como União Ibérica. 
O que o caso português nos mostra é que unificação territorial não significa necessariamente absolutismo. É preciso tomar cuidado ao considerarmos esses termos como sinônimos.  Mesmo com relação à Espanha, é controverso falarmos sobre a existência de um absolutismo espanhol. Se compararmos a estrutura de poder espanhola com a francesa, considerada absolutista por excelência, veremos que elas apresentam muitas diferenças.
Autores como Perry Anderson defendem a existência de um regime absolutista espanhol, reconhecendo, entretanto, suas limitações. De modo geral, podemos dizer que, se há um período absolutista espanhol, ele não se desenvolveu plenamente como na França e na Inglaterra. 
A unificação espanhola é firmada em 1469, através do casamento de Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Aragão e Castela eram os reinos mais prósperos, com uma economia sólida e, em torno deles, tem inicio o processo de centralização de poder que daria origem ao absolutismo espanhol. Em 1492, os católicos tomam Granada, o último reino mouro na Península Ibérica. 
Não por acaso, também em 1492 a Espanha financia a expedição de Cristóvão Colombo, que chegaria à América e traria incontáveis riquezas para a coroa. A viagem de Colombo é um exemplo do poder econômico e administrativo do Estado centralizado. Sem ele, ela não teria sido possível. De fato, Colombo reivindicara o financiamento à coroa anos antes, tendo sido sistematicamente negado. Apenas com o final do processo de expulsão muçulmana a Espanha pôde concentrar seus esforços na expansão marítima. 
Durante o século XVI, a Espanha foio mais poderoso império da Europa, 
conhecendo uma expansão territorial e uma prosperidade econômicas 
inigualáveis. Mas a estrutura interna do império espanhol era ainda frágil, 
e sua base fortemente católica constituiu um entrave ao desenvolvimento 
do sistema absolutista. Em uma época de relações internacionais 
instáveis, cabia à Igreja Católica o papel de intermediador nas questões 
que envolvessem os diversos países e reinos.
Nesse contexto, a Igreja tem um papel político fortíssimo e é quem 
intermedeia a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494, dividindo 
entre Portugal e Espanha as terras descobertas e a se descobrir. A ligação 
entre a Igreja e o Estado espanhol era tão sólida que Isabel e Fernando 
receberam o título de reis católicos, e em nenhum país católico a 
Inquisição fez tantas vítimas como na Espanha. 
Se no século XVI a Espanha era o maior império da Europa, o auge do Estado espanhol foi breve. Seu apogeu ocorre durante a administração da dinastia Habsburgo, mas os reinos espanhóis unificados pelos reis católicos eram instáveis. As divergências internas e o conflito de interesses regional não permitem que o absolutismo floresça plenamente. 
A corrupção, os gastos desmedidos e o endividamento externo fazem com que a Espanha entre em ciclos de crise econômica. Nem mesmo as quantidades exorbitantes de prata das Minas de Potosi devolvem a saúde ao tesouro espanhol e a riqueza vinda das colônias americanas escorrem por entre os dedos dos espanhóis. A vantagem obtida com a unificação precoce dura pouco: após a formação dos Estados francês e inglês, a Espanha perde terreno político na Europa, sendo sobrepujada pelos demais países. Clique no PDF e saiba mais sobre este assunto.
A incapacidade administrativa dos reis ingleses resulta na assinatura da Magna Carta, que concede plenos poderes aos senhores feudais, aumentando a autonomia regional e enfraquecendo o poder central. Nesse contexto, no século XIII o rei Henrique III assinaria os Estatutos de Oxford, criando a mais poderosa das instituições inglesas, que permanece até os dias de hoje: o Parlamento.
Parlamento
No século XIV, o Parlamento foi dividido em duas câmaras: a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns; nessa divisão reside o fundamento do Estado inglês. Ao longo de sua história, o parlamento terá maior ou menor poder político, sendo que, no período absolutista, era submetido à vontade real.
Câmara dos Lordes
A Câmara dos Lordes era composta pelo clero e pela nobreza e seus membros tinham o direito de hereditariedade, ou seja, o cargo passava de pai para filho.
Câmara dos Comuns
Já a Câmara dos Comuns era composta por burgueses e cavaleiros, e seus membros eram eleitos por meio do voto. 
É importante percebermos que a existência do Parlamento não impede que o absolutismo se desenvolva na Inglaterra. O que ocorre é que essa estrutura tem suas funções alteradas ao longo da sua existência, adquirindo maior ou menor influência política em diferentes reinados. 
Um dos maiores problemas enfrentados pela Inglaterra era a rivalidade secular com a França. No século XIV, estoura a Guerra dos Cem Anos, que na verdade durou cento e dezesseis. Os motivos do conflito são diversos, mas duas razões se destacam: disputas territoriais e dinásticas. 
É difícil para nós, hoje em dia, imaginarmos o sentido de uma disputa dinástica, por quais motivos ela acontecia. Por que razão um rei francês podia, por exemplo, reivindicar o trono inglês e vice-versa? Como já foi dito, temos sempre de levar em conta a conjuntura histórica, fazendo um esforço para pensarmos como os homens daquele período. 
Em aulas passadas falamos sobre a importância dos casamentos entre membros das diversas casas da nobreza, não é? O resultado disso é que as diversas casas reais da Europa eram todas aparentadas entre si. 
Se os casamentos servem para formar alianças, essa prática acaba fazendo com que os direitos reais sejam muito tênues; se um rei morre sem deixar herdeiros, várias famílias podem reivindicar o trono, já que são parentes em algum grau. Essas reivindicações muitas vezes acabam levando a conflitos, como a Guerra dos Cem Anos, da qual a França saiu vitoriosa. 
Para a França, a vitória significa o fortalecimento da monarquia e abre caminho para a unificação do Estado francês. Já para a Inglaterra a derrota significa uma enorme perda de prestígio, aumentando a crise que vivia a monarquia inglesa. 
Resultados de cem anos de conflitos
Agora, vamos imaginar os resultados dos mais de cem anos de conflito. A economia fica desestabilizada, a agricultura sofre grandes prejuízos, há um enorme número de mortos e o poder político se fragiliza: esta é a situação da Inglaterra no século XV. A instabilidade política leva a uma disputa interna pelo trono entre duas casas nobres inglesas, os York e os Lancaster. O conflito ficou conhecido como Guerra das Duas Rosas, porque a casa dos Lancaster era representada por uma rosa vermelha e a dos York, por uma rosa branca. Não há vitoriosos e o conflito é resolvido, novamente, através de um casamento entre membros das duas casas.
Desorganização política e administrativa da inglaterra
Isso ilustra a desorganização política e administrativa da Inglaterra e a razão pela qual o Estado inglês acaba se unificando tardiamente, se comparado com a Península Ibérica.
Com o enfraquecimento dos York e dos Lancaster, uma terceira dinastia ascende ao poder, os Tudor, que reinam do século XV ao XVII. Esta dinastia finalmente consegue conciliar os diversos interesses, dando início o absolutismo inglês no reinado de Henrique VIII. 
Aliança entre inglaterra e espanha 
Seguindo a tradição de casamentos entre casas reais, Henrique VIII toma por esposa a princesa espanhola Catarina de Aragão, católica fervorosa. A escolha a princípio pareceu favorecer a Inglaterra, já que a Espanha era um poderoso império e a aliança era algo muito desejado pelos ingleses. Mas Catarina não teve filhos homens que pudessem continuar a linhagem real. Henrique VIII pediu, então, permissão à Igreja Católica para divorciar-se da rainha e casar-se novamente. A Igreja recusa o pedido. Se o aceitasse, entraria em choque com a Espanha, o que não era de forma alguma desejável, considerando o poderio espanhol da época. 
Igreja católica x inglaterra
Seria muito simplista defender que Henrique VIII rompe com a Igreja católica apenas por não ter tido um filho homem. Não há dúvida de que isso é um fator, mas devemos considerar diversas outras questões, sobretudo do ponto de vista político. A Igreja Católica tem um enorme poder na Inglaterra, como nos demais países europeus. Ao romper com o papado, Henrique VIII concentra no trono todos os poderes que antes pertenciam à Igreja. O rei torna-se não só um chefe político, mas o líder espiritual da Inglaterra. Mesmo do ponto de vista religioso, há poucas diferenças entre a ideologia católica e a anglicana, exceto que os católicos são submetidos ao papa e os anglicanos, ao rei. 
O rompimento com o catolicismo e o estabelecimento do anglicanismo abrem o caminho para o absolutismo monárquico, que será consolidado no reinado de Elizabeth I.
Com a morte de Henrique VIII, herda o trono sua filha, Maria I, já que, mesmo tendo se casado seis vezes, o rei teve um único filho homem, que morreu antes de poder assumir o trono. Maria I era filha de Catarina de Aragão e, como a mãe, uma fervorosa católica. Em seu curto governo, ela passa a perseguir os protestantes, dando início às sangrentas guerras religiosas inglesas. Somente após sua morte assume o trono Elizabeth I, filha de Ana Bolena, segunda esposa do rei, que restaura o anglicanismo e consolida o absolutismo monárquico.
Um dos fatos interessantes do reinado de Elizabeth I é que, embora não tenha combatido abertamente Portugal e Espanha, disputando os territórios coloniais, ela incentivou a prática da pirataria, sobretudo o saque aos navios espanhóis. Um dos mais famososcorsários da época, Francis Drake, foi condecorado pela rainha pelos serviços prestados à coroa. 
O reinado de Elizabeth I foi um dos mais prósperos da história inglesa. Afirmando-se como uma rainha absolutista, ela teve poderes para fazer as reformas necessárias no Estado, fortalecendo a burguesia e investindo na expansão marítima. A rainha teve na burguesia protestante uma forte fonte de apoio, com a qual ela combateu ferozmente a nobreza católica. Sob seu reinado, cresceu o comércio de lã e a exploração das minas de carvão. Com a expansão marítima, o comércio ultramarino conheceu um impulso notável, que estimulou a indústria naval.
A rainha nunca se casou e não deixou herdeiros. Com sua morte, chega ao fim a dinastia Tudor e assume o trono Jaime I, então rei da Escócia. A morte de Elizabeth I também marca o fim o absolutismo inglês e, no século XVII, a Inglaterra seria o primeiro país a vivenciar uma revolta burguesa, a Revolução Puritana. Por último, veremos o caso da França, onde o absolutismo alcançou seu pleno desenvolvimento.
Como vimos, com a vitória na Guerra dos Cem Anos a monarquia francesa se fortalece e, progressivamente, consolida seu poder. Porém, o processo foi longo e lento e, além das disputas com a Inglaterra, a França enfrenta sangrentas guerras religiosas entre católicos e protestantes, conhecidos como huguenotes. A doutrina protestante, em especial o calvinismo, faz muitos adeptos na Paris do século XVI. 
Quando a burguesia e parte da nobreza aderem ao calvinismo, o Estado francês se vê obrigado a conciliar interesses para evitar uma grande guerra, que mergulharia a França em crise. Assim, a regente Catarina de Médici concede aos huguenotes alguns privilégios, como o direito de celebrar cultos em alguns pontos específicos da França.  
Esse massacre indispõe a população contra o Estado e, sobretudo, contra a dinastia dos Valois, que após o evento enfrenta várias crises internas e disputas pelo poder. Podemos considerar uma ironia que, com a morte do último Valois, o trono seja entregue a um protestante, Henrique IV, que, para assumi-lo, tem que se converter ao catolicismo. É dele uma famosa frase sobre sua conversão: “Paris bem vale uma missa”.
Henrique IV inaugura a dinastia Bourbon, que a princípio estava sob forte influência da Igreja Católica, através dos ministros reais. Com a morte de Henrique IV, seu filho Luís XIII assume o trono. Embora o rei exercesse o poder de direito, quem o exercia de fato era o seu ministro, o cardeal Richelieu. Após sua morte, ele é substituído por outro cardeal, Mazzarino, que seria ministro de Luís XIV. Somente após a morte de Mazzarino e livre da influência da Igreja é que Luís XIV consegue chegar ao auge de seu governo, tornando-se o principal rei absolutista da França.
Luis XIV resume seu governo em uma frase: “O Estado sou eu”. De fato, o rei concentra todo o poder decisivo em suas mãos. Adota a prática do mercantilismo e institui um burguês, Colbert, como ministro, aproximando a burguesia do Estado. Se por um lado o rei concede algum poder político à burguesia, por outro busca contentar a nobreza com o luxo e a ostentação da corte.  Além disso, mantém os privilégios do Primeiro e Segundo Estados, clero e nobreza, que não pagavam impostos, fazendo com que recaia sobre o Terceiro Estado (o resto da população) o custo de manter uma corte imersa na ostentação.
Um exemplo dessa ostentação é a construção do palácio de Versalhes, que acabou se tornando um dos maiores símbolos do absolutismo. Antes de sua construção, a residência da família real era o palácio do Louvre, que abriga hoje o museu do mesmo nome. A corte ignora a miséria e a fome crescente da população. A situação não é nova: a França passava por constantes revoltas, conhecidas como Frondas, que demonstram a insatisfação popular com a Coroa Francesa.
Luís XIV é a melhor tradução do absolutismo, pois concentra todas as decisões do Estado em sua figura, fazendo um governo personalista que ignora as necessidades da população e satisfaz os nobres e a alta burguesia. Esse regime só cai no século XVIII, com a Revolução Francesa, quando a situação de miséria da população chega a níveis espantosos. Além disso, a recusa dos sucessores de Luís XIV em fazer as necessárias reformas políticas e administrativas opõe a burguesia ao Estado. Assim, sob a direção dos burgueses, o rei é deposto e um novo período se inaugura na França.
O que devemos ter em mente com relação ao Estado absolutista é que ele não é único, assumindo diferentes formas em diferentes conjunturas. Entretanto, o sentido de absolutismo – um governo personalista, centralizado, que adota o mercantilismo e estimula o crescimento comercial - ocorre em todos os países em que ele se estabeleceu. 
O que vem na próxima aula]As origens do pensamento moderno; �
o papel das universidades na divulgação de uma nova mentalidade; 
os princípios do renascimento cultural. 
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Nessa aula você:�
Distinguiu os diversos modelos de absolutismo europeu; 
reconheceu a importância da religião para a formação dos estados nacionais; 
comparou a estrutura política da Península Ibérica com as da Inglaterra e da França. �
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