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História Tradicional "Rankeana“: a visão do senso comum da história por ser considerada, com muita frequência, "a" maneira de se fazer história, ao invés de ser considerada uma dentre várias abordagens possíveis do passado. Algumas características: - Diz respeito essencialmente à política (embora outros tipos de história - por exemplo a história da arte - não fossem totalmente excluídos, são marginalizados no sentido de serem considerados periféricos aos interesses dos "verdadeiros" historiadores). - É pensada basicamente como uma narrativa dos acontecimentos. foi um dos maiores historiadores alemães do século XIX, e é frequentemente considerado como o pai da "História cientifica". Ranke definiu o tom de boa parte dos escritos históricos posteriores, introduzindo ideais de vital importância para o uso do método cientifico na pesquisa histórica como o uso prioritário de fontes primárias, uma ênfase na história narrativa e especialmente em política internacional e um comprometimento em mostrar o passado tal como realmente foi. Leopold von Ranke (Wiehe/Unstrut, 21 de dezembro de 1795 — Berlim, 23 de maio de 1880) História Tradicional - Oferece uma visão de cima, no sentido de concentrar-se em "grandes" feitos de "grandes" homens (estadistas, generais, eclesiásticos). Ao resto da humanidade é destinado um papel secundário no drama da história. - Enfatiza bases escritas, documentos oficiais, emanados de governos e preservados em arquivos. Negligencia outros tipos de evidências e classifica o período anterior a escrita como pré-história. - Pretende-se objetiva: a tarefa do historiador é apresentar aos leitores os fatos, ou como apontou Ranke (1795- 1886), dizer "como (os fatos) realmente aconteceram, (...) os leitores deveriam ser incapazes de dizer onde um colaborador iniciou (a pesquisa) e outro continuou." A Escola de Annales e a História do Direito A Escola dos Annales foi um movimento historiográfico surgido na França, durante a primeira metade do século XX. Desde o século XVIII, quando a História passou a ser notada como ciência, os métodos de se escrever e pensar sobre História conquistaram grande evolução. A historiografia passou por grandes modificações metodológicas que permitiram maior conhecimento do cotidiano do passado, através da incorporação de novos tipos de fontes de pesquisa. No início do século XX, questionava-se muito sobre uma historiografia baseada em instituições e nas elites, a qual dava muita relevância a fatos e datas, de uma forma positivista, sem aprofundar grandes análises de estrutura e conjuntura. Em 1929, surgiu na França uma revista intitulada Annales d’Histoire Économique et Sociale, fundada por Lucien Febvre e Marc Bloch. A escola de Annales renovou e ampliou o quadro das pesquisas históricas ao abrir o campo da História para o estudo de atividades humanas até então pouco investigadas, rompendo com a compartimentação das Ciências Sociais (História, Sociologia, Psicologia, Economia, Geografia humana e assim por diante) e privilegiando os métodos pluridisciplinares. Em geral, divide-se a trajetória da escola em quatro fases: Primeira geração - liderada por Marc Bloch e Lucien Febvre Segunda geração - dirigida por Fernand Braudel Terceira geração - vários pesquisadores tornaram-se diretores, destacando-se a liderança de Jacques Le Goff e Pierre Nora, além de Philippe Ariès e Michel Vovelle; na arqueologia, destaca-se Jean-Marie Pesez. Ao longo da década de 1930, a revista se tornaria símbolo de uma nova corrente historiográfica identificada como Escola dos Annales. A proposta inicial do periódico era se livrar de uma visão positivista da escrita da História que havia dominado o final do século XIX e início do XX. Sob esta visão, a História era relatada como uma crônica de acontecimentos, o novo modelo pretendia em substituir as visões breves anteriores por análises de processos de longa duração com a finalidade de permitir maior e melhor compreensão das civilizações das “mentalidades”. O novo movimento historiográfico foi muito impactante e renovador, colocando em questionamento a historiografia tradicional e apresentando novos e ricos elementos para o conhecimento das sociedades. Apresentava uma História bem mais vasta do que a que era praticada até então, apresentando todos os aspectos possíveis da vida humana ligada à análise das estruturas. O novo movimento historiográfico foi muito impactante e renovador, colocando em questionamento a historiografia tradicional e apresentando novos e ricos elementos para o conhecimento das sociedades. Apresentava uma História bem mais vasta do que a que era praticada até então, apresentando todos os aspectos possíveis da vida humana ligada à análise das estruturas. Entre as modificações apresentadas pela Escola dos Annales, estava a argumentação de que o tempo histórico apresenta ritmos diferentes para os acontecimentos, os quais podem ser de simples acontecimento, conjuntural ou estrutural. A primeira geração dos Annales Foi o ponto de partida para as novas abordagens da história. Bloch em Les Reis Thaumaturges (Os Reis de Taumaturgos) amplia o campo historiográfico sobre o estudo do mundo rural, fazendo comparações entre a França e a Inglaterra, algo novo do ponto de vista tradicional “acostumado” a escrever sobre temas mais restritos. Febvre objetivava uma pesquisa interdisciplinar com uma história voltada para a problematização, entretanto em algumas obras propunha uma homogeneidade de pensamento praticamente “impossível”. Era preciso levar em consideração os vários aspectos e diferenças humanas, seja ele homem, mulher, rico ou pobre. O fato é que as diferenças existem na forma de pensar dos indivíduos, e não levá-las em consideração é negligenciar outros campos relevantes. Marc Bloch Lucien Febvre Segunda geração: Fernand Braudel e a história quantitativa Ao assumir a direção da Annales, em 1959, Fernand Braudel imprimiu à revista a sua identidade. O apreço pela geografia e pela longa duração de tempo está revelado em sua tese “O Mediterrâneo e Felipe II”. Braudel considerava a “história dos eventos” superficial – a história política/militar revelada pela narrativa seria limitada. O historiador deveria percorrer caminhos de tempo mais longo a fim de entrar em contato com a estrutura social e econômica da sociedade em questão. Fernand Braudel foi um historiador francês e um dos mais importantes representantes da chamada "escola dos Annales". No mediterrâneo, uma obra que valoriza as mudanças econômicas e sociais ocorridas a longo prazo, está transposto suas ideias dialogando com a geografia, constrói uma “geo-histórica”. A importante contribuição de Braudel foi à inovação no conceito de tempo, que para ele é manejado entre a distinção de curta e longa duração, ou seja, os eventos históricos, podem se dar em ampla ou restrita dimensão temporal. Neste caso, outro conceito é fundamental, a noção de estruturas, que interage no decorrer desses eventos com a categoria temporal. A Escola de Annales: terceira geração: Jacques Le Goff e a multiplicidade de métodos. Após a saída de Braudel da presidência da revista, ocupada, em seguida por Jacques Le Goff, pode-se falar de uma fragmentação ou policentrismo do projeto de Annales. Muitos historiadores migraram da base econômica para o estudo das manifestações culturais, foram “do porão ao sótão”, como afirmou Peter Burker. O uso de fontes seriais foi incorporada a essa nova proposta dehistória. Desenvolveram-se, por exemplo, o estudo da alfabetização na França entre os séculos XVI e XIX e o estudo da descristianização da França a partir do levantamento dos rituais funerários. Ao mesmo tempo, houve o retorno e a renovação da História Política, com a incorporação da longa duração, do uso de fontes seriadas e do diálogo com outras disciplinas, principalmente a Antropologia, que ajudou na construção do conceito de cultura-política. Houve o resgate do valor da narrativa e do estudo biográfico. A terceira geração traz uma fase marcada pela fragmentação e por exercer grande influência sobre a historiografia e sobre o público leitor, em abordagens que comumente chamamos de Nova História ou História Cultural. Jacques Le Goff foi um historiador francês especialista em Idade Média. Autor de dezenas de livros e trabalhos, era membro da Escola dos Annales, empregou-se em antropologia histórica do ocidente medieval.
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