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Apostila Cirurgia 2017

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UFLA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS 
Cirurgia Veterinária de 
Pequenos Animais 
Apostila baseada nas aulas das disciplinas 
GMV125 - Técnicas Cirúrgicas Veterinárias e GMV130 - Cirurgia Veterinária, 
ministradas de Março de 2014 a Junho de 2015 
 
Daniel Oliveira Ribeiro 
Abril, 2015 
 
Daniel Oliveira Ribeiro 
Considerações Iniciais 
Esta apostila é de autoria própria e foi independentemente disponibilizada pelo monitor para os alunos matriculados 
nas disciplinas referentes à técnicas cirúrgicas e cirurgia veterinária, servindo apenas como um material de apoio e 
roteiro de estudo individual e coletivo em monitorias. 
Seu conteúdo é proveniente das aulas ministradas de Março de 2014 a Junho de 2015 por médicos veterinários 
professores da Universidade Federal de Lavras e médicos veterinários residentes do Hospital Veterinário da 
Universidade Federal de Lavras. A fim de evitar qualquer desentendimento, qualquer passagem ou afirmação que 
seja descrita nesta apostila que vá contra qualquer informação apresentada em aula pelo(a) professor(a) ou médico 
veterinário competente deve ser desconsiderada, levando em conta apenas o que foi passado em aula. 
 
ABREVIAÇÕES 
OSH: Ovariosalpingohisterectomia 
 
LLD: Projeção radiográfica latero-lateral direita 
 
LLE: Projeção radiográfica latero-lateral esquerda 
 
VD: Projeção radiográfica ventro-dorsal 
 
M1: Glândula mamária torácica cranial 
 
M2: Glândula mamária torácica caudal 
 
M3: Glândula mamária abdominal cranial 
 
M4: Glândula mamária abdominal caudal 
 
M5: Glândula mamária inguinal 
 
TVT: Tumor Venéreo Transmissível 
 
CID: Coagulação intravascular disseminada 
 
VO: Via oral 
 
IV: Via de aplicação intravenosa 
 
IM: Via de aplicação intramuscular 
 
SC: Via de aplicação subcutânea 
 
SID: Uma vez por dia (a cada 24h) 
 
BID: Duas vezes por dia (a cada 12h) 
 
TID: Três vezes por dia (a cada 8h) 
 
QID: Quatro vezes por dia (a cada 6h) 
 
RX: Radiografia / Raio-X 
 
US: Ultrassom 
 
AINES: Anti-inflamatório não-esteroide 
 
DC: Débito cardíaco 
 
AD: Átrio direito 
 
CE: Corpo estranho 
 
A/D: Prescription Diet™ A/D™ Canine/Feline 
 
 
MODELO DE CELIOTOMIA PARA ALGUNS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ABDOMINIAS 
 
I. Incisão delicada e retilínea da pele com a ponta do bisturi em região [pré-umbilical, retro-umbilical ou pré-
retroumbilical, varia em função do procedimento] na linha média ventral do abdômen, de extensão [de 
acordo com a necessidade] 
 
II. Divulsão com tesoura romba do tecido subcutâneo até a localização da linha alba 
 
III. Tração da musculatura adjacente à linha alba com pinças Allis, suspendendo-a 
 
IV. Delimitando com os dedos a ponta do bisturi, realização de uma punço-incisão na linha Alba elevada 
 
V. Adentrar com uma tesoura romba-romba na incisão formada a fim de localizar possíveis aderências na 
parede abdominal 
 
VI. Extensão da incisão com tesoura 
Daniel Oliveira Ribeiro 
Principais Afecções e Procedimentos 
Oncológicos em Pequenos Animais 
O câncer é a principal causa de morte dos animais de companhia, e essa ocorrência deve-se pelo aumento de 
sobrevida dos animais. Animais estão vivendo mais por aprimoramento dos métodos de diagnostico, dietas 
balanceadas, vacinas, protocolos terapêuticos específicos, consequentemente apresentas estes sinais típicos de 
animais mais velhos. 
 
QUESTIONAMENTOS A SE FAZER 
1. O que estou tratando? 
2. Qual o comportamento desta neoplasia? 
3. Qual é o estadiamento desta neoplasia? 
4. É possível emprego de quimioterapia antineoplásica neoadjuvante? 
5. Qual é a melhor técnica cirúrgica? 
6. Quais são as outras alternativas de terapia? 
 
INTERVENÇÃO CIRÚRGICA 
É a maior possibilidade de sucesso pra neoplasia. A cirurgia oncológica, contudo, não é uma cirurgia qualquer. Deve-
se ter bastante cuidado, pois em oncologia ocorre mudanças totais da anatomia do animal, portanto necessitando 
um ótimo conhecimento das estruturas. 
É a melhor terapia para obtenção da cura. Tem menor custo e geralmente é necessária uma única vez. Pode ser 
empregada em quase todos os pacientes. Altera a evolução da doença, oferece a melhor qualidade de vida do 
paciente e permite um exame histopatológico (geralmente antes da cirurgia faz-se um citológico, que não é tão 
definitivo). 
 
EPIDEMIOLOGIA 
Atualmente as neoplasias de pele e tecido subcutâneo são as maiores incidências, devido a radiação UV recebida 
pelos animais. Tumores de mama vêm em segundo, liderando bastante a rotina. Em seguida, neoplasias 
hematopoiéticas, ósseas e laríngeas. 
 
NEOPLASIAS MAMÁRIAS EM CADELAS E GATAS 
 ANATOMIA E FISIOLOGIA: As mamas têm inicio na vida fetal como linha do leite ou sulco mamário e têm seu 
pico de crescimento após a puberdade. 66% dos tumores em cadelas estão localizados nas mamas abdominais 
caudais e mamas inguinais. Vale lembrar que as glândulas mamárias apresentam constantes ciclos de 
desenvolvimento (lactação) e regressão (secagem) ao longo da vida do animal. 
 
 VASCULARIZAÇÃO E DRENAGEM LINFÁTICA 
o Cadela 
 Apresenta 5 pares de mamas 
 Torácica cranial, torácica caudal, abdominal cranial, abdominal caudal e inguinal 
 Linfonodo axilar (fica bem próximo ao plexo braquial) e axilar acessório 
 Drena mamas torácicas cranial e caudal e abdominal cranial CERTEIRAMENTE 
 Linfonodo inguinal superficial (mais facilmente identificado, portanto geralmente é 
removido) 
 Drena abdominal caudal e inguinal CERTEIRAMENTE. Abdominal cranial não tão 
certeiramente 
 Ramos esternais da artéria e veia torácica interna 
 Irrigam mama torácica cranial e caudal 
 Artéria torácica lateral 
 Artéria epigástrica superficial cranial 
 a que mais aborda na cirurgia 
 irriga mama torácica caudal 
 Artéria epigástrica superficial caudal. 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 Artéria pudenda externa (a ligadura desta artéria não pode ser esquecida) 
o Gata 
 Tem 4 pares de mamas 
 Torácica, abdominal cranial, abdominal caudal e inguinal 
 Artéria axilar 
 Veias torácicas internas 
 Artéria epigástrica superficial cranial 
 Artérias intercostais 
 Artéria epigástrica superficial caudal 
 Gatas não têm anastomose linfática, então uma mama não é drenada pra dois linfonodos, 
como pode acontecer em cadela. Contudo as veias nas gatas são importantes redes de 
metástase. A drenagem hematógena é muito importante, até mais do que da linfática. Por 
isso que em gatas retira-se a cadeia toda unilateralmente, mesmo que as duas primeiras 
mamas sejam drenadas exclusivamente pro linfonodo axilar e as duas caudais sejam 
exclusivamente drenadas para o linfonodo inguinal. 
*Locais de metástase mais comuns: Linfonodos regionais, pulmão, fígado, coração e diversos órgãos 
 
 EPIDEMIOLOGIA 
o É a segunda neoplasia mais comum em cão e terceira em felino 
o Machos tem risco menor de 1% 
o Predisposição para raças Poodle, Cocker Spaniel e Pastor Alemão 
o Gatas siamesas apresentam duas vezes mais chances de apresentar a neoplasia 
o Raças puras têm maior risco 
o Animais idosos (9 a 11 anos de idade) 
o Risco maior a partir de 6 anos 
 
 TIPOS DE TUMORES 
o Benignos 
 Fibroadenoma (Mistos) 
 Adenoma simples 
 Tumores mesenquimatosos 
 Representam 50% dos tumores mamários em cadelas 
o Malignos 
 Carcinomas 
 Carcinomas sólidos 
 Adenocarcinoma mamário é o mais comum e apresenta a maior incidencia 
 Adenocarcinoma tubular 
 Adenocarcinoma papilar 
 Carcinomas anaplásicos 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 Carcinossarcomas 
 Sarcomas 
 90% dos tumores mamários em gatas são malignos 
 66% tumores em cadelas estão nas mamas abdominais caudais e inguinais. Em gatas, a maior 
incidência encontra-se nas mamas inguinais 
 
 FATORES DE RISCOo Esteróides ovarianos (estrógeno e progesterona) 
 A interferência destes hormônios não está correlacionada ao aparecimento de neoplasias, e sim 
ao desenvolvimento das células neoplásicas já instaladas 
 A interferência da progesterona é mais relacionada a tumores císticos. 
 Irregularidade do ciclo, cistos foliculares, corpo lúteo persistente, hiperplasia endometrial e 
pseudociese não aumentam risco da incidência da neoplasia 
 Os tumores de mama apresentam 2 tipos de receptores: Receptores de estrógeno e 
progesterona. Tumores ricos apenas em receptores de estrógeno ou associados com receptores 
de progesterona respondem muito bem a terapia endócrina aditiva (medicação anti-estrógeno) 
ou ablativa (castração), enquanto tumores ricos principalmente ou apenas em receptores de 
progesterona não respondem a essas terapias. 
 Adenocarcinomas caninos são ricos em receptores de estrógeno 
 Portanto cadelas têm uma boa resposta de terapia endócrina 
 Tumores felinos são pobres em receptores de estrógeno 
 Portanto gatas não respondem bem à terapias endócrinas. A castração depois que o 
tumor de mama apareceu não tem mais efeito nenhum aos tumores. 
 Castração precoce é preconizada antes do primeiro cio 
 
 PATOLOGIA 
o Pode apresentar lesões múltiplas e tipos histológicos diferentes 
o Tumores benignos com atipia podem apresentar lesões pré-cancerosas 
 
 DIAGNÓSTICO 
o Citologia aspirativa (é o tipo de diagnóstico preferencial. É presuntivo quanto à malignidade, mas não 
tanto quanto ao tipo de tumor), secreções do mamilo, raspagem de superfícies ulceradas e 
interpretação cautelosa 
o Critérios englobam tamanho variável do núcleo, formas nucleares gigantes, alta proporção 
núcleo/citoplasma, número variável de nucléolos, forma e tamanhos nucleolares anormais 
o Histopatológico é o diagnóstico definitivo 
 Não se manda só uma parte. Manda o tecido todo com a margem de segurança 
o Tumores altamente diferenciados (com formações tubulares ou acinares) e tumores com menos figuras 
mitóticas e tamanho de forma nucleares mais regulares têm prognóstico mais favorável 
o Diagnóstico é baseado no estado geral do paciente, a história reprodutiva e o tempo de evolução do 
tumor (tumores malignos têm tempo de evolução menor do que benigno) 
o EXAME FÍSICO 
 Palpação delicada de todas as mamas, papilas e linfonodos 
 Avaliar tamanho, consistência, invasão de pele e tecidos adjacentes e ulceração 
 Edema de membro e tosse podem muitas vezes estar associados com metástases, devido a 
acometimento linfático e pulmonar, respectivamente. 
o EXAMES LABORATORIAIS 
 Hemograma com plaquetas 
 Não é tão comum, mas pode ter até anemia 
 Perfil renal e hepático 
 Pré-anestesia 
 Radiografia 
 Tórax avalia metástases (projeções LL direita, LL esquerda e VD) 
 Metástases podem ocorrer em todos os órgãos. No abdômen apresentam-se circulares e 
têm radiodensidade bem definida. Metástases ósseas têm focos osteolíticos irregulares 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 Ultrassonografia 
 Pesquisa de metástases abdominais 
 Na mama, ajuda a avaliar a formação 
 Malignos têm margens irregulares, heterogêneos, polimórficos e invasivos 
 Tomografia 
 Diagnóstico precoce de metástases 
 Ressonância magnética 
 Metástases ósseas 
 Mamografia 
 Citologia aspirativa 
 Padrão ouro pra iniciar tratamento, mas não é preciso ou conclusivo 
 Diferencia benignos de malignos 
 Carcinoma mamário inflamatório, no entanto, é bem característico. Faz-se o diagnóstico 
com umas 2, 3 laminas 
 Punção de linfonodo indica se tem metástase 
 Resultados não mudam abordagem cirúrgica 
 Histopatologia 
 Diagnóstico definitivo 
 Sempre deve ser realizada após a excisão 
 Enviar amostra de todas as lesões 
 
 TRATAMENTO 
o TRATAMENTO CIRÚRGICO 
 O tratamento cirúrgico de mastectomia é o preconizado, pois remove todo o tumor com o 
procedimento mais simples possível. É importante sempre dar margem adequada 
 Preconizado pra todos, exceto carcinoma inflamatório, pois trata-se de um tratamento 
dele é paliativo 
 Escolha baseada pelo tamanho, fixação e número de lesões 
 Existem 5 categorias de remoção da(s) glândula(s) mamária(s) 
 NODULECTOMIA = Remoção apenas do tumor 
o NÃO DEVE SER FEITA, por mais que se fale dela na literatura como “indicada” 
para nódulos pequenos, superficiais e não fixos. Fazia-se a dissecção com 
margem de tecido normal de 1 a 2 cm e enviava-se para avaliação 
histopatológica. 
 MASTECTOMIA SIMPLES = Remoção apenas da glândula afetada 
o Também NÃO DEVE SER FEITA, por mais que se fale dela na literatura. Realizava-
se em lesões localizadas na região central da glândula com mais de 1 cm ou com 
algum grau de fixação à pele ou fáscia. 
 MASTECTOMIA REGIONAL OU EM BLOCO = Remoção das glândulas afetadas e ipsilateral 
e remoção do linfonodo 
o Necessário saber drenagem linfática e hematógena para definir qual(is) 
linfonodo(s) retirar. 
o Pode ser torácica ou abdominal direita ou esquerda 
 MASTECTOMIA UNILATERAL = Remoção de todas as glândulas do lado afetado 
o Excisão de todas as glândulas mamárias de um mesmo lado em conjunto. 
o Indicada para tumores múltiplos em uma cadeia de mamas ou tumores grandes 
o Pode ser feita com intervalo de 4 semanas 
 Facilita o fechamento da ferida 
o Linfonodo regional também sai 
 MASTECTOMIA BILATERAL OU RADICAL = Remoção de todas as glândulas mamárias do 
animal 
o Pode ser simultânea ou em etapas 
o Indicada para tumores múltiplos ou grandes 
Daniel Oliveira Ribeiro 
o Se trata de uma cirurgia mais complicada e agressiva, pois produz seroma e 
utiliza bandagem, mas remove todo o tecido mamário e requer uma única 
anestesia. 
 
 
Localização da neoplasia Técnica Cirúrgica Mamas retiradas 
Torácica cranial Mastectomia regional M1 e M2 
Torácica caudal Mastectomia regional M1, M2 e M3 
Abdominal cranial Mastectomia unilateral M1, M2, M3, M4 e M5 
Abdominal caudal Mastectomia regional M3, M4, M5 
Inguinal Mastectomia regional M4 e M5 
 
 TÉCNICA CIRÚRGICA: A mastectomia consiste em 
 Incisão de pele elíptica com a ponta do bisturi com margem de segurança ao redor das 
glâdulas afetadas 
 Divulsão romba do tecido subcutâneo e também do tecido mamário (não realizar 
técnica de arrancamento, pois tanto o escore de dor quanto a hemorragia aumentam 
demasiadamente 
 Controle com pinças hemostáticas das pequenas hemorragias puntiformes 
 Ligadura meticulosa de artéria e veia pudenda externa 
o Em animais maiores é um vaso bem grande 
 Redução do espaço morto 
o Sutura do tipo Walking Suture (Walking Sultan) 
 Quando a aproximação é difícil: suturar a margem de uma incisão até 
que ela se encontre à linha média. Realizar o mesmo procedimento do 
lado oposto, realizando então um walking sultan de cada lado 
 Sutura de pele (Wolf ou “U” horizontal são os mais preconizados por sustentarem maior 
tensão 
 Em gatos, se possível, realizar sempre remoção das duas cadeias mamárias 
*Linfonodo axilar: Remover ou não remover? Só se estiver aumentado? A remoção é muito complicada e nem sempre 
é possível, portanto mantém-se o bom senso de apenas removê-lo se alterado ou facilmente palpável/manipulável 
*Quando há uma associação de OSH com a mastectomia, deve-se primeiro fazer a castração para não utilizar 
equipamentos contaminados com células neoplásicas na cavidade abdominal 
 Nutrição adequada do paciente no pós-operatório 
 Tratamento das complicações, como deiscência de pontos 
 Quimioterapia 
 Tratamento da dor 
 Uma técnica empregada para o controle da dor é jogar lidocaína no subcutâneo com 
uma seringa após a remoção de todo o tecido mamário. Além de reduzir o escore de dor 
no pós-operatório, auxilia no controle da hemorragia, uma vez que tem ação 
vasoconstritora Tratamento dos efeitos colaterais da quimioterapia 
*Carcinoma inflamatório: crescimento rápido e difuso com sinais cardinais de inflamação. Edema de membros por 
oclusão linfática. Anemia, leucocitose e CID. Na histologia, é pouco diferenciado com inflamação mono e 
polimorfonuclear e edema. Prognostico ruim (altamente metastático). Tratamento paliativo 
 OSH precoce reduz significativamente as chances de desenvolvimento de tumor em cadelas. 
Após o primeiro cio, os números não são muito provados para gatas 
 Deve ser feito corretamente 
 Quando realizada antes do primeiro cio = Chance mínima de câncer de mama cai pra 
0,5% 
 Quando após do primeiro cio = Chance cai pra 8% 
 Quando após o segundo cio = Chance cai pra 26% 
 Após 2 anos reduz risco de surgimento de neoplasias benignas somente 
o TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO 
 Quimioterapia 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 Terapia antiestrógeno ou quimioterapia tem valor terapêutico após excisão cirúrgica, na 
presença de metástases 
 Tratamento antiestrógeno após OSH: Citrato de tamoxifeno 10 a 20mg VO BID. 
Tratamento longo de 5 anos. Indicado para adenocarcinomas mamários ricos em 
receptores 
 Protocolo quimioterápico para cadelas e gatas: Doxorrubicina 30mg/m2 IV no dia 1 e 
ciclofosfamida 100mg/m2 VO nos dias 3 a 6, repetido a cada 21 dias de intervalo até 
remissão dos sintomas ou até a morte do animal 
o São os mais conhecidos, porém existe uma gama enorme de quimioterápicos 
 Radioterapia 
o Não tem sido bem avaliadas pra neoplasia mamária canina e não tem muita 
rotina, porém é indicado em carcinoma infamatório 
 PROGNÓSTICO EM CADELAS 
o Tumor maligno menor que 5 cm de diâmetro máximo, sem invasão local, sem metástases: tempo de 
sobrevida pós-operatória é semelhante aos casos de tumor benigno. Então é interessante remover 
cirurgicamente, mas não tão necessário 
o A recorrência do tumor é menor em pacientes com tumores sem proliferação invasiva, sem grande 
diferenciação nuclear e sem reações celulares linfóides difusas 
o Carcinomas mamários inflamatórios têm prognóstico pobre, com tempo de sobrevida de poucos meses 
o Sobrevida de cadelas que tiveram detecção do tumor e excisão é maior em tumores bem diferenciados 
com baixo numero de figuras mitóticas 
o Tempo de sobrevida maior em casos de tumores menores que 8 cm 
o Infiltração linfática piora o quadro 
 
(TVT) TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL 
Trata-se de uma massa com aspecto de couve-flor bem esfoliativa, então diagnostico é bem elucidativo. São tumores 
de origem mesenquimal com células arredondadas e membranas citoplasmáticas discretas. São bem características, 
então muitas vezes biópsias não são necessárias. 
Resultado de translocações cromossomais em um único tumor, com subsequente manutenção e difusão nas 
populações caninas do mundo inteiro: cães de ambos os sexos, jovens sexualmente ativos, principalmente errantes e 
mal nutridos. Por isso na anamnese a pergunta “tem acesso à rua?” é importantíssima. Se o animal realmente não 
tiver, o TVT pode ser descartado. 
TVT é um tumor transmissível usualmente não maligno, com metástase apenas em 5% dos casos. Acomete 
geralmente genitália externa de cães de ambos os sexos, pois a transmissão é principalmente pelo coito por 
transplante de células tumorais intactas para um hospedeiro que apresenta a mucosa lesionada ou esfoliada. 
Também após trauma e implantação mecânica das células tumorais, com desenvolvimento de lesões de até 6 cm de 
diâmetro, as quais podem apresentar superfície ulcerada hemorrágica, sem envolvimento da epiderme. A 
hemorragiaa pode por vezes chegar a resultar em anemia. 
O TVT tem como principais locais de metástase cavidade bucal, seios nasais, bolsa escrotal, bulbo ocular, nervos, 
cérebro, adenohipófise, pulmão fígado, baço, linfonodos, tonsilas e pele. Cresce rapidamente e sofre metástase mais 
frequentemente em filhotes e adultos imunossuprimidos. 
 
 
 EPIDEMIOLOGIA 
o Localização em fêmeas 
 Vagina 53% 
 Vulva 33% 
 Extra-genital 14% 
o Localização em machos 
 Pênis 63% 
 
 SINAIS CLÍNICOS 
o Secreção serossanguinolenta, aspecto de couve-flor ou nodular, cor de carne, massa friável, com muitas 
vezes presença de infecção bacteriana secundária 
 
 DIAGNÓSTICO 
Daniel Oliveira Ribeiro 
o Histórico, sinais clínicos, citologia aspirativa ou exame histopatológico 
o TVT já é bem diagnosticado até em exames que normalmente são presuntivos, como imprint 
 
 TRATAMENTO 
o Pode regredir espontaneamente em paciente com sistema imune normal 
o Responde a excisão cirúrgica, quimioterapia e radioterapia, mas depende de localização do tumor, 
presença ou ausência de metástases, métodos de tratamentos disponíveis 
 Na rotina o que mais se faz é quimioterapia, pois o custo não é tão alto. Em alguns casos o 
animal não responde, então é indicada excisão cirúrgica ou uma radioterapia, dependendo 
muito da onde o animal está sendo tratado. 
o TRATAMENTO CIRÚRGICO 
 Excisão cirúrgica ampla de tumor vaginal 
 Via episiotomia em tumor único e facilmente visível 
o Deve-se ter cuidado com manipulação pra não implantar em outro locais 
 Recidiva de 17% a 58% 
o Quando não associada a outras técnicas 
 Bons resultados com quimioterapia ou radioterapia pós-operatória 
o TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO 
 Sulfato de Vincristina 0,025mg/kg IV (0,5mg/m2), nunca excedendo 1mg, administrar a cada 7 
dias após hemograma 
 É imprescindível que o proprietário se comprometa a fazer corretamente as sessões 
 Deve-se ter certeza da canulação da veia antes da dose, pois é um fármaco que lesiona 
MUITO tecido extra-vascular 
 Alta taxa de cura (90%), facilidade de administração, útil em doença metastática ou 
multifocal 
 Efeitos colaterais como vômitos, leucopenia e anemia transitórias, então é bom ter 
acompanhamento de hemograma. As vezes o leucograma diminui tanto que é bom 
esperar alguns dias pra re-dosar, pois é um quimioterápico, portanto causa 
imunossupressão 
 Radioterapia por ortovoltagem 
 Dose única de 1000 rad 
 Bom tempo de sobrevida após tratamento, mesmo com lesões metastáticas 
 Desvantagens: falta de disponibilidade e necessidade de tumor acessível 
 Imunoterapia 
 Estudos experimentais com uso de soro de pacientes em remissão tumoral em outros 
pacientes 
 Acredita-se que não dê tão certo, pois ninguém comprovou a eficácia desse método 
 
 PROGNÓSTICO 
o O prognóstico é favorável em todos os casos, exceto naqueles com metástases no sistema nervoso 
central, que são raros. Esta exceção acontece porque muitas vezes estas metástases nervosas não são 
diagnosticadas. Normalmente usa-se a vincristina, há cura clínica aparente do paciente e a medicação é 
interrompida, pois a impressão é que todas metástases já foram curadas. Muitas vezes a metástase 
nervosa ainda não regrediu, ficando “escondida”. 
 
MASTOCITOMA 
Tumor grande e característico pelo seu brilho. É visualmente mais rósea e brilhante e com aumento de volume 
considerável, porém só exame histológico diz realmente o que é. 
Tumores de origem mesenquimal com células arredondadas e membranas citoplasmáticas discretas. Bem esfoliados 
na aspiração e fáceis de identificar. 
Mastocitose: forma sistêmica (rara). Mastocitoma: forma cutânea 
 Cães: Representam de 7 a 21% de todos os tumores de pele; 11 a 27% de todos os tumores de pele malignos; 
Idade média de aparecimento 8,5 anos. Predisposição em Boxer, Boston Terrier, Schnauzer 
 Em gatos: Representam de 2 a 15% em todos os tumores de pele; Idade média de aparecimento 8,2 anos. Mais 
comuns em derme e tecido subcutâneo 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 Os grânulos citoplasmáticos de mastócitos contêm várias substâncias vasoativas diferentes, especialmente 
histamina (mastócitos imaturos) e heparina (mastócitos maturos) 
 A função de mastócitosnormais e sinais clínicos de células neoplásicas estão relacionados ao que contém os 
grânulos citoplasmáticos 
 CLASSIFICAÇÃO (Considera-se apenas para valor prognóstico) 
o Grau I 
 Tumor bem diferenciado 
 Mastócitos bem diferenciados, arranjados em colunas ou pequenos grupos 
 Células redondas e monomórficas com citoplasmas amplos e limites distintos de tamanho 
médio, núcleos arredondados, cromatina condensada e ausência de mitoses. 
o Grau II 
 Diferenciação intermediária 
 Células moderadamente pleomórficas, arranjadas em grupos, com estroma fino fibrovascular 
 Células redondas a ovóides, com células fusiformes ou gigantes esparsas 
 Mastócitos com citoplasma distinto, grânulos intracitoplasmáticos finos 
 Ocasionalmente grânulos grandes e hipercromáticos, núcleos redondos a alongados, com 
cromatina fragmentada 
 Mitoses raras 
o Grau III 
 Anaplástico; menos diferenciado 
 Células pleomórficas, tamanhos médio, arredondadas, ovóides ou fusiformes, arranjadas em 
fileiras compactas 
 Citoplasma indistinto com grânulos intracitoplasmáticos finos ou não visíveis 
 Núcleos alongados a arredondados vesiculados, com um ou mais nucléolos 
 Binucleadas e mitoses comuns 
*Em gatos tem forma compacta e forma difusa 
 
 SINAIS CLÍNICOS 
o Aparecimento em tronco e períneo (50%), extremidades (44%), cabeça e pescoço, múltiplos locais (11%) 
 Inguinais e perineais são geralmente os mais agressivos e recorrentes 
o Nódulos de 1 a 10 cm de diâmetro, firmes e elevados. 
o Forma macia confundida com lipoma 
o Grande variação na historia clínica. Metástases via linfática e hematógena, efeitos colaterais da 
histamina no trato gastrointestinal, tumores inguinais ou perineais há maior recorrência ou metástases 
 
 DIAGNÓSTICO 
o Histórico, exame físico (animal magro), citologia aspirativa ou exame histopatológico 
o Exames hematológicos, radiografias do tórax e abdômen, ultrassom, avaliação de sangue oculto nas 
fezes 
o Classificação quanto à forma clínica: 
 Grau I 
 Tumor dermal solitário 
 Grau II 
 Tumor dermal solitário com envolvimento de linfonodo, geralmente regional 
 Grau III 
 Múltiplos tumores dermais, então geralmente aderido, com ou sem envolvimento de 
linfonodo 
 Grau IV 
 Qualquer tumor com metástases distantes, mesmo solitário, com ou sem envolvimento 
de linfonodo 
 
 TRATAMENTO 
o Tempo de sobrevida relacionado com grau histológico 
o Radioterapia para intermediários ou pobremente diferenciados 
o Criocirurgia pra pequenos mastocitomas 
Daniel Oliveira Ribeiro 
o O melhor protocolo é a prednisolona SID, VO 
 Usa-se esse corticóide, pois impede/ diminui a degranulação dos mastócitos 
 Pode ser utilizado isoladamente ou associado à cirurgia 
 1ª semana: 40mg/m² 
 Próximas 3 semanas: 20mg/m² 
 Após isso, 20mg/m² em dias alternados por 3 semanas 
 Reduzir a dose em 50% a cada 3 semanas até encontrar a menor dose que mantenha a remissão 
dos sintomas 
 Descontinuar a medicação após 3 a 4 meses, se não houver recorrência 
o Também há uso de ciclofosfamida, sulfato de vincristina 
o Grau I 
 Excisão cirúrgica ampla: com margem de 3 cm de tecido normal. Mantém-se observação 
o Grau II 
 Excisão cirúrgica ampla 
 Quimioterapia (Prednisona) 
o Grau III e IV 
 Excisão cirúrgica ampla, se possível (em casos de grânulos múltiplos muitas vezes não é possível) 
 Prednisona 
 Sulfato de Vincristina 
o Tratamento auxiliar para ulceração gastroduodenal secundária à histamina (administrar todos em 
jejum): 
 Cimetidina 5 mg/kg TID ou QID 
 Ranitidina 0,5 mg/kg BID 
 Omeprazol 1mg/kg SID (importante se lembrar que apenas inicia a função após 45 minutos da 
administração) 
 Associados com sucralfato, 500mg para cães com menos que 18 kg ou 1g para cães com mais de 
18 kg; VO TID 
o Tratamento auxiliar para prevenir efeitos supressivos da histamina na cicatrização das feridas (em 
estudo) 
 Difenidramina, 2mg/kg, VO, TID 
 Vários estudos de cães sugerem que mastocitomas provavelmente não recorrem se os mesmos 
não tiverem voltado até 6 meses após o tratamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 
Principais Afecções e Procedimentos 
Cirúrgicos do Sistema Urinário 
São vários os procedimentos cirúrgicos do sistema urinário de pequenos animais, porém os mais frequentes são a 
cistotomia para remoção de cálculos (já estudada em Técnicas Cirúrgicas), nefrotomia e nefrectomia. Para ambos, a 
abordagem cirúrgica ao rim é a mesma, baseando-se em: 
 
 Acesso à cavidade abdominal (padrão já descrito) 
 Afastamento de órgãos próximos 
 Incisão em tecido conjuntivo peritoneal adjacente ao rim 
o Não se faz com bisturi, mas com o dedo, uma vez que o peritônio é descolado facilmente. 
o Rim passa a estar móvel para ser trabalhado 
 Identificação do hilo renal 
 Identificação de artéria 
 Identificação da veia renal e ureter 
 Forragem de toda cavidade abdominal com compressas 
 
NEFROTOMIA 
A nefrotomia (nefro = rim; tomia = incisão) envolve tricotomia abdominal ampla, anestesia geral e decúbito dorsal. É 
um procedimento indicado para remoção de um ou mais nefrólitos em um rim funcionante e também para inspeção 
da pelve renal. 
A indicação cirúrgica para a nefrotomia depende do ultrassom, radiografia simples/contrastada e/ou exames 
laboratoriais (os quais geralmente não são muito expressivos). 
A técnica cirúrgica envolve: 
1. Abordagem ao rim como já detalhado 
2. Afastamento dos órgãos próximos ao rim 
3. Localização da artéria e veia renal e ureter 
4. Garrote do hilo renal 
a. O garrote de artéria e veia renais é feito com os dedos e não pode ultrapassar 30 minutos. Portanto a 
partir da compressão dos dedos do auxiliar deve-se contar exatamente 30 minutos. 
5. Incisão em curvatura maior (do pólo cranial ao caudal, incisando cápsula e parênquima juntos, aprofundando até 
a pelve) 
6. A sondagem do animal de dentro da peve para o ureter empurra qualquer outro urólito 
7. Sutura apenas de aproximação do parênquima 
a. U horizontal 
8. Sutura contínua no córtex (geralmente no padrão Cushing) 
9. Solta-se o garrote 
10. Reposiciona-se o rim na fossa retro-peritoneal 
11. Sutura da cavidade abdominal como já conhecido 
 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 
 
 PÓS-OPERATÓRIO 
o O animal deve ficar hospitalizado por pelo menos 2 dias com fluidoterapia intensa e sob uso de 
antibióticos não-nefrotóxicos, AINES (sempre o mais adequado ao rim possível) e submetido a limpeza 
dos pontos constante. 
o Sempre utilizar colar elizabetano enquanto os pontos cicatrizam. 
o Observar diurese (hematúria nos 3 primeiros dias é normal). 
o Análise dos nefrólitos (comparação quantitativa e qualitativa). 
o Radiografias e ultrassom podem ser usados para comparação com as imagens do pré-operatório. 
 
NEFRECTOMIA 
A nefrectomia (nefro = rim; ectomia = remoção/extirpação) geralmente é indicada em casos de cisto renal solitário, 
hidronefrose e/ou hidroureter, rim policístico, infestação por Dioctophyme renale (sempre indicativo de 
nefrectomia), neoplasias renais (também sempre indicativo de remoção), destruição traumática do parênquima 
renal (muito comum em casos de atropelamento), avulsão do pedículo renal e hemorragia incontrolada devido a 
trauma 
A nefrectomia raramente é realizada em rim com parênquima e vascularização normal. 
É importante sempre avaliar o outro rim, pois de nada vale retirar um rim se o outro não estiver viável. Também 
deve-se sempre associar ultrassom com função renal, pois muitas alterações tanto de uma quanto de outra se dão 
meramente pela idade, sem necessariamente ter correlação clínica. 
Em suma, a nefrectomia deve sempre ser realizada apenas em ultimo caso. 
As afecções renais são geralmente diagnosticadas com auxílio de ultrassom,radiografia simples/contrastada e 
exames laboratoriais (urinálise, hemograma e bioquímica sérica). 
 
A técnica cirúrgica baseia-se em: 
1. Abordagem cirúrgica já conhecida, liberando o rim de suas inserções sublombares 
2. Elevar o rim e rotacioná-lo medialmente para localizar a artéria e veia renais sobre a superfície dorsal do hilo 
renal. 
3. Identificar qualquer ramo da artéria renal 
4. Ligadura de cada estrutura separadamente com fio de sutura absorvível sintético geralmente 3-0 
a. A artéria renal deve ser ligada primeiramente para que haja tempo da drenagem do sangue contido no 
parênquima renal, seguido então da ligadura da veia, e em seguida do ureter. 
i. Deve-se assegurar de que todos os ramos arteriais que estejam saindo da aorta estejam ligados 
b. Em contrapartida, em casos de neoplasia a veia deve ser ligada primeiramente para impedir que células 
neoplásicas desprendidas pelo manuseio excessivo do rim sejam levadas pela veia renal à circulação 
sistêmica, reduzindo risco de metástase. 
c. As veias ovarianas esquerda e testicular drenam para a veia renal esquerda e não devem ser ligadas em 
animais inteiros 
d. Ligar o ureter próximo à vesícula urinária, ainda mantendo uma divulsão delicada, pois também é 
retroperitoneal 
5. Incisão das estruturas ligadas e remoção do rim 
6. Rápida avaliação do outro rim, mesmo que uma simples palpação. 
7. Sutura da cavidade abdominal como já conhecido 
 
 PÓS-OPERATÓRIO 
o O pós-operatório baseia-se em fluidoterapia, antibióticos não nefrotóxicos (gentamicina é nefrotóxico), 
limpeza dos pontos. Colar elizabetano, observação da diurese (hematúria por 3 dias), análise de 
nefrólitos quando for o caso, radiografias e US para comparação com RX e US do pré-operatório 
 
URETER 
Procedimentos cirúrgicos em ureter não são procedimentos de rotina, pois se tratam de afecções com diagnóstico 
tardio, ou seja, afecções que não são detectadas imediatamente e, quando detectadas, já se trata de indicativo para 
nefrectomia. 
Geralmente as lesões se encontram próximas ao rim ou próximas da bexiga, dificilmente no meio. Muitas vezes, 
devido a proximidade ao rim, deve ser realizada nefrectomia como tratamento cirúrgico. 
Daniel Oliveira Ribeiro 
As principais afecções que o acometem são ureterólitos, ureteres ectópicos e traumatismos ureterais (aqui realiza-se 
reparo do ureter traumatizado). Dentre estes, o ureter traumatizado é a afecção mais comum. Como já dito, 
geralmente se encontra próximo ao rim ou à bexiga. Os sinais clínicos são uroperitônio (resposta inflamatória 
intensiva devido a peritonite) 
 
 DIAGNÓSTICO 
o Como já dito, se trata de um diagnóstico tardio (o extravasamento de urina custa aproximadamente 2 ou 
3 dias para apresentar sintomas). A urografia excretora é muito utilizada pra localizar o ponto do 
extravasamento. 
o Também se utiliza urinálise, hemograma e bioquímica sérica 
 
A correção do ureter tem o mesmo acesso cirúrgico 
 
BEXIGA 
São várias as afecções da bexiga, mas a de maior rotina continua sendo a litíase. Devem ser avaliados os cálculos 
formados na bexiga, uma vez que podem vir a ser corrigidos com dieta terapêutica. Quando não é possível, o 
indicado é a correção cirúrgica, que baseia-se em: 
1. Abordagem cirúrgica de celiotomia já descrita 
2. Retroflexão da bexiga, que simplesmente significa “dobrá-la” a fim de expor sua face dorsal ao cirurgião. A 
retroflexão tem a finalidade de posteriormente reduzir o contato entre o fio de sutura e a urina armazenada no 
órgão que a gravidade proporcionará. Com uma sutura na face ventral da bexiga, além de haver risco maior de 
possível extravasamento urinário, o constante contato favorece a formação de cálculo urinário (o fio de sutura, 
por ser um corpo estranho, juntamente com a urina depositada sobre ele são matrizes para nova formação de 
cálculo). A retroflexão é realizada com auxílio de compressas, pois se trata de um órgão que edemacia com 
facilidade, podendo formar pontos de aderência e interferindo acessos futuros. As retroflexões feitas com o uso 
de pinças Allis ou com pontos sero-musculares tracionando a bexiga não são indicados devido à friabilidade do 
órgão e a espessura da parede serem desfavoráveis. 
*IMPORTANTE CONSIDERAÇÃO ANATÔMICA: Os ureteres desembocam na parede dorsal, entre o meio e a base da 
vesícula urinária, porém não apenas abrem e se inserem diretamente. Os ureteres passam pelas primeiras camadas 
da parede da vesícula, vêm caminhando pela parede vesical e só depois desembocam, formando uma tuneilização. 
3. A incisão de um órgão deve sempre que possível fugir da área 
de vascularização mais proeminente. A vascularização da 
bexiga por sua vez vem pelas laterais (os ramos que chegam da 
metade da bexiga e correm até o ápice vêm da artéria vesical 
cranial, a qual vem da artéria umbilical. Os ramos da metade 
da bexiga até o trígono vêm da artéria vesical caudal, a qual 
vem da artéria urogenital). Como não há como individualizar 
vasos o local de incisão de escolha é a linha média da face 
dorsal, para melhor fugir dessa vascularização. A incisão é feita 
com bisturi e ampliada com tesoura, sendo a ampliação de 
tamanho suficiente para remoção do cistólito. Como não houve individualização de vasos, se trata de uma 
incisão mais cruenta e, portanto, sangrará de qualquer forma durante todo o trans-operatório, porém menos do 
que se escolhido outro local de incisão. Deve-se procurar fazer a incisão o mais longe possível do local de 
entrada dos ureteres, portanto o mais perto possível do ápice, pois na hora da sutura por haver tração de tecido 
pode haver obstrução do local que os ureteres desembocam. Retira-se então o corpo estranho com cuidado 
para não lacerar as bordas da incisão 
4. Por ser um órgão oco com conteúdo contaminado, a sutura da parede vesical exige dois planos. O primeiro 
plano de sutura, por manter contato com a urina, deve ser invaginante contaminante, sendo um tipo de sutura 
contínuo com fio absorvível sintético (o categute não pode ser usado devido ao seu tempo rápido de absorção, 
que é acelerado mais ainda devido a presente contaminação bacteriana) e faz-se o padrão de sutura Schmieden. 
5. Passa-se tintura de iodo a 2% exclusivamente sobre a incisão, sem deixar escorrer, a fim de controlar 
crescimento bacteriano enquanto se troca todo o material (troca-se luva, compressa, fio, tudo é trocado por 
instrumental novo estéril) 
6. Suturar o segundo plano que pode ser, por exemplo, o Lembert (invaginante não contaminante, pois é apenas 
sero-muscular), que esconde o primeiro plano e reforça a sutura. 
Daniel Oliveira Ribeiro 
7. Quando os dois planos são feitos um pedaço da parede invagina bastante. Se a tuneilização dos ureteres não for 
lembrada ou se a incisão for feita no lugar errado a inserção será obliterada quando o tecido invaginar, cessando 
o fluxo de urina. 
*Pacientes com alteração vesical podem apresentar parede bem espessa. 
8. Após a sutura da parede vesical, parte-se para a omentalização (ancoragem do omento na área da sutura com 
pontos na parede da bexiga apenas sero-musculares). A omentalização evitará possíveis aderências de outros 
órgãos na área da sutura, uma vez que animais predispostos a cálculos vesiculares podem vir a necessitar da 
mesma cirurgia no futuro. 
Após a cirurgia deve-se manter o animal sondado, pois a bexiga depois de manuseada entra em atonia por 
aproximadamente 3 dias. 
 
De afecções da bexiga de origem congênita, temos a persistência do úraco e divertículo do úraco. De origem 
adquirida, rupturas vesicais. 
Alguns sinais clínicos destas afecções são hematúria e frequentes tentativas de urinar. 
Para diagnosticar estas afecções parte-se para ultrassom, radiografia simples e contrastada, urinálise, hemograma e 
bioquímica sérica. 
 
 Persistência do úraco 
o Acontece devido a não separação ao nascimentoda ligação entre a bexiga e o alantóide. Em 
consequência disso, a urina vaza continuamente pelo umbigo, predispondo a problemas dermatológicos. 
o Trata-se de uma afecção sempre indicativa de cirurgia, que tem algumas particularidades: 
 Não se deve incisar em linha média pelo risco de contaminação. 
 Divulsiona-se a bexiga rente ao umbigo 
 Sutura em dois planos (padrão Schimieden e Lembert ou Cushing) 
 Entre os dois planos, trocar luva e material por um novo estéril, passando solução de iodo 
exclusivamente sobre a sutura sem deixar escorrer. 
 Sutura da cavidade abdominal como já conhecida 
 Curetagem do anel umbilical 
 Divertículo do úraco 
o Significa que houve uma atrofia incompleta do úraco, resultando em constante urina acumulada. À 
radiografia encontra-se no ápice da bexiga um divertículo 
o Resume-se à mesma abordagem, porém realiza-se a exérese do divertículo. Também mesma abordagem 
para a sutura 
 Ruptura vesical 
o Trauma é a causa principal da ruptura de bexiga, principalmente por acidentes automobilísticos. A 
sintomatologia é de uremia e uroperitônio. Para o diagnóstico, o raio-X contrastado é sempre o indicado 
para essa afecção. Faz-se uretrocistografia e também pode ser utilizado ultrassom para avaliar gravidade 
e quantidade de líquido livre. 
o Deve-se sempre encaminhar o animal para a cirurgia já sondado, pois sondar fêmea no pós-operatório é 
complicado. 
o Trata-se de uma cirurgia de emergência e a mesma abordagem da cistotomia deve ser feita e, a partir 
daí: 
 Deve-se identificar local de ruptura 
 Forrar cavidade abdominal com compressas 
 Regularizar as bordas da bexiga rompida com tesoura (a solução de continuidade facilita a 
cicatrização) 
 Sutura em dois planos (padrão Schimieden e Lembert ou Cushing) 
 Realiza-se omentalização para auxiliar cicatrização 
 Lavagem da cavidade abdominal com solução fisiológica morna 
*Já foi relatado estouro de bexiga por excesso de fluidoterapia 
 
 PÓS-OPERATÓRIO 
o A bexiga deve permanecer vazia o máximo possível. Deve-se manter observação da diurese e, caso a 
afecção seja litíase, submeter qualquer cálculo para análise mineral. 
 
 
Daniel Oliveira Ribeiro 
URETRA 
Existem como exemplos de afecções uretrais a epispadia (abertura do óstio uretral na face dorsal do pênis), 
hipospadia (abertura do óstio uretral na face ventral do pênis), uretra imperfurada (ausência de óstio uretral) e, a 
mais importante destas, obstrução uretral devido à formação de urólito(s) secundários à alimentação inadequada. 
Quanto a esta obstrução, ocorre principalmente em cães machos, uma vez que fêmeas possuem uretra mais curta e 
mais larga. Apresenta sinais clínicos variados dependentes do local obstruído e da duração do processo. Geralmente 
o animal assume posição de fêmea para urinar, e muitas vezes não urinando, urinando em gotas ou até urinando 
sangue. À palpação a bexiga está sempre repleta. 
Para o diagnóstico pode ser utilizada a cistocentese, cujos resultados normalmente são urina escura e odor forte, 
radiografia simples e contrastada, urinálise, hemograma e bioquímica sérica. Normalmente apenas casos com cistite 
darão alterações nos exames sorológicos. Para a correção desta afecção deve-se retirar o cálculo e, para tanto, 
existem diversas técnicas cirúrgicas: 
 Uretrotomia pré-escrotal 
o Abertura uretral temporária realizada entre o escroto e o óstio caudal do pênis 
o Pode ser realizada quando o cálculo encontra-se na região pré-escrotal 
o Técnica não recomendada, pois há risco de urólitos continuarem na região do osso peniano, além do 
risco de estenose da uretra 
 Uretrotomia perineal 
o Abertura uretral temporária realizada no períneo 
o Técnica não muito indicada devido à região ser bastante vascularizada, além de se tratar de uma região 
bem difícil de acessar a uretra pela presença do músculo bulbocavernso. Apenas parte-se para esta 
técnica quando representar o único acesso ao cálculo 
 Uretrostomia pré-escrotal 
o O risco de estenose desta técnica também é alto. Esta região da uretra apresenta baixa distensibilidade e 
apresenta o risco de extravasamento de urina pela pele, causando dermatites graves 
o Existem profissionais que ainda realizam esta técnica devido à facilidade de acesso, porém a taxa de 
recidiva é bem grande, pois o cálculo pode continuar na região do osso peniano. 
o Abertura uretral realizada entre escroto e óstio caudal do pênis 
 Uretrostomia perineal 
o Dentre todas, é a técnica menos indicada devido ao vazamento urinário que pode causar dermatites 
graves. Existe ainda por cima uma dificuldade de suturar à pele devido a presença do músculo 
bulbocavernoso. A inflamação da urina em contato coma pele causa estenose 
 Uretrostomia escrotal 
o É a técnica de escolha na maioria das universidades por ser o local mais largo e distensível da uretra. 
o É uma técnica que exige orquiectomia e remoção do escroto, não resulta em incontinência urinaria e 
permite a permanência do pênis, mesmo que apenas por estética 
o A técnica cirúrgica baseia-se em: 
 Tricotomia ampla do abdômen e pelve, com animal em decúbito dorsal, sob anestesia geral e 
sondado. 
 Incisão elíptica em torno da pele escrotal 
 Divulsão do subcutâneo até localização do cordão espermático 
 Exteriorização do testículo 
 Orquiectomia como já conhecida (técnica das 3 pinças) 
 Divulsão e lateralização do músculo retrator do pênis 
 Incisão com bisturi na uretra 
 Deve haver cuidado para não incisar o músculo retrator do pênis, pois se incisado o 
pênis corre risco de ficar exposto indefinidamente 
 Aumento da incisão com tesoura 
 Remoção de possíveis cálculos 
 Inspeção e lavagem da uretra 
 Passagem de sonda pra ambos os lados (abertura até o pênis e abertura até bexiga) 
 A sonda continuará neste local para evitar estenose 
 Sutura da uretra na pele (nylon geralmente 3-0 a 4-0) com pontos simples separados bem 
próximos 
 Faz-se uma sutura de bailarina para manter a sonda na pele 
Daniel Oliveira Ribeiro 
*No começo do pós-operatório o paciente pode apresentar incontinência e extravasamento mesmo, mas apenas por 
um período de adaptação. Depois disso não há incontinência, então é importantíssimo avisar ao proprietário que o 
controle da urina é feito pela bexiga, não pela uretra 
 
 PÓS-OPERATÓRIO 
o Antibioticoterapia sistêmica + AINES. Uso de colar elizabetano até a cicatrização e repouso. Tentar 
manter animal em ambiente limpo 
o Uretrotomia sem sutura: Exige limpeza constante da região operada até sua total cicatrização 
o Uretrotomia com sutura: Exige aplicação de curativos tópicos + retirada dos pontos de pele (10 dias) 
o Uretrostomia: Limpeza constante da região operada 
*Passar vaselina na parte interna da coxa ajuda a impermeabilizar o contato da urina com a pele, evitando 
queimaduras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 
Principais Afecções e Procedimentos 
Cirúrgicos de Estômago 
Considerações anatômicas: 
 
CORPO ESTRANHO ALIMENTAR 
A afecção de corpo estranho alimentar tem predisposição para animais jovens, que possuem uma tendência natural 
a ingerir qualquer coisa. 
O corpo estranho causa refluxo gástrico e pode levar a gastrites, ulcerações e comprometimentos do órgão como 
perfuração e consequente enfermidade sistêmica. Assim, possui sinais clínicos como êmese, hematêmese, hiporexia 
ou anorexia, melena, aquesia, prostração e apatia, desidratação e gastralgia. 
O diagnóstico se dá por histórico (idade), anamnese (proprietário pode relatar que um dado objeto sumiu ou que viu 
o animal ingerindo algum objeto), exame físico pode sugerir gastralgia à palpação epigástrica, podendo ter tensão da 
musculatura abdominal. Pode haver distensão abdominal.A radiografia pode auxiliar (se for corpo estranho 
radiopaco), radiografia contrastada (o contraste bário não pode cair na cavidade abdominal, então devido ao risco 
de perfuração gástrica e extravasamento, não deve ser usado) e, se houver acesso, endoscopia. 
 
 TRATAMENTO 
o O ideal é retirar com endoscopia, mas nem sempre é acessível 
o CONSERVATIVO: Deve haver cuidado! E depende do tamanho e formato do corpo estranho. O 
tratamento conservativo se baseia em induzir vômito. Usa-se morfina (0,02 a 0,04 mg/kg) ou xilazina 
(0,4 a 0,5 mg/kg). Tem quem usa água oxigenada, mas é abrasivo ao esôfago 
o CIRÚRGICO: Gastrotomia 
 Acesso à cavidade como já descrito 
 Exteriorização do órgão 
 Punço-incisão desviada da vascularização (entre a curvatura maior e menor, ou seja, entre as 
gástricas e gastroepiplóicas) 
 Auxiliar pode manter o estômago elevado para não pegar a parede colabada debaixo na 
incisão. 
 Tamanho da incisão depende do corpo estranho. Deve se de tamanho suficiente para retirar o 
corpo estranho sem lacerar as paredes com a passagem do mesmo. 
 Deve haver cuidado com contaminação 
 Expor bem o órgão e isolar a cavidade com compressas 
 Avaliar integridade do órgão 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 Pode haver áreas de necrose, desvitalização ou perfuração gástrica 
o Neste caso deve-se regularizar a parede desta área 
 Sutura em dois planos (padrão Schimieden e Cushing ou Lembert) com troca de instrumentais 
entre os dois planos e todos os procedimentos necessários, como a tintura de iodo sobre a 
sutura. Fio de sutura absorvível sintético 
 Omentalização do órgão, ancorando o omento à parede com pontos sero-musculares 
 
 PÓS-OPERATÓRIO 
o Metoclopramida, ondasentrona, sucralfato, cloridrato de ranitidina, omeprazol, AINE e 
antibioticoterapia, alimentação parenteral ou enteral 
o Dia 1: Fluido e dieta líquida 
o Dia 2 e 3: Dieta líquida 
o Dia 4 e 6: Dieta pastosa 
o Dia 7: Dieta normal 
 
*Se houver rejeição (võmito) voltar pro estado da fluido e começar novamente 
 
SÍNDROME DILATAÇÃO/VÓLVULO/TORÇÃO GÁSTRICA 
Trata-se de uma afecção comum, principalmente em cães de grande a gigante porte, meia-idade a velhos, de raça de 
tórax bastante profundo, o qual permite maior movimentação do estômago e diminui capacidade de vômito e 
eructação. É uma afecção que infelizmente possui taxa de óbito grande mesmo quando tratada. 
 
 ETIOPATOGENIA 
o Esta infermidade é decorrente do aumento de gás, fluidos ou ingesta, levando a mal posicionamento 
gástrico, causando obstrução mecânica, aumento da pressão intraluminal, diminuição da perfusão 
sanguínea e consequentemente choque hipovolêmico. 
o Existem outras etiologias, como afrouxamento dos ligamentos hepatogástrico e hepatoduodenal, 
superalimentação (alimentação SID), exercício pós-prandial, eructação ou êmese defeituosos, aumento 
na produção ou ingestão de gases, esvaziamento gástrico retardado e níveis elevados de gastrina 
 
*O que começa primeiro, dilatação ou torção? 
R: Ainda se discute, mas existem mais pesquisadores que acreditam que é a dilatação que começa primeiro 
 
 PATOGENIA 
o Animal come demais de uma vez só 
o Dilatação pelas ingestas ou pelos gases da aerofagia 
o Diminuição da complacência pulmonar 
 Estômago comprime diafragma, impedindo efetividade do pulmão) 
o Baço do lado esquerdo geralmente desloca pro direito e aumenta seu tamanho 
 Por conta da obstrução vascular) 
o Proliferação bacteriana (mais produção de gases) 
o Maior dilatação e até uma posterior perfuração desse estômago. 
o Obstrução vascular secundária às compressões do estômago resultando em: 
 Dilatação da cava (compressão do estômago impede retorno venoso ao coração) e redução do 
diâmetro da aorta (compressão do estômago impede suprimento sanguíneo) 
 Resulta em DC diminuído. 
 Aumento da pressão intragástrica pela tensão excessiva → distensão das camadas muscular e 
serosa → possível perfuração → extravasamento de conteúdo na cavidade 
 Resulta em peritonite séptica e/ou hemoperitônio 
 Intestino isquêmico tem suas paredes desunadas → translocação transmural bacteriana 
 Resulta em uma possível bacteremia ou endotoxemia 
 Diminuição do retorno venosos no AD (não chega sangue no coração, significando hipoperfusão) 
→ diminui DC → hipotensão e liberação de fatores depressores do miocárdio (efeitos deletérios) 
→ isquemia do miocárdio 
 Resulta em arritmias cardíacas. 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 SINAIS 
o O animal apresenta inquietação, apatia (dependendo do grau), início agudo de distensão abdominal 
cranial, respiração curta e rápida, êmese não produtiva, sialorréia (devido a dor), gastralgia (epigástrica), 
pulsos periféricos fracos (devido a hipotensão), taquicardia (compensatória), aumento de TPC (sinal de 
choque hipovolêmico), mucosas hipocoradas ou peláceas (bem brancas) 
o Histórico de abdômen distendido e depois diminuído é sinal de perfuração gástrica (prognóstico fica 
bem desfavorável devido a peritonite) 
 
 DIAGNÓSTICO 
o O diagnóstico se dá por histórico e sinais clínicos, exame físico (distensão epigástrica e esplenomegalia) 
o Achados laboratoriais são inespecíficos. Não fecham diagnósticos, mas corroboram para elucidar 
sintomatologia. 
o À radiografia pode ser visualizado estômago distendido, piloro preenchido por gás cranial e dorsalmente 
ao fundo do estômago, linha radiopaca dividindo o estômago em compartimentos (sobreposição do 
estômago dobrando), esplenomegalia, mau posicionamento esplênico e, em ventro-dorsal, piloro 
deslocado para a esquerda, junto ao cárdia. 
 
 PRÉ-OPERATÓRIO 
o O estômago deve ter o excesso de conteúdo removido antes de se partir para o acesso cirúrgico. Tal 
manobra é possível devido algumas técnicas: 
 Cateterização e descompressão gástrica por punção transcutânea com agulha de grosso calibre 
no local de maior distensão 
 Sondagem orogástrica 
 A sonda deve possuir tamanho condizente com o animal. Para tanto deve-se imaginar 
que estômago está caudal à ultima costela 
 Trata-se de uma técnica mais difícil, porém quando bem sucedida inclui lavagem do 
estômago com solução salina morna em sistema sifonado ou bomba de sucção 
 Gastrostomia (gastro = estômago; stomia = abertura de cavidade) temporária na região 
paracostal direita 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 Exige bloqueio anestésico na região (de maior dilatação) 
 Inicia-se com incisão de pele com bisturi 
 Segue-se com incisão da musculatura abaixo (muitas vezes a musculatura é só separada) 
 Exposição do estômago dilatado 
 Sutura sero-muscular do estômago na pele (como feito na rumenostomia, para que o 
conteúdo estomacal não extravase quando o estômago for incisado) 
 Punção no estômago e inserção de uma sonda 
 A sutura de fixação na parede abdominal deve ser removida antes de partir para o trans-
operatório 
*Terapia de choque: ringer lactato 90 ml/kg/h, antibioticoterapia, oxigenioterapia, monitorar débito urinário 
(2ml/kg/h), monitorar com eletro e utilizar antiinflamatório 
 
Na anestesia devem ser empregados fármacos que possuam efeito mínimo sobre sistema cardiovascular (como 
opióide e benzodiazepínico, etomidato, propofol, isofluorano, ou sevofluorano). Nunca deve ser utilizado halotano, 
barbitúrico ou fenotiazínico. O uso de anticolinérgico diminui secreção 
 
*Rotação estomacal < 180º se chama torção; > 180º se chama vólvulo 
 
 TRANS-OPERATÓRIO 
o Deve-se confirmar radiograficamente a rotação gástrica 
o O procedimento baseia-se em distorção gástrica e gastropexia (gastro = estômago; pexia = fixação). A 
gastropexia corrige o mau posicionamento, avalia e trata possíveis lesões isquêmicas, gástricas ou 
esplênicas e previne recidivas por manter o estômago fixo à parede abdominal. 
o Distorção gástrica 
 Ao acessar a cavidade abdominal (procedimentopadrão) e localizar o estômago, realiza-se neste 
uma torção suave contrária ao sentido da rotação sofrida (se for torção horária, se faz distorção 
anti-horária e vice-versa) 
o A descompressão pré-operatória muitas vezes é incompleta, portanto geralmente é necessária uma 
descompressão gástrica intraoperatória: 
 Descompressão gástrica prévia ao reposicionamento 
 Pode ser feita por gastrocentese (gastro = estômago; centese = punção), com agulha de 
grosso calibre em ponto de menor vascularização (entre curvaturas maior e menor) 
 Outra técnica é a gastrotomia e uso de bomba de sucção (é feita uma punço-incisão no 
estômago da mesma forma da gastrotomia por corpo estranho, protegendo ao redor 
muito bem. Também sutura-se como na gastrotomia por corpo estranho) 
 Gastrotomia com retirada manual do conteúdo (mesmo procedimento do item acima, 
porém sem uso de bomba de sucção. A atenção para proteção ao redor da incisão deve 
ser redobrada) 
 Descompressão gástrica posterior ao reposicionamento (Procedimento apenas preventivo com 
finalidade de evitar recidivas) 
 Mantém-se a sonda gástrica durante o restante do trans 
o No decorrer do trans-operatório deve-se fazer avaliação da coloração da serosa, espessura da parede e 
desobstrução vascular, as quais refletem sobre viabilidade do órgão. Se houver necrose, isquemia grave 
ou sinal de possível ruptura deve-se retirar a área desvitalizada para prevenir extravasamento de 
conteúdo e consequente peritonite. 
o Gastropexia 
 Indicada quando é necessário manter o estômago em sua posição normal e para evitar 
recorrência de rotação gástrica. Existem diversas técnicas: 
 Gastropexia incisional 
o Baseia-se na fixação do antro pilórico na parede abdominal ventrolateral direita 
logo caudal à ultima costela 
o Faz-se uma incisão elíptica na parede abdominal ventrolateral direita 
imediatamente caudal à última costela de extensão grande para evitar futuro 
encarceramento de alças 
Daniel Oliveira Ribeiro 
o Realiza-se uma punço-incisão sero-muscular também elíptica na região do antro 
pilórico, porém sem adentrar no lúmen 
o É de suma importância que as duas incisões tenham tamanho compatível 
o Sutura-se uma incisão na outra com fio absorvível sintético no padrão simples 
contínuo, conectando as soluções de continuidade 
o Realiza-se primeiramente a sutura da margem mais ventral ao cirurgião e 
posteriormente a mais dorsal 
o A solução de continuidade que foi criada pela incisão no estômago e na parede 
abdominal ventrolateral causará uma fibrose e irá aderir o órgão, impedindo 
que o estômago tenha uma torção novamente. 
 Podem ser feitos pontos contínuos (cerzidura), porém interrompidos em 
algumas partes, para que caso solte uma parte da sutura, mantém-se 
outra parte do órgão preso à parede abdominal 
 Gastropexia por Belt-loop 
o Baseia-se na fixação do estômago, “amarrando-o” à parede abdominal 
Daniel Oliveira Ribeiro 
o Faz-se duas incisões paralelas no peritônio e músculo abdominal transverso 
juntamente, divulsionando entre as incisões, formando uma passagem entre 
elas 
o Descola-se um flap seromuscular do antro pilórico, sempre preservando a 
vascularização daquele flap (notar na figura um ramo vascular preservado no 
flap) 
o Passa-se o flap pelo “túnel” formado pelas incisões na musculatura abdominal e 
sutura-se este flap no próprio estômago novamente, no local em que foi 
descolado em pontos separados ou contínuos interrompidos com fio de sutura 
absorvível sintético 
 
 Gastropexia Circuncostal 
o Trata-se de uma técnica mais difícil e agressiva, portanto não muito realizada. 
Baseia-se na fixação do antro-pilórico, “amarrando-o” como na técnica de Belt-
loop, porém na junção costo-condral 
o Incisa-se na 11ª ou 12ª costela bem na porção ventral da junção costo-condral 
o Descola-se um flap sero-muscular do antro-pilorico e passa-se por baixo desta 
passagem formada na costela 
o Sutura-se o flap de volta no estômago em seu local de origem 
o Também deve-se ter o cuidado com vascularização, mantendo um ramo vascular 
no flap para prevenir necrose do mesmo 
 
 PÓS-OPERATÓRIO 
o Animal deve ser submetido à internação por no mínimo 48h e fluidoterapia intravenosa 
o Se houver acúmulo de gás pode-se passar sonda novamente (gástrica ou nasogástrica) para 
descompressão 
o Quando há atonia gástrica: 
 Metoclopramida 0,2 a 0,4 mg/kg TID ou QID SC ou VO 
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o Antibioticoterapia de amplo espectro por 7 a 10 dias dependendo do grau de contaminação que tenha 
tido 
o Tratamento de gastrite e vólvulo persistente 
 Metoclopramida, ondasentrona, ranitidina, omeprazol ou, eventualmente, sucralfato 
o Se tiver sido feita gastrotomia ou gastrostomia, deve-se submeter o animal a um retorno gradual da 
alimentação, com o mesmo protocolo de retorno visto em gastrotomia por corpo estranho 
 
 PREVENÇÃO 
o A prevenção é dependente dos pontos da gastropexia e do manejo do proprietário 
o Não há medidas específicas para a prevenção, principalmente para animais que fizeram gastropexia. 
Para animais que ainda não realizaram este procedimento pode-se pedir pra umedecer previamente as 
rações (grãos aumentam de tamanho quando úmidos e aumentam a saciedade), dividir a ração diária 
em duas a três refeições diárias, não oferecer água imediatamente antes e após a alimentação, pelo 
mesmo motivo de aumentar o tamanho dos grãos, limitar atividade física antes e após alimentação para 
limitar a aerofagia e colocar comedouro na mesma altura da cabeça do animal, também para diminuir a 
aerofagia. 
o Deve-se sempre esclarecer ao proprietário quanto à possível recidiva em animais que não tiverem 
realizado a gastropexia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 
Principais Afecções e Procedimentos 
Cirúrgicos Intestinais 
Considerações Anatômicas: 
 
 
As principais abordagens cirúrgicas do intestino na rotina são enterotomia (entero = intestino; tomia = incisão) para 
remoção de corpo estranho e enterectomia (entero = intestino; ectomia = remoção/extirpação) para uma série de 
agravos que desvitalizem ou rompam o tecido intestinal 
 
ENTEROTOMIA DO INTESTINO DELGADO 
A principal afecção que necessita de enterotomia é a remoção de corpo estranho obstrutivo intraluminal, a qual se 
trata de uma afecção comum em filhotes de cães, por possuírem o hábito de comer tudo, principalmente lixo e 
brinquedos. Gatos, por sua vez não possuem esse hábito 
 
 QUADRO CLÍNICO 
o Obstrução intestinal incompleta: 
 Cursa com vômitos esporádicos e anorexia; Animal pode apresentar febre 
o Obstrução intraluminal completa 
 Causa obstrução intestinal aguda, cursando com distensão intestinal aguda 
o Obstrução duodenal 
 Cursa com vômito projetado (em jato) e anorexia 
o Obstrução jejunal distal ou ileal 
 Animal apresenta vômito, anorexia, distensão intestinal e dor abdominal intensa (diferenciando-
se da obstrução duodenal, que não apresenta dor à palpação) 
Daniel Oliveira Ribeiro 
*Corpos estranhos pontiagudos podem passar pelos intestinos sem causarem perfuração, porém isso não é tão 
comum 
 
 DIAGNÓSTICO 
 Chega-se ao diagnóstico de presença de corpo estranho pelo histórico, sintomatologia e exame 
físico. Parte-se para a confirmação radiográfica (radiografia simples/contrastada) e 
ultrassonografia, na qual indicará aumento de peristaltismo 
 O corpo estranho linear causa pregueamento das alças intestinais e resposta inflamatória muito 
grande. 
 
 PRÉ-OPERATÓRIO 
o A remoção de corpo estranho trata-se de uma cirurgia de emergência cuidados devem durar poucos 
minutos. 
o Assim que possível o animal deve entrar em cirurgia, pois a demora para realizar o procedimentosó 
piora o quadro clínico 
o Deve-se corrigir qualquer desidratação e estabilizar o paciente ao máximo 
o Utilização de antibioticoterapia sistêmica de amplo espectro devido à liberação de bactérias no local 
 Geralmente se utiliza a cefalosporina 
 Cefalotina sódica, por via intravenosa, na dose de 20 mg/kg a cada 6 horas 
 Metronidazol pode ser associado 
 
 TÉCNICA CIRÚRGICA 
o Anestesia geral 
o Monitorização cautelosa 
o Decúbito dorsal 
 Antissepsia de toda região abdominal ventral, pois geralmente a incisão não é pequena 
 Preocupar-se antecipadamente com possíveis contra-tempos 
o Incisão com o bisturi pela linha média ventral 
o Acesso à cavidade como o já conhecido 
 Logo de inicio trata-se de uma incisão pré-retroumbilical e caudal ao umbigo 
 Ampliação da incisão quando necessário 
 Pode ser ampliado do xifóide até o púbis, geralmente quando: 
 Há dificuldade de exposição das alças 
 Mão do cirurgião estiver apertada demais na abertura 
Daniel Oliveira Ribeiro 
o Colocação de afastador autoestático 
o Isolar todo o intestino pra fora da cavidade utilizando compressas 
o Proteção da cavidade abdominal com compressas 
o Dependendo do conteúdo obstruído, deve-se isolar o conteúdo do intestino delgado com o 
ordenhamento do intestino, afastando o conteúdo intestinal do local de incisão 
o Realiza-se uma punço-incisão do intestino delgado na borda anti-mesentérica e amplia-se de tamanho 
suficiente para a retirada do corpo estranho de modo que sua passagem não lacere as bordas da incisão 
o O auxiliar deve sempre estar pressionando a alça nas duas extremidades pra que o conteúdo intestinal 
não retorne ao local da incisão 
o Caso a parede do intestino esteja desvitalizada, a incisão deve se desviar caudal ou cranialmente ao 
corpo estranho, não incisando na área lesada 
 Esta parede deve ser regularizada posteriormente 
o Deve-se avaliar retorno venoso e retorno de mobilidade. Se não houver, pode-se partir para uma 
enterectomia 
o É importante saber que no caso de um corpo estranho linear, o cirurgião deve puxar delicadamente o fio 
para exteriorizá-lo, mas ao haver resistência deve parar imediatamente, cortar o fio e incisar outro local 
mais cranial ou caudal para puxá-lo, evitando que o fio venha lacerando a parede. As alças já incisadas 
não devem ser deixadas soltas. Deve-se cobri-las com compressas embebidas com solução fisiológica 
aquecida 
o Quanto á sutura, deve-se lembrar que Intestino delgado é um órgão delicado e que estenosa, portanto 
só comportando um plano de sutura e não suportando sutura invaginante ou contínua (nem mesmo 
cerzidura), só se fazendo então uma sutura de aposição. Portanto para não correr riscos excessivos se 
faz um plano só de sutura separado, não invaginante e seguido de omentalização. Os pontos 
empregados na sutura podem ser simples separado, Swift ou Gambee (sutura semelhante ao simples 
separado, mas que não aborda mucosa), com distanciamento de no máximo 2mm entre eles,. O fio deve 
sempre ser absorvível sintético e geralmente fino, de calibre 3-0 a 4-0. 
o Uma técnica que se faz para reduzir a estenose da retração cicatricial é a sutura das duas rimas 
primeiramente e continuar a sutura horizontalmente. É uma técnica de tentativa de aumentar o lúmen 
da região suturada, contudo apenas deve ser aplicada em pequenas enterotomias. Em grandes incisões, 
ao suturar as duas extremidades da incisão, o intestino dobrará. 
Daniel Oliveira Ribeiro 
o Passa-se tintura de iodo estritamente no local da sutura enquanto troca-se o material por outro estéril 
o Segue-se a omentalização, técnica crucial devido ao intestino se limitar a um plano de sutura somente. 
Ancorar o omento com pequenos pontos na camda sero-muscular do intestino delgado. 
o Quando é o caso de número maior de incisões deve-se, ao invés de suturar e omentalizar incisões 
repetidamente, deixar-se a omentalização por último 
 
 PÓS-OPERATÓRIO 
o O paciente deve ficar hospitaliado e submetido à antibioticoterapia sistêmica intravenosa por 7 a 10 dias 
(duração variável quanto ao caso) e correção da desidratação com fluidoterapia 
 Associação de cefalosporinas com metronidazol BID, preferencialmente via intravenosa 
o Manter plano alimentar adequado 
 Devido a região de cicatrização, o pós-operatório envolve dieta apenas líquida nas primeiras 
horas. 
 Depois de 2 dias as rações recovery (bem energética e bem protéica), nutralife, A/D, (podendo 
passar por seringa) devem ser oferecidas em pequenas quantidades em alta freqüência pelo dia. 
 Depois de 4 a 5 dias, dieta pastosa pode ser começada (mesmo a pastosa precisa de uma certa 
diluição) a cada hora e meia, tratando-se então de uma alimentação bem fracionada 
 No 5º dia pode-se engrossar a ração pastosa 
 É importante lembrar que qualquer cicatriz precisa de colágeno para a sua formação. Potanto se 
o animal não ingerir quantidade suficiente de proteínas, a ferida cirúrgica não vai cicatrizar 
adequadamente, predispondo a quadros de extravasamento e peritonite. 
 A recuperação deve acompanhar o apetite do animal, por isso o internamento do animal é 
indicado, para estar sempre em observação 
 É recomendado medir glicemia enquanto está internado 
 Alimentação caseira é uma opção viável 
 Se o proprietário não parecer que vai seguir rigorosamente este protocolo dietético ou se for o 
caso de proprietários que trabalhem o dia inteiro, deve-se deixar o animal internado 
 Só a partir do 10º dia que volta-se à ração normal 
 
ENTERECTOMIA E ENTEROANASTOMOSE DO INTESTINO DELGADO 
As principais afecções que necessitam da remoção de alça intestinal e de enteroanastomose (entero = intestino; 
anastomose = comunicação entre duas estruturas) são necroses e/ou perfurações de alça intestinal secundárias à 
corpo(s) estranho(s) intraluminal(is), neoplasias (bastante frequentes), granulomas fúngicos, obstruções 
mesentéricas arteriais e/ou venosas (ausência de vascularização significa desvitalização de tecidos), e intussuscepção 
não corrigida, que cursa com congestão venosa, trombose arterial, posterior isquemia e necrose da alça invaginada 
 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 
INTUSSUSCEPÇÃO 
Intussuscepção é o encaixe ou invaginação de um segmento intestinal (intussuscepto) no interior do lúmen de um 
segmento adjacente (intussuscepiente). A intussuscepção trata-se de uma cirurgia de emergência, portanto os 
cuidados pré-operatórios devem ser rápidos 
 
 
 SINAIS CLÍNICOS 
o A intussuscepção cursa com desidratação, vômito, dor abdominal (pois muitas vezes o animal já 
chega com peritonite grave) e choque séptico (quando há alça intestinal já necrosada e o conteúdo 
intestinal já foi extravasado para o peritônio) 
 
 DIAGNÓSTICO 
o O diagnóstico presuntivo se dá pelo histórico, pela sintomatologia e pelo exame físico. Deve haver 
diferencial para verminose e parasitismo, que cursam com intussuscepção pela contínua irritação 
intestinal 
o A confirmação se dá pela radiografias simples e/ou contrastadas, na qual se visualiza dilatação de 
alças, sendo o contraste um importante auxílio para delimitar aonde se encontra a intussuscepção e 
pela ultrassonografia, na qual se visualiza o “sinal de alvo” e possíveis massas 
o Exames são importantes para auxiliar o trans-operatório 
 
 PRÉ-OPERATÓRIO 
o Deve-se corrigir a desidratação e partir para antibioticoterapia sistêmica de amplo espectro 
 Cefalotina sódica, por via intravenosa, na dose de 10 mg/kg a cada 6 horas, associada com 
gentamicina, na dose de 2 mg/kg a cada 8 horas 
 
*A recidiva costuma ser muito frequente, porque o animal acaba tentando comer o corpo estranho novamente, 
portanto deve-se avisar o proprietário para retirar a causa 
 
 TÉCNICA CIRÚRGICA 
o Animal deve ser submetido à anestesia geral, tricotomia e antissepsia de toda a regiãoabdominal 
ventral e colocado em decúbito dorsal 
o A enterectomia possui o mesmo acesso que enteretomia, iniciando com incisão pela linha média ventral 
pré ou retro umbilical dependendo do tamanho da afecção 
o Colocação de afastador autoestático 
Daniel Oliveira Ribeiro 
o Proteção da cavidade abdominal com compressas 
 Ordenhamento das alças intestinais para deslocar o conteúdo intestinal para fora do local de 
incisão (deve ser extremamente delicado, pois trata-se de alças possivelmente desvitalizadas) 
o Encontrar as alças intussusceptas e intussuscepientes e tentar remover digitalmente as aderências de 
forma delicada, sem forçar. Deve-se sempre tentar desfazer a invaginação e sentir o quanto a mesma 
consegue se liberar. Caso se desfaça a aderência, deve-se aguardar de 2 a 3 minutos, tempo da 
vascularização da área voltar ao normal. Caso não volte, esta área toda deve ser englobada na 
enterectomia. Já partes que voltam à viabilidade tecidual normal não precisam ser englobadas 
o É importante que, como na enterotomia, os dedos do auxiliar nunca soltem as extremidades das alças, 
para que o conteúdo intestinal não retorno ao local de incisão. Na figura está representado o uso de 
pinças, normalmente pinças de Doyen, porém não são recomendadas pela agressão excessiva que 
oferecem ao tecido. 
o A incisão não deve ser realizada imediatamente ao lado do tecido desvitalizado. Deve-se incluir 
aproximadamente 2 a 3 cm de alça saudável entre as duas extremidades, uma vez que a maior 
frequência de casos que vão para a enterectomia é afecção neoplásica. 
o Outro motivo para realizar este cuidado é a eliminação do risco de alças desvitalizadas continuarem no 
organismo do animal 
o Outra consideração de extrema importância é que a incisão deve ser o mais próxima possível de um vaso 
paralelo que não será englobado na enterectomia, de forma que os “cotos” intestinais remanescentes 
ainda possuam vascularização e que não sobre tecido intestinal nenhum no animal que não possua 
vascularização, eliminando o risco de necrose 
 A incisão deve realmente ser bem próxima de um vaso, pois a artéria vasa reta não possui ramos 
que irrigam um espaço vasto 
o Mucosas evertidas podem ser seccionadas sem prejuízo para o paciente 
o Quanto à sutura, pode ser iniciada com um ponto na face mesentérica do intestino e, em seguida, outro 
ponto na face anti-mesentérica de modo que não permita que a alça intestinal seja suturada de forma 
retorcida 
 Deve-se lembrar que os padrões de sutura empregados para intestino delgado são somente o 
simples separado, Swift ou Gambee. 
 Os pontos de sutura devem ser feitos extremamente próximos uns dos outros, a fim de fechar o 
órgão muito bem 
 Fio absorvível sintético, de calibre 3-0 a 4-0 
 Após a sutura deve-se passar a tintura de iodo sobre os pontos, com o cuidado de sempre de 
não permitir que o iodo escorra, com a finalidade de controlar crescimento de microorganismos 
no local 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 Parte-se para a sutura do mesentério utilizando o mesmo tipo de fio, porém em padrão de 
cerzidura 
 A sutura do mesentério evita que alças intestinais passem pela abertura e se encarcerem 
no pós-operatório 
 Realiza-se a omentalização, fixando o omento sobre as suturas com pontos sero-musculares no 
intestino 
o Para evitar sutura de diâmetros diferentes, algumas técnicas são utilizadas, como 
 Angulação na incisão da alça de menor diâmetro, deixando assim o calibre semelhante 
 Esta técnica é apenas citada na literatura, mas não muito praticada, pois os pontos na 
segunda alça, como na figura, são bem mais espaçados, predispondo a extravasamento 
de conteúdo 
 Incisão na face anti-mesentérica da alça de menor tamanho, resultando em um diâmetro maior 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 Sutura de uma parte da face anti-mesentérica da alça de diâmetro maior, resultando em lumens 
de tamanho equivalente 
 
 
o Plicatura intestinal 
 Técnica utilizada após feita a enterectomia, que consiste em pequenas suturas sero-musculares 
entre as alças intestinais próximas à anastomose recém-formada, evitando intussuscepções 
locais. A plicatura intestinal apenas é feita em casos de intussuscepção, mas não neoplasia, 
perfuração ou qualquer outra etiologia. 
 Realza-se um zigue-zague de aproximadamente 3 voltas antes e 3 voltas depois da alça 
acometida, ligando-as com fio absorvível sintético no padrão de sutura simples separados. Não 
é necessário escarificar parede, passar iodo ou omentalizar. Depois do fio ser absorvido o 
intestino perderá essa aderência, pois se trata de uma técnica utilizada apenas para evitar a 
recorrênncia da intussuscepção enquanto se investiga a causa desta. 
 
 PÓS-OPERATÓRIO 
o Deve-se corrigir a desidratação e hospitalizar o animal por no mínimo 3 dias 
o Manter antibioticoterapia sistêmica durante 7 a 10 dias 
 Cefalosporina associada com metronidazol 
o Utilização de plano alimentar adequado 
 Semelhante ao já discorrido em enterotomia 
 
 
RESSECÇÃO E ANASTOMOSE (ENTERECTOMIA) DO CÓLON 
Não são comuns as afecções que necessitam de ressecção e anastomose de cólon. Quando ocorrem, se tratam de 
neoplasias, fecalomas, intussuscepção (menos comum do que no intestino delgado) ou traumas externos 
A casuística de procedimentos em intestino grosso na medicina veterinária é principalmente enterotomia, sendo 
raros os casos que requerem enterectomia, ao contrário da medicina humana, que devido a grande ocorrência de 
tumor de cólon, a enterectomia é bem mais frequente do que a enterotomia 
Daniel Oliveira Ribeiro 
 
 
 SINAIS CLÍNICOS 
o As afecções geralmente cursam com tenesmo, evacuações frequentes de pequenas quantidades de 
fezes, contendo sangue fresco e muco, flatulência (raro) e vômitos (também raro). 
 
 DIAGNÓSTICO 
o O diagnóstico presuntivo das afecções geralmente se dá pelo histórico, pela sintomatologia e pelo 
exame físico, sendo comum observar dor à palpação 
 A confirmação das afecções é geralmente feita pela radiografia simples e/ou contrastadas, mas 
principalmente pela ultrassonografia. 
 Em fecalomas, visualiza-se ausência de peristaltismo local e obstrução por massa 
 
 PRÉ-OPERATÓRIO 
o O pré-operatório de enterectomia de intestino grosso se assemelha aos das outras técnicas intestinais 
o Deve-se corrigir a desidratação, quando possível, até o momento cirúrgico e utilizar antibioticoterapia 
sistêmica de amplo espectro 
 A cefalotina associada a gentamicina é utilizada nesses casos, sempre observando os exames do 
pré-operatório (avaliando-se, por exemplo, se o animal é nefropata). Quando associada, a dose 
da cefalotina cai para a metade. Se o animal não tiver condições de receber gentamicina, a 
cefalotina volta para a dose normal, porém com intervalo de aplicação menor, pelo fato de ser 
cirurgia de intestino grosso, um órgão já com uma colonização bacteriana considerável que 
retarda a cicatrização 
 Metronidazol e cefalosporina também podem ser utilizados 
 
 TÉCNICA CIRÚRGICA 
o O animal deve ser submetido à anestesia geral, tricotomia e antissepsia de toda a região abdominal 
ventral e colocado em decúbito dorsal 
o Inicia-se pela incisão pela linha média ventral e acesso abdominal já conhecido 
o Colocação de afastador autoestático e proteção da cavidade abdominal com compressas 
o Localização da afecção 
o Ordenhamento do conteúdo intestinal e compressão das extremidades com os dedos do auxiliar 
o Ligadura dos vasos que irrigam a porção que será exteriorizada 
 O intestino delgado requer ligadura tanto no arco jejunal como no arco terminal. Intestino 
grosso, contudo, possui um mesentério completamente diferente e muito próximo da aorta. Os 
ramos que irrigam o intestino grosso vêm da aorta abdominal. Esta aorta emite a artéria 
ileocólica, mesentérica cranial e caudal,

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