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Habeas corpus

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Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Ceará
XXXXXX, brasileiro, advogado, inscrito na OAB-XXX sob o nº x, com escritório na Rua x nº x, Setor x, cidade x, onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal, arts. 647 e 648, I e IV, do CPP impetrar ordem de
HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR
em favor de José Percival da Silva, brasileiro, casado, xxx, residente em Conceição do Agreste\CE, contra o ato do Meritíssimo Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca de Distrito de Conceição do Agreste\CE
DOS FATOS 
No dia 03 de fevereiro de 2018, o Delegado de Polícia do Município, Dr. João Rajão, recebeu em seu gabinete Paulo Matos, que relatou ao delegado uma denúncia, onde fora exigido o pagamento de uma determinada quantia de três vereadores membros da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE.
Diante da denuncia o delegado orientou Paulo a sacar o dinheiro e combinar com os vereadores a entrega da quantia na própria sessão de realização da licitação, onde lá haveria uma equipe de policiais disfarçados que estariam presentes para efetuar a prisão dos envolvidos.
No dia seguinte os policias esperaram a ocorrência do fato e realizaram a prisão em flagrante dos três vereadores. Ocorre que, José Percival da Silva na qualidade de Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, foi assistir naquele dia à Sessão da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara.
Acabou que mesmo ele sem ter ciência dos fatos, só por estar presente no Plenário da Câmara no momento da operação policial, foi preso em flagrante delito e acusado de participar do esquema de corrupção passiva.
O Juiz, acatando o pedido do Ministério Público de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, decretou a prisão preventiva de todos, nos termos do art. 310, II, c/c art. 312, c/c art. 313, I, todos do CPP, para garantia da ordem pública, tendo em vista a gravidade e a repercussão do crime.
DOS FUNDAMENTOS 
O artigo 302, do Código de Processo Penal versa sobre as hipóteses de prisão em flagrante, são elas: 
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
O rol constante do art. 302, do CPP, é taxativo, ou seja, só será considerada prisão em flagrante delito aquela prisão realizada em uma das hipóteses ali previstas, sob pena de tal ato ser ilegal. Como dito, o paciente não se encontrava em nenhuma das situações previstas no art, 302, do CPP, apenas estava no local. 
Cabe ressaltar na ilegalidade do flagrante, diante dos fatos narrados, fica claro o flagrante preparado. O flagrante preparado existe quando há uma indução, um estímulo, uma participação fundamental das autoridades estatais para que a situação fática causadora da prisão exista. Isto é, quando o agente, por meio de uma cilada, uma encenação teatral, é impelido à prática de um delito por um agente provocador, normalmente um policial ou alguém sob sua orientação.
A Súmula 145, do STF, já provou que tal flagrante é ilegal: “Súmula 145 STF: Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”.
DO CABIMENTO DO HABEAS CORPUS
O Habeas Corpus caracteriza-se por ser uma ação de impugnação autônoma, de natureza mandamental e de cognição sumária, também não submetida a prazos, destinada a garantir a proteção da liberdade de locomoção dos cidadãos, em casos de atos abusivos do Estado, encontrando amparo legal nos artigos 647 a 667 do CPP.
Art. 647 - Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Ainda, nossa Carta Magna é clara em seu artigo 5º LIV, ao dispor que “ninguém será privado da sua liberdade ou dos seus bens sem o devido processo legal;”. Também dispõe no inciso LVII, “ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Já nos termos do seu art. 5º, Inciso LXVIII, a Constituição Federal assim prevê:
Art. 5º: (...)
LXVIII - Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Excelência! Pela primariedade do paciente, sem antecedentes negativos, com residência fixa, sem quaisquer indícios de que o paciente atrapalhará as investigações ou se locomoverá para local incerto e, portanto, sem justa causa para a manutenção da prisão preventiva, só podemos presumir que se trata de coação ilegal.
Neste mesmo entendimento, há de se invocar o instituído no artigo 282, § 6º e artigo 319 do CPP:
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:
§ 6o A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar.
DO PEDIDO LIMINAR EM SEDE DE HABEAS CORPUS
A liminar é o meio usado para assegurar celeridade aos remédios constitucionais, evitando coação ilegal ou impedindo a ocorrência desta. O “fumus boni iuris” está presente na medida em que a existência de opções diversas da prisão preventiva pode ser aplicada a esse caso em concreto. Presente também está o “periculum in mora”, onde certamente a manutenção da prisão preventiva além de perpetuar a coação ilegal trará enormes prejuízos ao paciente, sejam eles de ordem moral ou psicológica.
Os artigos 649 e 660, § 2º, do Código de Processo Penal preconizam que o juiz ou Tribunal “fará passar imediatamente a ordem impetrada” ou “ordenará que cesse imediatamente o constrangimento”.
Outrossim, estando o Paciente preso, o presente mandamus assume caráter cautelar exigindo uma rápida atuação do Poder Judiciário para que a liberdade ambulatória do indivíduo não seja afetada.
Por essas razões, conceder liberdade ao Paciente encarcerado se demonstra a medida mais justa, eis que o mesmo tem bons antecedentes, não havendo a necessidade da manutenção da prisão preventiva.
DOS PEDIDOS
a) conceder a medida LIMINAR, ante a existência de fumus boni iuris e periculum in mora, determinando a imediato RELAXAMENTO DA PRISÃO do paciente, mediante imposição de MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO, com a imediata expedição de ALVARÁ DE SOLTURA em favor do paciente, aguardando em liberdade para que possa responder ulteriores termos do processo-crime; 
b) oficializar a autoridade coatora para prestar as informações de praxe, com posterior remessa dos autos à Procuradoria-Geral de Justiça como regular prosseguimento do feito;
c) conhecer o pedido de HABEAS CORPUS, para conceder o pedido de julgado do feito, tornando definitivos os efeitos da liminar concedida.
Nestes temos, pede deferimento
Conceição do Agreste\CE x de xxx de 2018
Assinatura do advogado
OAB XXX\XX

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