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Principios Constitucionais Tributarios

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS
 	São as normas jurídicas de mais alto grau que se encontram na Constituição. Os princípios são as pedras angulares, os alicerces do edifício jurídico. É uma regra básica implícita ou explícita que por sua grande generalidade ocupa posição de destaque no mundo do direito e, por isso, interfere na interpretação e na boa aplicação seja dos simples atos normativos seja dos mandamentos constitucionais. BANDEIRA DE MELO diz que é o “vetor para soluções interpretativas”. 
 	Outrossim, podem ser considerados como formas de “limitações constitucionais ao poder de tributar, que ora aparecem como verdadeiras vedações ou proibições (imunidades constitucionais), ora aparecem na esteira da proteção dos direitos e garantias individuais (contribuintes), ou, ainda, apresentam-se como limitações da competência tributária entre as diversas pessoas jurídicas de direito público”. (Yoshiaki Ichihara)
 	Os princípios constitucionais da limitação do poder de tributar estão elencados no art. 150, da CF, que seguem abaixo.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS EXPRESSOS
01 – princípio da legalidade tributária, estrita legalidade ou reserva legal
(art. 150, inciso I, da Constituição Federal);
02 – princípio da anterioridade e da anterioridade nonagesimal
(art. 150, inciso III, alínea “b” e “c”, da Constituição Federal);
03 – princípio da irretroatividade
(art. 150, inciso III, alínea “a”, da Constituição Federal);
04 – princípio da igualdade ou da isonomia
(art. 150, inciso II, da Constituição Federal);
05 – princípio da capacidade contributiva
(art. 145, § 1°, da Constituição Federal);
06 – princípio da proibição de confisco ou da vedação à tributação confiscatória ou vedação de efeitos confiscatórios
(art. 150, inciso IV, da Constituição Federal);
07 – princípio da uniformidade geográfica da tributação
(art. 151, inciso I, da CF);
08 – princípio da imunidade recíproca das esferas públicas
(art. 150, inciso VI, “a”, da CF);
09 – princípio da imunidade de tráfego ou liberdade de trânsito ou ilimitabilidade do tráfego de pessoas ou bens 
(art. 150, inciso V, da CF);
10 – princípio da não-discriminação tributária em razão da origem (procedência) ou do destino dos bens ou serviços
 	(art. 152 da CF).
11 – princípio da Universalidade ou generalidade 
(art. 153, § 2º, inciso I, da CF);
12 – princípio da Proporcionalidade 
(art. 153, § 2º, inciso I da CF);
13 – princípio da Não-cumulatividade (IPI e ICMS)
 	(arts. 153, § 3°, inciso II e 155, § 2º, inciso I, da CF);
14 – princípio da Seletividade 
 	(arts. 153, § 3º, inciso I e 155, § 2°, inciso III, da CF).
15 – princípio da vedação às isenções heterônomas 
 	(arts. 151, inciso III, da CF).
16 – princípio da indelegabilidade da competência tributária
	(arts. 153, 155, 156, 147, 148, 149, 149-A, da CF).
OUTROS PRINCÍPIOS QUE SE APLICAM AO DIREITO TRIBUTÁRIO
	
01 – princípio da isonomia das pessoas constitucionais;
02 – princípio da supremacia do interesse público ao do particular;
03 – princípio da indisponibilidade do interesse público;
04 – princípio da autonomia municipal;
05 – princípio republicano;
06 – princípio federativo;
07 – princípio da justiça;
08 – princípio do direito à proteção jurisdicional;
09 – princípio da certeza do direito;
10 – princípio da universalidade da jurisdição;
11 – princípio da segurança jurídica;
12 – princípio do devido processo legal e ampla defesa;
13 – princípio do direito de propriedade;
14 – princípio do direito de petição.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS EXPRESSOS
01 – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA, ESTRITA LEGALIDADE OU RESERVA LEGAL
O princípio da legalidade tributária é reflexo direto do Estado Democrático de Direito e impõe que os tributos só podem ser criados (instituídos) ou aumentados por meio de lei (art. 150, I, da CF).
 	
Esse princípio reforça, na área tributária, o comando contido no art. 5º, inciso II da Constituição Federal, segundo o qual "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei". Assim, o princípio da legalidade tributária cria uma garantia aos contribuintes, impondo uma restrição ao Poder Público.
 	O caput do art. 150 da Constituição Federal tem a seguinte redação “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios” e o inciso I tem o seguinte teor: “exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”.
 	Este princípio é também conhecido como princípio da reserva legal, pois somente à lei é reservado o direito de criar ou majorar tributo. 
 	A palavra lei deve ser utilizada de forma restrita, como norma geral e abstrata editada pelo ente político competente, que tenha Poder Legislativo, observado o processo legislativo exigido na CF. 
 	A expressão "legislação tributária", por sua vez, compreende as leis, os decretos e outros atos normativos (art. 96 do CTN). 
 	Este princípio se espraia por todos os ramos do Direito e visa a segurança jurídica e social.
 	Assunto que era polêmico é o relativo à medida provisória: uma corrente negava a possibilidade de se criar ou aumentar tributo através desse tipo de norma (Yoshiaki Ichihara); outra corrente entendia que eventuais disposições tributárias por medida provisória seriam válidas, a partir de sua edição, desde que se sucedesse oportuna conversão em lei. No entanto, hoje não há mais dúvidas, pois o § 2º do art. 62 da CF prevê expressamente a possibilidade de instituição ou majoração de impostos por meio de medida provisória.
 	Outra matéria aporética refere-se às obrigações fiscais acessórias, indagando-se há possibilidade de poderem ser exigidas ou não por simples medidas administrativas, como, v. g., decretos e portarias. A corrente majoritária entende que sim. Exemplo de obrigação acessória (não-patrimonial) é o dever de exibir os papéis e livros.
 	Em certos casos, o Poder Executivo pode alterar alíquotas ou bases de cálculo, mas sempre nas condições e limites estabelecidos em lei (art. 97 do CTN). Equiparam-se à majoração do tributo as mudanças de base de cálculo que o tornem mais oneroso. A simples atualização monetária do débito, não caracteriza a majoração (art. 97, § 2º, do CTN).
 	Portanto, na própria Constituição constam exceções ao princípio da legalidade, sendo facultada a alteração de alíquotas dos impostos sobre exportação, importação, produtos industrializados e sobre operações financeiras através de decreto.
 	No entanto, não há exceção no que diz respeito à exigência de tributos, tampouco em favor dos Estados e Municípios. Isto é, a criação de tributos sempre depende de lei e somente a União tem a prerrogativa de alterar alíquotas, nos casos previstos na Constituição, mediante decreto.
02 – PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE E DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL
O princípio da anterioridade consta do art. 150, inciso III, alínea “b” da Constituição, nos seguintes termos: “é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.”
Segundo esse princípio, a lei que criar ou aumentar tributo somente produzirá efeitos com relação aos “fatos imponíveis ocorridos a partir do dia 1º de janeiro do exercício (ano) seguinte” ao de sua publicação, ou seja, é vedado cobrar tributos no mesmo exercício (ano) financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou (art. 150, III, “b”, da CF), salvo exceções expressas na própria Constituição.
 Entre essas exceções vale mencionar os empréstimos compulsórios em casos de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência (art. 148, I, da CF), e impostos extraordinários de guerra (art. 154, II; da CF); a contribuição previdenciáriapara a seguridade social, que pode ser cobrada em 90 dias da data da publicação da lei (art. 195, § 6º, da CF); imposto de importação (II); imposto de exportação (IE) e impostos sobre produtos industrializados (IPI); imposto sobre operações financeiras (IOF) (art. 150, § 1º, da CF), os quais podem ser cobrados no mesmo exercício financeiro em que foram instituídos ou aumentados.
	
 Exceção importantíssima também é a prevista no art. 150, inciso III, alínea “c”, e parágrafo 1º, in fine, da Constituição Federal, incluída pela Emenda Constitucional 42/2003, denominada anterioridade nonagesimal ou noventena, a qual veda a cobrança de tributos “antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b.” (princípio da anterioridade)
 	O dispositivo constitucional que regula a matéria é o: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (EC n. 3/93 e EC n. 42/2003)
[...]
III – cobrar tributos:
[...]
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea “b”;
§ 1º A vedação do inciso III, “b”, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV, e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, “c”, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.
 	Como se vê na transcrição do dispositivo acima, o legislador constitucional propositadamente suprimiu o inciso IV do art. 153, que trata do imposto sobre produtos industrializados (IPI), razão pela qual quanto a esse imposto em especial (IPI), apesar de não precisar respeitar o princípio da anterioridade, faz-se necessário que se observe a noventena (noventa dias) para majorar referido tributo. 
 	Por esse motivo acima explicitado é que a Associação dos importadores de veículos novos importados conseguiu suspender o cumprimento do acréscimo de 30% (trinta por cento) no valor dos veículos novos que tinham mais de 70% (setenta por cento) de peças importadas em sua constituição, em 16 de setembro de 2011, por meio de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada no Supremo Tribunal Federal.
 	Vale ressaltar que a Constituição Federal de 1946, em seu art. 141, § 34, além do princípio da anterioridade, previa o atualmente abolido princípio da anualidade ou anualidade orçamentária, o qual rezava que, em cada exercício, o tributo tinha que estar também incluído na receita do respectivo orçamento público (lei orçamentária). Essa exigência não é mais exigida, apesar que alguns autores de renome, dentre eles Ives Gandra da Silva Martins, entender o contrário, fundamentando-se no art. 167 da CF.
 	
03 – PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE
O art. 150, inciso III, alínea “a” da Constituição consagra o princípio da irretroatividade, da seguinte maneira: “é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.”
Esse princípio, portanto, complementa o raciocínio relativo ao princípio da anterioridade, devendo haver uma análise conjugada dos dispositivos, da qual não pode ocorrer outra conclusão que não a de que a lei que cria ou eleva tributos não pode retroagir para atingir fatos imponíveis ocorridos antes de sua vigência.
	Portanto, a lei tributária só vale em relação a fatos geradores pendentes ou futuros, ou seja, os ocorridos após o início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. 
 	No entanto, admite-se, como exceção, a retroatividade quando favorece o contribuinte (retroatividade benéfica – art. 106 do CTN) ou no caso de a lei nova ser meramente interpretativa.
 		
 	É relevante citar também o art. 5º, XXXVI, da CF, o qual preceitua que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
 
04 – PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU DA ISONOMIA
 	O art. 150, inciso II da Constituição veda que seja instituído “tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos”.
Trata, portanto, de reiteração da cláusula pétrea consagrada no caput do art. 5°, que proclama que “Todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza”.
 	É defeso instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. (art. 150, II, da CF.)
 	“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)” (art. 5º, caput, da CF.)
 	Esse princípio da igualdade é considerado um superprincípio. Essa igualdade não quer significar a igualdade de fato, mas a igualdade jurídica, no sentido da notória afirmação de Aristóteles de que “a igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”.
	A lei, em princípio, não deve dar tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente.
05 – PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA
 	Segundo o § 1° do art. 145, “Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.”
 	Nesse particular, importa assinalar que o princípio da capacidade contributiva se limita aos impostos, não tendo abrangência quanto às demais espécies tributárias.
 	Além disso, também importa destacar que a expressão sempre que possível empregada no dispositivo não deve ser interpretada no sentido de que “o princípio da capacidade contributiva somente será observado quando possível.” Ao reverso, para Machado (2002) “o sempre que possível, do § 1° do art. 145, diz respeito apenas ao caráter pessoal dos tributos, pois na verdade nem sempre é tecnicamente possível um tributo com caráter pessoal.”
 	Por fim, importa enfatizar que esse princípio não diverge do princípio da isonomia; pelo contrário, o reforça, porquanto sabidamente o princípio da isonomia consiste em tratar os iguais de maneira igual e os desiguais de modo desigual.
 	Difini assevera que “cada um deve concorrer para com as despesas públicas consoante suas posses e disponibilidades econômicas.” É instrumento adequado para levar a efeito o princípio da isonomia.
 	
 	Resumindo, segundo o princípio da igualdade, os iguais devem se tratados igualmente e os desiguais desigualmente, podendo, dessa forma, o tributo ser cobrado de acordo com as possibilidades de cada contribuinte (art. 145, § 1º, da CF)
06 – PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE CONFISCO OU DA VEDAÇÃO À TRIBUTAÇÃO CONFISCATÓRIA OU VEDAÇÃO DE EFEITOS CONFISCATÓRIOS
 
 	O art. 150, inciso IV da Constituição veda a utilização de “tributo com efeito de confisco”.
 
 	Logo, tal princípio tem caráter programático, ao passo que não há no ordenamento legal nacional nenhuma definição acerca do conceito de confisco. De qualquer modo, o princípio de proibição ao confisco já serviu de fundamento para que o Supremo Tribunal Federal reconhecesse a inconstitucionalidade de dispositivos da Lei 9.783/1999, que aumentava a contribuição previdenciária dos servidores públicos.O tributo deve ser razoável, não podendo ser tão oneroso que chegue a representar um verdadeiro confisco (art. 150, IV).
 	Aplica-se esse princípio em relação às multas? Pela leitura literal do texto constitucional não, mas a jurisprudência vem entendendo que se aplica também às multas.
07 – PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA DA TRIBUTAÇÃO
 	Conforme o art. 151, inciso I da Constituição, é vedado à União “instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País.”
 	Esse princípio estipula a uniformidade dos tributos de competência da União mas, ao mesmo tempo, cria uma ressalva que “praticamente anula, em termos práticos, a regra.”
 	O tributo da União deve ser igual em todo o território nacional, sem distinção entre os Estados (art. 151, I, II e III, da CF). Da mesma forma o tributo estadual deve ser igual em todo o território estadual.
 	Não pode haver distinção ou preferência de um Estado ou Município em detrimento de outro.
08 – PRINCÍPIO DA IMUNIDADE RECÍPROCA DAS ESFERAS PÚBLICAS 
	A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não podem instituir impostos sobre o patrimônio, a renda ou serviços, uns dos outros (art. 150, VI, “a”). Veja que houve proibição de instituição e cobrança somente em relação a impostos, não incluindo as taxas, contribuição de melhoria e contribuições sociais, especiais ou parafiscais.
09 – PRINCÍPIO DA IMUNIDADE DE TRÁFEGO OU LIBERDADE DE TRÂNSITO OU ILIMITABILIDADE DO TRÁFEGO DE PESSOAS OU BENS
Com base no art. 150, inciso V, da Constituição é vedado cobrar tributos com a finalidade de “estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.”
 	O art. 5º, inciso XV, da Constituição Federal, tem o seguinte teor: “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”.
Esse princípio tem fundamento no direito à livre circulação. Contudo, não impede a cobrança de tributos de caráter interestadual ou intermunicipal, vedando apenas “a instituição de tributo em cuja hipótese de incidência seja elemento essencial a transposição de fronteira interestadual ou intermunicipal”.
 	A regra não proíbe a cobrança dos tributos usuais, mas apenas eventual cobrança pela simples travessia de fronteiras estaduais ou municipais. O ICMS cobrado na barreira tem como fato gerador a circulação de mercadorias, que jamais poderia ser confundido com esse tipo de tributação inconstitucional.
10 – PRINCÍPIO DA NÃO-DISCRIMINAÇÃO TRIBUTÁRIA EM RAZÃO DA ORIGEM (PROCEDÊNCIA) OU DO DESTINO DOS BENS OU SERVIÇOS
 	Segundo o art. 152 da Constituição “É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino”.
 	
11 – princípio da Universalidade ou generalidade 
 	Os princípios da universalidade e da generalidade vêm descritos no art. 153, § 2º, inciso I, da CF, o qual determina que o imposto de renda “será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei”.
 
 	
 	No entanto, como ensina o Professor Difini (2003), a universalidade e generalidade não se aplicam apenas ao imposto de renda, constituindo um princípio implícito com relação aos demais tributos.
 	Nessa linha, a generalidade [...] significa que o tributo deve abranger todos os contribuintes que pratiquem o ato ou estejam em igual relação com o fato descrito na hipótese de incidência; universalidade significa incidir o tributo sobre todos os fatos descritos na hipótese de incidência (no caso do imposto de renda, incidir indistintamente sobre diversas espécies de rendimentos).
12 – princípio da Proporcionalidade 
 	O princípio da proporcionalidade também encontra-se no art. 153, § 2º, inciso I, da CF, sendo afeto a idéia de progressividade dos tributos e consequência do princípio da capacidade contributiva, ao passo que os tributos devem ser proporcionais a capacidade contributiva, que se configura em razão da renda, patrimônio e demais operações de circulação de riqueza.
13 – PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE (IPI e ICMS) 
 	Esses princípios aplicam-se apenas com relação ao IPI e ao ICMS, bem como eventuais impostos que vierem a ser criados pela União, por força de sua competência residual (art. 153, § 3º, inciso II; 155, §2º, inciso I; e 154, inciso I; da CF), sendo que a previsão do princípio da não-cumulatividade relativa ao IPI consta no art. 153, § 3º, inciso II, da CF, e com relação ao ICMS no art. 155, § 2º, inciso I, da Constituição Federal.
 	Como ensina o Professor Difini, não-cumulatividade é “[...] diminuir ou compensar do imposto devido em cada operação o imposto pago nas operações anteriores”.
 	O tributo que for devido em cada operação deve ser compensado com o montante cobrado nas anteriores, evitando-se o efeito cascata.
 	Na apuração contábil do IPI e do ICMS, o imposto a ser pago é lançado como débito, e os que já foram pagos nas operações anteriores são lançados como créditos. Portanto só é devido o imposto resultante dessa diferença.
14 – princípio da Seletividade 
 	
 	Já o princípio da seletividade é previsto nos arts. 153, § 3º, inciso I, e 155, § 2°, inciso III, da CF, no que diz respeito ao IPI, e 155, § 2º, inciso III, no que tange ao ICMS, e tem a finalidade de adequar aos impostos indiretos à capacidade contributiva.
 	A norma constitucional assegura que o ICMS “será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal”. O IPI “será seletivo, em função da essencialidade do produto”. O ICMS “poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços”.
 	O princípio da seletividade, resumidamente, equivale a idéia de que os produtos devem ser tributados com alíquotas mais ou menos onerosas, conforme sua destinação. Ou seja, produtos supérfluos são tributados de maneira mais onerosa do que os produtos essenciais.
Assim, por exemplo, a água mineral destinada ao consumo humano será tributada em percentual inferior os das bebidas alcoólicas.
15 – princípio da vedação às isenções heterônomas 
 	(arts. 151, inciso III, da CF).
 	De acordo com o art. 151, inciso III, da Constituição Federal, é vedado à União instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios .
 	
 	Assim, resta a proibição da União isentar tributos que não são de sua competência.
 	Deve-se seguir a regra: apenas pode isentar o ente que pode tributar. Em se tratando de impostos estaduais, apenas o estado pode conceder a isenção. O que se buscou com tal preceito, trazido pela Constituição Federal de 1988, fora efetivar a autonomia entres os entes da Federação e, eliminar, definitivamente, as ingerências da União nos temas de interesses dos Estados, DF e Municípios. Trata-se de decorrência lógica do princípio do federalismo.
16 – princípio da indelegabilidade da competência tributária
	
 	A competência tributária do ente estatal é indelegável, salvo a capacidade tributária ativa que pode ser delegada (arts. 153, 155, 156, 147, 148, 149, 149-A, da CF).
OUTROS PRINCÍPIOS QUE SE APLICAM AO DIREITO TRIBUTÁRIO
01 – PRINCÍPIO DA ISONOMIA DAS PESSOAS CONSTITUCIONAIS
	União, Estados, Distrito Federal e Municípios são iguais conforme preceituaa Constituição Federal, repartindo as competências tributárias de forma que não privilegie um ente estatal em detrimento de outro.
02 – PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO AO DO PARTICULAR
 	O interesse público coletivo prevalece em detrimento do interesse individual, por isso que o direito de arrecadar do ente tributante se sobrepõe ao do contribuinte individual. 
03 – PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO
 	O interesse público é indisponível, por isso o ente tributante não pode renunciar ao direito de cobrar o tributo, sob pena de incorrer em renúncia fiscal. O produto arrecadado é patrimônio público, razão pela qual a Administração Pública não pode dele dispor. 
04 – PRINCÍPIO DA AUTONOMIA MUNICIPAL
 	O município é autônomo financeiramente e politicamente, perante a Federação.
05 – PRINCÍPIO REPUBLICANO
 	Quando se fala em Estado de Direito, de forma singela que significar “a submissão do próprio Estado à Lei”. República lembra ou coisa pública, ou seja, de todos, cuidada por todos.
06 – PRINCÍPIO FEDERATIVO
 	O Brasil é uma República Federativa, isto é constitui uma federação, ou seja, é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios. A União também é parte da Federação e é soberana em relação às outras nações. Cada membro da Federação tem sua competência tributária determinada pela Constituição Federal.
07 – PRINCÍPIO DA JUSTIÇA
 	Considerando que a obrigação tributária principal é uma exigência estatal visando arrecadar recursos financeiros, na realidade representa uma agressão ao direito de propriedade do indivíduo, devidamente protegido pelos “direitos e garantias individuais”.
 	Os direitos mais relevantes que existem são o direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade; todos os demais são apenas desdobramentos destes.
08 – PRINCÍPIO DO DIREITO À PROTEÇÃO JURISDICIONAL
 	Este princípio está previsto no art. 5º, XXXV, da CF., “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”
 	Conclui-se, portanto, que qualquer lesão de direito individual deverá merecer a atenção do Poder Judiciário. Destarte, não pode haver vedação de acesso à prestação jurisdicional, sob pena de incorrer em inconstitucionalidade ou agressão a um direito fundamental. 
 	Na Constituição anterior, o ingresso de ação no Judiciário dependia do decurso do prazo ou esgotamento das vias administrativas como condição para as vias judiciais (art. 153, § 4º, da Constituição anterior).
09 – PRINCÍPIO DA CERTEZA DO DIREITO
 	O Direito é certo quando confirmado em uma sentença judicial transitada em julgado (coisa julgada). No entanto, tal direito é relativo e não absoluto.
10 – PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE DA JURISDIÇÃO
 	A jurisdição alcança todos os jurisdicionados, vinculando todas as pessoas que estão sujeitas à decisão judicial.
11 – PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA
 	As normas tributárias, como regra, devem respeitar a estabilidade das relações jurídicas, ou seja, não provocar surpresas.
12 – PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E AMPLA DEFESA
 	A ampla defesa e inclusive o contraditório fazem parte do devido processo legal (dues process of law), nesse sentido em todo processo administrativo ou judicial tributário deve ser oportunizada a defesa de forma ampla e viabilizada oportunidade para a parte contrária manifestar sobre o que foi alegado no processo administrativo ou judicial tributário.
13 – PRINCÍPIO DO DIREITO DE PROPRIEDADE
 	A propriedade deve ser respeitada, nos termos do art. 5º, inciso XXII, da Constituição Federal, por isso o tributo não pode ter valor tão elevado que cause confisco da propriedade. O ente estatal tributante deve respeitar o direito de propriedade.
14 – PRINCÍPIO DO DIREITO DE PETIÇÃO
 	Todo contribuinte inconformado pode peticionar junto à Administração tributária para defender seus direitos, sem restrição.

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