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Direito Civil – Direito das Sucessões Professor Stanley Costa AULA 01 - INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES Sumário: 1. Notas introdutórias ao direito das sucessões – 1.1. Conceitos – 1.2. Objeto da relação sucessória – 1.3. Sujeitos da relação sucessória – 2. Classificação da sucessão – 2.1. Quanto à fonte – 2.2. Quanto aos efeitos. 1. NOTAS INTRODUTÓRIAS AO DIREITO DAS SUCESSÕES A partir de agora estudaremos o último livro do Código Civil de 2002 e, também, o último volume da grande maioria das coleções e cursos de Direito Civil, o que faz muito sentido se consideramos que o nosso foco se encontra nos efeitos patrimoniais decorrentes da morte, fato jurídico que põe fim à personalidade. Trata-se do regimento sobre as consequências do fim da vida privada. Para melhor compreensão do que estudaremos ao longo do semestre, segue abaixo um quadro que demonstra a distribuição do direito sucessório no Código Civil de 2002, basicamente em 4 (quatro) capítulos, didática que utilizaremos nesse curso: 1) Da sucessão em geral; 2) Da sucessão legítima; 3) Da sucessão testamentária; 4) Do inventário. 1ª PARTE - SUCESSÃO EM GERAL • Disposições gerais (da abertura da sucessão) – arts. 1.784 a 1.790 • Administração da herança – arts. 1.791 a 1.797 • Vocação hereditária – arts. 1.798 a 1.803 • Aceitação e renúncia da herança – art. 1.804 a 1.813 • Excluídos da sucessão – arts. 1.814 a 1.818 • Herança jacente: arts. 1.819 a 1.823 • Petição de herança – arts. 1.524 a 1.828 2ª PARTE – SUCESSÃO LEGÍTIMA • Ordem de vocação hereditária – arts. 1.829 a 1.844 • Herdeiros necessários – arts. 1.845 a 1.850 • Direito de representação – arts. 1.851 a 1.856 3ª PARTE – SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA • Testamento em geral - arts. 1.857 a 1.859. Direito Civil – Direito das Sucessões Professor Stanley Costa • Capacidade para fazer testamento - arts. 1.860 e 1.861. • Formas ordinárias de testamento - arts. 1.862 a 1.880. • Codicilo - arts. 1.881 a 1.885. • Testamentos especiais - arts 1.886 a 1.896. • Disposições testamentarias em geral - arts. 1.897 a 1.911. • Legados - arts. 1.912 a 1.922. · Efeitos dos legados e seu pagamento - arts. 1.923 a 1938. • Caducidade dos legados - arts. 1939 a 1940. • Direito de acrescer entre herdeiros e legatários - arts. 1941 a 1946. • Redução das disposições testamentarias - arts. 1966 a 1968. • Substituições - arts. 1947 a 1960. • Deserdação - arts. 1961 a 1965. • Revogação dos testamentos - arts. 1969 a 1972. • Rompimento do testamento - arts. 1973 a 1975. • Testamenteiro - arts. 1976 a 1990. 4ª PARTE – INVENTÁRIO E PARTILHA • Inventario – art. 1.991. • Partilha – art. 2.010 a 2.022. • Garantia dos quinhões hereditários – art. 2.023 a 2.026. • Anulação da partilha – art. 2.027 1.1. Conceitos Antes de começarmos qualquer exposição sobre a matéria, precisamos compreender que o fenômeno da sucessão vai muito além dos limites do Direito Sucessório. Sucessão é um termo que advém do latim subccedere (sub + cedere) que etimologicamente significa substituição. Destarte, considerando que a relação jurídica é composta por sujeitos, objeto e vínculo, o Direito admite a sucessão dos dois primeiros elementos constitutivos. Por isso, num sentido lato (genérico), afirmamos que a sucessão pode ser compreendida como toda forma de substituição do sujeito ou objeto de uma relação jurídica, seja por ato inter vivos (oneroso ou gratuito) ou causa mortis. Evidentemente que o vínculo jurídico não poderia ser substituído, pois isso implicaria em modificação Direito Civil – Direito das Sucessões Professor Stanley Costa da própria relação (casamento união estável; compra e venda doação; locação comodato; e etc.). Esse conceito nos remete para várias áreas do Direito Civil. Por exemplo, o Direito das Obrigações regulamenta a sub-rogação real, uma forma de sucessão objetiva. Também ouvimos acerca da sub-rogação real no Direito de Família, como hipótese de exclusão da comunicabilidade nos regimes de comunhão. Ainda, conforme previsão do artigo 1.719 do Código Civil, o juiz poderá autorizar a sub-rogação do bem de família quando comprovada a impossibilidade da sua manutenção nas condições em foi instituído. Quanto aos sujeitos da relação jurídica, também no âmbito do Direito das Obrigações, fala-se sub-rogação pessoal por ato inter vivos. Isso acontece na sub- rogação em sentido estrito, uma forma extraordinária de extinção da relação obrigacional, e também nos institutos da cessão de crédito e assunção de dívida. Enfim, ao identificarmos a possibilidade de substituição subjetiva mortis causa, chegamos ao objeto do Direito das Sucessões. Aqui se encontra o que a doutrina convencionou chamar de sucessão em sentido estrito, transmissão da titularidade das relações jurídicas patrimoniais em razão da morte. Observe, portanto, que não é à toa que vários autores preferem chamar nossa disciplina de Direito Hereditário, evitando assim confusões terminológicas. Conforme apontamentos do ilustre doutrinador Francisco José Cahali: Trata exclusivamente da sucessão decorrente do falecimento da pessoa. Emprega-se o vocábulo sucessão em sentido estrito, para identificar a transmissão do patrimônio apenas em razão da morte, como fato natural, de seu titular, tornando-se, o sucessor, sujeito de todas as relações jurídicas que àquele pertenciam. Também chamada de direito hereditário, apresenta-se como o conjunto de regras e complexo de princípios jurídicos pertencentes à passagem da titularidade do patrimônio de alguém que deixa de existir aos seus sucessores.1 No mesmo sentido são as lições de Pinto Ferreira: 1 CAHALI, Francisco José; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões. São Paulo: RT, 2012, p. 22. Direito Civil – Direito das Sucessões Professor Stanley Costa A palavra sucessão não é específica do direito hereditário ou do direito das heranças. O direito hereditário não a usa com exclusividade. Realmente, a sucessão tanto opera entre pessoas vivas como também por causa da morte. Quando a sucessão opera entre pessoas vivas chama-se inter vivos, que será sempre a título singular, como ocorre na cessão de crédito e na transferência de bens. No direito hereditário, a sucessão opera causa mortis, assim diferentemente. A sucessão causa mortis é um vir em seguida no espaço e no tempo.2 Sucessão do objeto da relação jurídica. Subrrogação real Sucessão do sujeito da relação jurídica (inter vivos) Subrrogação pessoal Sucessão do sujeito da relação jurídica (causa mortis) Direito das Sucessões Pois bem. Identificada a etimologia da palavra sucessão, passemos ao conceito de Direito das Sucessões, classificando-o em duas acepções, sentido objetivo e sentido subjetivo. Subjetivamente, fala-se no direito de alguém suceder outro alguém, ou seja, de receber seu acervo patrimonial. É o caso do filho que, em razão do falecimento do pai, tem o direito subjetivo de sucedê-lo. Objetivamente, trata-se do conjunto de normas que visa regulamentar o processo de transferência dos bens e obrigações de alguém que faleceu. É a disciplina Direito das Sucessões considerada na sua autonomia, que em conjunto com as demais, formam as ramificações do Direito Civil. O clássico Clóvis Beviláqua leciona: “direito hereditário ou das sucessões é o complexo dos princípios, segundo os quais se realiza a transmissão do patrimônio de alguém, que deixa de existir”3. Conforme o entendimento de Maria Helena Diniz, Direito das Sucessões é: O conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimôniode alguém, depois de sua morte, ao herdeiro, em virtude da lei ou de testamento (CC, art. 1.786). Consiste, portanto, no complexo de disposições jurídicas que regem a transmissão de bens ou valores e dívidas do falecido, ou seja, a transmissão do ativo e do passivo do de cujus ao herdeiro. 4 Semelhantemente, Flávio Tartuce identifica: 2 FERREIRA, Pinto. Tratado das Heranças e dos Testamentos. São Paulo: Saraiva, 1990, p.8. 3 BEVILÁQUA, Clóvis. Direito das Sucessões. Rio de Janeiro: Rio Editora, 1983, p. 14. 4 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro - v.6. São Paulo: Saraiva, 2013, p.17. Direito Civil – Direito das Sucessões Professor Stanley Costa Direito das Sucessões como o ramo do Direito Civil que tem como conteúdo as transmissões de direitos e deveres de uma pessoa a outra, diante do falecimento da primeira, seja por disposição de última vontade, seja por determinação da lei, que acaba por presumir a vontade do falecido.5 É interessante observar que o Direito Civil, diferentemente das demais áreas do Direito, é dividido em disciplinas autônomas que, embora tenham uma mesma origem, guardam características bastante peculiares. Inicialmente, ao classificarmos amplamente o Direito Civil, temos que ele se divide em direitos patrimoniais e não patrimoniais. No primeiro bloco encontram-se o Direito das Obrigações e o Direito Real, enquanto que no segundo estão alocados o Direito de Família e os Direitos da Personalidade. Nesse contexto, consideramos o Direito das Sucessões como uma disciplina mista, resultante da conjunção de direito patrimonial e não patrimonial. Esclarecendo, por meio das regras do Direito das Sucessões, transmite-se a titularidade das relações jurídicas patrimoniais (Direito das Obrigações e Direito das Coisas), valendo-se de regras do Direito de Família (relação de parentesco). Destaca-se que reconhecemos a existência de relações jurídicas patrimoniais no Direito de Família, contudo, consideramos que elas não fazem parte do seu pilar fundamental. Em nosso entendimento, as relações pessoais, regulamentadas por normas de natureza cogente, é que sempre deverão prevalecer na disciplina. DIREITO CIVIL 5 TARTUCE, Flávio. Direito Civil – v. 6. São Paulo: Editora Método, 2015, p. 3 Direito patrimonial: • Direito das Obrigações • Direito das Coisas Direito não patrimonial: • Direito de Família • Direitos da personalidade Direito misto: • Direito das Sucessões Direito Civil – Direito das Sucessões Professor Stanley Costa 1.2. Objeto da relação sucessória Em quase todos os conceitos supracitados, um ponto comum é destacado, a patrimonialidade. É preciso compreender desde logo que nem todas as relações jurídicas são transmissíveis por herança ou legado, mas apenas aquelas de natureza patrimonial. O objeto do Direito Sucessório abrange, portanto, somente a transmissão das relações jurídicas patrimoniais, ativas e passivas, em razão da morte. Com fundamento no quadro sinótico apresentado anteriormente, deve-se entender a expressão “relações jurídicas patrimoniais” como sendo a soma das relações obrigacionais e reais. Assim, a herança nada mais é do que conjunção das relações obrigacionais e reais de alguém que faleceu e que, por esta razão, é transmitida aos seus herdeiros. Naturalmente, estão excluídas desse contexto as relações jurídicas personalíssimas, que serão extintas assim que seu titular falecer. A existência da pessoa natural termina com a morte (CC, art. 6º), fato jurídico que também põe fim aos direitos decorrentes da personalidade. Citamos como exemplos o “poder familiar” e o “casamento”, duas relações de caráter personalíssimo que de forma alguma são transferidas em razão da morte do seu titular, por mais óbvio que isso possa parecer. Destarte, mais uma vez conceituamos o Direito das Sucessões como sendo o conjunto de normas e princípios que visam disciplinar a transmissão das relações jurídicas patrimoniais, ativas e passivas, de direito obrigacional (crédito e débito) ou real (propriedade), de alguém que faleceu em favor dos seus sucessores. De acordo com as lições de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, “(...) quando se tratar de uma relação jurídica patrimonial, a morte do sujeito (ativo ou passivo) implicará na transmissão dos direitos e/ou obrigações respectivas do falecido aos seus sucessores. Esse conjunto de relações jurídicas patrimoniais que eram titularizadas pelo falecido e que se transmite aos seus sucessores é o que se denomina herança – e que serve de objeto para o Direito Sucessório”6. 6 FARIAS, Cristiano Chaves, e ROSENVALD Nelson. Curso de Direito Civil – v.7. Salvador: Jus Podivm, 2016, p. 33, Direito Civil – Direito das Sucessões Professor Stanley Costa Apesar de tudo, urge ressaltar que nem todas as relações jurídicas patrimoniais serão transferidas por herança, e algumas outras receberão regramento específico, distinto do que é tipificado pelo Código Civil. O direito autoral, por exemplo, reconhecido doutrinariamente como direito híbrido, personalíssimo pela natureza e real pela possibilidade de exploração, possui regras específicas de transmissão causa mortis. Nos termos do artigo 41 da Lei 9.610/98, em falecendo o autor, a parte patrimonial do direito autoral será transferida aos herdeiros pelo prazo de 70 (setenta) anos, contados a partir do dia primeiro de janeiro do ano seguinte à data do falecimento. Findo o prazo de 70 (setenta) anos a obra cairá em domínio público. No mesmo sentido, o direito real de Enfiteuse (CC/16, art. 692, III) recebe regulamentação sucessória específica. Muito embora seja transmissível por herança, se o enfiteuta falecer sem deixar herdeiros a enfiteuse será extinta, isto para impedir que a fazenda pública arrecade o direito. Por fim, os direitos reais de Usufruto, Uso e Habitação (CC/02, art. 1.412), muito embora sejam patrimoniais, não são transmissíveis por herança. Para fins meramente didáticos apresentamos um quadro sinótico elaborado por Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, com apenas algumas modificações: “Resumindo, de forma didática: somente as relações jurídicas patrimoniais estão submetidas à transmissão sucessória; contudo, escapam à incidência das regras do Direito das Sucessões o direito autoral, o usufruto, o uso e habitação e a enfiteuse (quando o titular falecer sem deixar sucessor) – que possuem regra própria, afastada da norma codificada” 7. Exceções à regra geral da transmissão das relações jurídicas patrimoniais Direito autoral – Lei n. 9.610/98, art. 41 – Transmissão aos herdeiros por 70 anos. Enfiteuse – CC/16, art. 692, III – Não havendo sucessores o direito se extingue. Usufruto, uso e habitação – CC, art. 1.412 – Não há sucessão hereditária. 7 FARIAS, Cristiano Chaves, e ROSENVALD Nelson. Curso de Direito Civil – v.7. Salvador: Jus Podivm, 2016, p. 37. Direito Civil – Direito das Sucessões Professor Stanley Costa 1.3. Sujeitos da relação sucessória Dando continuidade, agora importa-nos destacar quem são os sujeitos da relação jurídica sucessória. Assim como nas demais relações jurídicas, no âmbito do Direito das Sucessões também temos a figura do sujeito ativo, aqui chamado de autor da herança, falecido, morto, finado ou de cujus (daquele de quem a herança se trata). No polo passivo encontra-se o sucessor, que pode ser um herdeiro legítimo (necessárioou facultativo), um herdeiro testamentário ou um legatário. Podemos considerar, ainda, a existência de um terceiro sujeito: o espólio. Muito cuidado, pois o espólio não é uma pessoa, vez que não é dotado de personalidade jurídica. O espólio é um ente despersonalizado que representa a herança em juízo e fora dele. Apesar de não ter personalidade, a lei atribui ao espólio capacidade para titularizar relações jurídicas e legitimidade para demandar e ser demandado. Por fim, ressalta-se que o espólio será representado pelo inventariante (CPC, art. 75, VII) ou pelo administrador provisório (CPC, art. 613). 2. CLASSIFICAÇÃO DA SUCESSÃO Em termos gerais, a sucessão em sentido estrito será classificada de duas formas: a) quanto à fonte; b) quanto aos efeitos. 2.1. Quanto à fonte Quanto à fonte, nos termos do artigo 1.786 do Código Civil, o Direito pátrio reconhece a existência de duas modalidades de sucessão: i) testamentária; ii) legítima. Senão, vejamos: “Art. 1.786: a sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade”. A sucessão testamentária, é aquela que provém da vontade do autor da herança manifestada em ato de disposição de última vontade (testamento). Esse ato jurídico de liberalidade não é absoluto, uma vez que a legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento (CC/02, art. 1.857, §1º). Direito Civil – Direito das Sucessões Professor Stanley Costa A sucessão legítima, por sua vez, é aquela decorre de determinação legal, presumindo a lei qual era a vontade do de cujus, por isso, é também denominada sucessão ab intestato, ou seja, sem testamento (CC/02, art. 1788). Para tanto, a transmissão patrimonial segue uma sequência, denominada ordem de vocação hereditária. Analisando o artigo 1.788 do Código Civil, percebemos ainda que seguirão as regras da sucessão legítima os bens não compreendidos no testamento (como a legítima dos herdeiros necessários). Destarte, de um mesmo falecido é possível termos sucessão legítima e testamentária simultaneamente, coexistência de modalidades que era proibida no direito romano (nemo pro parte testatus et pro parte intestatus decere potest – ninguém pode falecer em parte com testamento e em parte intestado). Da mesma forma, subsistirá a sucessão legítima quando, embora exista um testamento, ele vier a caducar, for julgado nulo ou anulável, ou se houver o seu rompimento (CC/02, art. 1.973). 2.2. Quanto aos efeitos Quanto aos efeitos temos duas outras modalidades de sucessão: i) sucessão a título universal; ii) sucessão a título singular. A sucessão a título universal é aquela em que ocorre a transmissão de herança. Caracteriza-se pela transmissão do patrimônio do de cujus, na totalidade ou em quota- partes indeterminadas (1/4, 25%, 1/3, 33%, do total), a pessoas qualificadas como herdeiros. Se apenas um for o herdeiro, ele amealhará a totalidade da herança, do contrário, existindo mais de um herdeiro, cada qual receberá uma fração ideal da herança. No momento adequado estudaremos com maior profundidade o termo, porém, para melhor esclarecer esta classificação, desde já podemos afirmar que herança é o conjunto de relações patrimoniais (bens + créditos + dívidas) titularizadas pelo autor da herança, um bem imóvel único, uma universalidade de direitos que é indivisível até o momento da partilha. Nesse sentido, os herdeiros constituirão um condomínio necessário. Direito Civil – Direito das Sucessões Professor Stanley Costa Já a sucessão a título singular ou particular, é aquela caracterizada pela transferência de coisa certa e determinada (objetos individualizados) a pessoas qualificadas como legatários. De forma objetiva, sucessão a título singular é aquela em que há transferência de legado. Ao contrário da herança, que é uma universalidade de relações patrimoniais, o legado é um bem específico e determinado que foi individualizado do restante do acervo hereditário (ex.: uma joia, uma casa, um iate e etc.). Uma reflexão importante a ser feita, mixando as classificações (quanto à fonte e quanto aos efeitos), é que a sucessão legítima será sempre a título universal, uma vez que não existe qualquer estipulação normativa que determine expressamente a transferência de legado para algum/alguns dos sucessores. Não existe legatário na sucessão legítima, apenas herdeiros. No sentido oposto, a sucessão testamentária poderá ser tanto a título singular quanto a título universal. Será a título singular quando o testamento beneficiar alguém com um legado. Será a título universal quando o testamento beneficiar alguém com uma fração ideal da herança. Portanto, no âmbito da sucessão testamentária existe tanto legatário quanto herdeiro testamentário. Por fim, ressalta-se a possibilidade de haver sucessão a duplo título. Isso ocorrerá quando uma mesma pessoa receber herança (sucessão universal), seja legítima ou testamentária, e receber legado (sucessão singular). Por exemplo, podemos imaginar a situação em que um filho é agraciado com uma joia de família (legado), deixada por sua mãe via testamento, e na condição de descendente também receba uma quota-parte da herança (herdeiro legítimo)
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