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APOSTILA IMUNOLOGIA PARTE III

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” 
FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA 
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA: IMUNOLOGIA 
PROFESSOR RESPONSÁVEL: PROFa. Dra WILMA APARECIDA STARKE BUZETTI 
 
 
 
 
PARTE III 
 
 
 
 
I – HIPERSENSIBILIDADE 
II- VACINAS E VACINAÇÃO 
III-TÉCNICAS IMUNOLÓGICAS 
 
 
 
2004 
 1
ÍNDICE 
 
I - HIPERSENSIBILIDADE ...............................................................................................................3 
1. HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO I (IMEDIATA E MEDIADA POR IgE)...........................3 
1.1. IMUNOGLOBULINA E ..............................................................................................................3 
1.2. MASTÓCITOS .............................................................................................................................3 
1.3. EOSINÓFILOS.............................................................................................................................5 
1.4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ..................................................................................................5 
1.4.1.ANAFILAXIA AGUDA.............................................................................................................7 
1.4.2. ALERGIAS ESPECÍFICAS ......................................................................................................7 
1.4.2.1. POR LEITE.............................................................................................................................7 
1.4.2.2.ALIMENTAR ..........................................................................................................................8 
1.4.2.3.INALANTES ...........................................................................................................................8 
1.4.2.4.ALERGIAS A DROGAS E VACINAS ..................................................................................8 
1.4.2.5. ALERGIAS A PARASITAS ..................................................................................................8 
1.4.3. DIAGNÓSTICO ........................................................................................................................8 
1.4.4. PREVENÇÃO E TRATAMENTO............................................................................................9 
1.4.5.DESENSIBILIZAÇÃO...............................................................................................................9 
2.HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO II.............................................................................................9 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................9 
3. HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO III (mediada por complemento) ..........................................11 
3.1. MECANISMOS DE AÇÃO .......................................................................................................12 
3.2. PERSISTÊNCIA DOS COMPLEXOS.......................................................................................12 
3.2.1. DOENÇA SISTÊMICA CAUSADA POR COMPLEXOS IMUNES ....................................13 
3.2.2. DOENÇA LOCALIZADA CAUSADA POR COMPLEXOS LMUNES ..............................14 
4. HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO IV (Celular e mediada por linfócitos Th)............................15 
4.1. HIPERSENSIBILIDADE DE CONTATO.................................................................................16 
4.2. REAÇÃO DE TUBERCULINA.................................................................................................17 
4.3. HIPERSENSIBILIDADE GRANULOMATOSA......................................................................18 
II. VACINA E VACINAÇÃO...........................................................................................................20 
1. INTRODUÇÃO: ............................................................................................................................20 
2. TIPOS DE IMUNIZAÇÃO: ..........................................................................................................20 
2.1. PASSIVA:...................................................................................................................................20 
2.1.1. SORO IMUNE.........................................................................................................................20 
2.1.2. COLOSTRO E PLACENTA ...................................................................................................21 
2.2. ATIVA (VACINAS)...................................................................................................................22 
2.2.1. TIPOS DE VACINAS: ............................................................................................................22 
3.ADMINISTRAÇÃO DE VACINAS..............................................................................................25 
3.1. ADJUVANTES...........................................................................................................................25 
3.2. VACINAS MISTAS ...................................................................................................................26 
3.3. ESQUEMAS DE VACINAÇÃO................................................................................................26 
3.4. AVALIAÇÃO DA VACINA .....................................................................................................26 
4. FALHAS NA VACINAÇÃO ........................................................................................................27 
5. REAÇÕES ADVERSAS DAS VACINAS ...................................................................................27 
III-TÉCNICAS IMUNOLÓGICAS...................................................................................................29 
1. IMUNODIFUSÃO.........................................................................................................................29 
2. IMUNOELETROFORESE............................................................................................................30 
3. AGLUTINAÇÃO...........................................................................................................................31 
4. FIXAÇÃO DE COMPLEMENTO ................................................................................................33 
5. TESTES IMUNOQUÍMICOS E FÍSICO-QUÍMICOS.................................................................33 
5.1 ULTRACENTRIFUGAÇÃO ......................................................................................................33 
5.2. CROMATOGRAFIA EM COLUNA .........................................................................................33 
 2
5.2.1. CROMATOGRAFIA POR TROCA IÔNICA: .......................................................................33 
5.2.2. GEL FILTRAÇÃO: .................................................................................................................33 
5.2.3. CROMATOGRAFIA POR AFINIDADE. ..............................................................................33 
6. RADIOIMUNOENSAIO (RIE).....................................................................................................33 
7. TÉCNICAS IMUNO-HISTOQUÍMICAS.....................................................................................34 
7.1. IMUNOFLUORESCÊNCIA ......................................................................................................34 
7.2. ENZIMÁTICOS..........................................................................................................................35 
8. MÉTODOS QUANTITATIVOS ENZIMÁTICOS.......................................................................35 
9. WESTERN-BLOT (IMUNOBLOT) .............................................................................................3810. CITOMETRIA DE FLUXO ........................................................................................................38 
11. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: ............................................................................................39 
 
 3
I - HIPERSENSIBILIDADE 
 
 Hipersensibilidade é quando uma resposta imune adaptativa ocorre de uma forma exagerada 
ou inapropriada. As reações de hipersensibilidades são resultado de uma resposta imune benéfica, 
mas de uma forma inapropriada levando algumas vezes a reações inflamatórias indesejáveis e danos 
para o tecido. 
 
1. HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO I (IMEDIATA E MEDIADA POR IgE) 
 
Hipersensibilidade do tipo I ocorre quando uma resposta da imunoglobulina E (IgE) é 
direcionada a antígenos ambientais, como pólen, poeira caseira, ácaros e outros. O resultado é a 
liberação de produtos farmacológicos de mastócitos levando a asma, rinites, urticárias, diarréias e 
outras manifestações alérgicas. 
 As reações características deste tipo de hipersensibilidade são dependentes principalmente 
da sensibilização de mastócitos por antígenos alergênicos ligados a IgE. No entanto, há muitas 
citocinas multifuncionais que também são liberadas como resultado desta ativação. IL-3 e IL-4 tem 
efeitos autócrinos sobre mastócitos e também efeitos sobre linfócito B para a produção de IgE. IL-
5, IL-8 e IL-9 também podem ter efeitos quimiotáticos sobre a atração de outras células para o local 
da reação alérgica, como os eosinófilos e neutrófilos. 
 
1.1. IMUNOGLOBULINA E 
 
O contato inicial de um alergeno com a mucosa é seguido por uma série complexa de eventos 
levando a produção de IgE. A resposta da IgE é no local da entrada do alergeno pelo corpo ( 
mucosas ou linfonodos locais). A produção de IgE por linfócitos B depende da apresentação do 
alergeno por APC e da cooperação entre linfócitos B e Th2. A IgE inicialmente sensibiliza 
mastócitos locais, ligando-se a receptores de alta afinidade (FcεRI) para IgE, em seguida a IgE se 
espalha pelo corpo através da circulação onde se liga também a basófilos circulantes e a outros 
mastócitos teciduais. Mastócitos podem permanecer sensibilizados por IgE (ligados a IgE) por até 
3 meses após o primeiro contato com o alergeno. 
Por outro lado, linfócitos Th1 produzem citocinas que são responsáveis pela regulação da 
produção de IgE. As citocina IFNγ e IFNα levam a redução da produção de IgE. 
Além disso, linfócito Th2 produz IL-5 e induz a produção de IgA por linfócitos B e é crucial 
para o desenvolvimento e a sobrevivência de eosinófilos no local inflamado. Isto pode explicar a 
associação de eosinofilia e aumento de IgE nos processos alérgicos. 
 
1.2. MASTÓCITOS 
Mastócitos são células grandes (15 a 20 μm de diâmetro), distribuídas por o todo o tecido 
conjuntivo. Sua principal característica é o citoplasma com grandes grânulos corados em corantes 
metacromáticos como o azul de toluindina ou o azul astra ou alcian. O núcleo é grande e em 
formato de feijão. No homem, no rato e no camundongo, há dois tipos: o de tecido conjuntivo 
(CTMC) e o de mucosa (MMC). 
CTMC apresenta grânulos maiores e mais homogêneos, ricos em histamina e heparina. 
MMC tem poucos grânulos com tamanhos variáveis, contem pouca histamina e sulfato de 
condroitina ao invés de heparina. Além disso, MMC produz diferentes prostaglandinas e 
leucotrienos além do fator de ativação de plaquetas (PAF). MMC prolifera em resposta a IL-3 e 
IL4. MMC pode responder especificamente a antígenos de helmintos parasitas. 
Quando IgE liga-se a um antígeno (alergeno) ocorre uma reação com mastócitos, uma série 
de eventos acontecem onde os grânulos de mastócitos movem-se para a periferia e liberam o 
conteúdo para o exterior celular. Além disso, estas células produzem citocinas e mediadores 
inflamatórios. A resposta de mastócitos após a sua ativação é extremamente rápida, ou seja, apenas 
 4
alguns segundos. Os mastócitos não morrem após a degranulação, mas ficam difíceis de serem 
identificados (Figura 1). 
Os grânulos de mastócitos contêm alta concentração de histaminas e em algumas espécies 
serotoninas (roedores). Após a liberação, a histamina liga-se rapidamente a várias células 
utilizando-se dos receptores H1 e H2, apresentando efeitos diferentes e distribuição tecidual 
diferente. Histamina causa: contração da musculatura lisa dos brônquios, do trato gastrointestinal, 
do útero e da bexiga urinária. Histamina provoca o aumento da permeabilidade vascular e é um 
potente estimulador de secreções exócrinas como secreção de muco bronquial, lacrimejamento e 
salivação. Serotonina (5-hidroxitriptamina) é um dervado do aminoácido triptofano e normalmente 
causa vasoconstricção que leva a aumento da pressão arterial. Além disso, serotonina em algumas 
espécies animais (ratos e camundongos) causa a contração da musculatura lisa e o aumento da 
permeabilidade vascular como a histamina. 
Outros componentes como: tripsina ou proteases neutras do tipo quimiotripsina, destroem 
células e ativam as moléculas C3 e C5 do complemento para formar anafilatoxinas. C3a e C5a 
Cininas, que são anafilatoxinas vasoativas, também podem ser produzidas. 
A ativação de fosfolipases sobre a membrana celular de mastócitos resulta na liberação do 
ácido aracdônico que é um substrato para ciclooxigenase e produz prostaglandinas, prostaciclinas, 
tromboxanes e para a lipooxigenase na produção de leucotrienos. Todos estes lipídeos têm ação no 
tônus e na permeabilidade vascular (Figura 2). 
Mastócitos liberam tetrapeptídeos, como o fator quimiotático de eosinófilos na anafilaxia 
(ECF-A) e fatores de atração e imobilização de neutrófilos. 
Mastócitos produzem também citocinas como IL-4, IL-5, IL-6, IL-13, e TNF-α. 
Proteoglicanas, como heparina e sulfato de condroitina também são liberados com propriedade 
anticoagulantes (Figura 3). 
Eosinófilos também apresentam receptores para IgE, que quando sensibilizados aumentam a 
sua toxicidade aos parasitas, principalmente às larvas circulantes de helmintos. 
 
 
 
Figura 1: A degranulação de mastócitos em conseqüência da ligação cruzada por antígenos de IgE 
ligada aos receptores Fc de IgE (FcεRI). 
 5
 
Figura 2: os mediadores liberdados durante a ativação de mastócitos. 
 
1.3. EOSINÓFILOS 
 
Eosinófilos, como os neutrófilos, mastócitos e basófilos, tem função de lutar contra o 
organismo invasor e promover uma resposta inflamatória aguda. Eosinófilos migram para o local 
da invasão do parasita liberando enzimas que matam ou danificam severamente os parasitas. 
Eosinófilos são produzidos na medula óssea sobre a influência de IL-3 e IL-5 produzidos por Th2 e 
mastócitos. 
Eosinófilos são atraídos para o local da degranulação de mastócitos através de fatores 
quimiotáticos para eosinófilos (ECF), leucotrienos B4, histamina, fator de atração de plaquetas 
(PAF), extratos de helmintos, C5a e ácido imidiazolacético. 
 
 1.4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
Os sinais clínicos resultam da ação de moléculas vasoativas de mastócitos e basófilos. A 
severidade está relacionada com o número de mastócitos degranulados, do local de ação, da 
quantidade de alergeno e da rota de administração. Se a via de inoculação é a venosa, as moléculas 
vasoativas liberadas por mastócitos estarão distribuídas mais sistemicamente e o organismo não terá 
tempo para responder prontamente contra esta rápida alteração vascular. Estas manifestações podem 
levar a uma hipersensibilidade aguda e morte. 
 
 6
 
Figura 3: Representação esquematizada da reação e hipersensibildadade do tipo I mediada por IgE, 
mostrando alguns dos mediadores envolvidos. 
 7
 
 
Figura 4: Visão geral da indução e ds mecanismos efetores da hipersensibilidade do tipo I. 
 
 A Figura 7 mostra uma reação de hipersensibilidade imediata com reação urticariforme na 
pelee sua (A) reação histológica dessa inflamatória aguda (B). 
 
 
1.4.1.ANAFILAXIA AGUDA 
 
Os sinais clínicos diferem nas diferentes espécies. 
Nos bovinos: profunda hipotensão sistêmica e hipertensão pulmonar. O principal órgão 
envolvido é o pulmão. Pode ocorrer contração da musculatura lisa da bexiga e do intestino. 
Nos ovinos: constrição de brônquios e vasos pulmonares, contração da musculatera lisa da 
bexiga e do intestino. 
Nos equinos: principais órgãos de choque são os pulmões e os intestinos. 
Nos suínos: hipertensão sistêmica e pulmonar. 
Cães: o fígado é o órgão mais afetado na hipersensibilidade aguda. Ocorre oclusão das veias 
hepáticas devido à contração da musculatura lisa e inchaço hepático. Isto causa hipertensão portal e 
edema visceral. 
Gatos: os pulmões e os intestinos são afetados. 
Galinhas: os pulmões são afetados. 
Homem: são o trato respiratório e a pele. 
 
1.4.2. ALERGIAS ESPECÍFICAS 
1.4.2.1. POR LEITE 
 
Bovinos da raça Jersey podem tornar-se alérgicos a caseína α de seu próprio leite. Se a 
ordenha é atrasada, a pressão intramamária força as proteínas do leite de volta a circulação 
provocando processos alérgicos, variando desde urticária até anafilaxia e morte. 
 
 8
1.4.2.2.ALIMENTAR 
 
30% das doenças de pele tem sido atribuídas às dermatites alérgicas e sendo que 1% são 
atribuídas a alergenos ingeridos. As alergias alimentares causam sintomas clínicos no trato 
digestivo e na pele. As reações intestinais podem ser leves ou graves com vômitos, diarréias 
algumas vezes hemorrágicas, que ocorre logo imediatamente após a alimentação. As reações de 
pele nos cães ocorem de forma papular e eritematosa, ocorrendo principalmente nas patas, olhos, 
orelhas, axilas e períneo. Estas reações são associadas com prurido que podem ser contaminadas 
secundariamente com bactérias, no ato de coçar. 
Os alimentos envolvidos geralmente são proteínas, como os laticíneos, carnes de peixes, 
galinha, bovina, ovos, trigo. Para os suínos, a carne de peixe e a alfafa têm sido associadas com 
alergias. Para equinos, aveia e alfafa. 
 
1.4.2.3.INALANTES 
 
Dermatites atópicas com intenso prurido em qualquer parte do corpo podem ser encontradas 
em cães sensibilisados. Os alergenos podem ser fungo (bolor), pólen, poeira e ácaro doméstico, lã e 
outros. 
Os cães e gatos podem apresentar também urticária nasolacrimal, bronquioconstrição, asma 
e dispnéia, similar ao observado no homem. 
Nos bovinos, renites alérgicas com intenso prurido nasal, corrimento nasal, dispnéia, 
descarga nasal mucosa e lacrimejamento excessivo. Os alergenos podem ser os fungos e uma 
variedade de plantas. Nos bovinos os fungos encontrados no capim brachiaria, quando ingeridos 
podem levar a alterações hepáticas e lesões na pele quando estes animais se expõem ao sol. Esta 
enfermidade é chamada de fotosensibilização e ocorre principalmente nos animais de pelagem 
branca. 
Nos equinos podemos observar a doença crônica obstrutiva pulmonar (COPD) ou palpitação 
dos cavalos, devido provavelmente a hipersensibilidade bronquiopulmonar a alergenos inalantes. A 
simples remoção dos cavalos dos estábulos contaminados permite uma rápida melhora dos animais, 
no entanto, a manifestação alérgica reinicia após o retorno dos animais para o mesmo local. 
 
1.4.2.4.ALERGIAS A DROGAS E VACINAS 
 
Uma resposta da IgE é perigosa após qualquer administração de uma droga ou até mesmo 
uma vacina. Severas alergias têm sido associadas com muitas vacinas, por exemplo: febre aftosa, 
raiva, pleuropneumonia contagiosa bovina e outras. Alergias a antibióticos e hormônios têm sido 
observadas em animais domésticos. 
 
1.4.2.5. ALERGIAS A PARASITAS 
 
Os benefícios da IgE foram inicialmente observados em sua ação contra os parasitas, como 
um processo de auto-cura. Ex: 
-Cestódeos causam urticárias e problemas pulmonares, 
-Cisto hidático de Dirofilaria immitis causa anafilaxia quando injetado em outro cão, 
-Picadas de insetos parasitas como moscas ou abelhas ou vespas, 
-Pupa de Hypoderma bovis na pele de bovinos, 
-Picadas de mosquitos como Culicoides, Simulium , 
-Sarcoptes sacabiei em cães e Otodctes cyanotis em gatos, 
-Carrapato Boophilis microplus em búfalos. 
 
1.4.3. DIAGNÓSTICO 
 
 9
-Sintomas, 
-Testes dermais com soluções aquosas diluídas de vários alergenos, 
-Teste de anafilaxia cutânea passiva (PCA), 
-Métodos sorológicos para medir o nível de IgE específica como RAST e ELISA podem ser 
usados, mas são pobres no diagnóstico. 
 
1.4.4. PREVENÇÃO E TRATAMENTO 
 
Evitar a exposição ao alergeno e desensibilização. A droga terapia consiste apenas em 
conforto temporário. As drogas podem ser os esteróides (corticosteróides) que reduzem a irritação 
e a inflamação associadas com a aguda resposta alérgica. Corticosteróides inibem a liberação de 
fosfolipases da membrana celular, bloqueando a síntese de prostaglandinas e leucotrienos. No 
entanto, os corticosteróides são imunossupressivos e aumentam a susceptibilidade do animal as 
infeções. As drogas não esteróides como ácido acetilsalicílico e fenilbutazona são antagonistas de 
leucotrienos e cininas. Progestinas sintéticas e acetato de magestrol são potentes antiinflamatórios 
em gatos, mas não em cães. Epinefrinas, isoprenalinas, salbutamol são algumas drogas também 
usadas (estimulante de β adrenoreceptor) e metoxamina e fenilefrina (inibidor de α adrenoreceptor). 
Estas drogas podem mimetizar a estrutura de mediadores ativos, que competitivamente bloqueam 
receptores específicos. Os anti-histamínicos por outro lado, podem efetivamente inibir as atividades 
das histaminas competindo com seus receptores (H1 e H2) nas células. 
 
1.4.5.DESENSIBILIZAÇÃO 
 
Na terapia da desensibilização, o antígeno é administrado na forma pura para estimular a 
resposta imune, reduzindo tanto quanto possível os riscos de choque anafilático. A primeira injeção 
contém somente muita pouca quantidade de alergeno. A dose vai aumentando gradativamente com 
o tempo. Estas injeções estimulam as células Th1 a produzirem interferons IFNγ que bloqueiam a 
estimulação da síntese de IgE por Il-4 e aumentam a produção de IgG. 
 
2.HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO II 
 
 REAÇÕES CITOTÓXICAS 
 
 INTRODUÇÃO 
 
 Na hipersensibilidade do tipo II anticorpos são formados contra antígenos-alvo que são 
determinantes normais ou alterados da membrana celular. A célula-alvo é danificada ou destruída 
por uma série de mecanismos. Três diferentes mecanismos mediados por anticorpos estão 
envolvidos na hipersensibilidade do tipo II. 
 
Reações Mediadas pelo Complemento e Anticorpos. Nas reações de hipersensibilidade do tipo 
II mediadas pelo complemento, os anticorpos reagem com um componente da membrana celular, 
levando à fixação do complemento. Este processo ativa a cascata do complemento e leva à lise da 
célula ou à opsonização mediada por receptores para Fc ou C3b (Fig. 5A). A opsonização culmina 
na fagocitose e destruição da célula por macrófagos e neutrófilos que expressam receptores para Fc 
ou C3b na superfície. Este mecanismo afeta principalmente células sanguíneas. 
 
 10
 
 
Figura 5A: Ilustração esquemática de um mecanismo de dano causado por anticorpos na 
hipersensibilidade do tipo II. (A) Reações dependentes do complemento e anticorpos que levam à 
lise de células ou as tornam suscetíveis à fagocitose. 
Outros exemplos de reações de hipersensibilidade do tipo II com importância clínica são 
descritos a seguir. 
 
 
 
 
Figura 5B e C: Ilustração esquemática de dois diferentes mecanismos dos danos causados por 
anticorpos na hipersensibilidade do tipo II. (B) Citotoxicidade dependente de anticorpos e mediada 
por células (ADCC). Células-alvo recobertas por IgG são mortas por células que possuem 
receptores Fc específicos para IgG )p. Ex. Células NK, macrófagos). (C) Anticorpos específicospara receptores causam um distúrbio das funções normais do receptor. Neste exemplo, anticorpos 
contra o receptor de acetilcolina impedem a transmissão neuromuscular na miastenia grave 
(Benjamini et al., 2002). 
 
Reações Auto-imunes 
 
 Algumas pessoas produzem no decorrer de determinadas doenças infecciosas (e por outras 
 11
razões ainda desconhecidas) anticorpos contra suas próprias células sangüíneas. Quando os 
eritrócitos são o alvo, a ligação do auto-anticorpo antieritrocitário diminui o tempo de vida dos 
eritrócitos ou os destrói através de mecanismos que envolvem hemólise ou fagocitose mediadas por 
receptores para Fc e C3b. Este processo pode levar à anemia progressiva quando a produção de 
novos eritrócitos não consegue acompanhar a sua destruição. 
 Outro exemplo da destruição celular mediada por auto-anticorpos é a púrpura 
trombocitopênica idiopática. Nesta doença, os anticorpos direcionados contra as plaquetas causam 
a destruição das mesmas através do complemento ou de células fagocíticas com receptores para Fc 
ou C3b. A perda de plaquetas pode levar ao sangramento (púrpura). De forma semelhante, auto-
anticorpos contra granulócitos são capazes de induzir a granulocitose, que predispõe os indivíduos 
a várias infecções. Por fim, anticorpos contra outros componentes teciduais podem ser gerados, tais 
como o colágeno da membrana basal, causando a síndrome de Goodpasture, e contra 
desmossomos, levando ao pênfigo vulgar. 
 
Reações Induzidas por Drogas 
 
 Algumas drogas agem como haptenos em algumas pessoas e se ligam a células ou a outros 
componentes que circulam no sangue, induzindo a formação de anticorpos. A ligação desses 
anticorpos com células recobertas com tal droga resulta em danos citotóxicos. O tipo da patologia 
depende do tipo de célula que ligou a droga. Por exemplo, a droga Serdomide (um sedativo) é capaz 
de se ligar a plaquetas e se tomar imunogênica. Anticorpos formados ligam-se as plaquetas e 
conseqüente causam trombocitopenia (baixo número de plaquetas sanguíneas). Esta alteração, por 
sua vez, pode levar à púrpura (hemorragia na pele, nas mucosas, e em órgãos internos) que 
representa o principal problema da púrpura trombocitopênica induzida por drogas. A retirada da 
droga resulta no desaparecimento dos sintomas. Outras drogas, tais como cloranfenicol (um 
antibiótico), podem ligar-se a células brancas; fenacetina (um analgésico) e cloropromazina (um 
tranqüilizante) podem ligar-se a eritrócitos. A resposta imune contra estas drogas pode levar no caso 
das células brancas à agranulocitose (diminuição do número de granulócitos), e à anemia hemolítica 
no caso dos eritrócitos. A destruição das células-alvo nestes exemplos pode ser mediada por 
qualquer um dos mecanismos anteriormente descritos: por citólise pela via do complemento, ou por 
destruição das células por fagocitose mediada pelos receptores para Fc•e C3b. 
 
3. HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO III (mediada por complemento) 
 
 REAÇÕES DE COMPLEXO IMUNE 
 
A formação do complexo imune pela combinação do anticorpo com o antígeno inicia uma 
série de processos biológicos dos quais o mais importante é o sistema complemento. 
 Em 1903, um pesquisador francês chamado Arthus imunizou coelhos com injeções 
intradérmicas repetidas de soro de cavalo. Após algumas semanas ele observou que cada injeção 
subseqüente produzia uma reação mais grave no local do inóculo. Primeiro ele notou um eritema 
brando (vermelhidão) e edema (acúmulo de líquido) dentro de 24 horas após a injeção. Estas 
reações desapareceram sem deixar conseqüências depois de 1 dia, mas injeções subseqüentes 
produziam respostas edematosas mais graves, e após a quinta ou sexta injeção, as lesões se 
tornaram hemorrágicas com necrose e dificilmente sararam. Este fenômeno, conhecido como 
reação de Arthus, representa o protótipo das reações de complexos imunes localizadas do tipo III, 
ou reações mediadas por agregados de anticorpos e antígeno. Ele é distinto das reações de 
hipersensibilidade do tipo III causada por complexos imunes que circulam no sangue e produzem 
efeitos patogênicos sistêmicos. 
 Independentemente da reação ser sistêmica ou localizada, a ativação do complemento e o 
acúmulo de leucócitos polimorfo-nucleares representa importante componente nas lesões tecidual 
causadas por imunocomplexos. A formação destes imunocomplexos pode ser iniciada por antígenos 
 12
exógenos como bactérias e vírus (ou, como no caso da reação de Arthus descrita anteriormente, por 
injeção intradérmica de elevadas quantidades de proteína não-própria). 
 Sob condições normais, os complexos imunes na circulação são removidos por células 
fagocíticas. Além disso, os eritrócitos que possuem receptores C3b podem ligar complexos que 
fixaram o complemento e transportá-los para o fígado, onde estes são removidos por células 
Kupffer. Quando imunocomplexos de um determinado tamanho se formam em grandes 
concentrações na circulação sangüínea, estes podem ser depositados nos tecidos e iniciar vários 
eventos patogênicos sistêmicos. Por outro lado, estes complexos podem se formar em locais 
extravasculares in situ, causando danos teciduais localizados. Um exemplo para este último 
processo se manifesta nas várias doenças glomerulares, nas quais imunocomplexos se formam in 
situ na membrana basal do glomérulo. Os mecanismos da lesão observada em doenças mediadas 
por imunocomplexos são os mesmos, independentemente da maneira como o depósito ocorre 
(sistêmico versus local). A fixação do complemento promovida pelos complexos imunes, a ativação 
da cascata do complemento e a liberação de substâncias biologicamente ativas (p. ex., as 
anafilatoxinas C3a e C5a) representam o processo central na patogênese dos danos teciduais. A 
ativação do complemento leva a um aumento da permeabilidade vascular e estimula o recrutamento 
de fagócitos polimorfonucleares que liberam enzimas lisossomais (p. ex., proteases neutras) capazes 
de danificar a membrana basal do glomérulo. 
 
3.1. MECANISMOS DE AÇÃO 
 
Complexos imunes são capazes de desencadear uma variedade de processos inflamatórios: 
Os complexos interagem com o sistema complemento para gerar C3a e C5a (anafilatoxinas). 
Estes fragmentos do complemento estimulam a liberação de aminas vasoativas, como histaminas e 
fatores quimiotáticos de mastócitos e basófilos. C5a é também quimiotática para basófilos, 
eosinófilos e neutrófilos. Macrófagos são estimulados a liberar citocinas, particularmente TNFα e 
IL-1, que são muito importantes durante a inflamação. 
 Os complexos interagem diretamente com basófilos e plaquetas (via receptor Fc) para 
induzir a liberação de aminas vasoativas. As aminas vasoativas liberadas de plaquetas, basófilos e 
mastócitos causam retração endotelial e desta forma aumenta a permeabilidade vascular permitindo 
a deposição de complexos imunes na parede dos vasos sanguíneos. Plaquetas são responsáveis pela 
formação de microtrombos. As plaquetas também podem estar envolvidas nas doenças dos 
complexos imunes como glomeronefrites e artrites reumatóides. Polimorfos nucleares são atraídos 
para o local através de C5a. Eles tentam fagocitar os complexos, mas são incapazes quando 
localizados nas paredes dos vasos. Na grande maioria dos casos, estas células liberam enzimas 
lizosomais, podendo causar danos nos tecidos. 
 
3.2. PERSISTÊNCIA DOS COMPLEXOS 
 
A persistência do antígeno a uma infecção contínua ou a uma doença auto-imune leva a 
doença do complexo imune. Os complexos imunes são normalmente removidos por células 
mononucleares do sistema fagocitário. Estes imunocomplexos são opsonizados com C3b após a 
ativação com o complemento e podem ser removidos através da fagocitose, particularmente no 
fígado e no baço. A remoção é feita através do receptor de complemento CR1 encontrado nas 
hemáceas de primatas. Há cerca de 700 receptores CR1 por hemácea, oque facilita a alta avidez 
destas células em se ligar aos imunocomplexos. Em primatas normais, as hemáceas constituem um 
mecanismo eficiente de eliminação de complexos do sangue. Os complexos são transportados para 
o fígado e para o baço através das hemáceas onde são removidos por macrófagos. Em situações 
onde ocorre contínua formação de complexos imunes, ocorre uma sobrecarga do sistema 
dificultando a sua eficiência. Os complexos imunes podem persistir na circulação por prolongado 
período de tempo, entretanto, a simples persitência não é nociva por si só. O problema somente 
inicia quando os complexos são depositados nos tecidos. O sistema complemento rompe a ligação 
 13
do antígeno/anticorpo e mantém o complexo solúvel. Se ocorrer uma falha deste sistema, os 
complexos grandes relativamente insolúveis são depositados nos tecidos. 
 
Tabela 1: Três categorias de doenças do complexo imune 
 
Causa Antígeno Local da deposição do complexo 
Infeção persistente Microbial Órgãos infectados 
Autoimune Antígeno próprio Rins, articulações, artérias e pele. 
Antígenos inalantes Fungo, plantas ou antígeno animal. Pulmões 
 
3.2.1. DOENÇA SISTÊMICA CAUSADA POR COMPLEXOS IMUNES 
 
 A doença do soro representa o protótipo da doença sistêmica causada por complexos 
imunes. Na virada do século, von Piquet e Schick deram este nome após observar as conseqüências 
do tratamento de determinadas doenças, tais como difteria e tétano, com anti-soros produzidos em 
cavalos. Já se sabia que as patologias das infecções por Corynebacterium e Clostridium eram a 
conseqüência da secreção de exotoxinas altamente nocivas para as células do hospedeiro. As 
próprias bactérias não eram muito invasivas e não causaram efeitos graves. Portanto, a estratégia do 
tratamento destas doenças consistiu na neutralização rápida das toxinas antes que quantidades 
capazes de matar o hospedeiro pudessem se fixar aos tecidos. A imunização passiva através da 
injeção de grandes quantidades de antitoxina pré-formada logo após o diagnóstico da doença iria 
prevenir a morte causada pela toxina, uma vez que a imunização ativa necessitaria de várias 
semanas para atingir níveis suficientes de anticorpo. Os animais de escolha para a produção da 
antitoxina foram os cavalos que eram fáceis de serem imunizados e produtores de grandes 
quantidades de anti-soro. Hoje em dia sabemos que a administração em grande quantidade de soro 
heterólogo de uma espécie diferente leva no recipiente à síntese de anticorpos contra a Ig não-
própria. Esses anticorpos formam complexos de antígeno-anticorpo que causam os sintomas 
clínicos observados na doença do soro. Esta forma de hipersensibilidade ganhou novamente 
importância em pacientes tratados com anticorpos monoclonais produzidos em camundongos ou 
ratos contra neoplasias, rejeição de enxerto ou doenças auto-imunes. 
 A patogênese da doença sistêmica causada por complexos imunes pode ser subdividida em 
três fases. Durante a primeira fase, os complexos imunes antígeno-anticorpo se formam na 
circulação. Em seguida, esses complexos são depositados em vários tecidos, o que inicia a terceira 
fase, onde ocorrem as reações inflamatórias nos diversos tecidos (veja Fig. 6). Vários fatores 
determinam se a formação dos complexos imunes leva ao depósito no tecido e à doença. Parece que 
o tamanho dos complexos é importante. Complexos extremamente grandes formados na presença 
de excesso de anticorpos são rapidamente removidos da circulação por células fagocíticas e, 
portanto, são inofensivos. Complexos pequenos e intermediários circulam por um período mais 
longo e mostram uma avidez inferior para as células fagocíticas. Portanto, complexos pequenos e 
intermediários tendem a ser mais patogênicos do que os complexos grandes. Um segundo fator que 
determina o desenvolvimento da doença é a integridade do sistema fagocitário mononuclear. Uma 
disfunção intrínseca deste sistema aumenta a probabilidade da persistência dos complexos imunes 
na circulação. Como esperado, a sobrecarga do sistema fagocitário com excesso de complexos 
imunes também compromete a sua função na eliminação de tais complexos da circulação. Por 
razões não bem compreendidas, os rins, as articulações, a pele, o coração e os pequenos vasos 
representam os locais favorecidos para o depósito dos complexos. A localização nos rins pode ser 
explicada em parte pela função de filtração dos glomérulos. 
 
 14
 
 
Figura 6: Ilustração esquemática das três fases seqüenciais da indução da hipersensibilidade 
sistêmica do tipo III (causada por complexos imunes). 
 
3.2.2. DOENÇA LOCALIZADA CAUSADA POR COMPLEXOS LMUNES 
 
 A prova experimental desta seqüência de eventos é a detecção — utilizando anticorpos 
fluorescentes — de antígeno, anticorpo e de vários componentes do sistema complemento no local 
 15
dos danos à parede do vaso. A necessidade da presença de ambos, complemento e granulócitos 
foram mostradas em animais depletados do complemento (através do fator de veneno de cobra) ou 
de neutrófilos (através de soro específico para células polimorfonucleares). Estes animais formaram 
os agregados de anticorpo e antígeno, mas não produziram os sinais característicos da reação de 
Arthus. Mais recentemente, experimentos feitos com camundongos knockout para o receptor Fc de 
IgG e para o gene do receptor da anafilatoxina C5a interrompido (C5aR) demonstraram que esses 
dois receptores possuem um papel dominante na reação de Arthus. 
 
Doença Causada por Complexos Imunes e Associada a Infecções 
 A febre reumática é uma doença que pode seguir uma infecção da garganta por 
estreptococos do grupo A e envolve a inflamação e lesão do coração, das articulações e dos rins. 
Anticorpos contra vários antígenos da parede celular e das membranas dos estreptococos reagem 
em humanos com antígenos presentes no músculo cardíaco, na cartilagem e na membrana basal dos 
glomérulos. Supõe-se que os anticorpos contra os antígenos dos estreptococos se ligam a estes 
componentes do tecido normal e induz a resposta inflamatória através de uma via semelhante àquela 
descrita anteriormente. Este fator é um auto-anticorpo do tipo IgM que liga a porção Fc de IgG 
normal, e os complexos de imunoglobulina formados causam a inflamação das articulações e os 
danos característicos para esta doença. 
 Em determinadas doenças infecciosas (malária, hanseníase e algumas infecções virais) 
existem momentos durante o decurso da infecção em que coexistem grandes quantidades de 
antígeno e anticorpo que causam a formação de agregados que são depositados em vários locais. 
Portanto, os sintomas complexos observados nessas doenças podem incluir um componente que 
resulta de uma reação de hipersensibilidade do tipo III. 
 
4. HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO IV (Celular e mediada por linfócitos Th) 
 
 A reação de hipersensibilidade do tipo IV (tardia) leva mais do que 12 horas para se 
desenvolver e envolve reações de imunidade celular. No entanto, esta afirmação já está um pouco 
ultrapassada, porque algumas reações do tipo I algumas vezes levam de 12-24 horas para se 
manifestarem. Por exemplo, a reação mediada por IgE que apresenta um pico 12-24 horas após o 
contato com o alergeno. 
 Ao contrário das outras hipersensibilidades, a do tipo IV não pode ser transferida de um 
indivíduo a outro pelo soro, mas pode ser transferida por linfócitos T (Th1). Entretanto nem sempre 
há uma correlação entre este tipo de hipersensibilidade com proteção imune. Os linfócitos Th, neste 
caso, atuam recrutando células para o local sensibilizado. Ver Figura 6. 
 Há três variantes deste tipo de hipersensibilidade: 
 - Hipersensibilidade de contato. Reação ocorre de 48 a 72 horas. 
 - Tuberculina. Reação ocorre também de 48 a 72 horas. 
 - Granulomas. Os granulomas desenvolvem dentro de 21-28 dias. Os granulomas são 
formados pela agregação e proliferação de macrófagos.16
 
Figura 6: Reação do tipo IV. O estágio de sensibilização pelo antígeno envolve a apresentação deste 
às células apresentadoras de antígenos, levando à secreção de citocinas e diferenciação de células 
TH1. O desafio com o antígeno para células TH1 por células apresentadoras de antígeno, levando à 
ativação de TH1, secreção de citocinas e recrutamento e ativação de macrófagos. 
 
4.1. HIPERSENSIBILIDADE DE CONTATO 
 
 A hipersensibilidade de contato é caracterizada por um eczema no ponto de contato do 
alergeno (Figura 8). 
 A porção imunologicamente ativa destes agentes é o hapteno. Haptenos são pequenos 
demais e com peso molecular inferior a 1kDa para serem antigênicos, mas que quando penetram na 
epiderme e conjuga-se, muitas vezes covalentemente, com proteínas do corpo, tornam-se 
antigênicas. 
 A hipersensibilidade de contato é primariamente uma reação epidermal e a célula dendrítica 
de Langerhans localizada na epiderme é a principal célula apresentadora de antígeno. Estas células 
são originárias da medula óssea e expressam CD1, MHC II e receptores Fc para anticorpo. As 
células de Langerhans são consideradas como as principais células apresentadoras de antígeno. No 
entanto, o mecanismo de como os antígenos são processados no seu interior é desconhecido. 
 Keratócitos são células que proporcionam a integridade da epiderme e tem um papel 
importante na imunologia epidermal. Elas expressam MHC II e ICAM-1 na membrana celular. 
Elas também liberam citocinas como IL-1, IL-3, IL-6, IL-8, GM-CSF, TNFα, TGFα e TGFβ. IL-3 
pode ativar células de Langehrans, co-estimular respostas proliferativas, recrutar mastócitos e 
induzir a secreção de citocinas imunossupressivas (ex: IL-10 e TGFβ). 
 A hipersensibilidade de contato apresenta duas fases: 
1) Sensibilização, que induz a produção de linfócitos T de memória (CD4+). 
2) Provocação, que envolve o recrutamento de linfócitos TH (CD4+) e monócitos. 
 17
 
 
 
 
Figura 7: (A) reação de hipersensibilidade imediata do tipo I – aparência geral mostrando a reação 
de urticária com placas inchadas e vermelhas. (B) Reação de hipersensibilidade imediata– aspecto 
histológico mostrando edema dermal com eosinófilos ocasionais. 
 
4.2. REAÇÃO DE TUBERCULINA 
 
Esta forma de hipersensibilidade foi originalmente descrita em pacientes com tuberculose 
quando injetados subcutaneamente com antígenos tuberculina (antígenos derivados de bacilos 
tuberculosos). Uma área endurecida e inchada desenvolve no local da injeção. 
O teste de tuberculina na pele é um exemplo de resposta ao antígeno solúvel previamente 
encontrado durante a infecção. É um teste de diagnóstico da tuberculose. Após o desafio com 
tuberculina em um indivíduo sensibilizado, os linfócitos T específicos são estimulados a secretarem 
citocinas e atuarem sobre células endoteliais de vasos sanguíneos dermais a expressarem moléculas 
com E-selctina, ICAM-1 e VCAM-1. Ocorre inicialmente o influxo de neutrófilos que é substituído 
12 horas após por monócitos e linfócitos T. 
 Monócitos constituem 80-90% do infiltrado celular total. Linfócitos e macrófagos 
expressam MHC-II e isto aumenta a eficiência de macrófagos ativados como APC. Macrófagos são 
considerados as principais células da reação de tuberculina, embora células de Langerhans podem 
também estarem envolvidas. 
 A lesão da tuberculina normalmente pode desaparecer ao redor do 5-7 dia, mas a 
persistência do antígeno nos tecidos pode desenvolver granulomas. 
 
 
 18
 
Figura 8: (A) reação de sensibilidade por contato do tipo IV – aparência geral de reação à hera 
venenosa. (B) reação de hipersensibilidade por contato do tipo IV – aspecto histológico mostrando a 
formação intra-epitelial de bolhas e o infiltrado mononuclear na derme.(C) reação cutânea 
basofílica mostrando os basófilos e algumas células mononucleares 24 horas após o teste da pele. 
 
4.3. HIPERSENSIBILIDADE GRANULOMATOSA 
 
 Hipersensibilidade granulomatosa é clinicamente a forma mais importante de 
hipersensibilidade do tipo IV e causa muito dos efeitos patológicos da doença que envolve a 
imunidade mediada por linfócitos T. Isto usualmente resulta da presença persistente de 
microorganismos ou outras partículas dentro de macrófagos, que são incapazes de destruí-los. Isto 
pode também ser causado por imunocomplexos persistentes. 
 A aparência histológica da reação do granuloma é diferente da reação de tuberculina. 
 As células epitelióides e as células gigantes são típicas de hipersensibilidade granulomatosa. 
Células epitelióides são células grandes e achatadas com retículo endoplasmático aumentado. Elas 
são derivadas de macrófagos ativados sob estímulo crônico de citocinas; eles continuam a secretar 
TNF e assim potenciar a inflamação. As células gigantes são formadas pela fusão de células 
epitelióides para formar células multinucleadas. Os muitos núcleos não estão no centro da célula. 
As células gigantes são desta forma um estágio terminal de diferenciação da linha 
 19
monócito/macrófago. Em algumas doenças, como a tuberculose, a área central pode estar 
necrosada e com completa destruição de toda arquitetura celular. Circundando o centro da lesão 
constituída de macrófago/epitelióide há linfócitos e também fibrose (deposição de fibras colágenas) 
causada pela proliferação de fibroblasto e síntese de colágeno aumentada. 
 Há muitas doenças crônicas no homem e nos animais que se manifestam como 
hipersensitividade do tipo IV. A maioria é agente infeccioso, como as micobactérias, protozoários e 
fungos, mas outros como e doença de Crohn, nenhum agente infecioso foi estabelecido. 
 Hipersensibilidade granulomatosa é encontrada em muitas doenças importantes como: 
 - Lepra, 
 - Tuberculose, 
 - Schisotosomose, 
 - Sarcoidoses, 
 - Doença de Crohn. 
 20
II. VACINA E VACINAÇÃO 
 
1. INTRODUÇÃO: 
Os animais podem ser protegidos contra agentes infecciosos de duas formas: Eles podem ser 
expostos às doenças ou serem imunizados artificialmente através de soros imunes ou de vacinas. 
Com relação à vacinação dois critérios deverão ser atendidos: 
Que a resposta imune produzida protegerá os animais da doença em questão, ter a certeza de 
não haver risco do animal contrair a doença induzida pela vacina. 
Outro aspecto importante é que a vacinação deve ser eficaz no nível de população e não 
simplesmente a nível individual. 
 
2. TIPOS DE IMUNIZAÇÃO: 
2.1. PASSIVA: 
2.1.1. SORO IMUNE 
 A imunização passiva é aquela que produz resistência temporária, através da transferência 
de anticorpos de um animal resistente a um susceptível. 
 A imunização passiva pode ser através do colostro materno ou do soro imune obtido de um 
animal imunizado ativamente contra uma grande variedade de patógenos. Ex: soro imune para 
bovino contra carbúnculo, para cães contra cinomose, para felinos contra panleucopenia, e contra 
sarampo para o homem. Soro produzido para proteção contra Clostridium tetani e C. perfringens 
são produzidos en cavalos. 
 Anticorpos monoclonais (Mab) são outra fonte de proteção passiva aos animais. No entanto, 
estes anticorpos são produzidos a partir de hibridomas anti-camundongos e desta forma são 
imunoglobulinas de camundongos e irão estimular uma resposta imune a animais de outra espécie. 
Hoje, uma nova técnica foi desenvolvida para produzir Mab de células de animais domésticos 
(xenohibridomas) e poderão ser úteis no controle de doenças infecciosas. 
 
 
Figura 9: Concetração sérica de antitoxina tetânica IgG humana e eqüina, após a administração em 
humanos. (Benjamini et al, 2002). 
 21
 
 
Figura 10: O destino da IgG humana e eqüina após administração em humanos. (Benjamini et al, 
2002). 
 
2.1.2. COLOSTRO E PLACENTA 
 Neonatos e fetos são imunocompetentes, entretanto, a induçào da imunidade ativa após o 
nascimento leva em torno de 7 a 10 dias. A aquisição deimunoglobulinas através da placenta ou do 
colostro proporciona proteção passiva neste período crítico. IgG é a imunoglobulina mais 
importante no colostro de bovinos e equinos e IgA é para suínos e humanos. 
 O transporte de imunoglobulinas através da parede intestinal é limitada às 12-24 horas após 
o nascimento, na maioria das espécies. Após este período, ocorre uma oclusão do epitélio intestinal 
e as imunglobulinas ingeridas pelos animais são degradadas e não absorvidas. 
 Os anticorpos adquiridos passivamente podem interferir com a indução da imunidade ativa 
adquirida por infecções subclínicas ou pela vacinação. 
 
Figura 11: Concentração de imunoglobulina no soro durante o desenvolvimento humano 
(Benjamini et al, 2002). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 22
 
Tabela 2: Níveis de Inumoglobulinas no Colostro. 
 
 
2.2. ATIVA (VACINAS) 
A imunização ativa tem várias vantagens em relação a passiva: Um período de proteção 
prolongado e uma resposta protetora a infecção. 
 Uma boa imunização ativa é aquela produzida por uma vacina com forte imunidade e com 
os mínimos efeitos colaterais. 
 A vacina ideal é aquela que deve ser barata, estável, adaptável a um população, estimular o 
sistema imune e proprcionar a erradicação da doença em questão. 
 Além disso, a vacina para ser efetiva ela deve obedecer a quatro propriedades principais: 
Estimular as células apresentadoras de antígenos (APC), para o processamento, a 
apresentação do antígeno e a liberação de citocinas. 
Estimular linfócitos T e B e gerar anticorpos e células de memória. 
Estimular linfócitos Th e Tc para diferentes epitopos do antígeno e a síntese MHC II por 
APC. 
O antígeno deve persistir em locais apropriados nos tecidos linfóides de forma que as células 
produtoras de anticorpos possam ser produzidas por períodos prolongados. 
 
 
Figura 12: Um diagrama esquemático mostrando alguns dos diferentes modos no qual o virus e seus 
antígenos podem ser tratados para produzir vacinas (Tizard, 1996). 
 
2.2.1. TIPOS DE VACINAS: 
A. VIVAS E ATENUADAS 
Infelizmente, dois dos principais pré-requisitos de uma vacina ideal são inconpatíveis: alta 
 23
antigenicidade e ausência de efeitos colaterais. Assim organismos vivos, especialmente vírus, 
atuam como antígenos endógenos e desencadeiam principalmente uma resposta celular a nível de 
Tc, mas podem ser perigosos e apresentarem uma virulência residual. Os organismos mortos, por 
outro lado, atuam como antígenos exógenos e são processados principalmente por células Th CD4+. 
Esta pode não ser a melhor resposta, mas é a mais segura. 
 Uma estratégia para usar-se um patógeno vivo é através da atenuação de sua virulência de 
forma que não possa mais causar a doença. 
 Os métodos mais comuns de atenuação consistem em adaptar um organismo em condições 
não usuais de forma que eles possam perder o poder de adaptação no seu hospedeiro usual. 
Exemplo é vacina BCG (bacilo Calmette-Guérin) do Mycobacterium bovis, mantido em bile 
saturada como meio de cultura. O bacilo anthrax, da mesma forma perde sua virulência quando 
mantido em meio de cultura a base de agar e soro e uma atmosfera rica em CO2. 
 Os vírus também podem ser atenuados através de passagens em outras espécies animais que 
não aquelas naturais para o parasitismo. Exemplo é o vírus da raiva, que pode ser atenuado por 
prolongada passagem em ovos de galinha, perdendo sua virulência para cães e gatos. Outro método 
para atenuação de vírus é mante-los em cultivo celular. Exemplo é o vírus da cinomose cultiva 
células renais ao invés de células linfóides. 
 
B. INATIVADAS (MORTAS) 
 Um organismo inativado para se usado como vacina deve reter a antigenicidade similar ao 
do organismo vivo. 
 Muitas vacinas em uso contem bactérias mortas ou toxinas inativadas (toxoides). 
 Algumas vacinas contra Pausteurella haemolytica contem a bactéria morta e a toxina 
inativada. 
 
Vantagens da vacinas vivas: 
São necessárias apenas poucas doses. 
É desnecessário o uso de adjuvantes. 
Pouca chance de hipersensibilidade. 
Indução de interferon. 
Relativamente baratas. 
 
Vantagens de vacinas inativadas: 
Estáveis. 
Improvável virulência residual 
Improvável conter organismos contaminantes. 
 
C. - OUTROS MÉTODOS. 
 Novas técnicas têm sido desenvolvidas como aquelas produzidas através da engenharia 
genética. A novas vacinas produzidas por engenharia genética são classificadas em 3 categorias: 
 -Categoria I: através da técnica do DNA recombinante, onde grande quantidade de 
antígeno é purificada. O DNA do antígeno de interesse é inicialmente isolado, em seguido é 
inserido em uma bactéria (Echerichia coli), bacteriófago, levedura ou outra célula para o antígeno 
recombinante ser expresso. A vacina contra o vírus da febre aftosa já pode ser preparada desta 
forma. No entanto, a vacina produzida requer uma dose 1000 vezes maior para reter a mesma 
imunogenicidade. Uma vacina recombinante comercialmente disponível no comércio é aquela 
contra o vírus da leucemia felina virótica. O envelope protéico deste vírus é o antígeno responsável 
por imunidade dos animais. Esta proteína quando clonada pode ser recombinada e purificada e 
quando adicionada ao adjuvante (saponina) pode ser usada como vacina. 
 Esta técnica é útil para sintetizar grande quantidade de proteína pura de antígenos. No 
entanto, infelizmente, proteínas puras são antígenos pobres principalmente por não serem 
apresentadas por MHC. 
 24
 -Categoria II: Organismos geneticamente atenuados: 
 O objetivo desta técnica é o desenvolvimento de uma cepa de organismo em que falta a sua 
abilidade em causar doença. Através da técnica de engenharia genética é possível modificar os 
genes do organismo para que ele se torne irreversivelmente atenuado. 
 Vacinas deste tipo já estão sendo desenvolvidas contra o herpevírus que causa a pseudoraiva 
suína. Deste vírus é retirada a enzima timidina kinase (TK) responsável para o seu replicamento em 
células nervosas do hospedeiro. 
 
Figura 13: A produção da proteína viral recombinante, no caso do vírus Febre Aftosa, VP1 para uso 
como vacina (Tizard, 1996). 
 
 - Categoria III: Organismos vivos recombinantes: 
 Genes que codificam proteínas podem ser clonados diretamente em uma variedade de 
organismos, e ao invés de serem purificados, os organismos recombinantes podem ser usados como 
vacinas. O organismo que tem sido usado com esta finalidade é o vírus vaccinia (vetor). Este 
vírus é fácil de ser administrado através da aplicação dermal ou por ingestão. Devido o grande 
genoma deste vírus é possível de inserir nele um novo antígeno. 
 Um exemplo deste tipo de vacina é o vírus vaccinia sendo utilizado como vetor do gene da 
raiva (uma glicoproteína do envelope virótico ou proteína G). Infecção com esta vacina resulta na 
produção de anticorpos a proteína G e o desenvolvimento da imunidade. Esta vacina tem sido usada 
com sucesso através da administração oral a carnívoros selvagens na forma de isca distribuída 
através de avião. 
 A primeira vacina deste tipo aprovada pelo Departamento de Agricultura dos Estados 
Unidos é a de Newcastle. O vetor é o vírus da varíola aviária, onde os gens da doença Newcastle 
são incorporados. Esta vacina produz proteção contra Newcastle e varíola aviária. 
 
D.-DNA NÚ (“NAKED”DNA) 
 É uma técnica de vacinação que envolve a injeção não somente do antígeno protéico, mas de 
um pedaço de DNA purificado contendo o gene para o antígeno de interesse. Neste caso, o DNA 
codificador de um antígeno viral pode estar unido a um plasmídeo, um pedaço circular de DNA de 
bactéria, que atua como vetor, e é injetado no animal. Este DNA que é adquirido pela célula animal 
alcança o núcleo e seus gens são expressos. Os produtos destes gens são reconhecidos e tratados 
como antígenos endógenos e serem apresentados na superfície de células processadoras de 
antígenos.Este processo tem desencadeado uma boa resposta imune protetora. Imunização com o 
DNA purificado permite a apresentação dos antígenos virais na sua forma nativa semelhantes 
 25
àqueles sintetizados durante a infecção. 
 
Figura 14: A maneira pelo qual a vacina de DNA pode funcionar (Tizard, 1996). 
 
E.- PEPTÍDEOS SINTÉTICOS 
Embora as proteínas sejam moléculas complexas, muitas vezes, apresentam um número 
limitado de epitopos importantes na indução da imunidade protetora. Desta forma, se a estrutura do 
epitopo é conhecida (peptídeo), ele pode ser sintetizado quimicamente e ser utilizado como vacina. 
Vacinas sintéticas experimentais têm sido desenvolvidas contra hepatite B, difteria, febre aftosa e 
influenza. Outra vacina em desenvolvimento é da parvovirose canina. Esta vacina é considerada 
muito mais segura, mas também muito mais cara. 
 
F. Tipos de Vacinas 
VIRAIS 
1) Vacinas vivas atenuadas: sarampo, caxumba, pólío, rubéola e varicela. 
2) Vacinas inativadas (mortas): pálio, influenza, raiva. 
3) Vacinas de subunidades (sintéticas): hepatite B, ínfluenza. 
BACTERIANAS 
1) Vacina viva atenuada: BCG (Bacilo Calmette-Guérin). 
2) Vacina inativada (morta): coqueluche, febre tifóide. 
3)Vacina de subunidade/toxina: tétano, influenza tipo B, meningite, difteria. 
 
3.ADMINISTRAÇÃO DE VACINAS 
3.1. ADJUVANTES 
 Na tentativa de se produzir vacinas usando-se organismos inativados é necessário aumentar 
a sua resposta imune utilizando-se adjuvantes. Os adjuvantes promovem a imunogenicidade 
mantendo o antígeno em locais onde eles possam estar acessíveis aos linfócitos, induzirem células 
APC a apresentarem antígenos e expressar outras moléculas estimulatórias. 
 Um adjuvante muito usado é o de Freund que é uma emulsão água-óleo. O óleo estimula 
uma resposta inflamatória local crônica resultando em um granuloma ao redor do inóculo. A 
eficácia deste adjuvante é aumentada muito se adicionar bacilo da tuberculose morto (adjuvante 
completo). Neste caso ele não só fornece um depósito de antígeno, mas também atua sobre 
macrófagos para a produção de citocinas. 
 26
 Comercialmente, um adjuvante amplamente utilizado é o hidróxido ou sulfato de alúmen 
(sais insolúveis). Estes adjuvantes são produzidos em forma de uma suspensão coloidal no qual o 
antígeno é adsorvido. 
 
Figura 15: Adjuvantes e os meios pelos quais podem ativar macrófagos para estimular a resposta 
imune reduzida pela vacina (Tizard, 1996). 
 
3.2. VACINAS MISTAS 
 É o emprego de uma mistura de organismos em uma simples vacina. Estas misturas podem 
ser usadas quando o diagnóstico exato não é possível e pode proteger os indivíduos contra uma série 
de doenças. Os cães, por exemplo, podem ser vacinados contra as seguintes enfermidades: 
cinomose, parvovirose, hepatite infecciosa, parainfluenza, leptospirose e raiva. 
 Estudos feitos com vacinas polivalentes falharam em demonstrar as desvantagens do uso 
destas vacinas. No entanto, todas as vacinas polivalentes devem ser testadas para se assegurar de 
sua eficácia. As vacinas devem ser licensiadas e serem provenientes de fabricantes idôneos, para 
proporcionar uma proteção satisfatória contra todos os componentes. 
 
3.3. ESQUEMAS DE VACINAÇÃO 
 Não é conveniente vacinar recém-nascidos que estão sob proteção dos anticorpos maternos. 
A imunização após o nascimento só é efetiva após o desmame. É conveniente vacinar recém 
nascidos pelos menos duas vezes neste período. 
 O intervalo entre as vacinações varia com o tipo de vacina. As vacinas inativadas produzem 
imunidade fraca e precisam ser frequentemente revacinadas. As vacinas vivas podem requerer 
somente uma vacinação ou serem repetidas a cada 2 ou 3 anos. 
 
 3.4. AVALIAÇÃO DA VACINA 
Para avaliar a eficácia de uma vacina em teste, é necessário desafiar o animal após a 
vacinação. A vacina é avaliada através de um índice chamado fração de prevenção (PF), calculado 
da seguinte forma: 
 
 27
PF = (% de animais controles mortos - % de animais vacinados mortos) 
 % de animais controle mortos 
 
Uma boa vacina deveria ter pelo menos um índice superior a 80%. 
 
4. FALHAS NA VACINAÇÃO 
Há muitas razões para uma vacina não conferir uma boa imunidade ao homem e aos 
animais. 
 
A. FATORES DOS HOSPEDEIROS 
 
ƒ Anticorpos maternais; 
ƒ Imunodeficiências e imunossupressão ; 
ƒ Gravidez; 
ƒ Idade (muito novo ou muito velho); 
ƒ Febre, hipotermia; 
ƒ Doença em incubação; 
ƒ Drogas (citotóxicas, glicocorticóides); 
ƒ Anestesia/antibióticos?; 
ƒ Genéticos. 
 
B. FATORES DA VACINA 
 
• Estocagem imprópria; 
• Inativação durante o manuseio; 
• Desinfetantes usados nas seringas ou agulhas; 
• Cepa errada do patógeno usada na vacina; 
• Adjuvante inadequado; 
• Pouco ou muito antígeno; 
• Cepa não imunogênica ou atenuada demais; 
• Vacina de pobre qualidade. 
 
C. FATORES HUMANOS 
 
• Dose parcial da vacina; 
• Mistura errada ou imprópria; 
• Uso concomitante de drogas imunosupressoras; 
• Uso simultâneo com soro imune; 
• Administração muito frequente (<2 semanas) ou intervalos muito longos entre as aplicações 
(>8 semanas); 
• Desinfetante na pele; 
• Esquema de vacinação impróprio; 
• Rota errada de administração; 
• Vacina errada. 
 
5. REAÇÕES ADVERSAS DAS VACINAS 
 
O uso de vacinas não é desprovido de riscos. Virulência residual, toxicidade, efeitos 
alérgicos, doenças em animais imundeficientes, complicações neurológicas e efeitos nos fetos são 
 28
os mais importantes riscos associados com o uso de vacinas. 
 29
III-TÉCNICAS IMUNOLÓGICAS 
 
Aglutinação 
Imunodifusão 
Eletroforese e imunoeletroforese 
Métodos imunoquímicos e físico-químicos 
Radioimunoensaio 
Técnicas imunohistoquímicas 
Imunofluorescência 
Imunoblot 
Citometria de fluxo 
Fixação de complemento 
1. IMUNODIFUSÃO 
Reação antígeno-anticorpo e precipitação em um meio semi-sólido (gelificado) como o ágar 
ou agarose. 
Antígenos solúveis. 
A precipitação máxima ocorre na zona de equivalência. 
Precipitação subótima ocorre com excesso de anticorpo (prozona) ou com excesso de 
antígeno. 
Dois tipos:
1) Simples: anticorpo é fixo e o antígeno se move 
2) Dupla: antígeno e anticorpo se movem (radial ou linearmente) Aplicação: quantificação 
de proteínas do soro (imunoglobulinas séricas), anemia infeciosa equina e outras. 
Difusão dupla em ágar: Técnica de Ouchterlony 
 
 
 
IMUNODIFUSÃO RADIAL 
 
 30
 
 
 
2. IMUNOELETROFORESE 
A imunoeletroforese combina difusão por separação eletroforética com a precipitação imune 
de proteínas. 
Identifica e quantifica proteínas individuais presentes no soro, urina ou outro fluído 
biológico.Ex: o soro ou urina ou fluído são os antígenos a serem analisados e o anticorpo o anti-
soro. Aplicações: diagnóstico de proteinemias 
 31
 
 
 
3. AGLUTINAÇÃO 
 São técnicas semiquantitativas. 
 Antígenos particulados e insolúveis (bactérias ou eritrócitos) ou partículas cobertas com 
antígenos. A reação é detectada apenas visualmente pela aglutinação (formação de grumos). 
 Bom grau de sensibilidade. 
 Técnicas diretas ou indiretasDireta simples: uma célula ou um antígeno é aglutinado 
diretamente pelo anticorpo. Eritrócitos, bactérias, fungos e outras espécies microbianas podem ser 
diretamente aglutinados pelo anticorpo. Ex: eritrócito do grupo A aglutinado pelo anticorpo anti-A. 
Indireta: Antígenos solúveis que podem ser passivamente adsorvidos ou quimicamente acoplados a 
eritrócitos ou outras partículas inertes. 
 
 32
 
Aglutinação 
 33
4. FIXAÇÃO DE COMPLEMENTO 
 
 A fixação de anticorpo ocorre durante a interação de antígeno com o anticorpo.A fixação de 
complemento pode ser usado in vitro para detectar e medir anticorpos, antígenos ou ambos. 
Duas etapas: 
1) O antígeno e o anticorpo reagemna presença de uma quantidade conhecida de complemento e o 
complemento é fixado (consumido). 
2) A atividade hemolítica do complemento é detectada e avaliada para quantificar a concentração do 
antígeno ou do anticorpo presente na mistura inicial. 
Eritrócitos são os marcadores da reação: hemólise. 
São testes complexos e demorados. 
 
 
InterpretaçãoQuando NÃO ocorrer lise das hemácias indica que o soro teste apresentava 
anticorpos contra o antígeno testado. 
5. TESTES IMUNOQUÍMICOS E FÍSICO-QUÍMICOS 
 
Ultracentrifugação 
Cromatografia em coluna 
Viscosidade sérica 
 
5.1 ULTRACENTRIFUGAÇÃO 
 A aplicação da força centrífuga às moléculas em solução produz uma velocidade de 
sedimentação dependente de seu tamanho, massa e densidade relativa ao solvente. Este 
método demonstrou a presença das diferentes classes de imunoglobulinas. Componentes 
individuais podem ser obtidos após separação com ultracentrifugação, onde diversas frações são 
coletadas camada por camada. 
5.2. CROMATOGRAFIA EM COLUNA 
 Fracionamento de proteínas e o isolamento de imunoglobulinas. A amostra é colocada em 
um cilindro ou coluna de vidro cheia de um gel sintético, e flui através do gel. As características 
físicas das moléculas protéicas resultam em retenção na matriz de gel em graus diferentes. 
5.2.1. CROMATOGRAFIA POR TROCA IÔNICA: 
 
 Separa proteínas aproveitando as diferenças de suas cargas elétricas. 
5.2.2. GEL FILTRAÇÃO: 
 
 Separa as moléculas de acordo com seu tamanho. O gel é feito de partículas porosas de 
dextran. Proteínas maiores não penetram nos poros do gel e são eluídas primeiro. 
5.2.3. CROMATOGRAFIA POR AFINIDADE. Interações biológicas específicas e reversíveis 
entre o material do gel e a substância a ser isolada.A ligação antígeno-anticorpo é uma das reações 
que podem ser aplicadas. Um antígeno é acoplado a uma matriz insolúvel, tal como a Sepharose e 
uma mistura de anticorpos é passada através da coluna. O anticorpo que se liga ao antígeno fica 
preso na coluna. 
6. RADIOIMUNOENSAIO (RIE) 
 Para dosagem de microquantidades de compostos clinicamente relevantes, principalmente na 
endocrinologia. (drogas e outras moléculas pequenas como os hormônios esteróides e haptenos). 
 34
 Detecta até picogramas da molécula (10-12 ). 
Técnica:1) Produzir o anti-soro em espécie heteróloga (coelho ou cobaio). Se o antígeno (X) for 
hapteno este deve ser conjugado a um carreador (gama globulina bovina- BSA) 
2) O antígeno é radiomarcado, geralmente com I125. (X*). 
3) X* reage com o anticorpo (anti-soro) em 70%. 
4) A droga ou hormônio a serem testados (X) é colocado juntamente com X* and anti-X em 
quantidades conhecidas e variáveis. Ocorre competição pelo local de ação no anticorpo. 
5) Deixar em incubação. 
6) A concentração de X* ligado ao anticorpo é medida em aparelho próprio para detectar 
radioatividade da solução. 
7) Quando todo X* liga-se ao anticorpo anti-X e o X não, estes complexos imunes precipitam e o 
sobrenadante não apresenta reatividade. 
8) Quando X liga-se também ao anticorpo e compete com o X*, nem todos os X* se ligarão, alguns 
X* ficarão solúveis no meio e desta forma aparecerá reatividade no sobrenadante. 
9) É construído uma curva padrão de concentração conhecida que permitirá o conhecimento da 
concentração de X ligada ao anticorpo. 
 
7. TÉCNICAS IMUNO-HISTOQUÍMICAS 
7.1. IMUNOFLUORESCÊNCIA 
 É uma técnica citoquímica ou imunohistoquímica para localização ou detecção de antígenos 
em tecidos ou células. Um anticorpo específico (anti-soro) é conjugado com compostos 
fluorescentes. O anti-soro conjugado é adicionado a células ou tecidos e fixado aos antígenos 
presentes. A reação é observada em microscópio de fluorescência. Os antígenos ligados a 
anticorpos fluorescentes podem ser detectados em virtude da cor brilhante dos anticorpos.
 Fluorocromos: fluoresceína (isotiocianato de fluoresceína - ITCF- produz cor verde no 
campo de onda de 517 nm) e rodamina (tetrametilrodamina - produz cor vermelha entre 550 a 580 
nm). 
Técnicas diretas, indiretas e semiquantitativas. Aplicação: Detecção de células, 
imunoglobulinas, complemento, microrganismos, cromossomos, células neoplásicas, hormônios, 
enzimas, parasitas, etc. 
 35
IMUNOFLUORESCÊNCIA 
Proteína: ácido glutâmico descarboxilase (GAG) sobre células beta das ilhotas de Langerhans no 
pâncreas (cor verde). 
CROMATOGRAFIA POR AFINIDADE 
 
 
7.2. ENZIMÁTICOS 
Localização de antígenos nos tecidos. 
Anticorpos ligados a enzimas. 
Princípios semelhantes ao da fluorescência, mas com visualização em microscópio de luz 
branca comum.Enzimas conjugadas aos anticorpos: peroxidase, fosfatase alcalina, e outras. 
Substrato cromogênico da enzima. Após a incubação do tecido com o anticorpo marcado 
com a enzima, é adicionado o substrato. 
Na reação da enzima com o substrato produz uma cor que é detectada através do 
microscópio. 
Método Direto: Anticorpo primário é marcado com a enzima. 
Método indireto: Anticorpo secundário (anti-IgG contra o anticorpo primário) é marcado 
com a enzima. 
 
8. MÉTODOS QUANTITATIVOS ENZIMÁTICOS 
 
IMUNOENSAIOS ENZIMÁTICOS (“ENZYME-LINKED IMMUNOSORBENT ASSAY” -
ELISA) 
 Técnicas quantitativas para detecção de antígenos, haptenos ou anticorpos presentes em 
solução, no sangue, fluídos corpóreos e outros. 
Quando o anticorpo for quantificado, o antígeno deve ser adsorvido a uma fase sólida (placa 
de poliestireno ou placas de ELISA). O anticorpo é marcado enzimaticamente (fosfatase alcalina ou 
peroxidase) e adicionado para encubar com o antígeno. Em seguida o substrato cromogênico da 
enzima é adicionado e na reação positiva ocorre a liberação de cor que é medida em aparelho de 
colorimetria (leitor de ELISA). 
O método pode ser direto ou indireto. 
Direto: descrito acima. 
 36
Indireto: Uso de anti-IgG contra o anticorpo primário. 
Competitivo 
Sandwiche 
Aplicações: Inúmeras 
Técnica sensível, estável e segura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 37
 
ELISA 
 
 
 38
9. WESTERN-BLOT (IMUNOBLOT) 
O método permite identificar um antígeno em uma mistura complexa de proteínas. A 
rimeir
ário específico não marcado, o anticorpo secundário 
p a etapa envolve uma eletroforese do extrato protéico, separando as proteínas (antígenos) por 
massa molecular e/ou carga elétrica. 
 A segunda etapa é a transferência das proteínas para uma membrana imobilizante. Esta etapa 
é realizada pela justaposição da membrana com o gel e passagem de corrente elétrica, quando as 
proteínas são transferidas do gel para a membrana.A terceira etapa compreende a reação das bandas 
antigênicas (proteínas) com o anticorpo prim
marcado enzimaticamente ou radioativamente. A reação é visualizada por cor (enzimática) ou em 
emulsão fotográfica (radioativa). 
InterpretaçãoA visualização de uma "banda" permite determinar a presença de anticorpos 
specíficos para um antígeno do extrato protéico. 
uida passam por uma corrente de fluxo de 
diação laser. Através de computador especial, os sinais e as características das células são 
captados e registrados (tamanho, granul
 
 
 
e
10. CITOMETRIA DE FLUXO 
 
 Identifica antígenos na superfície de células e estas células podem ser identificadas e 
contadas individualmente. Células são identificadas por anticorpos marcados pela fluorescência.
 As células são colocadas em tubos e em seg
ra
osidade, cor). 
WESTERN BLOT 
 
 
 
 39
Citometria de Risco 
 
11. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: 
 
Benjamini, E.; Coico, R.; Sunshine, G. Imunologia, 4 ed. Guanabra Koogan. 2002, 288p. 
Roitt, I.; Brostoff, J.; Male, D. Immunology. Mosby, 4ed. 1996. 
Tizart, I. R. Veterinary Immunology. Mosby, 4ed, 1996, 531p. 
	1. HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO I (IMEDIATA E MEDIADA POR IgE)
	1.1. IMUNOGLOBULINA E
	WESTERN BLOT

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