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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 1 MÓDULO: ORGANIZAÇÃO MORFO-FUNCIONAL (OMF) – SISTEMA URINÁRIO Arlindo Ugulino Netto Alanna Almeida Alves Raquel Torres Bezerra Dantas Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 2 EMBRIOLOGIA DO SISTEMA URINÁRIO O sistema urogenital pode ser dividido funcionalmente no sistema urinário e no sistema genital. Embriologicamente, esses sistemas são estreitamente associados. Eles também são intimamente relacionados anatomicamente, especialmente em homens adultos (a uretra conduz tanto sêmen quanto urina). Entretanto, o sistema urinário começa a desenvolver-se antes do genital e consiste nas seguintes estruturas: Os rins, que produzem a urina; Os ureteres, que conduzem a urina dos rins para a bexiga; A bexiga urinária, que estoca temporariamente a urina; A uretra, que conduz a urina da bexiga para o exterior. O sistema urinário desenvolve-se a partir do mesênquima intermediário, derivado da parede dorsal do embrião. Durante o dobramento horizontal, o mesênquima é deslocado ventralmente e perde sua conexão com os somitos. Uma elevação longitudinal de mesoderma, a crista urogenital, forma-se de cada lado da aorta dorsal. A parte da crista que origina o sistema urinário é o cordão nefrogênico. DESENVOLVIMENTO DOS RINS E URETERES Três conjuntos de órgãos excretores ou rins se desenvolvem em embriões humanos. O primeiro conjunto de rins, o pronefro, é rudimentar e as estruturas nunca são funcionais. O segundo conjunto de rins, o mesonefro, é bem desenvolvido e funciona brevemente. O terceiro conjunto de rins, o metanefro, torna-se os rins permanentes. PRONEFRO São estruturas bilaterais transitórias e aparecem no início da 4ª semana do desenvolvimento humano. São representados por poucos grupos de células epiteliais e estruturas tubulares na região do pescoço (nefrótomos); Os nefrótomos conectam-se com um par de ductos néfricos primários que crescem em direção da cloaca; Os ductos néfricos estimulam o mesoderma a formar um conjunto de túbulos segmentares adicionais que serão utilizados pelo próximo conjunto de rins; O pronefro rudimentar logo degenera. Arlindo Ugulino Netto; Alanna Almeida Alves. MÓDULO: ORGANIZAÇÃO MORFO-FUNCIONAL – URINÁRIO 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 3 MESONEFRO Esses órgãos excretores, grandes e alongados, aparecem no fim da quarta semana, caudalmente ao pronefro rudimentar. Funcionam como rins provisórios por aproximadamente 4 semanas (formação do rim permanente); Uma unidade mesonéfrica típica consiste em um glomérulo vascular, que está parcialmente envolvido por uma cápsula glomerular, e os túbulos mesonéfricos; Os ductos mesonéfricos abrem-se na cloaca; O mesonefro degenera, porém, seus túbulos originam os ductos eferentes dos testículos. METANEFRO O metanefro, primórdio dos rins permanentes, começa a se desenvolver no início da quinta semana e a funcionar cerca de 4 semanas mais tarde. A formação da urina continua ao longo de toda a vida fetal. A urina é excretada na cavidade amniótica e mistura-se com o líquido amniótico. Um feto maduro deglute várias centenas de mililitros de líquido amniótico a cada dia, que é absorvido pelo intestino. Os rins permanentes se desenvolvem a partir de duas fontes: O divertículo do ducto mesonéfrico (broto uretérico); A massa metanéfrica de mesoderma intermediário (ou blastema metanefrogênico). A medida que se alonga, o divertículo metanéfrico penetra na massa metanéfrica de mesoderma intermediário. O pedículo do divertículo metanéfrico torna-se o ureter e sua extremidade cranial passa por eventos repetitivos de ramificação que se diferenciam em túbulos coletores do metanefro. As quatro primeiras gerações de túbulos coletores aumentam e se tornam confluentes para formar os cálices maiores; As quatro gerações seguintes dos túbulos confluem para formar os cálices menores; A extremidade de cada tubo coletor induz grupos de células mesenquimais do blastema metanefrogênico a formar pequenas vesículas metanéfricas. Estas vesículas se alongam e formam os túbulos metanéfricos (renais); Os túbulos renais se desenvolvem e suas extremidades proximais são invaginadas pelos glomérulos; Os túbulos se diferenciam em túbulos contorcidos proximal e distai, e a alça de Henle com o glomérulo e sua cápsula formam um néfron. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 4 OBS 1 : O metanefro, ou rim permanente, se desenvolve a partir de duas fontes: O divertículo metanéfrico, ou broto uretérico, que dá origem ao ureter, pelve renal, cálices e túbulos coletores; A massa metanéfrica de mesoderma intermediário, que dá origem aos néfrons. MUDANÇAS POSICIONAIS DOS RINS Inicialmente, os rins metanéfricos (rins primordiais permanentes) ficam próximos um do outro, na pelve, ventralmente ao sacro. A medida que o abdome e a pelve crescem, os rins gradualmente se posicionam no abdome e se afastam um do outro. Eles atingem sua posição adulta em torno da 9ª semana de desenvolvimento. A princípio, o hilo do rim, por onde vasos e nervos entram e saem, situa-se ventralmente; no entanto, conforme o rim "ascende", ele gira medialmente quase 90 graus. Na nona semana, o hilo está direcionado ântero-medialmente. Eventualmente, os rins assumem uma posição retroperitoneal (externa ao peritônio), na parede posterior do abdome. A medida que os rins se elevam, recebem seu suprimento sanguíneo de vasos que estão próximos a eles. Inicialmente, as artérias renais são ramos das artérias ilíacas comuns. Conforme "ascendem" mais, os rins recebem seu suprimento sanguíneo da extremidade distal da aorta. Quando eles alcançam um nível mais alto, eles recebem novos ramos da aorta. Normalmente, os ramos caudais sofrem involução e desaparecem. Quando os rins entram em contato com as glândulas suprarrenais na 9ª semana, sua ascensão para. Os rins recebem seus ramos arteriais mais craniais da aorta abdominal; estes ramos tornam-se as artérias renais permanentes. A artéria renal direita é mais longa e frequentemente mais superior. CORRELAÇÕES CLÍNICAS Artérias Renais Acessórias (supranuméricas): geralmente surgem a partir da aorta, acima ou abaixo da artéria renal principal, acompanhando- a até o hilo. Podem penetrar no rim diretamente pelo polo superior ou inferior. Uma artéria acessória dirigida ao polo inferior pode cruzar o ureter anteriormente e obstruí-lo, causando hidronefrose (distensão da pelve e dos cálices renais com urina). Se uma artéria acessória for lesada, ocorrerá isquemia na parte por ela suprida. Agnesia renal unilateral: A ausência unilateral de um rim frequentemente não causa sintomas e geralmente não é descoberta durante a infância, porque o outro rim normalmente sofre hipertrofia compensatória e executa a função do órgão perdido. É comum, ocorre em 1 a cada 1000 recém-nascidos. Acomete mais os homens e o rim esquerdo. Agnesia renal bilateral: está associada ao oligodrâmnio (baixa quantidade de líquido amniótico, devido à pequena produção de excretas durante a vida intrauterina) e é incompatível com a vida pós-natal devido à hipoplasia pulmonar associada (devido ao pequeno espaço para desenvolvimento pulmonar). A ausência dos rins ocorre quando os divertículos metanéfricos não se desenvolvem ou os primórdios dos ureteres degeneram. Aspecto facial característico: olhos muito separados, orelhas em posição baixa, nariz largo e achatado, queixo recuado e defeituoso. Ocorre em cerca de 1 a cada 3.000 nascimentos. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 5 Rins ectópicos: Um ou ambos os rins podem estar em uma posição anormal. A maioria dos rins ectópicos está localizada na pelve,mas alguns ficam na parte inferior do abdome. Rins pélvicos e outras formas de ectopia resultam da não-ascensão dos rins. Rim em ferradura: Os polos dos rins são fusionados, geralmente são os inferiores. A subida normal dos rins fusionados é impedida porque eles ficam presos pela raiz da artéria mesentérica inferior. Um rim em ferradura usualmente não apresenta sintomas, porque seu sistema coletor se desenvolve normalmente e os ureteres se abrem na bexiga. Cerca de 7% das pessoas com síndrome de Turner têm rins em ferradura. Ureter ectópico: Um ureter ectópico não se abre na bexiga urinária. Nos homens, os ureteres ectópicos geralmente se abrem no colo da bexiga ou na parte prostática da uretra, mas podem desembocar nos ductos deferentes, no utrículo prostático ou na vesícula seminal. Nas mulheres, os orifícios uretéricos ectópicos podem estar no colo da bexiga, na uretra, na vagina ou no vestíbulo. A incontinência é a queixa mais comum. DESENVOLVIMENTO DA BEXIGA URINÁRIA Para propósitos descritivos, o seio urogenital é dividido em três partes: Uma parte cranial que forma a maior parte da bexiga; Uma parte pélvica mediana que se torna a uretra no colo da bexiga, a parte prostática da uretra nos homens e toda uretra nas mulheres; Uma parte caudal que cresce em direção ao tubérculo genital (pênis ou clitóris). A bexiga se desenvolve principalmente da parte Vesical do Seio Urogenital, porém seu trígono é derivado das extremidades caudais dos ductos mesonéfricos. Inicialmente, a bexiga está em continuidade com o alantoide, este logo sofre constrição e torna-se um cordão fibroso espesso, o úraco (estende do ápice da bexiga até o umbigo e no adulto forma o ligamento umbilical mediano). OBS 2 : Nos recém-nascidos e nas crianças, a bexiga mesmo quando vazia localiza-se no abdome, só começa a entrar na pelve maior com 6 anos e na pelve menor na puberdade; Nos homens, os orifícios dos ductos mesonéfricos penetram na parte prostática da uretra e suas extremidades caudais tornam-se os ductos ejaculatórios; Nas mulheres, as extremidades distais dos ductos mesonéfricos degeneram-se. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 6 CORRELAÇÕES CLÍNICAS Anomalias do Úraco: Geralmente há persistência de um resquício da luz na parte inferior do úraco; em cerca de 50% dos casos, a luz é contínua com a cavidade da bexiga. Esses remanescentes podem dar origem aos cistos do úraco. Muito raramente, todo o úraco permanece aberto e forma uma fístula do úraco, que permite que a urina escape pelo orifício umbilical. Extrofia da bexiga: Se caracteriza pela exposição e protrusão da parede posterior da bexiga. O trígono da bexiga e os orifícios uretéricos ficam expostos e a urina goteja intermitentemente da bexiga evertida. É um defeito grave, causada pelo fechamento mediano incompleto da parte inferior da parede abdominal anterior. Resulta da não migração de células mesenquimais entre o ectoderma do abdome e a cloaca durante a 4ª semana. DESENVOLVIMENTO DA URETRA O epitélio da maior parte da uretra masculina e de toda a uretra feminina é derivado do Endoderma do Seio Urogenital. A parte distal da uretra na glande do pênis é derivada de um cordão sólido de células Ectodérmicas que cresce a partir da extremidade da glande e se une com o restante da uretra esponjosa; O epitélio da parte terminal da uretra é derivado do ectoderma superficial; O tecido conjuntivo e o músculo liso da uretra são derivados do mesênquima esplâncnico em ambos os sexos. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 7 HISTOLOGIA DO APARELHO URINÁRIO O sistema urinário remove da corrente sanguínea os produtos tóxicos do metabolismo e elimina a urina do corpo. Estas ações são realizadas por dois rins, que não apenas removem as toxinas da corrente sanguínea, mas conservam também sais, glicose, proteínas e água. A urina é liberada dos rins para o interior de dois ureteres, daí passando para um órgão de armazenamento, a bexiga urinária. FUNÇÕES Manutenção da Homeostasia, Excreta os produtos tóxicos do metabolismo: ureia, álcool, etc. Regula precisamente as concentrações corpóreas de água e sal. Mantém o volume, equilíbrio acidobásico e a composição eletrolítica dos líquidos corporais, Secretam hormônios: eritropoietina, renina e prostaglandinas, Ativação da vitamina D3. VOLUMES 2000 l de sangue por dia passa pelos os rins. 160 l de filtrados são formados por dia. 1.500 ml urina/24h (reabsorção de 98% água). 125 ml filtrado/min. RINS Os rins são órgãos grandes, avermelhados, em forma de feijão, situados retroperitonealmente na parede abdominal posterior. Por causa do posicionamento do fígado, o rim direito é, aproximadamente, 1 a 2 cm mais baixo que o esquerdo. O rim, envolto em gordura perirrenal, posiciona sua borda convexa lateralmente e seu hilo côncavo está colocado medialmente. O hilo renal é o local onde ramos da veia e artéria renal, vasos linfáticos e ureter penetram no órgão. Nesta região, o ureter é dilatado, formando a pelve renal. O seio renal representa uma extensão do hilo renal preenchida de gordura (tecido adiposo), situada dentro do rim. O rim é revestido por uma fina cápsula, frouxamente aderida, constituída principalmente de tecido conjuntivo colagenoso, denso e irregular, com fibras elásticas. A pelve renal, ao adentrar no seio renal, divide-se em cerca de três a quatro cálices maiores, que por sua vez, divide-se em cerca de três a quatro cálices menores. A observação de um rim cortado coronalmente mostra que ele está separado em córtex e medula. A zona cortical (altamente vascularizada para realização da filtração glomerular) apresenta-se marrom-escura e granular, enquanto a zona medular (relacionada diretamente com a excreção da urina) contém discretas regiões estriadas, pálidas e em forma de pirâmide, as pirâmides renais, cujo ápice (papila renal), orientado em direção ao hilo renal, está voltado justamente para os cálices menores. Logo, as pirâmides medulares (ou de Malpighi, cerca de 10 a 18), que são marcadas pelos raios medulares (estriações que determinam a localização de capilares renais e ductos coletores de urina), têm seu ápice representado pelas papilas (10 a 25 orifícios área crivosa). O ápice é perfurado por 20 ou mais aberturas dos ductos de Bellini, continuação dos ductos coletores que atravessam ao longo dos raios medulares nas pirâmides renais. A região medular é considerada até o limite das bases dessas pirâmides. A região cortical é extremamente vascularizada devido ao fato de a filtração glomerular ocorrer nessa zona. OBS 1 : Lobo Renal 1 Pirâmide + Tecido Cortical OBS²: Lóbulo Renal 1 Raio Medular + Tecido Cortical OBS³: O parênquima de um órgão representa as células que realizam a função base deste. Já o estroma, são células que garantem um preenchimento e sustentação do próprio parênquima, estando situadas no interstício do órgão. Arlindo Ugulino Netto; Raquel Torres Bezerra Dantas. MÓDULO: ORGANIZAÇÃO MORFO-FUNCIONAL – URINÁRIO 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 8 NÉFRON Na realidade, a unidade funcional do rim é o túbulo urinífero, estrutura contorcida que modifica o fluido que passa através dele para formar urina como produto final. Este túbulo é constituído por duas partes: o néfron e o túbulo coletor. O néfron, portanto, é uma estrutura microscópica capaz de eliminar resíduos do metabolismo do sangue, manter o equilíbrio hidroelectrolítico e ácido-básico do corpo humano, controlar a quantidade de líquidos no organismo, regular a pressão arterial e secretar hormônios, além de produzir a urina. Por esse motivo dizemos que o nefron é a unidade funcional do rim, pois apenas um nefrónioé capaz de realizar todas as funções renais. Existe cerca de 1 a 4 milhões de néfrons por rim. O néfron é formado pelo corpúsculo renal (ou corpúsculo de Malpighi = glomérulo + cápsula de Bowman), túbulo contorcido proximal, alça de Henle (parte delgada e espessa), túbulo contorcido distal e túbulo colector. OBS 4 : A parede das artéríolas é formada por T.E.R. Simples Pavimentoso com células musculares ocasionais. Porém, ao adentrar no corpúsculo, as arteríolas são desprovidas de células musculares para facilitar a filtração do sangue. TIPOS DE NÉFRON Dois tipos de néfrons, classificados de acordo com a sua localização, são encontrados no rim humano: os néfrons corticais, mais curtos, e os néfrons justamedulares, mais longos, cujo corpúsculo renal está situado no córtex e as partes tubulares localizadas na medula. CÁPSULA DE BOWMAN A cápsula de Bowman é dotada de dois polos (poros) distintos: o polo vascular (orifício que dá acesso às artériolas aferentes e eferentes) e o polo urinário (orifício que dá início efetivo aos túbulos contorcidos). O glomérulo é suprido pela curta e retilínea arteríola glomerular aferente e drenado pela arteríola glomerular eferente. A cápsula de Bowman é constituida de dois folhetos de T.E.R. Simples Pavimentoso: o folheto visceral e o folheto parietal, e entre eles, o espaço glomerular. O glomérulo está em íntimo contato com a camada visceral da cápsula de Bowman, a qual apresentanta também células epiteliais modificadas denominadas podócitos que interferem na filtração glomerular. A parede externa que circunda o espaço do Bowman (glomerular), compostas por células epiteliais pavimentosas (que repousam numa fina lâmina basal), constitui-se na camada parietal. Os podócitos apresentam dois tipos de ramificações: as primárias (maiores, que são formadas primeiramente) e as secundárias, continuação das primárias, que abraçam todo o capilar. Isso é importante para o processo de filtração glomerular pois o espaço entre essas ramificações secundárias, denominadas fendas de filtração renal, interferem diretamente no extravasamento do ultrafiltrado glomerular. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 9 OBS 5 : Com isso, o filtrado (fluxo sanguíneo: 1L sangue/min) que sai do glomerulo entra no espaço de Bowman através de uma complexa barreira de filtração, na seguinte ordem: [ARTERÍOLA] Membrana Endotelial Diafragma capilar Memb. Basal (lâmina rara interna + lâmina densa + lâmina rara externa) Fenda Renal (Espaço entre os prolongamentos dos podócitos) Camada Visceral [ESPAÇO] CÉLULAS MESANGIAIS O componente conjuntivo da arteríola aferente não penetra na cápsula de Bowman e as células normais do tecido conjuntivo são substituídas por um tipo celular especializado conhecido como células mesangiais. Existem dois grupos de células mesangiais: as células mesangiais extraglomerulares (localizadas no polo vascular e que lembram os pericitos) e as células mesangiais intraglomerulares (situadas dentro do corpúsculo renal). Ambos os tipos dão suporte estrutural ao glomérulo. As células mesangiais intraglomerulares são provavelmente fagocíticas e atuam na reabsorção da lâmina basal. Células mesangiais podem ser também contráteis porque possuem receptores para vasoconstrictores, como a angiotensina II, reduzindo o fluxo sanguíneo através do glomérulo. Podemos destacar outras funções, tais como: Sintetizam a matriz extracelular Fagocitam e digerem substâncias normais e patológicas retidas pela barreira de filtração Produzem moléculas biologicamente ativas, como prostaglandinas e endotelinas, substâncias vasodilatadoras que atuam no processo de inflamação. TÚBULO CONTORCIDO PROXIMAL (T.E.R. Simples Cúbico com microvilosidades) O maior processo de filtração acontece nesse túbulo (tanto de água quanto de eletrólitos). O espaço do Bowman drena para o interior do túbulo proximal no pólo urinário. Nesta região de junção, algumas vezes chamada de colo do túbulo proximal, o epitélio simples pavimentoso da camada parietal da cápsula de Bowman junta-se com o epitélio cúbico simples do túbulo. O túbulo consiste em um uma região altamente tortuosa, a parte convoluta (pars convoluta), localizada perto dos corpúsculos renais e uma porção mais retilínea, a parte reta (pars recta), que desce nos raios medulares dentro do córtex e, na medula, torna-se contínua com a alça de Henle. Seu epitélio cúbico apresenta microvilos que aumentam a sua área de absorção, garantindo uma eficaz reabsorção de metabólitos. Apresentam grande quantidade de mitocôndrias para atender a demandas energéticas e são circundados por muitos capilares sanguíneos. Absorve a totalidade de glicose e dos aminoácidos, 85% da água e do cloreto de sódio, os íons cálcio e fosfato. Secreta creatinina e substâncias estranhas ao organismo. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 10 ALÇA DE HENLE (T.E.R. Simples Pavimentoso) A parte reta do túbulo proximal continua como ramo descendente delgado (fino) da alça de Henle. A região que se segue como uma curva fechada é a alça de Henle e a região que conecta a alça de Henle à parte reta do túbulo distal é conhecida como ramo ascendente delgado da alça de Henle. Suas células exibem poucos e curtos microvilos em suas superfícies luminais e poucas mitocôndrias no citoplasma. O ramo descendente delgado é altamente permeável à água e razoavelmente permeável à ureia, sódio, cloreto e outros íons. Sua principal função, portanto, é a retenção de água. TÚBULO CONTORCIDO DISTAL (T.E.R. Simples Cúbico sem microvilosidades) O túbulo distal está subdividido em parte reta (pars recta), a qual, sendo a continuação do ramo delgado ascendente da alça de Henle (também conhecido como ramo ascendente espesso da alça de Henle) e parte contorcida do túbulo contorcido distal. Não tem borda estriada e possuem menor quantidade de mitocôndrias. Em resposta ao hormônio aldosterona, há uma reabsorção ativa do sódio da luz do túbulo para o interstício renal. Além disso, íons potássio, hidrogênio e amônia são ativamente secretados para dentro da luz, controlando assim, o nível de sódio do fluido corporal extracelular e a acidez da urina, respectivamente. Normalmente, não há reabsorção de água. Porém, quando sofre ação do hormônio antidiurético (ADH), reabsorve água. Com a porção ascendente espessa da alça de Henle passa perto do seu próprio corpúsculo renal, ela situa-se entre as arteríolas glomerulares aferente e eferente. Esta região do túbulo distal é chamada de mácula densa (caracterizada pela mudança específica do epitélio cuboide do cubo para cilíndrico). Essa região além de ser sensível ao conteúdo iônico e ao volume de água no fluido tubular, produz moléculas sinalizadoras para liberação de renina (produzida pelas células justaglomerulares). TÚBULOS COLETORES (Início: T.E.R. Simples Cúbico; Fim: Simples Colunar) Os túbulos coletores não fazem parte do néfron. Eles possuem origens embriológicas diferentes e somente mais tarde, no desenvolvimento, encontram o néfron e juntam-se a ele para formar uma estrutura contínua. O ultrafiltrado glomerular que entra no túbulo coletor deverá ser modificado e transportado para as papilares medulares (no ápice das pirâmides renais). Os túbulos coletores corticais estão localizados nos raios medulares e são compostos por dois tipos de células cúbicas (células principais e células intercaladas). As células principais, que possuem membranas basais com numerosas invaginações, são células epiteliais especiais com receptores para o ADH. Enquanto as células intercaladas exibem numerosas vesículas apicais, com membranas celulares apicais e uma abundância de mitocôndrias, e são responsáveis por transportar ativamente e secretar íons hidrogênio contra altos gradientes de concentração, modulando, assim, o balanço ácido-base do corpo. Os túbuloscoletores medulares têm calibre maior por serem formados pela união de vários túbulos coletores corticais. Aqueles localizados na região externa da medula exibem ambas as células principais e intercaladas, enquanto os túbulos da região interna da medula possuem apenas células principais. Os túbulos coletores papilares (ductos de Bellini) são formados cada um pela confluência de vários túbulos coletores medulares. Eles abrem-se na área crivosa do cálice menor do rim. Esses ductos são revestidos apenas por células principais colunares altas. OBS 6 : Os túbulos coletores são impermeáveis a água. Entretanto, na presença do ADH, tornam-se permeáveis à água (e ate certo ponto, ureia). Assim, na ausência do ADH, a urina é copiosa e hipotônica e na presença do ADH o volume da urina é baixo e concentrado. CÉLULAS JUSTAGLOMERULARES As células justaglomerulares (células JG) são células musculares lisas modificadas localizadas na túnica média das arteríolas glomerulares aferentes, próximas ao corpúsculo de Malpighi e a mácula. Células JG contem grânulos específicos que contém a enzima proteolítica renina (secretado a partir de sinalizações enviadas pelas células da mácula densa). Além disso, enzima de conversão, angiotensina I e angiotensina II têm sido observadas nestas células. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 11 APARELHO JUSTAGLOMERULAR O aparelho JG é constituído pela mácula densa (sinaliza a secreção de renina) do túbulo distal, as células JG (secretam renina e exercem contração) da arteríola glomerular aferente adjacente (e, ocasionalmente, eferente) e as células mesangiais extraglomerulares (exercem contração). É um aparelho relacionado diretamente com o controle de pressão arterial e filtração renal. As células da mácula densa provavelmente monitoram o volume do filtrado e a concentração de sódio (Na + ). Se esses níveis excederem um limiar específico, as células da macula densa instruem as células JG a liberarem a enzima renina na circulação. A renina converte o angiotensinogênio, normalmente presente na corrente sanguínea, no decapeptídeo angiotensina I um vasoconstritor moderado. Nos capilares dos pulmões, mas também em menor extensão nos do rim e outros órgãos do corpo, uma enzima de conversão (enzima conversora de angiotensina – ACE) converte a angiotensina I em angiotensina II, um hormônio octapeptídeo com numerosos efeitos biológicos: Vasoconstrição potente: aumento da pressão arterial Facilita a síntese e a liberação da aldosterona: reabsorção de sódio e cloreto da luz do túbulo contorcido distal (em troca de potássio) Facilita a liberação do ADH: reabsorção de água da luz do túbulo coletor Aumento da sede: aumento do volume tissular Inibe a liberação da renina: inibição por feedback Como um potente vasoconstritor, a angiotensina II reduz o diâmetro luminal dos vasos sanguíneos, aumentando, assim, a pressão sanguínea sistêmica. A angiotensina II também influencia o córtex da adrenal a liberar aldosterona, um hormônio que age principalmente nas células do túbulo contorcido distal, aumentando a reabsorção de sódio e íons cloreto. HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO (ADH) O principal agente regulador do equilíbrio hídrico no corpo humano é o hormônio ADH (antidiurético), produzido no hipotálamo e armazenado na hipófise. A concentração do plasma sanguíneo é detectada por receptores osmóticos localizados no hipotálamo. Havendo aumento na concentração do plasma (pouca água), esses osmorreguladores estimulam a produção de ADH. Esse hormônio passa para o sangue, indo atuar sobre os túbulos distais e sobre os túbulos coletores do néfron, tornando as células desses tubos mais permeáveis à água. Dessa forma, ocorre maior reabsorção de água para o plasma e a urina fica mais concentrada. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 12 Quando a concentração do plasma é baixa (muita água), há inibição da produção do ADH e, consequentemente, menor absorção de água nos túbulos distais e coletores, possibilitando a excreção do excesso de água, o que torna a urina mais diluída. Ingestão pouca água = ADH reabsorção H2O dos túbulos p/ sangue volume da urina urina concentrada Ingestão muita água = ADH reabsorção H2O dos túbulos p/ sangue volume da urina urina diluída OBS 7 : O álcool inibe secreção de ADH, aumentado, assim a diurese. INTERSTÍCIO RENAL O rim é revestido por cápsula de tecido conjuntivo colágeno, denso e irregular, com algumas fibras elásticas interpostas entre os feixes de colágeno. Essa cápsula não é aderida firmemente ao córtex subjacente. Os dois componentes celulares do tecido conjuntivo cortical são fibroblastos (produtoras de fibras colágenas) e células que são provavelmente macrófagos. O componente conjuntivo intersticial medular é mais extenso que o encontrado no córtex. A população celular desse tecido conjuntivo consiste em três tipos celulares: fibroblastos, macrófagos e células intersticiais. Estas parecem estar situadas como degraus de uma escada, uma acima da outra, e são numerosas entre os ductos coletores estreitos e entre os ductos de Bellini. As células intersticiais possuem núcleos alongados e numerosas gotículas de lipídios. Acredita-se que essas células sintetizem a medulipina I, uma substancia que é convertida no fígado a medulipina II, um potente vasodilatador que diminui a pressão sanguínea. Revisando os principais componentes das regiões renais, temos: Córtex Renal: Corpúsculos Renais, Túbulos Contorcidos Proximais, Túbulos Contorcidos Distais e Mácula Densa. Medula: Ramo descendente da alça de Henle, Ramo ascendente da alça de Henle, Túbulos Coletores e Papila renal com a área crivosa (local por onde passam os ductos coletores ou de Bellini). PELVE RENAL (CÁLICES MENORES E CÁLICES MAIORES) Porção final em que se originam os cálices, onde o tecido dos túbulos começa a mudar: deixam de ser simples colunares passando a ser tecido epitelial de revestimento urinário – tecido epitelial de revestimento de transição na camada mucosa. Tem-se também tecido conjuntivo frouxo na submucosa; Camada Muscular (Longitudinal interna e Circular externa) e uma Camada Adventícia. OBS 8 : A pelve renal realiza também operações de resgate. Quando o sangue chega nos néfrons, parte é filtrada nos túbulos, nessa hora entra em ação o serviço de resgate para recuperar substâncias que ainda podem ser aproveitadas pelo organismo. A papila renal de cada pirâmide encaixa-se dentro do cálice menor, uma câmara em forma de funil que recolhe a urina que deixa os ductos de Belline na área crivosa. A porção do ápice da pirâmide que se projeta para dentro do cálice menor é revestida por epitélio de transição, que atua como barreira, separando a urina da lâmina própria de tecido conjuntivo subjacente. Existe uma camada muscular abaixo da lâmina própria que propele a urina para dentro do cálice maior, uma das três maiores câmaras em forma de funil, cada uma das quais coletando a urina de dois a quatro cálices menores. Os cálices maiores são similares em estrutura aos cálices menores assim como na região proximal dilatada dos ureteres, a pélvis renal. URETER Cada ureter possui em torno de 3 a 4 mm de diâmetro (de luz estrelada) e tem, aproximadamente, 25 a 30 cm de comprimento e penetra na base da bexiga urinária, exercendo assim a sua principal função: transportar continuamente urina dos rins até a bexiga. Os ureteres são tubos ocos, cilíndricos, constituídos por uma mucosa, que reveste o lúmen, uma camada muscular e uma adventícia de tecido conjuntivo fibroso. A mucosa do ureter apresenta várias pregas que desaparecem quando está distendido. O revestimento epitelial estratificado transicional, com espessura de três a cinco camadas celulares, se sobrepõe e uma camada de tecido conjuntivo denso irregular e fibroelastico, que constituia lâmina própria. A camada muscular do ureter é formada inicialmente por duas camadas inseparáveis de células musculares lisas, dispostas de modo oposto ao encontrado no trato digestivo, pois a camada externa é arranjada circularmente e a camada interna é longitudinal. No terço inferior do ureter, incluindo sua porção que adentra na bexiga, tem-se três camadas musculares: uma longitudinal externa, circular média e longitudinal interna. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 13 BEXIGA A bexiga urinária é essencialmente um órgão de armazenamento de urina até que a pressão se torne suficientemente grande para induzir a urgência da micção ou esvaziamento. Sua mucosa também atua como barreia osmótica entre a urina e a lâmina própria. Assim como os ureteres, a mucosa da bexiga é composta por epitélio de transição, cuja lâmina própria apresenta glândulas mucosas e pode ser dividida em duas camadas: uma mais superficial, de TC colagenoso, denso e irregular, e uma camada mais profunda de TC frouxo composto por uma mistura de fibras colágenas e elásticas. A camada muscular da bexiga urinária é composta por três camadas intercaladas de músculo liso: longitudinal interna; circular média (forma o esfíncter muscular interno em volta do orifício interno da uretra) e longitudinal externa. OBS 9 : O trígono da bexiga (região triangular da bexiga cujos ápices são os orifícios dos dois ureteres e da uretra) possui uma mucosa sempre lisa e nunca é projetada em pregas. A origem embrionária do trígono difere do restante da bexiga. URETRA FEMININA A uretra feminina tem em torno de 4 a 5 cm de comprimento e 5 a 6 mm de diâmetro. Ela se estende da bexiga urinária ao orifício externo imediatamente acima e anterior a abertura da vagina. Apresenta epitélio de transição na sua porção próxima à bexiga e por um epitélio estratificado pavimentoso não-queratinizado. A mucosa é arranjada em pregas alongadas por causa da organização da lâmina própria fibroelástica. Ao longo do comprimento total da uretra existem numerosas e claras glândulas secretoras de muco que hidratam o epitélio da uretra, as glândulas de Littre. A camada muscular volta a ser apenas composta por duas porções: longitudinal interna e circular externa. URETRA MASCULINA A uretra masculina possui 15 a 20 cm de comprimento e suas três regiões são denominadas de acordo com as estruturas através das quais ela passa: Uretra prostática: com 3 a 4 cm de comprimento, é revestida por epitélio de transição e recebe as aberturas de numerosos ductos diminutos da próstata, o utrículo prostático (homólogo rudimentar do útero) e um par de ductos ejaculatórios. Uretra membranosa: correndo ao longo da membrana perineal (diafragma urogenital), é revestida por epitélio colunar estratificado, intercalado com trechos de epitélio colunar pseudo-estratificado. Uretra esponjosa (uretra peniana): atravessa ao longo do pênis, terminando na ponta da glande no orifício uretral externo. É revestida por epitélio colunar pseudo-estratificado e epitélio estratificado pavimentoso não-queratinizado. A porção terminal dilatada da uretra na glande peniana é conhecida como fossa navicular (epitélio estratificado pavimentoso não-queratinizado). A lâmina própria das três regiões é composta por tecido conjuntivo frouxo fibroelastico com um rico suprimento vascular. Ela contém numerosas glândulas de Littre, cuja secreção mucosa lubrifica o revestimento epitelial da uretra. OBS: CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS Glomerulonefrite: Glomerulonefrites ou glomerulopatias são afecções que acometem o glomérulo, estrutura microscópica formada por um emaranhado de capilares semelhantes a um novelo de lã. É a principal estrutura renal responsável pela filtração do sangue. Causas: As doenças glomerulares são consequência de uma ampla variedade de fatores: distúrbios imunológicos, doenças vasculares, doenças metabólicas e algumas entidades hereditárias. As Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 14 glomerulopatias que aparecem isoladamente são classificadas como primárias, e quando estão associadas a doenças sistêmicas (Lupus, diabetes, etc.) são classificadas como secundárias. Classificação: Histologicamente, classificamos em várias entidades (glomerulopatias primárias, secundárias e hereditárias), mas uma mesma glomerulonefrite pode ter diversas apresentações clínicas. Raramente essas patologias evoluem para insuficiência renal terminal em questão de semanas; geralmente sua evolução é mais lenta. Quando ocorre piora rápida da função renal, elas são classificadas como glomerulonefrites rapidamente progressivas, independentemente do tipo histológico. Quadro Clínico: As consequências da agressão glomerular são basicamente: proteinúria, hematúria, queda da filtração glomerular, retenção de sódio e hipertensão. Dependendo da intensidade e do tipo da agressão, pode haver predomínio de um sinal sobre outro, dando origem a diferentes apresentações clínicas: síndrome nefrítica, síndrome nefrótica, não-nefrítica e não-nefrótica. A síndrome nefrítica é definida como o aparecimento de edema, hipertensão arterial e hematúria (geralmente macroscópica). Síndrome nefrótica é caracterizada por proteinúria de 24 horas maior que 3,5 gramas, edema, hipoalbuminemia e hipercolesterolemia. Nefrolitíase: Os cálculos renais, popularmente chamados de pedra no rim, são formações sólidas de sais minerais e uma série de outras substâncias, como oxalato de cálcio e ácido úrico. Essas cristalizações podem migrar pelas vias urinárias causando muita dor e complicações. Os cálculos podem atingir os mais variados tamanhos, variando de pequeninos grãos, até o tamanho do próprio rim. Eles se formam tanto nos rins quanto na bexiga. O cálculo renal é também chamado de litíase urinária ou urolitíase. Causas: Pesquisas apontam que beber pouco líquido é uma das principais causas da ocorrência de cálculo renal. Mas várias outras razões podem levar à formação de pedra no rim, como infecções, doenças, herança genética ou um defeito no sistema urinário. Sintomas: Muitas das vezes, a pessoa não percebe que tem cálculo renal porque a pedra é tão pequena que é expelida naturalmente junto à urina. Em casos de formações maiores, no entanto, em que o cálculo fica preso nas vias urinárias, as dores relatadas são bastante fortes. A pessoa deve desconfiar quando, de uma hora para outra, sentir uma forte dor na região próxima aos rins, que pode ser acompanhada por náuseas e vômitos. Deve observar também se a cor da urina está alterada e se há muita vontade e desconforto ao urinar. Tratamento: O tratamento convencional do cálculo renal consiste na ingestão de analgésicos e muito líquido. Também podem ser receitados remédios que ajudam na dissolução de certas substâncias da urina, como o cálcio. Entretanto, o tratamento pode não ser eficaz e então necessita-se de cirurgia. Hoje em dia, são utilizadas algumas alternativas ao bisturi, como a litotripsia extracorpórea, que consiste em submeter o paciente a ondas de choque que quebram os cálculos dentro do rim, facilitando a sua eliminação pela urina. Rim policisto: Uma das doenças mais comuns entre pacientes com problemas renais é a do Rim Policístico autossômico dominante tipo adulto. Ela acontece quando o tecido normal dos rins é substituído por cistos cheios de líquido, que sofrem um crescimento progressivo e podem acabar deslocando o tecido normal do órgão, provocando, em alguns casos, insuficiência nos órgãos. Atualmente, já se sabe que essa patologia pode ser causada por mutações em três locais geneticamente distintos: Duas delas, o PKD1 e o PKD2, foram localizadas respectivamente nos cromossomos 16p e 4q. Inclusive já há estudos que mostram que a as mutações do PKD1, situadas no cromossomo 16p, causam 85% dos casos de ADPKD. Um dos sintomas presentes nos pacientes afetados podeser o aparecimento de dores nas costas devido ao aumento do tamanho dos rins. Uma dor mais aguda pode indicar infecção ou obstrução por coágulos ou pedras nos rins, ou mesmo uma hemorragia dentro de um cisto. O aparecimento do sangue na urina é comum, e muitos pacientes, à noite, necessitam urinar. Além dos problemas causados pela insuficiência renal, a doença pode levar a morte prematura, devido a aneurismas intracranianos. A característica mais forte nos casos da Doença do Rim Policístico é a hereditariedade. Ela costuma aparecer entre 30 e 50 anos de idade. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 15 ANATOMIA SISTÊMICA DO SISTEMA URINÁRIO O sistema urinário é, por definição, o conjunto de órgãos responsáveis pela formação e eliminação da urina. A urina corresponde a um fluído produzido durante a filtração do sangue, e representa o principal meio utilizado pelo organismo para excreção de resíduos originados pelo metabolismo das células. DIVISÃO ANATÔMICA A divisão anatômica deste sistema pode ser basicamente entendida pelo trajeto que a urina formada faz ao longo da chamada via urinária, que é formada por: Rins (cálices renais) Pelve renal Ureteres Bexiga Uretra RIM O rim é um órgão par e retroperitonial, responsável pela filtração do sangue e formação da urina. Do ponto de vista funcional, o rim está envolvido, portanto, com a manutenção da homeostase (equilíbrio hidroeletrolítico, acidobásico, etc.), eliminação de excretas e produção de hormônios (como a eritropoietina). Em número de dois, estão situados no abdome, a cada lado da coluna vertebral, ocupando a Região Lombar, estando o direito em posição inferior ao esquerdo (devido à sua relação com o fígado). Os envoltórios renais também são responsáveis pela sua fixação: Cápsula Renal: envolve diretamente o rim. Espaço peritonial: está entre a cápsula e a fáscia renal sendo formada de gordura = corpo adiposo perirrenal. Fáscia Renal: envelope conjuntivo que envolve o rim e a glândula suprarrenal. Corpo Adiposo Pararrenal: camada adiposa em torno da fáscia renal, formado por ela e pela cápsula renal. OBS: A unidade morfofuncional dos rins é denominada de néfron, sendo eles os responsáveis pela filtração do sangue e elaboração da urina. Os componentes do néfron são: Glomérulo, Túbulo contorcido proximal, Alça Renal (de Henle), Túbulo contorcido distal, Túbulo coletor. Para uma abordagem macroscópica, o rim pode ser estudado a partir de sua configuração externa e interna. CONFIGURAÇÃO EXTERNA DO RIM A configuração externa do rim apresenta os seguintes elementos descritivos: Face anterior: lisa e abaulada. Face posterior: lisa e plana. Margem medial: côncava em sua porção média, sendo essa concavidade o hilo renal. o Hilo Renal: corresponde a porta do rim. o Pedículo Renal: conjunto de elementos anatômicos que atravessam o hilo renal, sendo constituído das seguintes estruturas: Artéria renal, Veia Renal e Ureter. Margem lateral: convexa. Arlindo Ugulino Netto; Raquel Torres Bezerra Dantas. MÓDULO: ORGANIZAÇÃO MORFO-FUNCIONAL – URINÁRIO 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 16 Polo superior: aloja a Glândula Suprarrenal. Polo inferior. CONFIGURAÇÃO INTERNA NO RIM Realizando-se um corte sagital (preferencialmente) no rim, devemos identificar as seguintes estruturas: Córtex renal: periférica e clara. É delimitada pelas bases das pirâmides renais. Dele, partem as colunas renais. Colunas renais: projeções do córtex localizadas entre as porções da medula renal. Medula renal: central e escura. o Pirâmides renais: correspondem à própria medula renal, sendo toda ela percorrida por estrias que nada mais são que os túbulos coletores do glomérulo renal. o Papila renal: corresponde ao ápice das pirâmides renais e, portanto, à confluência dos túbulos coletores renais. A pirâmide renal é a área menos vascularizada do rim e, por este motivo, torna-se um alvo fácil em doenças que comprometam o fluxo sanguíneo da microcirculação (diabetes, anemia falciforme, hipertensão arterial, etc.). Condições que comprometam a irrigação arterial da papila renal podem causar uma condição conhecida como necrose de papila renal que, inclusive, pode simular um quadro de nefrolitíase (pedra nos rins). O seio renal consiste na extensão do hilo para o interior do rim, onde está alojada a pelve renal. No seio, podemos identificar estruturas que ali estão alojadas; são elas: Cálices renais menores: iniciam as vias urinárias se articulando com a papila renal para receber a urina produzida pelo Néfron. Cálices renais maiores: são constituídos pela reunião dos cálices menores, conduzem a urina para a pelve renal. Pelve renal: estrutura infundibular constituída pela reunião dos cálices, sua extremidade afilada e continuada pelo ureter. Cálculos renais (urolitíase ou nefrolitíase): são formações sólidas compostas de sais minerais e uma série de outras substâncias, como oxalato de cálcio e o ácido úrico. Essas cristalizações podem migrar pelas vias urinárias causando dor intensa e outras complicações. Os cálculos podem atingir os mais variados tamanhos, indo desde pequeninos grãos, como os de areia, até por exemplo chegarem ao tamanho do próprio rim (cálculo coraliforme). Eles se formam tanto nos rins quanto na bexiga. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 17 GLÂNDULA SUPRARRENAL A glândula suprarrenal (descrita aqui não por fazer parte do sistema urinário, mas por estar anatomicamente relacionado a ele) é responsável pela produção de vários hormônios (como o cortisol, aldosterona, adrenalina). Encontra-se localizada em posição retroperitonial, ajustadas sobre o polo superior dos rins. Sua divisão anatômica e funcional é feita da seguinte maneira: Córtex: produtor de corticosteroide. Medula: produtora de adrenalina e noradrenalina. URETER O ureter é um tubo muscular, que une a pelve renal à bexiga urinária. Recebe a urina da pelve e conduz para a bexiga onde desemboca através do óstio ureteral. Sua divisão anatômica é feita da seguinte maneira: Parte Abdominal Parte Pélvica Parte Intramural OBS: O ureter apresenta alguns pontos de estreitamento de sua luz, o que pode, inclusive, facilitar na impactação de cálculos. São eles: Colo (junção uretero-pélvica ou “JUV”): junção do ureter com a pelve. Ilíaco: quando cruza os vasos ilíacos. Intramural: ao atravessar a parede da bexiga. BEXIGA URINÁRIA A bexiga urinária é um órgão muscular e vesiculoso, responsável por receber a urina e armazená-la temporariamente. A capacidade média de armazenamento pela bexiga é de 300 a 400 ml de urina. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 18 Sua forma e localização variam de acordo com a quantidade de urina armazenada: Forma: o Vazia: pirâmide achatada o Plenitude: globosa Localização: o Vazia: cavidade pélvica o Plenitude: abdome Suas relações topográficas variam de acordo com o sexo. No homem, está situada por trás do espaço retropúbico e por diante do reto. Na mulher, está situada por trás do espaço retropúbico e por diante do útero. CONFIGURAÇÃO EXTERNA DA BEXIGA Faces: Superior; Inferolaterais; Posterior. Ápice: Constituído pela união, anterior, das faces inferolaterais com a face superior. É contínuo com o ligamento umbilical mediano. Colo: Representa a união, inferiormente, das faces inferolaterais entre si. É perfurado pelo óstio interno da uretra. CONFIGURAÇÃO INTERNA DA BEXIGA URINÁRIA Mucosa: apresenta, quando vazia, aspecto rugoso em relação de sua má adesão ao M. detrusor da bexiga. Trígono da Bexiga: região triangular, onde a mucosa é lisa, delimitada superior e posteriormente, pelos óstios ureterais, e anteriore inferiornente, pelo óstio interno da uretra: Óstios ureterais: orifícios de desembocadura dos ureteres na bexiga, formam a base do trígono vesical. Prega interuretérica: prega de mucosa entre os óstios ureterais. Óstio interno da uretra: representa o início da uretra, forma o ápice do trígono, neste nível encontramos uma elevação mediana a úvula. URETRA A uretra é um órgão tubular ímpar, que liga a bexiga ao meio externo. Suas funções e morfologia variam de acordo com o sexo: Feminina: tem a função de conduzir a urina da bexiga para o meio externo. É curta e retilínea Masculina: tem a função de conduzir a urina e o sêmen. É mais longa que a feminina e apresenta curvaturas que devem ser respeitadas durante passagem das sondas vesicais. Suas divisões são: o Prostática (cerca de 4cm): inicia no óstio interno da uretra, em nível do colo da bexiga, atravessando toda a próstata da base ao ápice. Nesta porção, identificamos uma elevação mediana, a crista uretral, sendo que, em sua parte média identificamos o colículo seminal, onde desembocam os ductos ejaculatórios. A cada lado da crista e do colículo identificamos um sulco, o seio prostático, no qual desembocam os ductos das glândulas prostáticas. o Membranosa (1 cm): é a menor porção da uretra, ligando a uretra prostática e esponjosa entre si. Além de menor, é também o segmento mais estreitado da uretra. Atravessa o diafragma urogenital, sendo circundada pelo M. esfíncter da uretra (que dá o controle voluntário à micção). Curva-se anteriormente para penetrar no corpo esponjoso do pênis. Esta curvatura associada a sua pouca espessura faz com que seja suscetível a ruptura, como por exemplo, na passagem de uma sonda sem a necessária habilidade. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 19 o Esponjosa: é a maior porção da uretra. Atravessa o bulbo, corpo e glande do corpo esponjoso do pênis. Em sua passagem pelo bulbo desembocam os óstios dos ductos das glândulas bulbo-uretrais. Em nível da glande apresenta uma dilatação, a fossa navicular. Na glande abre-se para o meio externo através do óstio externo da uretra. Normalmente curva, torna-se retilínea na ereção. A uretra feminina, ao contrário da masculina, é retilínea e curta (4cm), estende-se do óstio interno, em nível do colo da bexiga, ao óstio externo, o qual abre-se para o meio externo em nível do vestíbulo da vagina, por diante do óstio da vagina. Em seu trajeto atravessa o diafragma pélvico, sendo circundada pelo M. esfíncter externo da uretra. ROTEIRO PRÁTICO PARA ESTUDO RIM Configuração externa Face anterior Face posterior Margem medial Margem lateral Polo superior Polo superior e Glândula suprarrenal Polo inferior Hilo renal Pedículo renal: Artéria renal, veia renal, pelve renal Configuração interna Córtex renal: colunas renais Medula renal: pirâmides renais Papila renal Cálices renais menores Cálices renais maiores URETER Parte abdominal Parte pélvica Parte intramural Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 20 BEXIGA URINÁRIA Ápice da bexiga Corpo da bexiga Túnica muscular Trígono da bexiga Prega interuretérica óstio do ureter Óstio interno da uretra URETRA Uretra feminina Uretra masculina: o Porção prostática o Porção membranosa e M. esfíncter da uretra o Porção esponjosa Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 21 FISIOLOGIA RENAL E DA MICÇÃO Os rins são dois órgãos abdominais, retroperitoneais, que desempenham uma importante função fisiológica, que é a eliminação dos subprodutos metabólicos e reabsorção de nutrientes, sais minerais e água, sendo, portanto, um dos principais órgãos envolvidos na homeostasia humana. Os rins recebem um fluxo sanguíneo de forma contínua e trabalham de modo coordenado com o sistema cardiovascular. A unidade morfofuncional dos rins é o néfron, que realiza a função fisiológica essencial destes órgãos. O fato é que os rins são órgãos extremamente vascularizados, recebendo cerca de 25% do débito cardíaco (ressaltando que uma pessoa normal, com 70Kg de massa corporal, tem cerca de 4,5 a 5 litros de sangue de líquido intra- vascular). A água corporal total (ACT) num adulto típico corresponde a aproximadamente cerca de 60% da massa corporal sem gordura e compreende algo em cerca de 40 litros. Para o estudo dos líquidos corporais, devemos individualizá-los em compartimentos: Cerca de 62,5% (cerca de 25 litros) da ACT está localizada no interior das células (LIC). Cerca de 37,5% (cerca de 15 litros) da ACT estão no compartimento do líquido extracelular (LEC), sendo que deste total cerca de 5 litros está no espaço intravascular (LIV, percorre a luz dos vasos) e o restante compreende o líquido intersticial (LIS, que banha as células externamente). Obviamente, a água circula constantemente entre estes três compartimentos, no intuito de manter esta proporção constante. Os líquidos se movem livremente entre estes compartimentos, sendo este deslocamento regulado pela pressão osmótica. Esta pressão só depende do número de partículas existente nestes compartimentos, ou seja, a pressão osmótica não depende da carga da partícula nem de seu tamanho, mas só da quantidade delas. EQUILÍBRIO HÍDRICO A água corporal total é relativamente mantida constante, de modo que a água ingerida sirva pra renovar o estoque já existente no organismo, ao passo que aproximadamente este mesmo volume ingerido seja excretado. Uma pessoa que se alimenta moderadamente, faz uma ingestão de 1500ml de líquidos em geral, somando a uma ingestão de 750ml presente nos alimentos. Somado a este volume, tem-se ainda a produção endógena de água (oriunda da oxidação metabólica, produzida principalmente no ciclo de Krebs), que é cerca de 250 ml. Concomitantemente a este consumo, a água é excretada por meio da urina (1500 ml/dia), fezes (100 ml), suor (200 ml) e excretas gasosas pelas vias respiratórias (700 ml). Arlindo Ugulino Netto; Raquel Torres Bezerra Dantas. MÓDULO: ORGANIZAÇÃO MORFO-FUNCIONAL – URINÁRIO 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 22 OBS 1 : Composição dos compartimentos corporais: Plasma (LIV): sódio (Na + , bem mais predominante), proteínas, bicarbonato (HCO3 - ) e cloreto (Cl - ). Soma-se ainda as concentrações de cálcio (Ca 2+ ) e magnésio (Mg + ) e uma pequena quantidade de potássio (K + ). Ressalva-se, portanto, as concentrações de Na + , Cl - e HCO3 - . Líquido intersticial (LIS): é praticamente isento de proteínas, sendo necessário elevar a concentração de potássio (K + ) e fosfato. Os demais componentes sãos: Na + , HCO3 - , Cl - , Ca 2+ e Mg + . Verifica-se então que o LIS é praticamente igual ao plasma, diferenciando-se apenas pela ausência de proteínas. Líquido intracelular (LIC): diferentemente do plasma, apresenta predominantemente K + (ao invés de Na + , apresentando este em pequenas quantidades). A quantidade de proteínas do LIC é aproximadamente próxima ao do LIV. Porém a quantidade de fosfato no LIC é bem maior que a do LIV. Ressalva-se, portanto, as concentrações de K + e fosfatos. NÉFRON O néfron é uma estrutura microscópica renal capaz de eliminar resíduos do metabolismo do sangue, manter o equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico do corpo humano, controlar a quantidade de líquidos no organismo, regular a pressão arterial e secretar hormônios, além de produzir a urina. Por este motivo, podemos afirmar que o néfron é a unidade funcional do rim, pois apenas um deles é capaz de realizar todas as funções renais em menor escala. Estima-se que há cerca de 2,5 milhões de néfrons nos dois rins. Cada néfron apresentadois componentes: o componente tubular e o componente vascular. A função renal depende da relação entre os componentes tubulares e vasculares (que são peritubulares). O néfron é formado pela cápsula de Bowman, pelo glomérulo, túbulo contorcido proximal, alça de Henle, túbulo contorcido distal e túbulo colector. O glomérulo e a cápsula de Bowman formam uma estrutura denominada corpúsculo de Malpighi. As arteríolas que formam o glomérulo, diferentemente da barreira hematoecefálica, são altamente fenestradas e apresentam células (denominadas de podócitos) cujos prolongamentos abraçam estas fenestrações, servindo como uma barreia para que os metabólitos sejam seletivamente jogados ao espaço de Bowman. TIPOS DE NÉFRONS Existem dois tipos de néfrons que podemos destacar: os néfrons corticais (85%), cujas alças de Henle não alcançam nada mais que o limite externo da medula renal, sendo eles os maiores responsáveis pela função regulatória e excretora; e os néfrons justaglomerulares (15%), cujas alças delgadas alcançam áreas mais internas da medula renal, sendo eles mais associados com a manutenção da concentração e da diluição da urina. GLOMÉRULO, CÁPSULA DE BOWMAN E APARELHO JUSTAGLOMERULAR O filtrado glomerular drena para o espaço de Bowman e daí para os túbulos contorcidos proximais (TCP). O endotélio das arteríolas que formam o glomérulo apresenta poros que permitem a passagem de moléculas pequenas. Os podócitos, células cujos pseudópodes abraçam os vasos, apresentam cargas negativas. Este fato, somado à membrana basal, impede a passagem de proteínas para o fluído tubular. A cápsula de Bowman é, portanto, um túbulo de fundo cego que acolhe um tufo de capilares e que forma, a partir de seu polo urinário, o chamado túbulo contorcido proximal. A mácula densa é uma região de células diferenciadas (colunares) do túbulo contorcido distal que entra em contato direto com as arteríolas aferentes, recebendo informações constantes a cerca de pressão sanguínea. Esta mácula regula, portanto, a taxa de filtração glomerular (GFR) a partir de informações sobre a concentração de sódio. O aparelho justaglomerular (conjunto formado pela mácula densa, células mesangiais e células justaglomerulares) secreta renina, e contribui para o fluxo sanguíneo renal, GFR, a natremia e a pressão sanguínea. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 23 FUNÇÃO DOS RINS Em resumo, as principais funções dos rins são: Regular o balanço hídrico e iônico do organismo; Remoção das excretas metabólicas e formação da urina; Remoção de substâncias tóxicas (medicamentos por meio da cinética de depuração renal) e excreção pela urina; Gliconeogênese; Função endócrina: síntese de renina (participa da regulação da pressão arterial), 1,25 diidroxicolecalciferol (produto da segunda hidroxilação da vitamina D, sendo ele a forma mais ativa da desta vitamina), eritropoietina (hormônio que estimula a diferenciação das células tronco medulares em hemácias). OBS 2 : Os processos renais básicos são os seguintes: filtração glomerular; reabsorção tubular; e secreção tubular. Ao produto remanescente de todo este processo, dar-se o nome de urina. FILTRAÇÃO GLOMERULAR (GFR) A GFR é controlada basicamente pelo diâmetro das arteríolas. O SN simpático exerce influência direta por vasoconstrição, ao passo em que o sistema renina- angiotensia-aldosterona (RAAS) e hormônio antidiurético (ADH) desempenham papel direto no controle da GFR. A filtração glomerular se dá por meio das fenestrações e os prolongamentos dos podócitos. Mas o que faz com que ocorra efetivamente a filtração é a diferença existente entre a pressão hidrostática e a pressão oncótica: a pressão hidrostática exercida pelos capilares do glomérulo faz com que o líquido e pequenos metabólitos tendam a passar pelas fenestrações ao passo em que as proteínas são mantidas nos vasos pela pressão oncótica de sentido contrário às fenestrações, mantendo o máximo possível de proteínas na luz dos vasos. A autorregulação mantém o suprimento sanguíneo e a GFR, o que previne de um aumento da pressão renal. A alta pressão hidrostática nos capilares glomerulares é devido às arteríolas aferentes serem largas e curtas e as arteríolas eferentes serem estreitas e longas. Formado então o filtrado, devido à dificuldade imposta pela pressão oncótica, muitos metabólitos não conseguem retornar ao vaso sanguíneo. Daí a importância da reabsorção tubular, que faz com que, em nível dos túbulos renais, alguns metabólitos e uma parte da água sejam ativamente “trazidos de volta” para o sangue. Caso esta reabsorção tubular não aconteça, o paciente vai a óbito facilmente. A taxa de filtração glomerular (TFG) representa exatamente a função do néfron, que corresponde ao ato de deixar passar de maneira seletiva metabólitos para a excreção. Isso remete ao fato em que se podem ter pacientes com um débito urinário muito alto, mas com uma taxa de filtração relativamente normal ou pequena (como o que ocorre no diabetes insipidus). A GFR depende do diâmetro das arteríolas aferentes e eferentes: A dilatação da arteríola aferente (promovida por prostaglandinas) e a constrição da arteríola eferente (promovida por angiotensina II em baixas doses) fazem com que o fluxo sanguíneo no glomérulo renal seja intensificado. Isso faz com que haja um aumento na taxa de filtração glomerular. Este fato mostra o porquê que os inibidores de COX, como os AINEs, podem causar insuficiência renal ao diminuírem a produção de prostaglandinas e a TFG. A constrição da arteríola aferente (promovida por angiotensina II em altas doses e noradrenalina) e a dilatação da arteríola eferente (promovida por inibidor de ECA e da angiotensina II) fazem com que o fluxo no glomérulo seja diminuído, diminuindo, ao mesmo tempo, a taxa de filtração. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 24 OBS 3 : Anti-hipertensivos com terminação pril (como o Captopril e Enalapril), no geral, são inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), e fazem, portanto, vasodilatação eferente. Anti-hipertensivos com terminação tan (como o Losartan, Carsatan), no geral, são antagonistas de receptores da angiotensina II, agindo também como um vasodilatador periférico. OBS 4 : Composição do plasma, filtrado glomerular e urina: OBS 5 : A osmolaridade plasmática é algo em torno de 295 mOsm/L. Já a osmolaridade urinária varia entre 30 (hipo-osmolar) e 1200 mOsm/L (hiperosmolar). OBS 6 : A substância que realmente fornece concentração à urina é a ureia. Já a substancia que fornece uma avaliação da função de filtração glomerular renal é a creatinina (como veremos logo adiante). Portanto, para se avaliar a função renal de um paciente, pede- se exame de ureia e creatinina. FLUXO PLASMÁTICO RENAL EFETIVO O fluxo plasmático renal é igual à quantidade de uma substância excretada por unidade de tempo, dividida pela diferença arteriovenosa renal. Ou seja, a diferença entre a quantidade de uma determinada substancia no plasma arterial e a quantidade desta mesma substancia no plasma venoso, sendo essas quantidades medidas em função de uma unidade de tempo, tem-se o valor do fluxo sanguíneo renal (FSR). O fluxo plasmático renal pode ser medido pela infusão do ácido p-amino-hipúrico e sua determinação na urina e no plasma. Uma vez calculado que o fluxo plasmático renal é de 700 ml/min, pode-se calcular o fluxo sanguíneo renal: FSR = 700 x 1/1 - Hematócrito Hct 45%; FSR = 700 x 1/0,55; FSR = 1273 ml/min x 1440 min = 1833120 ml/dia. Em condições normais, aproximadamente 80% do FSR se distribuem pelo córtex renal externo, 10% pelo córtex interno e 10% pela medula (o fato de apenas 10% do fluxo sanguíneo está mais próximo da região da pelve renal, serve como uma barreira contra septicemias que viriam a ser desencadeadas em casos de infecções urináriasascendentes). O baixo fluxo sanguíneo medular é devido em parte à resistência relativamente elevada dos vasos retos, que tem um papel importante nos mecanismos de contracorrente e concentração da urina. TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR (TFG) A taxa de filtração glomerular é o volume de plasma que fica livre de uma determinada substância por minuto, ou seja, em outras palavras, a TFG indica o quanto e quão eficiente o rim está filtrando. TFG costuma ser expresso para a superfície corpórea padrão de 1,73m 2 . Os valores normais são em média de 109 – 124 ml/min/1,73m 2 (ou 80 – 125, como relatam alguns autores). A substância ideal deve apresentar as seguintes características: Ser fisiologicamente inerte; Não ligar a proteínas plasmáticas; Deve ser 100% filtrada; não ser reabsorvida, nem secretada pelos túbulos; Não ser metabolizada ou armazenada pelos rins; Ser facilmente determinada no plasma e urina. No nosso organismo, a única substancia que atende de maneira ideal todas essas características é, de fato, a creatinina. A depuração de creatinina (ou clearance de creatinina) é a remoção da creatinina do corpo. Na fisiologia renal, a depuração de creatinina (CCr) é o volume de plasma sanguíneo que é depurado de creatinina por unidade de tempo. Clinicamente, a depuração de creatinina é uma medida útil para estimar a taxa de filtração glomerular dos rins. http://pt.wikipedia.org/wiki/Creatinina http://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiologia_renal http://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiologia_renal http://pt.wikipedia.org/wiki/Taxa_de_filtra%C3%A7%C3%A3o_glomerular http://pt.wikipedia.org/wiki/Rins Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 25 O músculo estoca a creatinafosfato para realização da contração. Esta sofre uma desidratação espontânea e forma a creatinina, para exercer uma função fundamental na avaliação de pacientes renais. A depuração (clearence ou CCr) da creatinina é dada a partir da divisão da dosagem da creatinina da urina (Cu, de 24h) pela dosagem da creatinina no sangue. Do resultado, multiplica-se pela divisão do volume urinário (de 24 horas) por 1440 (que é o número de minutos de um dia). Deste resultado, divide pela superfície corporal padrão. O valor normal do clearence de creatinina é igual ao valor normal da taxa de filtração (uma vez que a creatinina é a substancia padrão para se avaliar esta taxa): 80 – 125 ml/min/1,73m 2 . CCr = Cu/Cs x Vu/1440 x 1,73 de superfície corporal Estabeleceu-se o padrão que clearence de creatinina abaixo de 70 ou 50 ml/min/1,73m 2 já é considerado compatível para diálise, representando que o paciente já não filtra mais nada. Por este motivo, utilizar creatinina como anabolizante pode levar a uma insuficiência renal, uma vez que, ao elevar as quantidades de creatinina no sangue, mas a função renal é forçada. OBS 7 : Função renal no recém-nascido (RN). Com relação à imaturidade orgânica do RN, se faz importante comentar sobre a função renal do RN, que apresenta taxa de filtração glomerular mais baixa, quando em comparação a crianças maiores ou adultos. Em números, a taxa de filtração glomerular em adultos, medida pelo clearance de creatinina, é de, aproximadamente, 80 a 125 ml/min/1,73m 2 de superfície corporal. No RN, esta taxa de filtração glomerular é de cerca de 25% apenas (alguns autores afirmam que no prematuro, a taxa de filtração glomerular é de, em média, 34 ml/min). Tais números demonstram que é necessário ter uma certa cautela no momento da infusão de líquidos ou na administração de fármacos no RN. Além disso, limiar de reabsorção tubular também é muito baixo. Sabe-se que, no adulto, quando os níveis de glicose ultrapassam o limiar de 180 mg/ml, ele começa a apresentar glicosúria. Já o RN apresentar glicosúria com índices bem mais baixos. Partindo deste pressuposto, é necessário cautela diante caso haja indicações de administrar glicose hipertônica em RN, sendo necessário avaliar, constantemente, a eventual presença de glicosúria. REABSORÇÃO PERITUBULAR A reabsorção peritubular é de fundamental importância para a nossa sobrevivência. É mais relevante ainda quando observamos que a quantidade de líquido filtrada pelos rins é de cerca de 180L/dia, mas só excretamos cerca de 2 L/dia, o que significa que, cerca de 178 L são reabsorvidos por dia pelos túbulos renais. Reabsorvemos 99% de água filtrada, 100% de glicose, 50% da ureia e 99,5% do sódio. A maioria deste processo ocorre nos túbulos contorcidos proximais. Os capilares peritubulares fornecem nutrientes para o epitélio tubular e captam os fluídos reabsorvidos por eles. A pressão oncótica é maior do que a pressão hidrostática, portanto ocorre reabsorção e não filtração. SISTEMAS DE TRANSPORTE RENAL Existem várias proteínas de transporte localizadas na membrana luminal e na membrana basolateral para as mais diversas substâncias e íons. Estas proteínas transportadoras apresentam limiar de saturação. Concentração no filtrado acima deste valor, a substância passa a ser encontrada na urina e pode ser sinal de patologia renal ou sistêmica. Os sistemas de transporte de aminoácidos têm alto limiar devido a importância destas biomoléculas ao organismo. TRANSPORTE DE SÓDIO A reabsorção de sódio é mais intensa no túbulo contorcido proximal (65%), ao passo em que no ducto coletor medular, há uma mínima reabsorção (1%). O “grosso” da reabsorção de sódio ocorre, portanto, na alça de Henle e no túbulo proximal. Veremos agora, com mais detalhes, como ocorre a reabsorção do sódio em nível de cada segmento do néfron, de modo a ressaltar seus principais transportadores. Vale ressaltar que qualquer medicamento que iniba algum dos fatores responsáveis pela reabsorção do sódio, serve como diurético graças ao efeito osmótico que esta droga apresenta na luz do túbulo, aumentando o volume de água a ser excretado. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 26 REABSORÇÃO DE SÓDIO NO TÚBULO PROXIMAL É nessa região que acontece o maior processo de reabsorção do Na + . O processo ocorre de modo quase isotônico. A reabsorção de sódio está associada com a reabsorção de glicose e aminoácidos, e dos íons fosfato e bicarbonato. Na membrana luminal desses túbulos, existem proteínas carreadoras denominadas de transportadores orgânico-sódio, que são proteínas de membrana que fazem o transporte (simporte) de proteínas orgânicas junto ao sódio. Esse transportador pode fazer a reabsorção de glicose ou de aminoácidos que por ventura caíram na luz tubular e ao mesmo tempo, reabsorver sódio. O sódio recém reabsorvido é lançado para a luz do vaso peritubular por meio da bomba sódio-potássio- ATPase, presente na membrana baso-lateral dessas células tubulares. O que acontece é o seguinte: o filtrado, localizado na luz do túbulo renal, apresenta bicarbonato de sódio, glicose e aminoácido. Na membrana luminal das células tubulares, existe um co-transportador de sódio e de substância orgânica (que pode ser glicose ou aminoácidos), que joga uma dessas substâncias orgânicas para o citoplasma celular junto ao Na + . Na membrana baso-lateral desta mesma célula, encontramos a Na + -K + -ATPase, que joga então o Na + presente no citoplasma para a luz dos vasos sanguíneos. Portanto, os 65% de reabsorção de sódio pelos túbulos proximais depende diretamente do funcionamento da bomba de sódio-potássio (daí a importância de uma boa produção de ATP, assim como a expressão de T3 e T4, necessários para o funcionamento desta proteína). O CO2, produto do metabolismo da célula, reage com uma molécula de água do citoplasma formando, por meio do auxílio da anidrase carbônica, H2CO3 (ácido carbônico). Este se dissocia em bicarbonato e H + . Este, por sua vez, é trocado por mais Na + , sendo este papel desempenhado por uma outra proteína co-transportadora da membrana luminal, aumentando ainda mais a reabsorção de sódio. Destaforma, diz-se que o paciente tem acidose tubular renal quando ele tem dificuldade de secretar íons H + (não confunda: a acidose é no sangue, e é causada por uma disfunção da secreção de íons H + pelos túbulos). Vale lembrar ainda que as células tubulares apresentam duas isoenzimas da anidrase carbônica: uma A.C. citosólica e uma A.C. de membrana. Esta converte bicarbonato e H + presente na luz do tubo renal e os transformam em ácido carbônico, e este, se dissocia em CO2 e H2O. Note ainda que a ação da anidrase carbônica dentro da célula tubular, além do H + que será trocado por Na + , rendeu um bicarbonato que será lançado na corrente sanguínea e participará na regulação ácido-base (que veremos no próximo capítulo). Existe ainda, alta permeabilidade à água através das camadas tubulares proximais. OBS 8 : Este mecanismo é tão real que, para cada próton H + que os túbulos secretam, ele reabsorve um bicarbonato, sendo um fato altamente relevante: quando se quer alcalinizar a urina de um paciente (eficaz quando se quer que o paciente excrete drogas ácidas), administra-se a droga Acetazolamida, fármaco que inibe a anidrase carbônica renal, fazendo com que haja produção de bicarbonato apenas na luz tubular, o que alcaliniza a urina e dificulta a reabsorção de sódio. A acetazolamida tem ainda um papel diurético bastante relevante, uma vez que, ao diminuir a reabsorção de sódio, faz com que este íon se acumule na luz tubular e, osmoticamente, atraia muito mais água para ser excretada. REABSORÇÃO DE SÓDIO NA ALÇA DE HENLE A outra região em que há intensa reabsorção de Na + nos túbulos renais é no ramo ascendente da alça de Henle. O epitélio desta região é absolutamente impermeável à água. Na membrana luminal do espesso ramo ascendente da alça de Henle, existe um transportador triplo que transporta Na + , K + , 2 Cl - , Mg ++ e Ca ++ . Desta forma, o organismo reabsorve sódio, potássio e cloreto simultaneamente. OBS 9 : Uma das classes de diuréticos mais utilizados na clínica médica atual é classificada como diuréticos de alça, responsáveis por bloquear este transportador triplo. Dentre eles, temos a furosemida (Lasix®). O uso constante de Lasix® pode gerar, portanto, quadros de hipocalcemia (baixas nas taxas de cálcio), hipocalemia (baixas nas taxas de potássio) e hiponatremia (baixa nas taxas de sódio). Ao bloquear o transportador de sódio e aumentar a Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 27 concentração deste íon na luz do túbulo, entende-se o papel deste medicamento para aumentar a diurese, uma vez que, como já sabido, o sódio, por ser altamente osmótico, traz a água para dentro da luz do túbulo e, daí, será excretada. Por este motivo, ao fazer uso de Lasix®, o profissional deve associar a administração de cloreto de potássio por via oral, para repor as perdas destes íons. A furosemida é utilizada ainda como anti-hipertensivo devido à excreção do sódio e a forte diurese. É importante saber ainda que a furosemida sofre muito com o efeito de primeira passagem pelo fígado. Esse fato faz com que a administração oral desta droga seja, por muitas vezes, inapropriado. É necessário, então, o uso endovenoso (via pela qual a biodisponibilidade da droga chega próximo de 100%) para que o efeito seja quase que imediato. PARTE INICIAL DOS TÚBULOS DISTAIS Na membrana luminal desta região, há uma proteína de membrana que bombeia o sódio juntamente com o cloreto para dentro da célula, porém como pouco movimento efetivo do potássio. A permeabilidade á água é muito baixa em todas as condições. Um componente adicional do cálcio filtrado é reabsorvido. OBS 10 : O transporte de sódio nessa região é inibido pelos Tiazídicos (como a metalazona e a hidroclorotiazida). De fato, todos os tiazídicos inibem a bomba de sódio e cloreto. É, portanto, uma boa droga de escolha uma vez que o paciente não perde grandes quantidades de íons (uma vez que eles são mais absorvidos em outras regiões), sendo muitas vezes a droga substituta da furosemida. TÚBULO COLETOR CORTICAL Nos túbulos coletores corticais e nos túbulos coletores mais distais, é observada a ação da aldosterona (hormônio hidrofóbico que aumenta a transcrição da bomba de Na + -K + -ATPase e dos canais de sódio). Neste local, ocorre reabsorção da carga de sódio filtrado, secreção de potássio e secreção de ácido. A permeabilidade da água neste local é estimulada pelo ADH. OBS 11 : A reabsorção do sódio é inibida pela Amilorida e pela Espironolactona que são poupadores de potássio e ácido. Estas drogas bloqueiam os receptores da aldosterona. Desta maneira, não haverá reabsorção de sódio e, portanto, não haverá secreção de potássio pela bomba de Na + -K + -ATPase, justificando a sua ação poupadora de potássio. Nesta região existem ainda as células intercaladas, onde há a secreção pura de prótons H + na dependência de ATP (por meio da bomba de prótons que também é estimulada pela aldosterona), que também tem este transporte inibido por estas drogas. E por isso, uma das consequências do uso prolongando destes medicamentos é a acidose metabólica. REABSORÇÃO DA GLICOSE A maior parte da reabsorção da glicose ocorre nos túbulos proximais, dependendo diretamente do gradiente de sódio: na membrana basal, a glicose é transportada de volta para as células juntamente aos íons sódio por um transportador orgânico-sódio. Na membrana basolateral, temos ainda o GLUT Na + independente. O problema deste transportador é a sua saturação: quando a glicemia está acima de 180mg/ml, ela deixa ser reabsorvida e passa a se apresentar, cada vez mais, na urina. Consequentemente, a glicose passa a se acumular na luz tubular, aumentando a osmolaridade na luz deste túbulo e absorvendo mais água, deixando a urina mais saturada de glicose (glicosúria) e mais volumosa (causando poliúria e polaciúria). É este mecanismo que justifica a necessidade frequente que o paciente diabético tem de urinar. Vale lembrar que, enquanto que no plasma as concentrações de glicose são de, aproximadamente, 100mg/dl, na urina é praticamente zero em condições normais. REABSORÇÃO DE AMINOÁCIDOS A finalidade deste processo é a preservação máxima destes nutrientes essenciais. Para cada classe de aminoácidos, há um tipo de transportador específico. Há doenças caracterizadas por mutações nestes transportadores, fazendo com que o paciente desenvolva quadros de aminoacidúria e, concomitantemente, uma aminoacidopatia. Existem transportadores de aminoácido por simporte bem como transportadores independentes, tanto na membrana luminal como na membrana basolateral. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA URINÁRIO 28 TRANSPORTE DO POTÁSSIO O K + é o principal cátion intracelular e seu metabolismo é fundamental para a manutenção da vida. A calemia é um dado extremamente relevante para aferir a saúde de um paciente devido às influências que o potássio tem, principalmente sobre todos os tecidos considerados excitáveis. Dentre estes, o principal influenciado pelo K + é o miocárdio (músculo cardíaco). O controle da calemia é, portanto, fundamental para uma regulação perfeita do ritmo cardíaco. Valores acima de 5,5 mEq/L hipercalemia fibrilação ventricular morte. Valores abaixo de 3,0 mEq/L hipocalemia arritmia e paralisia morte. Quando o K + é jogado na luz do túbulo, necessita ser reabsorvido de modo que a calemia mantenha valores regulares entre 3,0 e 5,5 mEq/L. O K + é reabsorvido em nível dos túbulos proximais e no ramo espesso ascendente da alça de Henle (onde há o transportador triplo: que reabsorve sódio, potássio e cloreto), e é secretado nos túbulos distais e coletores corticais. O responsável pelo controle da calemia é a aldosterona: o excesso de potássio é excretado pelos túbulos renais por ação da aldosterona, uma vez que ela promove reabsorção do sódio
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