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U1
EDU
Apresentação
Prezados alunos, 
A disciplina Estudos sócio antropológicos foi criada para permitir que os estudantes da 
UNISUAM estabeleçam o primeiro contato com a Sociologia e a Antropologia. São duas 
ciências diferentes e complementares que desenvolvem estudos sobre temas correlacionados, 
organizados a partir de grandes linhas de reflexão teórica e empírica. A UNISUAM privilegia 
algumas delas: estudos sobre a relação natureza/cultura, sobre as dinâmicas desenvolvidas 
entre indivíduo/sociedade e questões sociais da contemporaneidade, além de um debate 
sobre sociedade, cultura e educação no Brasil e na cidade do Rio de Janeiro.
Partindo dos objetivos propostos, podemos afirmar que a disciplina é importante na sua 
formação geral, pois proporciona melhor compreensão do contexto social onde se inserem 
a prática e a produção do conhecimento nas diferentes áreas do saber humano. A realidade 
social influencia o comportamento e o pensamento das pessoas, o que afeta diretamente o 
exercício de qualquer atividade. O profissional bem formado precisa dispor de um conjunto 
amplo de conhecimentos para desempenhar com sucesso sua profissão. 
Bom estudo!
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Objetivo do estudo
Conhecer as teorias necessárias para entender os diferentes aspectos da nossa sociedade, assim como as 
transformações sociais, pensamentos e suas características.
A Relação 
Indivíduo / 
Sociedade
1.1 Grupos e instituições sociais
Dando inicio à nossa conversa sobre a primeira unidade de 
estudo, podemos afirmar que a sociedade compõe-se de 
grupos sociais mais ou menos amplos, cada um deles regido 
por um conjunto de regras e procedimentos próprios – as 
instituições – e formado por indivíduos vinculados a uma ou 
outra classe da estratificação social. O ser humano só existe 
enquanto membro de um grupo social. Outras espécies animais 
também formam grupos, como as abelhas, as andorinhas etc., 
mas a sua formação, apesar de complexa, difere muito da 
maneira como os seres humanos se organizam.
A análise dos grupos sociais é de suma importância no 
âmbito da Sociologia. A sociedade é constituída de grupos 
sociais de amplitudes variáveis, interesses próprios e muitas 
vezes conflitantes. Integrar esses grupos torna-se tão 
importante para os indivíduos que muitos não se dão conta 
de tal fato. Somente em situações de afastamento desses 
grupos os indivíduos conseguem observar a importância que 
eles exercem na vida humana. A ruptura dos elos do individuo 
com o grupo quase sempre leva esse individuo à morte.
Tudo entendido até aqui?
Vamos agora aprender como a educação pode transformar 
a realidade social em que vivemos
INTRODUÇÃO:
Nesta Unidade vamos estudar o indivíduo como membro 
da sociedade, a formação de grupos sociais a partir das 
associações criadas pela identidade de opiniões ou ideologias, 
além das associações criadas por afinidade ou parentesco.
Esperamos também possibilitar a reflexão em torno das 
transformações sofridas pela sociedade ao longo dos anos, 
desde de o feudalismo até a sociedade pós moderna.
Por fim, vamos conhecer os principias sociólogos que 
influenciaram o pensamento humano.
Podemos começar?
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Os animais se organizam devido a uma 
predisposição genética. Ou seja, não podem 
escolher de quais grupos vão participar ou 
mesmo sair dos grupos em que estão inseridos
O ser humano, por outro lado, escolhe seu 
grupo social de acordo com muitos critérios, 
complexos e ambíguos. No entanto, se 
decidir mudar de grupo fará isso sem o menor 
problema. Na verdade, é muito comum que o 
ser humano passe por vários grupos sociais 
durante a sua vida. 
Instituição social 
Instituição social é um sistema complexo e organizado de relações sociais relativamente 
permanente, que incorpora valores e procedimentos comuns e atende a certas necessidades 
básicas da sociedade. A partir desse raciocínio, podemos afi rmar que nas instituições sociais 
as atividades são rotineiras e previsíveis, fazendo com que as relações entre os indivíduos 
sociais fi quem cada vez mais padronizadas.
Uma instituição também pode ser defi nida como uma organização de normas e costumes para 
a obtenção de alguma meta ou atividade que as pessoas julguem importante. São processos 
estruturados por meio dos quais grupos ou indivíduos se esforçam para levar a cabo suas 
atividades. Ou seja, é uma maneira defi nida, formal e regular de 
fazer alguma coisa num ambiente social.
Há outra defi nição sobre instituição que a diferencia do raciocínio 
anterior, pois não estabelece uma relação direta com um grupo 
propriamente dito, mas com um conjunto de comportamentos 
e crenças que o grupo adota. Seguindo essa ideia, as pessoas 
pertencem a grupos ou associações; no entanto, não podem 
pertencer a uma determinada instituição no sentido científi co do 
termo, uma vez que uma instituição não pode ser vista, pois se 
trata de uma abstração.
De modo geral, ligada a cada instituição há pelo menos uma 
associação que realiza a função ou as funções daquela 
instituição. Associações têm nomes, podem ser localizadas em 
algum espaço físico; têm membros e são organizadas. Uma associação pode ser defi nida 
como um grupo organizado de indivíduos que executa uma ou mais funções.
Desenvolvimento do processo de institucionalização
A institucionalização desenvolve um sistema regular de normas, status e papéis sociais 
que são aceitos pela sociedade. Sendo assim, uma instituição educacional apresenta 
pessoas colocadas em papéis sociais especializados, como diretor, professor, inspetor etc. 
O comportamento de cada um desses profi ssionais é orientado por códigos, estatutos e 
regulamentos. A compreensão dos preceitos que orientam o comportamento das pessoas 
que trabalham nas instituições de ensino facilita a compreensão e a previsão do rumo que as 
ações tomarão em um determinado conjunto de circunstâncias. Por exemplo, o confl ito entre 
professor e aluno será encaminhado para o coordenador que tentará resolver o problema; 
caso ele não consiga, levará ao diretor.
Saiba mAIS
Exemplos de grupos: 
punks, emos, hippies, 
religiosos, ricos, pobres.
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Os símbolos culturais são sinais que identifi cam uma determinada instituição e servem para 
lembrar a sua existência. Exemplos: o pavilhão nacional, um crucifi xo, a aliança etc.
Os prédios podem se tornar símbolos institucionais. Um casa lembra um lar; o prédio de uma 
igreja lembra religião; enfi m, os símbolos não são as instituições propriamente ditas, porém 
ao nos depararmos com eles nos lembramos da instituição correspondente.
Características das instituições
Cada instituição tem como objetivo principal a satisfação de necessidades sociais específi cas, e 
para atingir seus objetivos desempenha múltiplas funções. As instituições religiosas promovem 
a sociabilidade e proporcionam interpretação sobre o meio físico e social dos indivíduos, 
contribuindo para diminuir as incertezas.
A instituição familiar é responsável pelo controle da função reprodutora, por regular o 
comportamento sexual e pela socialização das crianças. Por sua vez, as instituições sociais 
incorporam valores fundamentais adotados pela maioria 
da sociedade. Por exemplo: no Brasil, os valores que 
encontramos na família incluem o casamento monogâmico, 
consumado por amor (segundo a classifi cação social), e 
respeito devido pelos fi lhos aos pais. Já na educação os 
governantes tem a obrigação de dar ensino a todos os 
brasileiros até uma determinada faixa etária, assim como 
os pais têm o dever de enviar os fi lhosà escola e estimular 
o melhoramento das relações sociais para, assim, promover 
a convivência das pessoas de diversos grupos.
Os ideais de uma instituição são, em geral, aceitos pela 
grande maioria dos membros de uma sociedade, mesmo 
que dela não participem. Mesmo que as pessoas sejam 
contrárias ao partido político que governa seu país, elas reconhecem e aceitam o importante 
papel desempenhado pelas instituições políticas.
Mesmo havendo profunda interdependência entre as diversas instituições dentro de uma 
sociedade, cada uma delas está profundamente estruturada e organizada segundo um 
conjunto estabelecido de normas, valores e padrões de comportamento. Como exemplo 
podemos citar as instituições políticas (governamentais), que são altamente estruturadas e se 
tornaram burocráticas ao extremo. Seus cargos são preenchidos por concursos públicos nos 
quais os ocupantes desfrutam de relativa estabilidade, há respeito profundo pela hierarquia 
e os símbolos hierárquicos são bem valorizados (por exemplo, o tamanho e a localização da 
mesa de determinado funcionário).
A demonstração da infl uência das instituições sociais pode ser vista pela posição central 
que elas ocupam na sociedade; uma mudança drástica em uma instituição provavelmente 
provocará mudanças em outras.
Por fi m, as instituições são relativamente duradouras, e os padrões de comportamento 
estabelecidos dentro das instituições se tornam parte da tradição de uma determinada 
sociedade. Por exemplo: no Brasil há uma forte tradição monogâmica regulamentando os 
casamentos. Tradicionalmente, o marido, a mulher e os fi lhos ocupam um papel social e um 
status baseado na idade e no sexo.
Principais funções das instituições
Cada instituição em particular possui funções específi cas. No entanto, todas apresentam 
funções básicas comuns. As funções das instituições podem ser manifestas ou latentes.
Os ideais de uma instituição 
são, em geral, aceitos pela 
grande maioria dos membros 
de uma sociedade, mesmo que 
dela não participem 
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As funções manifestas das instituições são aquelas óbvias, que se mostram claramente, 
são aparentes e, de modo geral, são aceitas pelos membros da sociedade. As funções 
institucionais latentes não se manifestam com clareza, são menos evidentes e podem não 
ser aprovadas pelos outros membros da sociedade. A função manifesta da educação é a 
transmissão cultural dos valores e normas de uma sociedade e o aprendizado dos papéis 
ocupacionais e profi ssionais. Porém, a educação apresenta também a função latente de 
promover e intensifi car o contato social, elevando a sociabilidade e a tolerância.
Todas as instituições apresentam determinadas funções básicas que lhes são comuns, como:
• As instituições sociais apresentam para os indivíduos vários modelos de comportamento, 
que fi cam mais bem compreendidos quando em um contexto institucional.
• As instituições proporcionam grande número de papéis sociais com um determinado 
comportamento julgado adequado. Conhecendo com antecedência as expectativas de 
desempenho de um determinado papel social, as pessoas podem tomar a decisão de escolher 
o papel que melhor lhes convier.
• De modo geral, as sociedades aprovam o comportamento 
institucionalizado, pois elas dão estabilidade e consistência 
aos seus membros.
• As instituições tendem a regulamentar e controlar o 
comportamento dos indivíduos. Como elas incorporam 
as expectativas aceitas pela sociedade, qualquer desvio 
dessas expectativas pode gerar punição ou uma exposição 
a constrangimentos.
As funções institucionais específi cas das mais importantes 
instituições sociais são:
Funções da família – regulamentação do comportamento sexual, socialização das 
crianças, fi xar a posição e estabelecer o status transmitido pela herança social etc.
Funções das instituições educacionais – prover a preparação para papéis 
ocupacionais e profi ssionais, servir de veículos para a transmissão da herança cultural, 
familiarizar os indivíduos com os vários papéis sociais, preparar os indivíduos para 
certos papéis sociais esperados, proporcionar base para a avaliação e a compreensão 
relativa de status.
Funções das instituições religiosas – dentre tantas instituições sociais importantes 
existentes, como família e Estado, podemos afirmar que as religiões ocupam 
papel relevante no processo de construção das relações entre o homem e o meio 
socioambiental em que está inserido, visando sempre uma forma de explicar, organizar 
e disciplinar a vida em grupo ou em sociedade.
Se formos buscar na história as múltiplas formas de explicação do seu surgimento, a mais 
comum seria que o homem busca compreender o porquê da existência, da vida e da morte. 
Diante dessas refl exões sobre à vida, tem-se a formação da instituição igreja, agora como 
instituição com funções de fornecer um espaço comum onde o grupo possa se reunir para 
discutir e refl etir sobre interesses coletivos, buscando criar ações políticas comuns à coesão 
social com o objetivo de diminuir os confl itos nas relações sociais, visando um bem-estar 
social do grupo ou sociedade.
A função manifesta da 
educação é a transmissão 
cultural dos valores e 
normas de uma sociedade 
e o aprendizado dos papéis 
ocupacionais e profissionais 
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A igreja pode ser compreendida como um grupo social, pois, sendo formada por um grupo 
de fi éis ligados pela mesma fé e sujeitos aos mesmos princípios e regras, obedecem e 
acreditam em chefes espirituais. Como toda instituição social, a instituição religiosa igreja 
tem como tarefa específi ca a formação religiosa do ser humano, buscando socializá-lo dentro 
dos princípios norteadores da religião adotada pelo grupo ou sociedade.
O que é importante notar é que todas as sociedades humanas conhecem algum tipo de 
religião. Pode-se verifi car na história da humanidade e dos povos que a religião é um fato 
social universal, sendo encontradas desde os primórdios da vida humana.
Ao longo da história humana, apareceram, desenvolveram-
se e desapareceram diversas formas de manifestações 
religiosas. No mundo atual, as principais são: cristianismo, 
islamismo, judaísmo, hinduísmo e budismo. Todas essas 
religiões formam a maior parte das crenças religiosas 
no mundo, porém é importante ressaltar que não são as 
únicas, pois a diversidade cultural humana possibilita a 
existência de muitas outras formas religiosas em diferentes 
regiões do mundo. 
A partir do que estudamos até aqui, convido você a refl etir 
sobre algumas questões...
As religiões existentes no mundo:
O que caracteriza qualquer tipo de religião é a crença em poderes sobrenaturais ou 
misteriosos. As relações estabelecidas entre os fi éis e a crença religiosa está associada aos 
valores de respeito, temor e veneração; são manifestas em atitudes públicas destinadas a 
lidar com esses poderes. Por isso, cada religião traduz um comportamento distinto da outra 
diante de questões sobrenaturais ou misteriosas.
Como são as diversas manifestações religiosas no mundo? Você viu que a forma pela qual 
se expressa a religião não é igual em todos os grupos ou sociedades. Sociedades diferentes 
acentuam formas diferentes de expressão de fé. 
Tem-se às vezes um predomínio maior na crença no sobrenatural; em outras crenças 
valorizam-se os ritos e as cerimônias.
No mundo atual, podemos verifi car modos religiosos bem distintos entre as religiões ocidentais 
e as orientais. No mundo ocidental, as religiões sofreram signifi cativas modifi cações em função 
do modo de produção das diversas sociedades existentes, ou seja, da passagem de formas 
econômicas produtivas baseadas nas atividades agrícolas (como no feudalismo) para uma 
forma econômica industrial urbana, capitalista,que incorporou uma nova forma de refl etir o 
mundo através da razão humana, do pensamento científi co e das artes.
Essas transformações deram uma nova visão ao homem ocidental sobre si mesmo e a vida 
e representou perda da importância da religião e da igreja como única forma de explicar a 
vida humana. A sociedade foi se tornando cada vez mais laica.
Qual a importância do Renascimento e da ciência para as modifi cações religiosas no mundo 
ocidental? No mundo oriental, as religiões ocorrem de forma mais ampla nas relações sociais. 
O poder exercido sobre os indivíduos é bem maior do que no mundo ocidental; podemos 
verifi car que as regras são mais rígidas quanto ao comportamento do indivíduo diante de 
seu grupo, fortalecendo um sentimento de coesão social que os difere de outros povos, pela 
maneira de manifestar suas convicções e crenças religiosas, por suas maneiras de vestir, 
pela disciplina de seus cultos, pela obediência aos ritos e cerimônias, pela crença de uma 
única salvação pela fé religiosa.
que não há interação social 
sem a criação dos grupos 
sociais, assim como não 
existiriam grupos sociais se 
os indivíduos que os compõem 
não interagissem. 
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Os grupos sociais 
Na amplitude do estudo sociológico, os grupos sociais constituem um elemento de grande 
importância, pois é no interior desses grupos que as interações sociais ocorrem, sendo 
estas interações o objeto de estudo do sociólogo, visto que não há interação social sem a 
criação dos grupos sociais, assim como não existiriam grupos sociais se os indivíduos que 
os compõem não interagissem.
Ao nascer, o homem já integra um grupo social, a família. E ao longo de sua vida terá acesso 
ou integrará – ou não – inúmeros outros grupos.
Por constituir o primeiro grupo social a que o individuo tem acesso, cabe à família a transmissão 
de ensinamentos essenciais para o convívio social, como a fala e os valores – na sua amplitude 
–, bem como a transmissão da cultura social na qual o indivíduo está inserido.
Sob uma ótica inicial, os grupos sociais são classifi cados 
em duas grandes categorias: os grupos nos quais estou 
inserido e os grupos externos, que são aqueles dos quais 
não faço parte.
Entre os grupos dos quais faço parte estão a minha família, 
minha turma da faculdade, minha turma do trabalho, os 
indivíduos do meu sexo, minha nação etc. Os grupos 
externos são as outras famílias, outras turmas, outras 
nacionalidades, outras ocupações, indivíduos do sexo 
oposto etc. Tendo essa visão como base, a relação de 
oposição nós x eles está fortemente embasada.
Relacionado aos grupos considerados externos, pode-se 
afi rmar que o indivíduo não reconhece seus interesses como 
os interesses de um determinado grupo, relacionando seus 
membros como não pertencentes ao seu próprio grupo. As 
expectativas relacionadas ao grupo de fora são variáveis: de alguns, esperamos hostilidade; 
de outros, competitividade; de outros ainda, indiferença.
Por serem vistos como blocos homogêneos, os grupos de fora são estereotipados, como se 
os indivíduos que o constituem não apresentassem qualidades ou características distintas. 
Se não somos políticos, acreditamos que todos os indivíduos desse grupo sejam corruptos; 
os ciganos são vistos como pessoas que não merecem confi ança; os cariocas, por seu estilo, 
são malandros; os argentinos, orgulhosos; a turma da sala de aula é legal, as demais turmas 
são chatas. É como se a construção da imagem que possuímos do “geral”, no âmbito social, 
fosse sempre distorcida e, consequentemente, negativa.
Com base nas duas defi nições, podemos ver o quanto os grupos são importantes e como 
infl uenciam o comportamento das pessoas. A maneira como as torcidas organizadas de 
futebol se comportam refl ete bem os aspectos construtivos conceituais de grupos internos 
e externos. Entre os membros de uma mesma torcida existe forte cunho de solidariedade; 
estes, por sua vez, cultivam e manifestam um sentimento de hostilidade em relação aos 
outros grupos de torcedores.
Toda nação moderna desenvolve uma concepção etnocêntrica muito forte de si mesma. 
Com base nisso, podemos dizer que os grupos internos são fortemente etnocêntricos. Todo 
habitante de um país considera sua nação melhor e superior às demais, procurando exaltar 
os aspectos que justifi quem sua posição e ocultando os demais. E, quanto mais próxima, 
As expectativas 
relacionadas ao grupo 
de fora são variáveis: 
de alguns, esperamos 
hostilidade; de outros, 
competiti- vidade; de outros 
ainda, indiferença. 
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maior a animosidade. As relações de rivalidade entre o Brasil e a Argentina, ou ainda a relação 
entre o Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, geram um número significativo de apelidos, 
expressões e piadas depreciativas sobre os indivíduos que habitam as diferentes localidades.
Os grupos sociais se caracterizam por:
- Pluralidade de indivíduos – remete à ideia de coletividade, pois um grupo é 
constituído por mais de um individuo.
- Organização – todo grupo precisa de uma estrutura interna disciplinada para um 
bom funcionamento.
- Interação social – a interação dos indivíduos, no interior do grupo, é necessária 
para a sua consolidação.
- Princípios comuns – norteados por certos valores comuns, visando um mesmo 
objetivo, os membros de um grupo se unem. Porém, quando um ou mais membros 
se indispõem com esses valores ou objetivos, colocando em dúvida alguns princípios, 
o grupo pode desagregar ou se dividir.
- Objetividade e exterioridade – os grupos sociais são superiores e exteriores aos 
indivíduos que os integram. Quando um indivíduo ingressa em um grupo, ele já existe 
e continuará a existir se, por ventura, esse indivíduo se desligar dele.
- Consciência grupal – constitui maneiras próprias de pensar, sentir e agir do 
grupo, em que uma série de ideias, pensamentos e comportamentos são fortemente 
compartilhados pelo grupo.
- Continuidade – a necessidade de interações duradouras constitui a formação de 
grupos sociais estáveis, como a família, a igreja etc., visto que existem grupos de 
durações efêmeras, que aparecem e desaparecem com facilidade, como é o caso 
dos mutirões. 
A palavra grupo remete a múltiplos sentidos. Ora pode ser utilizada para fazer referencia 
a um agregado de indivíduos que em um dado e delimitado momento compartilham um 
mesmo local, ora pode ser associada a um grupo de indivíduos que são colocados juntos 
por compartilhar uma mesma característica.
Exemplo: torcidas organizdas 
de futebol.
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Contudo, na atualidade, a definição mais aceita de grupo social é: “qualquer número de 
indivíduos que compartilham uma mesma consciência de interação e filiação”. Nesse 
sentido, grupo social é qualquer conjunto de indivíduos em interação que compartilham 
uma consciência de membros e que têm expectativas comuns de comportamento. Em 
suma, é possível afirmar que grupo social é um conjunto de indivíduos que partilham 
algumas características semelhantes – normas, valores e expectativas –, que interagem 
conscientemente e apresentam algum sentimento de unidade.
Grupos primários e secundários
Grupos primários são aqueles em que os indivíduos estabelecem um nível de conhecimento íntimo, 
por meio de contatos sociais, pessoais e totais, envolvendo muito da experiência de vida de uma 
pessoa. Os grupos são pequenos e os relacionamentos tendem a ser informais e descontraídos. 
Os membros do grupo desenvolvem interesse pessoal uns pelos outros e compartilham numerosas 
atividades e interesses. Os grupos são primários em vários sentidos, mas principalmente por 
serem fundamentais na formação da natureza social e nos ideais doindividuo. De modo geral, 
seus membros são insubstituíveis. Exemplos: a família e o grupo de amigos.
 
Podemos acrescentar que o caráter primário desses grupos se deve ao 
fato de que, cronologicamente, são os primeiros com os quais o indivíduo 
se relaciona desde o seu nascimento (a família em primeiro lugar, em 
seguida o grupo de amigos) e que serão responsáveis por desenvolver 
sua personalidade, proporcionando-lhe o primeiro contato com as normas 
e valores que serão seus.
Os grupos primários resistem com maior facilidade às modificações 
provocadas pelas mudanças sociais, e a sua capacidade de sobrevivência 
em diferentes situações motivadas por fatores políticos ou institucionais 
demonstra a importância deles para a socialização dos indivíduos e sua 
capacidade de resistência perante os problemas que se apresentam em 
qualquer período da vida dos indivíduos.
A forma de controle social exercida pelos grupos primários é muito mais eficiente do que 
aquelas que ocorrem nos grupos secundários, uma vez que todos agem sob as vistas dos 
demais membros e dificilmente conseguem escapar ao controle direto exercido por todos 
sobre todos. Desse modo, as expectativas de comportamento nos grupos primários são 
correspondidas pelos membros, pela força do controle pessoal íntimo que é exercido.
Nos grupos secundários, os relacionamentos são impessoais, parciais e utilitários. Os contatos 
humanos que se estabelecem em uma empresa, em um clube, na escola, entre os moradores 
de um prédio, entre os vizinhos etc. geralmente são contatos formais, mais ligados ao que 
existe em comum entre os indivíduos do que à pessoa como um todo.
No grupo secundário, o que mais interessa é a função que os indivíduos desempenham, sua 
ocupação, seu trabalho, suas obrigações e direitos, e não propriamente sua personalidade, seus 
problemas pessoais, suas experiências vitais. Enquanto o grupo primário se caracteriza pelo 
relacionamento humano, o grupo secundário se distingue pela tarefa fazem que em comum. É 
claro que no interior dos grupos secundários, geralmente maiores, persistem os grupos primários. 
Assim, tanto na empresa, quanto no prédio, na rua ou na escola, o individuo pode relacionar-se 
de maneira mais íntima e pessoal com um grupo de amigos. Os grupos primários existentes 
no interior dos grupos secundários podem mesmo contribuir para que os objetivos dos grupos 
secundários sejam atingidos com mais eficiência. Numa escola, por exemplo, os objetivos 
educacionais podem ser mais facilmente atingidos se as atividades forem organizadas com 
base nos grupos primários existentes. Isto é, se os alunos que são amigos dentro e fora da 
escola puderem realizar juntos as tarefas escolares.
grupo social é um conjunto 
de indivíduos que partilham 
algumas características 
semelhantes – normas, 
valores e expectativas –, que 
interagem conscientemente 
e apresentam algum 
sentimento de unidade. 
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1.2 A sociedade e as transformações sociais
A emergência da sociedade moderna foi uma experiência efetivamente nova na história da 
humanidade. Os modelos societários anteriores estiveram marcados por estruturas sociais 
rigidamente hierarquizadas, onde as elites usufruíam de status e privilégios diferenciados em 
relação ao povo em geral. A religião e valores sociais coletivistas eram compartilhadas com 
toda a comunidade difundindo padrões de comportamentos e crenças que eram adotadas 
por todas as pessoas. 
De certa maneira desigualdades sociais sempre foram e são percebidas até hoje, mas 
nas sociedade antigas havia a percepção socialmente aceita de que um ser humano era 
essencialmente diferente de outro. Ou seja, um senhor de escravo tinha o direito sobre a 
vida do escravo, por exemplo. Observamos no nosso cotidiano o tratamento diferenciado 
que algumas pessoas possuem em razão do seu poder aquisitivo ou infl uência social, mas 
de um modo geral não concordamos e muito menos aceitamos essa situação. Partimos de 
uma perspectiva do princípio da igualdade.
Do mesmo modo, as sociedades antigas viviam em comunidades onde todos compartilhavam 
das mesmas perspectivas de vida e das mesmas crenças. Atualmente com o desenvolvimento 
tecnológico temos acesso as mais variadas crenças religiosas e cada um vive sua vida da 
maneira como prefere. No passado, porém, a sobrevivência de cada comunidade dependia 
do trabalho e da disposição para a guerra de cada um de seus membros. Todos estavam 
comprometidos com a vida comunitária e com suas crenças. Quando pensamos na Grécia 
nos vem a imagem da mitologia grega e nas outras regiões as crenças especifi cas de cada 
povo. Algo bem diferente da pluralidade do mundo atual e do individualismo dominante.
https://pvmarques.files.
wordpress.com/2012/09/
feira_medieval.jpg
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era como se uma pessoa 
fosse superior a outra em 
função do sangue ou de uma 
natureza interna delas 
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As sociedades antigas eram muito mais conservadoras em seus valores sociais. Quando 
falamos no império romano, no Egito antigo ou na sociedade feudal falamos de uma cultura 
e de uma estrutura social que em geral perduraram por centenas e ou milhares de anos. 
Quando avançamos na Era moderna e identifi camos o Império Inglês sua vigência foi muito 
mais curta. Presenciamos a hegemonia americana no século XX, mas no século XXI o 
crescimento continuo da economia chinesa coloca em dúvida sua continuidade. Ou seja, as 
mudanças ocorrem com muito mais frequência na modernidade. Temos uma percepção do 
tempo muito mais dinâmica e mutável.
As transformações sociais
Enfi m, a sociedade moderna surge das transformações que se originaram das sociedades 
antigas, notadamente da sociedade feudal (e predominantemente rural). A decadência da 
economia feudal, o Renascimento comercial e o crescimento das cidades compõem essa 
estrutura social e econômica necessária a formação de um modelo de sociedade de um tipo 
novo considerando os padrões que existiam nas sociedades antigas.
Foi um conjunto de fatores que favorecerem o surgimento da Era Moderna. Segundo Polanyi 
o desenvolvimento do comércio e a adoção crescente do dinheiro (capital) como meio de 
intermediação das trocas econômicas foi o grande motor da transformação social e econômica 
que nos levou a chegar até os dias de hoje. Segundo ele a ampliação das atividades comerciais 
estimulou os proprietários de terra a mudarem suas atividades agrícolas, cercando suas 
terras e forçando as pessoas a se mudarem do campo para a cidade.
O crescimento das cidades e a continuidade do crescimento das atividades comerciais e 
artesãs favoreceu o desenvolvimento de uma racionalidade, que antecede e impulsiona 
o pensamento científi co. Segundo Pocok essa atmosfera urbana e mercadológica vai ser 
fundamental para impulsionar a Revolução científi ca tão importante para a modernidade.
http://www.citica.pt/uploads/p182gj6cr118of6pave6qrh1eis4.png
o desenvolvimento do comércio e a adoção 
crescente do dinheiro (capital) como meio de 
intermediação das trocas econômicas foi o grande 
motor da transformação social e econômica que 
nos levou a chegar até os dias de hoje
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A era moderna
Vivemos em uma sociedade capitalista, individualista, centrada numa economia de mercado 
capitalista que nos faz crer que este modelo ou sempre existiu ou nunca mudará. Entretanto, 
nesta rápida introdução a história das sociedades humanas percebemos que a organização 
social é resultado de mudanças econômicas, sociais, mas também em termos de crenças 
e valores presentes na mente das pessoas. Ao contrário, o modelo de sociedade atualé 
relativamente recente se considerarmos a história da humanidade.
Em resumo, as sociedades modernas se caracterizam por uma organização econômica 
capitalista na qual os valores econômicos se impõem sobre valores humanos e sociais. Ela 
é cada vez mais individualista e urbana, adotando a ciência como forma de conhecimento 
privilegiado do mundo.
A ciência está presente em todas as nossas atividades, sem essa fundação não seria possível 
nem o desenvolvimento de uma sociedade industrial e tecnológica como a nossa. E tudo isso, 
se inscreve numa lógica de mercado capitalista. 
De fato, a modernidade principalmente na sua origem por volta do século XV, depois com o 
racionalismo do século XVII, o iluminismo do século XVIII e o cientificismo do século XIX difundiu 
a percepção de que o homem (humanismo) e a razão humana seriam capaz de construir uma 
nova sociedade aonde todas as aspirações humanas poderiam se realizar.
Utilizamos o termo sociedade moderna, apesar de vivermos segundo especialistas numa 
sociedade pós-moderna (início do século XXI), onde as crenças e valores da modernidade 
estão abalados mas ainda são utilizados. Isto porque, os problemas sociais e econômicos 
continuam atormentando a humanidade. A promessa de prosperidade e desenvolvimento 
ainda não trouxe solução para todos os problemas humanos (inclusive os de saúde). Isto 
não significa que o conhecimento científico e a crença na capacidade humana de resolvê-los 
esteja errada, mas o mundo hoje é muito mais complexo. Discutiremos as características da 
sociedade moderna na unidade IV.
http://www.mundodigital.net/wp-content/uploads/TRAJE-DE-ASTRONAUTA-Copyrigh-NASA-ESA-y-otros1.jpg
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O surgimento da sociologia
No curso da mudança das sociedades antigas para as sociedades moderna dois momentos 
foram mais significativos: A Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Elas aceleraram as 
transformações sociais e políticas que deram forma a sociedade atual. A primeira de caráter 
econômico possibilitando a geração de emprego e renda na cidade, expandindo o comercio 
internacional e consolidando o capitalismo. A Revolução Francesa teve uma importância 
política ao afirmar os princípios da igualdade e da liberdade. A crença na razão humana e 
a defesa de um governo democrático e republicano se espalharam como modelo adotado 
pela maioria dos países.1
1 A revolução Gloriosa e a Revolução americana, assim como A Revolução Industrial e Francesa 
são consideradas revoluções burguesas e liberais por difundirem o modelo de sociedade que adotamos hoje.
https://diogolleite.files.wordpress.com/2012/08/
eugc3a8ne_delacroix_-_la_libertc3a9_guidant_
le_peuple-1830.jpgA Revolução Francesa
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As mudanças foram tão radicais e na época iam em direção a acontecimentos tão radicais 
que as pessoas começavam a se perguntar sobre o que estava acontecendo e onde essas 
transformações iriam nos levar. A sociologia surgiu dessa necessidade de compreender a 
lógica das transformações sociais na tentativa de prever a direção que elas nos levariam. O 
início da construção de um pensamento sociológico, então, se dará com Augusto Conte no 
século XIX e o desenvolvimento da sua teoria positivista.
O Positivismo foi uma corrente do pensamento social que surgiu como um desdobramento 
do racionalismo e do iluminismo dos séculos anteriores. Ele defendia o pensamento racional 
e cientifico como a expressão superior do conhecimento humano, ao mesmo tempo em que 
depositava forte confiança na capacidade intelectual da humanidade expressa da frase de 
Augusto Conte “conhecer para prever e prever para prover”. 
Apesar de Augusto Conte ter criado a expressão “sociologia” e ter desenvolvido um primeiro 
esforço de teorização, ele não teve uma importância maior no seu desenvolvimento. Os três 
grandes clássicos da sociologia são Karl Marx (1818-1883), Emile Durkheim (1858-1917) 
e Max Weber (1864-1920) por conferir-lhe todo o rigor analítico, teórico e os métodos para 
o desenvolvimento da disciplina como uma verdadeira ciência social. Suas contribuições 
continuam influenciando e inspirando pesquisas e reflexões até hoje
conhecer para 
prever e prever 
para prover
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/
a0/Portrait_dAuguste_Comte_(maison_dA._Comte,_
Paris)_(2424895050).jpg
Isidore Marie Auguste François Xavier Comte
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A partir do que estudamos até aqui, convido você a refl etir sobre algumas questões...
Como é a nossa sociedade hoje?
Como será a nossa sociedade no futuro?
Qual é o meu lugar e como sobreviver nessa sociedade? 
Como mudá-la?
1.3 Os clássicos da Sociologia
Karl Marx foi o teórico da revolução comunista. Como ele apontou em seus estudos, as 
desigualdades sempre existiram, mas o capitalismo intensifi cou ao extremo o processo de 
exploração do homem pelo homem. Para ele, essa situação surgiu no processo produtivo, nas 
relações de produção que se estabeleceram nesse momento. No capitalismo, por exemplo, o 
trabalhador é obrigado a vender sua força de trabalho, pois ele não possui os meios de produção 
para trabalhar. Em outras palavras, se no passado o artesão dominava todas as etapas do 
processo produtivo, hoje ele não possui o maquinário para competir com a indústria. Por isso, 
ele se submete ao trabalho assalariado. Portanto, a principal preocupação na análise marxista 
é compreender concretamente como se dão as relações de produção.
Seu pensamento se desenvolve a partir da crítica ao idealismo de Hegel (1770-1831) e 
ao materialismo de Ludwig Feuerbach (1804-1872). Sua análise da realidade social parte, 
portanto, de uma perspectiva do materialismo dialético e do materialismo histórico. Ou seja, 
recupera a perspectiva da dialética grega que concebia o mundo em constante mudança, 
como um embate contínuo entre o novo e o antigo. A realidade como síntese histórica sempre 
se compõe dessas forças confl itantes. E essas forças são concretas, partem de realidade 
econômicas determinadas que lutam ora por mudança, ora por continuidade. Quando 
deslocamos esta perspectiva para a história veremos exatamente as classes sociais em luta, 
donde mudanças gradativas deram espaços a mudanças qualitativas ao longo do tempo. 
Na sua teoria duas dimensões da realidade social são importantes a superestrutura ideológica 
e a infraestrutura econômica. De fato, toda a vida social depende do que é feito nas relações 
de produção e por isso o modo de produção e a maneira como ele se organiza vai determinar 
as relações sociais e toda a superestrutura ideológica. Em outras palavras, como a base da 
nossa economia se desenvolve a partir do capitalismo, os valores econômicos acabam se 
tornando a ideologia dominante. A propriedade, o consumo e a mercadoria são valorizados 
e acabam por legitimar e explicar toda a vida social.
Revolução Industrial
http://www.youtube.com/watch?v=meSQG6bNvOM
Revoluções burguesas
http://www.youtube.com/watch?v=ZYelZTa7Lv
c&feature=related
Revolução Francesa
h t tp : / /www.you tube .com/watch?v= j - -
WjKAti0M&feature=related
Saiba mAIS
T3
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A sociedade moderna 
é racional, cientifica e 
parte do princípio 
de que todos são iguais
O capitalismo é uma sociedade voltada para o trabalho, a 
propriedade, a produção de mercadorias, a acumulação do 
capital e a ideologia dominante concorda e difunde esse 
pensamento. Acabamos concordando com um modelo de 
sociedade que cria uma desigualdade. No entanto, estamos 
tão alienados no nosso cotidiano no processo de trabalho 
que perdemos nossa consciência de nós mesmos e da 
nossa condição de classe. Por isso,ele acaba defendendo 
que acabamos todos nos transformando em mercadorias 
dentro desse processo de exploração econômica que se 
constituiu o capitalismo.
A crítica social e o desejo por uma sociedade mais justa já 
existiam há muito tempo e foi um dos temas dominantes das 
revoluções burguesas. Contudo, o uso do método científico 
para entender e mudar a sociedade proposto por Marx foi 
inovador e influenciou o pensamento social e os movimentos 
sociais do seu tempo. Seu objetivo era mudar a sociedade, 
mas Marx estava consciente das dificuldades a serem 
enfrentadas. Ele dizia que o homem fazia a história, mas não 
da forma como ele queria e sim de acordo com as limitações 
materiais de seu tempo. Ainda Assim, passou toda sua vida 
defendendo suas ideias e participando ativamente das lutas 
operárias da sua época. A tensão entre indivíduo e sociedade 
era evidente, mas a crença na capacidade de mudança era 
bastante acentuada. O Manifesto do Partido Comunista e o 
livro O Capital foram as suas obras mais conhecidas.
Karl Marx
Karl Marx (1818–1883) foi um teórico do socialismo cuja ideias influenciaram não só a 
sociologia mas também a política, o direito, a teologia, a filosofia e a economia. Nasceu em 
Trèves, cidade ao sul da Prússia Renana, na fronteira da França, em 5 de maio de 1818. Filho 
de Herschel Marx, advogado e conselheiro da justiça, descendente de judeu. Karl estudou 
Direito, História, Filosofia, Arte e Literatura na Universidade de Bonn.
Em 1836 vai para Berlim em busca de um cargo de professor universitário, porém não é aceito 
por defender ideais de Hegel (um dos mais influentes filósofos alemães). Desiludido, dedica-
se ao jornalismo. Em 1843, casa-se com Jenny von Westphalene muda-se para Paris, onde 
Marx junto com Arnold Ruge funda a revista “Anais Franco Alemães”, e publica os artigos de 
seu compatriota alemão Fredrich Engels. As opiniões desagradam Frederico Guilherme V, 
imperador da Prússia, que pressiona o governo francês a expulsar Marx e Engels. Exilado, 
vai para a Bélgica. Dedica-se a escrever teses sobre o socialismo e funda a “Sociedade 
dos Trabalhadores Alemães”. Em 1848, com base no trabalho de Engels, Os Princípios do 
Comunismo, Marx escreve o “Manifesto Comunista”, onde esboça suas principais ideias com 
a luta de classe. Depois de vários exílios e privações, Max vai para Londres e com a ajuda 
de Engels, publica em 1867, o primeiro volume de sua mais importante obra, “O Capital”, em 
que sintetiza suas críticas à economia capitalista e o materialismo histórico.
As teorias de Marx influenciaram a Revolução Russa de 1917, teóricos e políticos como Lênin, 
Trotski, Stalin e Mao Tsé-Tung. Morreu em Londres, pobre e apátrida em dia 14 de março 
de 1883, em consequência de uma bronquite e de problemas respiratórios.
Principais obras:
1848 – Manifesto comunista
1867 – O Capital: volume 1
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Para Durkheim, a análise sociológica deveria se concentrar nos fatos sociais que poderiam 
ser identificados por três características básicas: generalidade, coercitividade e exterioridade. 
Ou seja, assim como nas ciências naturais, os fatos sociais poderiam ser tratados como 
coisas nas quais poderíamos observar objetivamente essas características e tirar conclusões. 
Tomando a violência como exemplo, podemos dizer que ela é geral, pois atinge a todos: 
pobres e ricos, ainda que de maneira diferente. Coercitiva por se impor ao indivíduo. No caso 
em tela, os ricos blindam os seus carros, enquanto o pobre tem de usar outras estratégias 
de prevenção. Exterioridade, uma vez que a violência existe como um dado da realidade 
independentemente da vontade dos indivíduos.
Quando Durkheim nasceu, os conflitos na Europa continuavam em alta, mas as tensões 
sociais começavam a ser incorporadas ao cotidiano das pessoas. De origem francesa como 
Augusto Conte, inserido no contexto intelectual do positivismo, Durkheim tentou compreender 
como se dava a ordem social e de que modo ela interferia na vida do indivíduo. Sua pretensão 
era estabelecer As Regras do Método Sociológico, um de seus livros mais famosos, para 
possibilitar o desenvolvimento efetivo da sociologia como ciência.
No seu modelo teórico, Durkheim atribuiu pouca liberdade ao indivíduo, que ao final se submete 
às pressões que recaem sobre ele. Desse modo, ele desenvolveu todo o seu pensamento, 
explicando as bases da coesão social ou de como a sociedade se mantém organizada. Para ele 
a solidariedade social (diferente do senso comum do amor ao próximo) representa os vínculos 
que unem o sujeito a sociedade e ela vai se constituir de duas maneiras: a solidariedade 
mecânica que é automática a partir das relações de parentes e dos vínculos imediatos que o 
indivíduo estabelece ao nascer; e a solidariedade orgânica a partir da inserção no mercado 
de trabalho o que pode mudar significativamente sua condição social. Imagine o filho de um 
zelador de edifício que se torna juiz. Nas sociedades antigas ele nunca mudaria sua condição, 
mas nas sociedades moderna estava mudança de status social vai transformar radicalmente 
a relação do indivíduo com o mundo. 
Seja pelos fatos sociais ou pela solidariedade social o indivíduo é fruto do seu meio e pouca 
alternativa possui para fugir das forças sociais que o circundam. Caso contrário assistiríamos 
um processo de anomia social quando o desregramento da sociedade poderia levar ela ao caos. 
Emile Durkheim
Émile Durkheim (1858-1917) foi um sociólogo francês. Nasceu na região de Lorraine, na 
França, no dia 15 de abril de 1858. Descendente de família judia, estudou filosofia na Escola 
Normal Superior de Paris. Estudou as teorias de Auguste Comte e Herbert Spencer, o que fez 
com que conferisse uma matriz científica às suas teorias. Foi professor de Ciências Sociais e 
Pedagogia na Universidade de Bordeaux e em Sorbonne. Sua teoria dos fatos sociais influiu 
decisivamente sobre o desenvolvimento da Sociologia Científica e junto com Karl Marx e Max 
Weber é considerado um dos fundadores da sociologia moderna.
Durkheim escreveu obras que foram definitivas nos rumos dos estudos sociológicos. No livro 
“Da Divisão do Trabalho Social” (1893), ele estabeleceu as bases da sociedade onde cada 
indivíduo deveria exercer uma função específica, buscando uma solidariedade social. No livro 
“As Regras do Método Sociológico” publicado em 1895, estabeleceu as bases para a sociologia 
como ciência, defendendo que os fenômenos sociais deveriam ser analisados e demonstrados 
por meio de técnicas específicas. Em “O Suicídio” (1897), avaliou que o maior nível de integração 
social estava ligado aos índices de suicídio, quanto mais fracos os laços sociais maiores as 
chances de suicídios. Durkheim morreu em 15 de novembro de 1917, em Paris.
Principais Obras:
1893 - Da Divisão do Trabalho Social
1895 - As Regras do Método Sociológico
1897 - O Suicídio
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Max Weber concentrou seus estudos nas interações sociais. Sua intenção era compreender 
a lógica social do comportamento humano. Se parte do nosso comportamento pode ser 
explicado pelas variáveis econômicas ou psicológicas, também é possível compreender suas 
motivações sociais. Weber defendia que todo comportamento humano possui um sentido 
compreensível socialmente, portanto perceptível para outras pessoas. Logo, se uma pessoa 
vai à farmácia comprar remédio é porque aquele é o lugar definido pelos indivíduos da 
sociedade para fazer aquela ação. O exemplo é simples, mas observamos muitas pessoas 
que se comportam de maneira incompatível com o ambiente em que se encontram. 
Contudo, para ele a relação social só existe quando os sujeitos da ação agem com 
reciprocidade. Nesse sentido, as pessoas em uma fila de banco possuem pouca ou nenhuma 
relação entre elas. A relaçãoreal existente ocorre entre o usuário e o banco no qual irão realizar 
alguma atividade. A partir daí podemos falar em relações de trabalho, relações conjugais.
Para investigar as relações sociais Weber utiliza um método que é criar tipos ideais a partir 
dos quais poderíamos abranger a realidade social. Os tipos sociais são conceitos na sua 
forma pura e são utilizados como referência na análise social. Daí que ele identifica 4 tipos 
de ação social: ação afetiva; ação tradicional; ação racional orientada por valores; ação 
racional orientada pelos fins. Ou seja, quando estamos furiosos ou apaixonado agimos de 
acordo com nossas emoções. Nas ações tradicionais também não raciocinamos uma vez que 
repetimos comportamentos sem questionamento. Podemos agir aparentemente de maneira 
irracional mais podemos estar obedecendo regras, assim como podemos agir de maneira 
aparentemente selvagem mas unicamente orientado por nossos objetivos.
Entre o pensamento revolucionário de Marx e o 
conservadorismo de Durkheim, encontra-se Weber, que 
inaugurou uma nova perspectiva de análise da realidade 
social. A abordagem de Weber trouxe elementos novos, 
pois na sua ótica o indivíduo tem um papel mais importante 
na produção da ordem social. Além disso, se agimos de 
acordo com o que pensamos, as ideias passam a ter papel 
de destaque na transformação da realidade. 
O livro sobre a Ética protestante e o espírito do capitalismo 
de Weber é um exemplo de como o sentido que as pessoas 
atribuíam à sua conduta influencia a sociedade. Weber 
percebe que o capitalismo prosperou mais rapidamente 
em países de tradição protestante e associou este fato a 
existência de uma ética que favorecia o seu desenvolvimento. 
De certa maneira, o protestantismo valorizava o trabalho, 
uma vida modesta e econômica, incentivava à leitura 
e interpretação da Bíblia o que no conjunto favorece o 
capitalismo e a industrialização. 
Weber percebeu que entre o fim do feudalismo e o início 
da era moderna a expansão do racionalismo produziu 
um desencantamento do mundo que se caracteriza pelo 
esgotamento da explicação religiosa do mundo. Naquela 
época entre acreditar no padre católico e o que estava 
escrito na Bíblia, esta desconfiança, ou atitude questionadora 
tão importante para o conhecimento cientifico, apesar de 
religiosa no contexto protestante já traduzia a inserção da 
racionalidade no mundo da fé. O mundo ia caminhando na 
direção de uma sociedade capitalista, racional e industrial.
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todo comportamento 
humano possui um sentido 
compreensível socialmente, 
portanto perceptível para 
outras pessoas.
Weber
http://www.youtube.com/watch?v=omekOp57l
P0&feature=related
Durkheim
http://www.youtube.com/watch?v=mmmaPJ_
TAkA&feature=related
Marx
Mani festo do Par t ido Comunista em 
c a r t o o m : h t t p : / / w w w. y o u t u b e . c o m 
watch?v=Xp4Owv2iY4I
Saiba mAIS
Max Weber
Maximillion Weber (1864-1920) foi sociólogo e economista 
alemão. Nasceu em Erfurt, Turíngia, Alemanha, em 21 de 
abril de 1864. Filho de advogado de classe média alta, viveu 
em um ambiente intelectual. Em 1883 prestou serviço militar. 
Estudou direito, economia, história e fi losofi a. Casou-se 
em 1893 com Marianne Schnitger e tornou-se professor 
de economia na Universidade de Heidelberg. Entre 1900 
e 1903, fi cou afastado do magistério em consequência 
de um colapso nervoso. No período que fi cou afastado, 
colaborou em diversos jornais alemães e realizou diversas 
pesquisas. Em 1904 e 1905 publicou em duas partes A 
Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, sua obra 
mais conhecida e fundamental para a refl exão sociológica, 
onde realizou importante estudo sobre religião, afi rmando 
que o catolicismo tradicional impedia o desenvolvimento e 
prosperidade econômica por condenar os lucros, enquanto 
a religião protestante defendia a produção de riqueza, 
encarando o trabalho como meio de valorização espiritual. 
Durante a Primeira Guerra Mundial, foi encarregado de 
administrar hospitais militares de Heidelberg e ao término do 
confl ito, voltou ao ensino da disciplina de economia, primeiro 
em Viena e em 1919 em Munique, onde dirigiu o primeiro 
instituto universitário de sociologia na Alemanha. Em 1918 
esteve presente em Versalhes para a assinatura do tratado 
de paz e foi conselheiro para os redatores da Constituição 
da República de Weimar. 
Max Weber é considerado um dos fundadores da sociologia 
moderna, ao lado de Marx e Durkheim. Weber possui muitos 
seguidores, entre eles o sociólogo francês Raymond Aron, 
o ensaísta brasileiro José Guilherme Merquior e o escritor 
Sérgio Buarque de Holanda. Morreu em Munique, vítima de 
pneumonia aguda, no dia 14 de junho de 1920.
Principais Obras:
1904 - A ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
1910/1920 - Economia e Sociedade (obra póstuma)
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Por fi m, essas ideias não devem ser compreendidas como 
teorias que se opõem. Se um autor enfatiza um determinado 
aspecto na análise sociológica, isso não significa que 
ele ignore por completo a infl uência de outras variáveis. 
Mais do que respostas prontas, a Sociologia nos propõe 
o questionamento e a refl exão constante sobre o mundo 
ao nosso redor. A realidade social é um todo complexo. 
As teorias são necessárias porque ajudam a entender os 
diferentes aspectos da nossa sociedade. E essa análise deve 
ser feita com cuidado e rigor para que possamos ultrapassar 
o conhecimento do senso comum e produzir um saber mais 
refi nado sobre o mundo em que vivemos e o nosso lugar nele.
Marx e a Educação
http://www2.fc.unesp.br/revista_educacao/
arquivos/Marxismo_ciencia_e_educacao.pdf
Durkheim http://www.airtonjo.com/socio_
antropologico02.htm
Weber e a educação
http: / /www.ufpi .br /subsi teFi les/ppged/
arquivos/files/eventos/evento2002/GT.4/
GT4_3_2002.pdf
Indo além
T4 1.4 A sociedade liquida (texto Complementar)
https://xa.yimg.com/kq/groups/18914010/1417167775/name/ZYGMUNT+BAUMAN.pdf
Vamos agora aprender como a educação pode transformar a realidade social em que vivemos.
Boa leitura!
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A Relação Indivíduo / Sociedade - Módulo 1 Estudos Socio-Antropológicos
Referências
ALBRECHT, Karl. Inteligência Social: a nova ciência do sucesso. São Paulo: Makron Books, 2006.
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2001.
DIAS, Reinaldo. Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções (1789-1848). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens da nossa época. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
Conclusão
Após a leitura desta unidade você deve ter entendido como cada indivíduo é importante para a formação 
da sociedade e a importância da formação de grupos sociais, com ideais aceitos pela grande maioria de 
seus membros.
Aprendemos que a família é a primeira instituição social do qual fazemos parte, sendo de suma importância 
as instituições de ensino e religiosas.
 
Aprendemos também que a interação forma grupos sociais em razão de afi nidades seja cultural, política ou 
até mesmo torcer para o mesmo time de futebol.
Aprendemos também como a economia afeta a sociedade transformando nossos ideais. A Revolução 
Industrial não mudou apenas a forma de produzir, mas também a forma de pensar, e que o capitalismo 
acentuou as diferenças sociais.
Por fi m, conhecemos um pouco sobre os grandes fi lósofos que estudaram as mudanças sociais a partir da 
razão humana e que infl uenciaram o pensamento humano.

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