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Autora: Profa. Carolina Ventura Fernandes Pasetto Colaboradora: Profa. Vanessa Santhiago Educação Física Adaptada Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Professora conteudista: Carolina Ventura Fernandes Pasetto Graduada em Educação Física, em 2001, pela Universidade Paulista (UNIP), pós-graduada em Fisiologia do Exercício, em 2002, e mestre em Ciências, em 2007, ambos pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Professora da UNIP desde 2005 e coordenadora do curso de Educação Física, campus Marquês desde 2011. Coordenadora do Projeto de Atividade Física Adaptada (Profa) – Extensão – UNIP. Membro do grupo de pesquisa Formação, Atuação Docente e Educação Física (GPFAEF – CNPQ/UNIP). © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) P281e Pasetto, Carolina Ventura Fernandes. Educação física adaptada. / Carolina Ventura Fernandes Pasetto. – São Paulo: Editora Sol, 2018. 148 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2-009/18, ISSN 1517-9230. 1. Educação física. 2. Esporte adaptado. 3. Inclusão e integração. I. Título. CDU 796.4-056.26 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Elaine Pires Kleber Nascimento de Souza Talita Lo Ré Juliana Mendes Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Sumário Educação Física Adaptada APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 CONCEITOS BÁSICOS ..................................................................................................................................... 11 1.1 A pessoa com deficiência .................................................................................................................. 11 1.2 A inclusão e a integração .................................................................................................................. 13 2 A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE ADAPTADO ................................................................................... 15 2.1 Histórico ................................................................................................................................................... 15 2.1.1 Educação Física Adaptada ................................................................................................................... 15 2.1.2 O esporte adaptado ............................................................................................................................... 15 2.2 Modalidades paralímpicas ................................................................................................................ 19 2.2.1 Atletismo .................................................................................................................................................... 19 2.2.2 Basquete em cadeira de rodas........................................................................................................... 23 2.2.3 Bocha ........................................................................................................................................................... 24 2.2.4 Ciclismo ....................................................................................................................................................... 25 2.2.5 Esgrima em cadeira de rodas ............................................................................................................. 27 2.2.6 Futebol de cinco ...................................................................................................................................... 28 2.2.7 Futebol de sete ......................................................................................................................................... 30 2.2.8 Goalball ....................................................................................................................................................... 31 2.2.9 Halterofilismo ........................................................................................................................................... 32 2.2.10 Hipismo ..................................................................................................................................................... 33 2.2.11 Judô ............................................................................................................................................................ 34 2.2.12 Natação .................................................................................................................................................... 35 2.2.13 Paracanoagem ....................................................................................................................................... 38 2.2.14 Remo ......................................................................................................................................................... 38 2.2.15 Rugby em cadeira de rodas .............................................................................................................. 39 2.2.16 Tênis de mesa ......................................................................................................................................... 41 2.2.17 Tênis em cadeira de rodas................................................................................................................. 41 2.2.18 Tiro com arco ......................................................................................................................................... 42 2.2.19 Tiro esportivo ......................................................................................................................................... 43 2.2.20 Triatlo ........................................................................................................................................................ 44 2.2.21 Vela ............................................................................................................................................................. 45 2.2.22 Voleibol sentado ................................................................................................................................... 46 3 CONCEITOSBÁSICOS SOBRE AS DEFICIÊNCIAS .................................................................................. 47 4 DEFICIÊNCIA FÍSICO-MOTORA .................................................................................................................... 49 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 4.1 Lesão medular ........................................................................................................................................ 49 4.1.1 Conceitos .................................................................................................................................................... 49 4.1.2 Dados epidemiológicos ......................................................................................................................... 52 4.1.3 Classificação .............................................................................................................................................. 52 4.1.4 Características .......................................................................................................................................... 53 4.1.5 Espinha bífida ........................................................................................................................................... 55 4.1.6 Poliomielite ................................................................................................................................................ 56 4.1.7 Atividade física......................................................................................................................................... 57 4.2 Paralisia cerebral ................................................................................................................................... 58 4.2.1 Conceitos .................................................................................................................................................... 58 4.2.2 Classificação .............................................................................................................................................. 59 4.2.3 Características .......................................................................................................................................... 60 4.2.4 Atividade física......................................................................................................................................... 61 4.3 Acidente vascular cerebral (AVC) ................................................................................................... 66 4.3.1 Atividade física......................................................................................................................................... 67 4.4 Amputação .............................................................................................................................................. 68 4.4.1 Conceitos .................................................................................................................................................... 68 4.4.2 Classificação .............................................................................................................................................. 68 4.4.3 Características .......................................................................................................................................... 69 4.4.4 Atividade física......................................................................................................................................... 70 4.5 Nanismo ................................................................................................................................................... 71 4.5.1 Atividade física......................................................................................................................................... 72 4.6 Doenças neuromusculares progressivas: distrofias musculares ........................................ 72 4.6.1 Conceitos .................................................................................................................................................... 72 4.6.2 Distrofia muscular de Duchenne (DMD) ....................................................................................... 73 4.6.3 Distrofia muscular de Becker (DMB) ............................................................................................... 74 4.6.4 Distrofia fácio-escápulo-umeral (FSH) ........................................................................................... 74 4.6.5 Atividade física......................................................................................................................................... 74 Unidade II 5 DEFICIÊNCIA VISUAL ...................................................................................................................................... 80 5.1 Conceitos ................................................................................................................................................. 81 5.2 Estruturas oculares e funções visuais .......................................................................................... 81 5.2.1 Anatomia do olho ................................................................................................................................... 81 5.2.2 Funções visuais ........................................................................................................................................ 82 5.3 Classificação da deficiência visual ................................................................................................. 84 5.3.1 Classificação educacional .................................................................................................................... 84 5.3.2 Classificação esportiva .......................................................................................................................... 86 5.4 Causas da deficiência visual ............................................................................................................ 86 5.5 Características ....................................................................................................................................... 88 5.5.1 Características físico-motoras ........................................................................................................... 88 5.5.2 Características psicossociais ............................................................................................................... 89 5.6 Atividade física ...................................................................................................................................... 89 5.6.1 Estímulos para a aprendizagem do movimento ........................................................................ 89 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 5.6.2 Adaptações do ambiente ..................................................................................................................... 91 5.6.3 Adaptações dos materiais ................................................................................................................... 92 5.6.4 Considerações sobre a atividade física ........................................................................................... 92 5.6.5 Orientações gerais .................................................................................................................................. 95 6 DEFICIÊNCIA AUDITIVA ................................................................................................................................. 96 6.1 Conceitos .................................................................................................................................................97 6.2 Estruturas do ouvido e funções auditivas .................................................................................. 98 6.2.1 Anatomia do ouvido .............................................................................................................................. 98 6.2.2 Funções da audição ............................................................................................................................... 99 6.3 Classificação da deficiência auditiva ..........................................................................................100 6.3.1 De acordo com a perda auditiva ....................................................................................................100 6.3.2 De acordo com o local da lesão ......................................................................................................100 6.3.3 De acordo com a época em que ocorreu a surdez ..................................................................101 6.4 Causas da deficiência auditiva ......................................................................................................101 6.5 Características .....................................................................................................................................102 6.5.1 Características físico-motoras .........................................................................................................102 6.5.2 Características psicossociais .............................................................................................................103 6.6 Atividade física ....................................................................................................................................104 6.6.1 Orientações gerais ................................................................................................................................105 6.7 Surdo-cegueira ....................................................................................................................................107 6.7.1 Conceitos ..................................................................................................................................................107 6.7.2 Classificação da surdo-cegueira .....................................................................................................107 6.7.3 Causas da surdo-cegueira .................................................................................................................108 6.7.4 Características da surdo-cegueira .................................................................................................108 6.7.5 Comunicação na surdo-cegueira ...................................................................................................108 6.7.6 Atividade física.......................................................................................................................................109 Unidade III 7 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL ........................................................................................................................113 7.1 Conceitos ...............................................................................................................................................113 7.2 Classificação da deficiência intelectual.....................................................................................114 7.2.1 Classificação quanto ao desempenho do teste de QI (coeficiente de inteligência) ................114 7.2.2 Classificação quanto à necessidade de auxílio .........................................................................114 7.2.3 Classificação quanto à capacidade de aprendizagem ........................................................... 114 7.3 Causas da deficiência intelectual ................................................................................................115 7.4 Características da deficiência intelectual .................................................................................115 7.4.1 Características cognitivas ..................................................................................................................115 7.4.2 Características físico-motoras ......................................................................................................... 116 7.4.3 Características psicossociais .............................................................................................................116 7.5 Síndrome de Down ............................................................................................................................117 7.5.1 Características da síndrome de Down .......................................................................................... 118 7.6 Atividade física ....................................................................................................................................121 7.6.1 Orientações gerais ............................................................................................................................... 123 8 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) ......................................................................................124 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 8.1 Conceitos ...............................................................................................................................................124 8.2 Características .....................................................................................................................................125 8.2.1 Características físico-motoras ........................................................................................................ 125 8.2.2 Características psicossociais ............................................................................................................ 125 8.3 Atividade física ....................................................................................................................................126 8.3.1 Orientações gerais ............................................................................................................................... 127 9 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a APRESENTAÇÃO Esta disciplina tem o objetivo de exibir as deficiências físicas, intelectuais e sensoriais, bem como as adaptações necessárias, para a elaboração do programa de atividade física e esportiva. Além disso, mostra o movimento da inclusão de pessoas com deficiência e as implicações para as aulas de Educação Física. Assim, pretende-se proporcionar ao aluno conhecimentos sobre os diversos tipos de deficiência que requeiram atenção especial e a atuação do profissional de Educação Física diante de cada caso. INTRODUÇÃO Educação Física Adaptada é uma área relativamente nova. Apenas na década de 1980 iniciou-se a discussão sobre a importância dela. Como é possível pensar na composição de um profissional completo sem conhecimentos a respeito das deficiências e da inclusão? Em torno de 15% da população mundial apresentam deficiência. No Brasil, são aproximadamente 45 milhões de pessoas. É óbvio que um indivíduo completo e competente precisa saber realizar as intervenções típicas da Educação Física em programas voltados para o atendimento específico de pessoas com deficiência para propiciar sua participação irrestrita. Para isso, abordaremos os conceitos básicos em Educação Física Adaptada, Inclusão e Esporte Adaptado, bem como as modalidades paralímpicas. Ainda, trataremos as deficiências físico-motoras mais comuns. Discutiremos as sensoriais, ou seja, a visual e a auditiva, além da surdo-cegueira. Por fim, serão discutidas a deficiência intelectual (em especial a síndromede Down) e o transtorno do espectro autista. Esperamos que, ao finalizar as três unidades, vocês possam entender que a diversidade está presente e que há um universo de possibilidades na atividade física, além de esportes para as pessoas com deficiência. Sejam bem-vindos a este universo incrível! 11 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA Unidade I 1 CONCEITOS BÁSICOS 1.1 A pessoa com deficiência No Brasil, temos aproximadamente 24% da população com algum tipo de deficiência, seja ela motora/física, intelectual, visual ou auditiva. Embora o número seja bastante expressivo, certamente não nos deparamos com tal percentual de pessoas em uma escola, em uma academia, em uma universidade, em um parque ou em qualquer outro espaço. O que isso significa? Hoje em dia, fala-se muito em inclusão, mas, infelizmente, pouco se faz de efetivo para que ela realmente aconteça. A discussão inicial se dá justamente pelo tratamento nominal dado a esses indivíduos. Ao utilizarmos nomenclaturas, termos incorretos ou em desuso, corremos o risco de estigmatizá-los, de criarmos uma barreira para a aceitação social. Não existe um único termo correto e que será válido eternamente. Isso ocorre porque nossa sociedade e cultura são vivas, ou seja, em cada época as palavras e os significados podem mudar. O que era considerado um termo atual torna-se obsoleto. O grande problema de perpetuar vocábulos em desuso é que, mesmo sem a intenção, poderemos propagar um estigma que seguirá a população que apresenta algum tipo de deficiência. Na Antiguidade, o termo “inválido” era o mais usado e queria dizer indivíduo sem valor, um fardo para a família e socialmente inútil. No início do século XX, a palavra da vez era “incapacitado”, que trazia o significado de pessoas sem nenhuma capacidade. Depois, pouco antes da década de 1960, o vocábulo passou a ter um entendimento de pessoa com algumas habilidades reduzidas. De certa forma, tal mudança foi uma evolução, pois o indivíduo já não era considerado um inútil. Em seguida, a sociedade passou a utilizar “defeituoso”, especialmente para designar aqueles com deformidades ou anomalias físicas. Uma das associações mais importantes no atendimento à população (criada no final da década de 1950) inicialmente era denominada Associação de Assistência à Criança Defeituosa (AACD). Tal alcunha foi alterada no ano 2000, graças a um plebiscito entre os próprios pacientes que consideravam o termo “defeituoso” pejorativo e, assim, a sigla passou a ser Associação de Assistência à Criança Deficiente. 12 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Ainda, na década de 1950, surgiu a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). A palavra “excepcional” significava deficiência intelectual. Apesar de alguns movimentos de defesa dos direitos das pessoas com altas habilidades (superdotados) alegarem que o termo faz referência não apenas àqueles com deficiência intelectual, mas a todos os que estão em pontos extremos na curva da inteligência. A Apae mantém “excepcional” desde a sua criação até os dias atuais. No final da década de 1980, “portador de deficiência” passou a ser utilizado com o significado de que a pessoa tinha algo diferente agregado a ela. Inclusive, neste mesmo período, o vocábulo foi incluído na Constituição Brasileira, que data de 1988. Com o passar dos anos, “portador” também caiu em desuso, por se entender que a deficiência não era carregada. “Necessidades especiais”, que por um tempo foi agregado ao termo portador, também não perdurou por muitos anos, já que se entende que o “ser especial” não faz referência apenas às pessoas com algum tipo de deficiência, mas pode ser aplicado a qualquer um. Por fim, atualmente utilizamos “pessoa com deficiência”. Após anos de mudança, considera-se que a palavra “pessoa”, mostra que, independentemente de qualquer outra característica, antes de tudo, temos que enxergar a pessoa, o ser humano. Portanto, literalmente, o indivíduo está à frente da deficiência. Para que essa população seja respeitada e realmente incluída na sociedade, o primeiro passo é que ela seja vista, antes de tudo, como formada por cidadãos. Observação Quando enxergamos essencialmente a deficiência, vemos, também, primeiro as limitações; por outro lado, quando visualizamos a pessoa, antes de tudo, observamos as possibilidades dela, e isso, é fundamental para que tal indivíduo tenha seus direitos respeitados e assegurados. Após os debates da Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, realizada em 2006, pela Assembleia Geral da ONU, esse termo ganhou ainda mais força e hoje é aceito e utilizado mundialmente. A discussão acerca do nome ou termo correto é muito pertinente para que os estigmas que rondam essas pessoas não sejam perpetuados. Caso contrário, a presença de alguma deficiência ou característica considerada diferente continuará sendo sinônimo de incapacidade, invalidez, defeito etc. que, definitivamente, não refletem a realidade da maior parte dos indivíduos com deficiência e acabam impedindo que elas tenham as mesmas oportunidades que qualquer um. É importante ressaltar que a desvantagem social, que pode ser observada em algumas situações, é fruto da falta de oportunidade, inclusão e respeito aos direitos, e não, necessariamente, da presença ou não da deficiência. 13 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA 1.2 A inclusão e a integração Por muito tempo, as palavras inclusão e integração foram utilizadas como sinônimos. Entretanto, as discussões sobre os direitos das pessoas com deficiência acabam nos levando a significados diferentes. Integração refere-se à incorporação de um elemento em um conjunto. A pessoa com deficiência é incluída parcialmente em um ambiente e deve se adequar às condições desse sistema pronto, que realiza apenas alguns ajustes superficiais. Acredita-se que o único beneficiado seja o indivíduo com deficiência. A simples presença de indivíduos com e sem deficiência, em um mesmo local, normalmente é o suficiente para que ele seja considerado integrador, mas não assegura a inclusão. Por outro lado, no processo de inclusão, considera-se que ocorre uma incorporação total em um ambiente que, necessariamente, sofreu mudanças importantes para receber e respeitar as características de todos (e não apenas daqueles com deficiência). Dessa forma, são reconhecidas e valorizadas as individualidades e todos ganham. Nem todas as diferenças necessariamente inferiorizam as pessoas. Há diferenças e há igualdades: nem tudo deve ser igual e nem tudo deve ser diferente [...] então, é preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes, quando a igualdade nos descaracteriza, e o direito de sermos iguais, quando a diferença nos inferioriza (MANTOAN, 2004, p. 39). Para que um ambiente seja considerado inclusivo, é fundamental que haja qualidade no que se oferece e que todos, sem exceção, sejam valorizados nas suas características individuais e, consequentemente, colham os benefícios do processo. Inclusão é uma prática social que se aplica no trabalho, na arquitetura, no lazer, na educação, na cultura, mas principalmente na atitude e no perceber das coisas, de si e do outro. O trabalho com identidade, diferenças e diversidades é central para se construir metodologias, materiais e processos de comunicação para propiciar o atendimento de todos (CAMARGO, 2017). 14 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : Luc as M an sin i - d at a Unidade I Integração Exclusão Segregação Inclusão Figura 1 Alguns benefícios observados quando o processo de inclusão ocorre efetivamente são: • desenvolvimento de atitudes positivas em relação ao outro; • ganho nas habilidades acadêmicas e sociais; • preparação para a vida em sociedade (aprender a viver com o que é diferente); • evita os efeitos prejudiciais da exclusão; • presença do valor social de igualdade; • superação dos padrões do passado; • mais informações para todos. Como a inclusão exige mudanças (inclusive culturais e históricas) bastante profundas e significativas, é um procedimento muito mais complicado e que depende de diversos segmentos da sociedade. Contudo, como todo trabalho que é benfeito, gera benefícios imensuráveis para toda a sociedade. É preciso ter em mente que as diferenças e a diversidade significam vantagens sociais que propiciam o surgimento e o estabelecimento de relações de solidariedade e colaboração (CAMARGO, 2017). 15 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA Figura 2 – Símbolo Internacional de Acessibilidade Observação Diversos instrumentos legais foram implantados pelos Governos Federal, Estadual e Municipal para garantir a inclusão e a participação das pessoas com deficiência nas áreas de educação, esporte e lazer. Entretanto, normalmente nos deparamos com realidades que contrariam tais instrumentos. 2 A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ESPORTE ADAPTADO 2.1 Histórico 2.1.1 Educação Física Adaptada A Educação Física, historicamente, traz a ideia de corpos esculturais, saudáveis, perfeitos e atléticos. Como repensá-la para pessoas fora desses padrões? Antes de 1900, a Educação Física Adaptada era basicamente uma ginástica médica, com objetivos preventivos ou corretivos. Em meados de 1950, a American Association for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD) utilizou o termo Educação Física Adaptada para um programa diversificado de atividades, jogos e dança para estudantes com deficiência que não podiam participar de forma irrestrita dos programas de Educação Física Geral. Desde então, ela passou a ser difundida mundialmente como um braço da Educação Física. 2.1.2 O esporte adaptado É considerada esporte adaptado qualquer modalidade adaptada ou criada para promover a participação de indivíduos com deficiência. O primeiro grande evento esportivo envolvendo pessoas com deficiência ocorreu em Paris (1924), foi idealizado para atletas com deficiência auditiva e chamado de Jogos do Silêncio. 16 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Entretanto, apenas a partir da II Guerra Mundial o esporte para pessoas com deficiência ganhou destaque mundial. Com a volta para casa dos soldados feridos durante as batalhas, o governo britânico solicitou ao neurologista Ludwig Guttmann que criasse um local para o atendimento e a reabilitação dos homens e das mulheres do Exército. É neste contexto que surge o Centro Nacional de Lesados Medulares do Hospital de Stoke Mandeville, em Aylesbury, Inglaterra. O atendimento tinha um enfoque médico que utilizava o esporte como reabilitação física e psicológica para os soldados mutilados. Na mesma época, e pelos mesmos motivos, nos Estados Unidos, surge o Paralyzed Veterans of America (PVA), com um contexto mais competitivo. As duas vertentes acabam por se cruzar, já que ambas utilizavam o esporte como forma de reabilitação e reinserção social. Em 1958, no Brasil, o esporte adaptado também desponta a partir de duas instituições. O Clube dos Paraplégicos de São Paulo (CPSP), foi criado pelo sr. Sérgio Del Grande, e no Rio de Janeiro, o Clube do Otimismo surge idealizado pelo sr. Robson Sampaio. Em 1960, em Roma, aconteceu a primeira edição dos Jogos Paralímpicos. Como hoje em dia, realizou-se logo após a edição dos Jogos Olímpicos, utilizando as mesmas instalações. A participação inaugural do Brasil foi em 1972, na edição da Alemanha. Observação Inicialmente o termo “paraolímpico” foi a junção dos vocábulos “paraplégico” e “olímpico”; entretanto, como a participação nos jogos foi estendida a outros tipos de deficiência, o nome ganhou outro significado. Atualmente, o prefixo “para” quer dizer “paralelo”, “semelhante”. “Paralímpico” substituiu “paraolímpico” por recomendação do Comitê Paralímpico Internacional (IPC) para que o termo fosse homogeneizado entre os países de língua portuguesa. Os Jogos Paralímpicos são um evento de alto rendimento, por isso as conquistas e a performance são muito mais enfatizadas do que as deficiências. Os Jogos que aconteceram no Rio de Janeiro, em 2016, contaram com a presença de mais de 4 mil atletas, de 176 países, participando em uma das 22 modalidades oferecidas. Ainda, de acordo com o comitê organizador, mais de 2,1 milhões de pessoas compareceram aos locais de competição para acompanhar o evento. Esses números mostram a grandiosidade do evento, que atrai cada vez mais a atenção do mundo inteiro. 17 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA Além dos Jogos Paralímpicos de Verão, os Jogos Paralímpicos de Inverno ocorrem desde 1976, também após o término dos Jogos Olímpicos de Inverno. A primeira participação brasileira foi em 2014. Figura 3 Figura 4 Estão nos Jogos Paralímpicos atletas com deficiência físico-motora, intelectual e visual. Esportistas com deficiência auditiva participam das Surdolimpíadas (ou Deaflympics), que contam com 21 modalidades adaptadas apenas no tocante a substituir as informações auditivas por informações visuais. O evento acontece a cada quatro anos e é tão grandioso, em números, como as Paralimpíadas. Além deles, vale lembrar que, desde 1968, há a Special Olympics (ou Olimpíadas Especiais), por iniciativa da família Kennedy. Nesse evento, participam pessoas com deficiência intelectual, que podem, ou não, apresentar outras deficiências associadas. 18 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Figura 5 - Participantes da Special Olympics aguardam o início da prova de atletismo A filosofia da Special Olympics é dar a oportunidade de participação a todos os atletas, independentemente do seu nível de habilidade. Fica muito claro que, neste movimento, o objetivo é oportunizar, através do esporte, uma melhor qualidade de vida e as relações familiares e sociais. A presença e a satisfação em fazer parte do evento estão acima das exigências, no que diz respeito à alta performance. Figura 6 - Criança com síndrome de Down participante da Special Olympics Figura 7 - Jovem participante da Special Olympics festejando 19 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA Saiba mais Os sites a seguir podem propiciar mais informações sobre a Special Olympics: <http://specialolympics.org.br/>. <http://www.specialolympics.org/>. 2.2 Modalidades paralímpicas Atualmente, 22 modalidades fazem parte do programa dos Jogos Paralímpicos de Verão. Para que o atleta possa ser considerado elegível à participação na competição de uma categoria, é necessário que ele passe por uma classificação funcional. Ela serve para determinar, de acordo com sua deficiência e sua funcionalidade específicas, para a modalidade, qual a classe em que o atleta competirá. Tal divisão permiteuma disputa muito mais justa e equilibrada. 2.2.1 Atletismo Participam atletas com deficiências visual, intelectual e física. As provas dividem-se em campo, pista e rua. • Provas de campo: lançamento de disco e club, lançamento de dardo, arremesso de peso, salto em altura, salto em distância e salto triplo. Figura 8 - Atleta amputada lançando dardo em banco de lançamento 20 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Figura 9 - Atleta durante execução do arremesso de peso • Provas de pista: corridas de 100 m, 200 m, 400 m, 800 m, 1.500 m, 5.000 m e 10.000 m, além de revezamento 4 x 100 m e 4 x 400 m. Figura 10 - Atleta com deficiência visual classe B1, correndo com o atleta-guia Figura 11 - Atleta com lesão medular durante prova dos 10.000 m 21 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA Figura 12 - Cadeira de rodas para atletismo Figura 13 - Atleta com prótese de membro inferior • Provas de rua: meia maratona (21 km) e maratona (42 km). Figura 14 - Atletas durante prova de maratona 22 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Na classificação funcional, os atletas que participam das provas de campo recebem a letra “F” (field); já aqueles de prova de pista ou rua possuem a letra “T” (track). Além disso, de acordo com o tipo de acometimento ou deficiência, eles recebem um número associado à letra. A dezena representa a deficiência e a unidade retrata o nível de comprometimento do atleta. Quadro 1 – Classificação funcional – Atletismo Atleta Pista (T) Campo (F) Deficiência visual T11, T12 e T13 F11, F12, F13 Deficiência intelectual T20 F20 Paralisia cerebral T31 a T38 F31 a F38 Nanismo F40 e F41 Amputações (com ou sem o uso da prótese) T42 a T46 F42 a F46 Atletas que competem em cadeira de rodas (lesão medular, amputação, sequelas de poliomielite) T51 a T54 F51 a F57 Figura 15 - Atletas da classe T46 durante prova de atletismo O indivíduo com deficiência visual, dependendo da sua classe, pode utilizar atleta-guia ou apoio. Os atletas classe 11 obrigatoriamente devem correr com o auxílio do atleta-guia, enquanto os da classe 12 podem optar por fazê-lo com ou sem tal ajuda. O atleta-guia deve estar ligado ao atleta por uma cordinha (guia), geralmente pelas mãos. Para conduzir adequadamente, o guia pode correr ao lado do atleta, nunca se afastando mais do que 50 cm. Na chegada, o atleta deve obrigatoriamente cruzar a linha na frente do guia. Nas provas de campo, o guia/chamador basicamente tem a função de orientá-lo verbalmente. O contato físico só é permitido na indicação do posicionamento inicial. 23 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA Os atletas classe 13 não podem ter, em nenhuma das provas do atletismo, o auxílio de um guia. Para as provas de arremessos e lançamentos, os indivíduos das classes F32 a F34 e F51 a F58 utilizarão um banco próprio. 2.2.2 Basquete em cadeira de rodas Participam atletas com deficiência físico-motora. As dimensões da quadra, a altura da cesta, a divisão dos quartos de jogo (4 tempos de 10 minutos) e o número de jogadores em quadra são exatamente iguais ao basquete olímpico. O tempo de 8 segundos para sair da quadra de defesa e os 24 segundos que uma equipe tem para atacar também estão presentes no basquete em cadeira de rodas. A principal diferença nas regras é que, a cada dois toques na cadeira, o jogador deve quicar, arremessar ou passar a bola, podendo repetir esse processo quantas vezes quiser. Figura 16 - Disputa de bola em um jogo de basquete em cadeira de rodas Além disso, a classificação funcional da modalidade tem extrema importância para a composição da equipe em quadra. Cada atleta é submetido a uma avaliação da funcionalidade de tronco e membros superiores na execução de habilidades e fundamentos do basquete em cadeira de rodas, por exemplo: drible, passe, arremesso, manuseio da cadeira, recepção de bola. A partir de então, o jogador é classificado entre as classes 1 e 4,5 (sempre de 0,5 em 0,5 ponto). 24 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Durante o jogo, os cinco atletas em quadra não poderão somar mais do que 14 pontos e, em caso de substituição, o técnico deve levar em consideração a pontuação máxima permitida. Tal regra permite que jogadores com diferentes deficiências e acometimentos participem dos jogos de maneira competitiva e justa. 2.2.3 Bocha Participam atletas com deficiência físico-motora severa, geralmente com paralisia cerebral, acidente vascular encefálico (AVE), distrofias musculares, esclerose múltipla e outras condições degenerativas. Eles realizam os arremessos sentados na cadeira de rodas, em um local delimitado, que podem ser feitos com as mãos, os pés ou o auxílio de um instrumento (calhas, capacetes e ponteiras). Os atletas mais comprometidos podem obter auxílio de ajudantes, denominados calheiros. Figura 17 - Atleta utilizando capacete com ponteira para arremessar a bola Figura 18 - Atletas sendo auxiliados pelo calheiros 25 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA As provas podem ser individuais, em duplas ou em equipes; o objetivo do jogo é arremessar o maior número de bolas coloridas próximo a uma bola branca, chamada de “jack” ou “bolim”. Figura 19 - Atletas de bocha competindo em equipe A classificação funcional divide os atletas em quatro classes. Quadro 2 – Classificação funcional – Bocha BC1 Atletas com paralisia cerebral e limitação severa (podem receber assistência) BC2 Atletas com paralisia cerebral e limitação moderada a severa (não podem receber assistência) BC3 Atletas com deficiência muito severa (utilizam equipamentos auxiliares e podem receber assistência) BC4 Atletas com deficiência severa (que não podem receber auxílio) A bocha é uma modalidade adaptada para pessoas com deficiências severas, mas que não modificou a essência do jogo original. Trata-se de uma modalidade que exige muita precisão e estratégia. 2.2.4 Ciclismo As provas podem ser de pista ou de estrada e sofreram poucas adaptações em relação ao esporte olímpico. Participam indivíduos com deficiências visual e físico-motora. De acordo com a deficiência, podem existir diferenças nos tipos de bicicletas utilizadas. Elas podem ser: convencionais, handbikes, triciclos ou tandens. 26 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Figura 20 - Atleta amputado competindo em bicicleta convencional Figura 21 - Atleta utilizando uma handcycle A classificação funcional é baseada no tipo de bicicleta utilizada e na deficiência do atleta. Quadro 3 – Classificação funcional – Ciclismo Handbike H1 a H5 Atletas com deficiência físico-motora impulsionam a bicicleta adaptada com os braços Triciclo T1 e T2 Atletas com paralisia cerebral que não podem andar na bicicleta convencional Convencional C1 a C5 Atletas com deficiência físico-motora Tandem Classe única Atletas com deficiência visual As bicicletas tandem têm dois lugares, onde vão o atleta com deficiência visual (atrás) e o piloto, que não possui deficiência. 27 Re vi sã o:N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA Figura 22 - Atleta com deficiência visual e seu guia na bicicleta tandem 2.2.5 Esgrima em cadeira de rodas Participam atletas com deficiência físico-motora, especialmente com lesão medular, amputação e paralisia cerebral. As provas podem ser individuais ou em equipe, e as disputas ocorrem em três modalidades: o florete, o sabre e a espada. É um esporte que exige rapidez nos movimentos, tempo de reação e estratégias bem-pensadas. A cadeira de rodas é fixada em um equipamento denominado fixador de cadeira de rodas, feito de fibra de carbono. Figura 23 - Atletas Categoria A durante prova de esgrima A classificação funcional baseia-se nos tipos de deficiência e na funcionalidade de tronco e membros superiores nos movimentos específicos ou não da esgrima. 28 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Quadro 4 – Classificação funcional – Esgrima em cadeira de rodas Categoria A Atletas com boa mobilidade de tronco Categoria B Atletas com mobilidade de tronco e equilíbrio reduzidos Categoria C Atletas com comprometimento de tronco, braços e mãos 2.2.6 Futebol de cinco Participam indivíduos com deficiência visual. Apenas os da classe B1 podem fazer parte desta modalidade. Os atletas de classe B1 são os que, após avaliação das funções visuais, classificam-se como totalmente cegos ou apresentam apenas capacidade de percepção luminosa. As regras do futebol de cinco são baseadas naquelas adotadas pelo jogo convencional de futsal, entretanto algumas adaptações são necessárias devido às condições visuais dos atletas. Em quadra, são quatro atletas na linha e um goleiro. O goleiro tem visão normal e não pode ter participado de jogos oficiais (Fifa) nos últimos cinco anos. Figura 24 - Equipe de futebol de cinco entrando em campo guiados pelo goleiro Os jogadores de linha, obrigatoriamente, utilizam vendas nos olhos para que não exista nenhuma vantagem entre aqueles com diferentes percepções luminosas. As dimensões da quadra são as mesmas do futsal, podendo ser piso de cimento, madeira, grama natural ou sintética, ou ainda borracha sintética. Além disso, são utilizadas bandas laterais (sobre as linhas laterais) com altura de 1 a 1,50 m, para evitar que a bola saia da quadra com muita frequência, deixando assim, o jogo mais dinâmico. A área do goleiro é reduzida em relação ao futsal convencional. Ela mede 5 m de largura por 2 m de comprimento e a trave possui 3,66 por 2,14 m. 29 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA As partidas são disputadas em 2 tempos de 25 minutos com intervalo de 10 minutos entre eles. A bola utilizada tem guizos internos para que emita sons e os atletas possam localizá-la. Diferentemente de um jogo de futebol ou futsal tradicional, a torcida não pode se manifestar em qualquer momento, caso contrário os atletas cegos não conseguirão localizar a bola ou os companheiros de time. Mas, na hora do gol, obviamente ela pode manifestar-se e torcer sem problema algum. Ainda, os jogadores contam com o auxílio de um chamador, que é um guia situado atrás do gol adversário, para orientá-los. Ele só poderá se expressar quando os atletas estiverem no terço ofensivo do campo. No caso de cobrança de falta ou pênalti, o chamador poderá utilizar um instrumento de metal para bater nas traves e no travessão, orientando o batedor. O treinador e o goleiro também podem auxiliar verbalmente, entretanto o goleiro só poderá fazê-lo quando os atletas estiverem no terço defensivo e o treinador no terço médio do campo. Figura 25 - Chamador posicionado para orientar os jogadores no futebol de cinco Figura 26 - Disputa de bola durante o futebol de cinco 30 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I O ideal é que a orientação seja dada de forma discreta e somente quando necessário para não atrapalhar o andamento do jogo e as outras formas sonoras, por exemplo, o som do guizo. Por fim, para que a bola emita o som dos guizos, ela precisa estar em contato com o chão ou com os pés; por esse motivo, na maior parte do tempo, necessita ser rasteira e conduzida entre os pés do jogador para que ele não perca o seu contato. 2.2.7 Futebol de sete Participam desta modalidade os atletas com paralisia cerebral ou com sequelas de trauma cranioencefálico ou acidente vascular cerebral (AVE). As regras são basicamente as mesmas do futebol convencional, mas não existe impedimento e a cobrança lateral pode ser feita apenas com uma das mãos. As medidas do campo são 75 m por 55 m (no máximo) e a trave tem 5 m por 2 m. São 7 jogadores em campo, 6 na linha e 1 goleiro. A disputa ocorre em dois tempos de 30 minutos, com um intervalo de 10 minutos entre eles. Figura 27 - Jogo de futebol de sete, para atletas com paralisia cerebral A classificação funcional da modalidade divide os atletas em 4 classes diferentes: C5, C6, C7 e C8. Os indivíduos são separados de acordo com o comprometimento, sendo a C5 para atletas de maior comprometimento e a C8 para os de menor. Para garantir a participação de atletas de diversas classes, durante a partida, obrigatoriamente deve haver, pelo menos, um atleta da classe C5 ou C6 e, no máximo, um da C8. 31 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA 2.2.8 Goalball Trata-se da única modalidade que não foi adaptada para a atuação de pessoas com deficiência, mas criada exclusivamente para atletas com deficiência visual. Participam dela jogadores de todas as classes juntas (B1, B2 e B3) e, para competirem em condições de igualdade, eles devem utilizar venda e óculos de proteção. Os atletas da classe B1 são os mais comprometidos (cegos totais ou, no máximo, com percepção luminosa), enquanto os B2 e B3 têm baixa visão, sendo os B2 com comprometimento intermediário e os B3 com o menor comprometimento entre as classes. Figura 28 - Atleta realizando arremesso durante partida de goalball O goalball é uma modalidade baseada em confronto, realizada pelos lançamentos de uma bola, com o objetivo de acertar o gol adversário. Jogam duas equipes, compostas de 3 jogadores cada. A partida ocorre em dois tempos de 12 minutos, com um intervalo de 3 minutos entre eles. A quadra tem as mesmas dimensões de uma quadra de vôlei (9 m x 18 m), as linhas principais apresentam demarcação em relevo e a trave mede 9 m x 1,30 m. A bola oficial assemelha-se à de basquete em tamanho, entretanto não tem câmera de ar e é feita de uma borracha bem espessa; apresenta alguns orifícios para que os guizos internos possam emitir melhor o som. Trata-se de uma bola pesada (1,250 kg), o que favorece que durante os lançamentos ela se mantenha rasteira e seja, portanto, ouvida melhor. Todos os jogadores exercem as funções de ataque e defesa. É comum que os arremessos sejam realizados de três formas: frontal, com giro ou de costas, sempre com as mãos, e que as defesas sejam realizadas em pé, de joelhos, de cócoras ou sentados lateralmente, utilizando parte da coxa ou apoiado em um dos joelhos. 32 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Figura 29 - Posição de expectativa no goalball Em geral, na posição de finalização/impacto, o jogador fica deitado lateralmente, com osbraços estendidos acima da cabeça para proteger-se da bola, formando uma barreira a fim de impedir que a bola entre no gol. Como o impacto da bola geralmente é forte, além de manter o corpo contraído durante a posição de finalização, os atletas utilizam protetores de seios (mulheres) e de genitais (homens), além de cotoveleiras, joelheiras e óculos. Figura 30 - Posição de finalização/impacto no jogo de goalball Trata-se de um jogo muito dinâmico e divertido; entretanto, como no futebol de cinco, a torcida só pode se manifestar e vibrar no momento do gol, pois os atletas precisam ouvir o som da bola e os comandos dados pelo árbitro (que são todos em inglês, mesmo nas partidas realizadas no Brasil). 2.2.9 Halterofilismo Participam atletas com deficiência físico-motora, geralmente paralisados cerebrais, lesados medulares, amputados de membros inferiores e anões. 33 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA Figura 31 - Atleta posicionado para a realização da prova Não existe classificação pela deficiência, e os atletas são divididos apenas por categoria de peso, sendo dez categorias no masculino e dez no feminino. A modalidade é também chamada pelo nome em inglês, powerlifting, e diferentemente da modalidade olímpica, os atletas realizam apenas o supino reto na competição paralímpica. Cada indivíduo tem três tentativas para efetuar um movimento válido, sendo o maior peso obtido, validado. Figura 32 - Atleta durante a execução do movimento de supino reto 2.2.10 Hipismo Participam atletas com deficiência físico-motora ou visual. A única disciplina no hipismo paralímpico é a de adestramento paraequestre; as provas são individuais e por equipe. 34 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Figura 33 - Atleta com deficiência visual durante prova de hipismo Os esportistas passam pela classificação funcional e são divididos em 5 classes: graus IA, IB, II, III e IV, sendo os de grau I os mais comprometidos e os de grau IV os menos comprometidos motoramente. Os deficientes visuais são distribuídos como graus III ou IV, de acordo com o nível de deficiência, e são auxiliados por um guia que passa as informações necessárias para a orientação. 2.2.11 Judô Participam atletas com deficiência visual e, apesar de serem classificados em três categorias distintas (B1, B2 e B3), todos competem juntos. A divisão é feita apenas pelo peso corporal. No caso dos judocas classe B1, existe uma marcação (círculo vermelho) no quimono do atleta, na altura do ombro. Ela serve simplesmente para orientar o árbitro sobre a necessidade de um auxílio maior, por exemplo, na hora de reposicionar o desportista para a luta. Figura 34 - Atletas com deficiência visual durante uma luta de judô As regras utilizadas são praticamente as mesmas do esporte olímpico, com algumas adaptações: a luta é iniciada já com o atleta tocando o quimono do oponente e, toda vez que este contato for perdido, ela será reiniciada. Além disso, não ocorrem punições caso o atleta saia da área de combate. Como no judô olímpico, os confrontos duram até 5 minutos. Vencerá o atleta que primeiro conquistar o ippon ou ao final dos 5 minutos obtiver a maior vantagem sobre o adversário. 35 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA 2.2.12 Natação Participam atletas com deficiência físico-motora, visual e intelectual. Figura 35 - Atleta brasileiro durante prova do nado costas A classificação funcional da natação é uma das mais complexas entre as modalidades. Para os atletas com deficiência visual, é realizada a avaliação oftalmológica; para os atletas com deficiência intelectual, são verificados os critérios de elegibilidade; e, para os atletas com deficiência físico-motora, são feitos os testes clínicos e físicos, os testes de mobilidade articular e os testes técnico-motores (executados dentro da água). A classe é definida pela letra “S” (swimming) e por um número que indica o acometimento do atleta. No caso do estilo peito, como as exigências de membros superiores e inferiores diferem dos nados costa, crawl e borboleta, é feita outra classificação, sendo utilizadas as letras “SB”. Por fim, a sigla “SM” é empregada para as provas medley. Quadro 5 – Classificação funcional – Natação Nados crawl, costas e borboleta Nado peito Nado medley Deficiência físico-motora S1 a S10 SB1 a SB9 SM1 a SM10 Deficiência visual S11 a S13 SB11 a SB13 SM11 SM13 Deficiência intelectual S14 SB14 SM14 Em cada grupo de deficiência, os números menores indicam sempre o seu tipo mais severo. Por exemplo, na classe S1 competem atletas com lesão medular completa na 4ª ou 5ª vértebra cervical, enquanto na S9 participam aqueles com lesão medular na região sacral ou amputados em uma das pernas acima do joelho. 36 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Figura 36 - Atleta classe S9 em posição de largada do bloco As principais adaptações desta modalidade são realizadas nas largadas, viradas e chegadas, além de algumas permissões diferenciadas por classe, nos estilos dos nados. Tais modificações são mais comuns nas classes mais baixas (S1 a S4 e S11). Figura 37 - Atleta classe S5 durante a largada do bloco de saída Nas saídas das classes S1 a S3, por exemplo, o atleta pode partir de dentro da água e ter a ajuda do técnico para se sustentar até ser dado o sinal de início. 37 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA Figura 38 - Saída de dentro da água e auxílio do técnico Para os atletas cegos, é permitido o auxílio do tapper, isto é, o toque na cabeça, no ombro ou nas costas, indicando que ele está próximo às bordas da piscina e, portanto, deve realizar a virada ou a chegada. Este toque é importante para a segurança e o melhor aproveitamento da técnica. tapper é o nome dado à pessoa que realiza o toque (geralmente o técnico) e ao equipamento utilizado para efetuá-lo. É muito comum que se utilize uma vara de pescar conectada a uma bola de tênis na extremidade para confeccionar o objeto. Figura 39 - Tapper sinalizando ao nadador sobre a proximidade da borda É importante lembrar que o técnico/tapper e o atleta devem treinar em conjunto o uso do toque com o equipamento para que possam tirar o máximo proveito deste artifício e garantir a segurança do nadador. Indivíduos S11 precisam obrigatoriamente utilizar o tapper; para as demais categorias de deficientes visuais, o uso é optativo. 38 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Para a classe S11, também é obrigatório o uso dos óculos de natação vedados, com lentes opacas, para garantir que não haja nenhuma percepção luminosa e, portanto, propiciando igualdade de condições entre os competidores. Figura 40 - Atleta com deficiência visual, utilizando óculos de natação vedados 2.2.13 Paracanoagem Participam atletas com deficiência físico-motora. Trata-se de uma modalidade nova em Paralimpíadas que conta com provas de velocidade de 200 m e 500 m. A classificação funcional baseia-se no papel de membros superiores, tronco e membros inferiores. Quadro 6 – Classificação funcional – Canoagem KL1 Usam somente os braços na remada KL2 Usam os braços e o tronco na remada KL3 Usam braços, troncoe pernas na remada 2.2.14 Remo Participam atletas com deficiência físico-motora e visual. A classificação funcional é realizada de acordo com o acometimento. São três classes, e cada uma delas utiliza um tipo de barco. Quadro 7 – Classificação funcional – Remo AS Usam só braços e ombros – barco single skiff TA Usam braços e tronco – barco double skiff LTA (4+) Usam pernas, trono e braços – barco com timoneiro 39 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA Na classe LTA, há deficientes visuais e deficientes físicos. Na composição dos participantes pode haver, no máximo, dois atletas com deficiência visual. Nela existe um timoneiro que não apresenta nenhuma deficiência. Independentemente da categoria, as provas de remo paralímpico são disputadas em raias de 1.000 m. Figura 41 - Atletas classe TA durante prova de skiff duplo (double skiff) 2.2.15 Rugby em cadeira de rodas Participam atletas com lesão medular alta (tetraplegia ou tetraparesia) ou com lesões semelhantes nos quatro membros (alguns tipos de paralisia cerebral, amputações, malformações ou sequelas de poliomielite). Figura 42 - Disputa de bola durante jogo de rugby em cadeira de rodas A classificação funcional do rugby em cadeira de rodas leva em consideração motricidade, mobilidade ou resquício de movimentos de membros superiores, bem como a presença ou não de controle dos músculos do tronco. A partir desta avaliação, o atleta é classificado de 0,5 a 3,5 (sempre de 0,5 em 0,5 ponto). As classes e a pontuação mais baixa são as que englobam os esportistas com acometimento mais severo. 40 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Normalmente, os indivíduos de classes mais baixas (0,5 a 1,5) atuam na defesa, enquanto os de classes mais altas (2 a 3,5) executam o ataque. A quadra tem as mesmas dimensões da de basquete, e a bola utilizada é muito semelhante àquela do voleibol. O jogo é realizado em quatro tempos de 8 minutos, cronometrados com a bola em movimento (toda vez que ela sai de quadra ou ocorre uma falta ou um gol, o cronômetro é parado). Há dois intervalos de 2 minutos (entre o 1º e 2º quartos e entre o 3º e 4º quartos), além de um período de 5 minutos exatamente na metade do jogo (entre o 2º e 3º quartos). Em quadra, cada equipe joga com 4 jogadores, cuja soma das pontuações (classificação) não pode ultrapassar os 8 pontos. Figura 43 - Condução de bola durante jogo de rugby em cadeira de rodas Nesta modalidade não há divisão de categorias femininas e masculinas, portanto podem estar juntos em quadra. Para cada atleta mulher em quadra, a equipe deve somar 0,5 a mais no limite total de pontos em quadra. Cada jogador pode ficar com a bola por, no máximo, 10 segundos e conduzi-la da forma mais conveniente; antes o atleta deverá bater a bola no chão ou passar a um companheiro de equipe. O objetivo, claro, é o gol. Saiba mais O documentário a seguir apresenta toda a rotina dos atletas de rugby e a busca da performance. Murderball: paixão e glória. Dir. Henry Alex Rubin e Dana Adam Shapiro, 2005. 88 minutos. 41 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA 2.2.16 Tênis de mesa Participam atletas com deficiência físico-motora e intelectual. As regras são basicamente as mesmas do esporte olímpico, com algumas adaptações no saque de atletas de determinadas classes. A classificação funcional divide o atleta em 11 classes de acordo com a deficiência, o alcance dos movimentos de braços e pernas, a força muscular, o equilíbrio e as habilidades em segurar a raquete. Além do uso de próteses, órteses e muletas, é permitido o uso de faixas ou bandagens para fixar a raquete na mão e, em alguns casos, extensores ou raquetes com o cabo aumentado. Quadro 8 – Classificação funcional – Tênis de mesa Atletas em cadeira de rodas I, II, III, IV e V Atletas andantes (com o uso de próteses, órteses, muletas) VI, VII, VIII, IX e X Atletas com deficiência intelectual XI As competições podem ser com jogos individuais, em duplas ou em equipes. Figura 44 - Atletas durante partida de tênis de mesa em prova individual 2.2.17 Tênis em cadeira de rodas Participam atletas com deficiência físico-motora. Trata-se de uma das modalidades mais parecidas com o jogo tradicional. As medidas da quadra, a raquete, a bola e as pontuações do jogo paralímpico são idênticas àquelas do jogo olímpico. 42 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Figura 45 - Atleta durante atuação de jogo de tênis em cadeira de rodas A diferença acontece, especialmente, pelo fato de a locomoção se dar em cadeira de rodas; por isso, são permitidos dois quiques da bola na quadra, em vez de um; portanto, antes do terceiro quique o atleta deverá colocá-la na quadra adversária. A classificação funcional é baseada nas habilidades do tênis. São apenas duas. Quadro 9 – Classificação funcional – Tênis Open/aberta Atletas com alguma deficiência nos membros inferiores Quad/tetra Atletas com deficiência em, pelo menos, três extremidades Na classe Open podem participar atletas com limitações nos membros inferiores que os impeçam de praticar o tênis convencional, ou seja, que os impossibilitem de se deslocar em velocidade e com habilidade exigidos na modalidade. 2.2.18 Tiro com arco Participam atletas com deficiência físico-motora. O objetivo do jogo é acertar a flecha no alvo, o mais próximo possível do centro. O objeto fica a 70 m de distância e tem 1,22 m de diâmetro. A classificação funcional é realizada em três classes, de acordo com a necessidade ou não de cadeira de rodas e com a mobilidade e o controle de membros superiores e tronco. 43 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA Figura 46 - Atleta classe ARW2 durante prova de tiro com arco Quadro 10 – Classificação funcional – Tiro com arco Standing (ARST) Os atletas competem em pé ou sentados e apresentam deficiência leve nos membros inferiores, além de não possuírem deficiência nos membros superiores ARW2 Atletas paraplégicos ou equivalente ARW1 Atletas tetraplégicos ou equivalente Os esportistas ARST competem com os ARW2. A disputa pode ser individual ou em equipe. 2.2.19 Tiro esportivo Participam atletas com deficiência físico-motora, competindo sentados ou em pé, de acordo com a classe funcional. São avaliados o equilíbrio, a força, a mobilidade dos membros superiores e o controle do tronco. Quadro 11 - Classificação funcional – Tiro esportivo SH1 Atletas que não precisam de apoio para o tiro SH2 Atletas que precisam de apoio para o tiro 44 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Figura 47 - Atleta classe SH1 durante prova de tiro esportivo Apesar de ser uma modalidade recente no País, a prática é muito difundida entre policiais feridos em combate, como ferramenta no processo de reabilitação. 2.2.20 Triatlo Participam atletas com deficiência físico-motora e visual. A modalidade compreende as provas de 750 m de natação, 20 km de ciclismo e 5 km de corrida. A classificação funcional é baseada em um sistema de pontuação que considera a deficiência e a mobilidade do atleta. Quadro 12 – Classificação funcional – Triatlo PTHCAtletas em cadeira de rodas Subdivisão da classe: H1 e H2 PTS Atletas com deficiência físico-motora, sem cadeira de rodas Subdivisão da classe: PTS2, PTS3, PTS4 e PTS5 PTVI Atletas com deficiência visual Subdivisão da classe: B1, B2 e B3 Como em outras modalidades, nas subdivisões de classe, quanto mais baixo o número, maior a severidade da deficiência. 45 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA Figura 48 - Trecho de ciclismo durante prova de triatlo Atletas da classe PTHC fazem a corrida em cadeira de rodas e o ciclismo no handcycle; já os esportistas da classe PTVI, como são deficientes visuais, contam com o auxílio de um guia e realizam o ciclismo na bicicleta tandem. 2.2.21 Vela Participam atletas com deficiência físico-motora e visual, sem distinção de gênero. As regras gerais das regatas paralímpicas não sofrem grandes mudanças em relação às tradicionais. Na classificação funcional de atletas com deficiência físico-motora são avaliadas as funções remanescentes dos indivíduos em todas as tarefas realizadas durante uma regata. São verificados: força, amplitude de movimento, coordenação e teste funcional velejando. Dessa forma, o velejador é identificado de 1 a 7. Na classe 2,4 mR apenas um atleta participa; já na SKUD18 disputam dois esportistas (uma mulher e um homem), que devem somar até 9 pontos juntos. Figura 49 - Atletas classe SKUD18 durante regata 46 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Na classe Sonar participam três atletas que devem somar, no máximo, 14 pontos. Figura 50 - Atletas classe Sonar durante regata Desportistas com deficiência visual recebem as pontuações de acordo com a avaliação oftalmológica: B1 (3 pontos), B2 (5 pontos) e B3 (7 pontos). 2.2.22 Voleibol sentado Participam atletas com deficiência físico-motora. O jogo de voleibol sentado tem inúmeras semelhanças com o tradicional, em especial na dinâmica da partida. A pontuação e os sets são exatamente iguais. A quadra mede 10 m x 6 m, com a rede a 1,05 m na disputa feminina e a 1,15 m no jogo masculino. A linha de ataque fica a 2 m. Figura 51 - Atletas posicionados em quadra durante jogo de vôlei sentado A classificação funcional de modalidade baseia-se em 2 classes: elegível (D) e mínima deficiência (MD). 47 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA São considerados da classe D: atletas amputados, lesados medulares, com paralisia cerebral e sequelas de poliomielite; fazem parte da classe MD: atletas com lesões articulares pequenas no quadril, joelho ou tornozelo (que gerem sequelas permanentes de perda de força ou amplitude articular) ou com amputações mínimas (como dos dedos da mão). Em quadra, dos seis jogadores, apenas um pode ser da classe MD. Durante os treinos, os deslocamentos são parte essencial para que o indivíduo consiga desenvolver bem as habilidades específicas do voleibol. Saiba mais Para se aprofundar nas modalidades paralímpicas, visite o site do Comitê Paralímpico Brasileiro. Disponível em: <http://www.cpb.org.br/>. 3 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AS DEFICIÊNCIAS Alguns termos serão citados abundantemente neste livro-texto, por isso é importante ficar claro o significado de cada um deles para que seja possível a compreensão dos tópicos seguintes. Doença é o resultado da perda da homeostasia de um organismo, em que o dano pode ser estrutural ou funcional. Uma doença pode ou não ser contagiosa e, geralmente, existe um tratamento medicamentoso envolvido. Já a deficiência ocorre por uma mudança funcional do órgão ou membro; ela não é contagiosa e não quer dizer que a pessoa não tenha saúde. Vale lembrar que algumas doenças geram sequelas que caracterizam uma deficiência. Durante muito tempo, utilizou-se o Código Internacional de Doenças (CID-10) para diagnosticar e classificar, entre outras condições, a pessoa com deficiência. O CID-10 baseia-se no estado de saúde e/ou no diagnóstico médico de doença, o que acabava trazendo a ideia de que todo ser com deficiência era doente, não era saudável. Isso, em muitas situações, acentuava ainda mais o estigma e o preconceito em relação a tais pessoas. Em 2001, foi aprovado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o Código Internacional de Funcionalidade (CIF) e, em meados de 2003, ele foi traduzido para o português. Mas o que esse CIF traz de tão importante? Na realidade, trata-se de um complemento ao CID-10, mas baseia-se na funcionalidade da pessoa, ou seja, não se limita aos aspectos negativos ou à incapacidade. Apesar de ser um código, nele é apresentada uma visão mais humana e provavelmente mais justa, que permite um olhar menos estigmatizado para o indivíduo com deficiência, sem deixar de relatar a existência de uma ou mais condições que realmente necessitem de atenção especial. 48 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I No CIF, a funcionalidade é caracterizada em três áreas interligadas: alterações das estruturas e funções do corpo, limitações em determinadas atividades (caminhar, por exemplo) e restrições às participações em certas atividades por qualquer motivo, como falta de acessibilidade ou preconceito. Em outras palavras, ele apresenta um olhar mais inclusivo por citar fatores externos que podem favorecer ou dificultar o desenvolvimento integral do ser humano. Saiba mais Para conhecer o CIF em detalhes, acesse: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Lisboa: OMS, 2004. Disponível em: <http://www.faema.edu.br/uploads/documentos/biblioteca/ CIF_port_%202004.pdf>. Acesso em: 4 ago. 2017. As deficiências podem ser classificadas como permanentes ou temporárias. As permanentes são aquelas que, uma vez presentes, permanecerão a vida toda da pessoa, enquanto as temporárias tendem a desaparecer. Por exemplo, alguém com a perna quebrada tem uma mudança funcional do membro até que o osso esteja consolidado. Após o período de recuperação, ela terá as funções reestabelecidas e, portanto, não demonstrará mais a deficiência. Podemos também identificar as deficiências como congênitas, adquiridas e genéticas. As congênitas são aquelas que surgem ainda no momento do parto ou, mais comumente, na vida intrauterina. As deficiências adquiridas, como o nome já diz, vêm após o nascimento, em qualquer momento da vida. Já aquelas com caráter genético originam-se em decorrência de alterações nos genes e podem se manifestar no nascimento ou em qualquer outra fase da vida. Por fim, as deficiências podem ser progressivas ou não progressivas. As não progressivas, uma vez instaladas, não apresentam piora; já as progressivas tendem a tornar as sequelas cada vez mais graves. Lembrete Podemos classificar as deficiências em: congênitas, adquiridas ou genéticas; permanentes ou temporárias; e progressivas ou não progressivas. 49 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA 4 DEFICIÊNCIA FÍSICO-MOTORA As deficiências físico-motoras são caracterizadas por alterações ósseas, musculares ou neurológicas que afetam a estrutura ou a função do corpo, interferindo na motricidade do indivíduo. Pelo fato de causar dano também na motricidade, é mais apropriado que utilizemos deficiência físico-motora, em vez de apenas deficiência física; entretanto, na literatura
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