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é preponderante na Teoria Geral do Estado. Para Aristóteles: “Política é a Ciência do Estado”. Teoria Geral do Estado – “Ciência Cultural, de fundo eminentemente sociológico, com a finalidade precípua de investigar a específica realidade da vida estatal, nas suas amplas conexões.” Teoria Geral do Estado – Tríplice aspecto: analisa o poder na sua realidade social, política e jurídica. Fontes da Teoria Geral do Estado: os dados e os fatos que compõe a história. A Teoria Geral do Estado, então, preocupa-se em estudar o fenômeno político por excelência, qual seja, o Estado, como pessoa jurídica dotada de um poder soberano e de um ordenamento jurídico visando o bem comum, a Ciência Política, por sua vez, preocupa-se com os aspectos práticos do exercício do referido poder. Isso considerando que o Estado é mero instrumento para se alcançar o bem comum da sociedade. Como disciplina jurídica, estudada em universidades da Europa, sua origem é incutida ao doutrinador alemão Georg Jellinek. Na condição de professor titular da Universidade de Heidelberg, Jellinek é o precursor da “Teoria Geral do Estado” como matéria a ser aplicada em sala de aula, contemplando no estudo do Estado questões de cunho filosófico, sociológico, político, antropológico, dentre outros aspectos. O fato da Alemanha ainda estar se consolidando como “Estado”, contribuiu para que Jellinek escrevesse sua principal obra, em 1900. A unificação dos estados alemães ocorreu em 1871, mas ainda carecia de melhor organização política, em torno do poder central. No Brasil não havia uma uniformidade sobre o assunto. Algumas faculdades ensinavam TGE como matéria inserida em “Direito Constitucional I”. Somente em 30/12/1994, por intermédio do então Ministro da Educação, Murilo de Avellar Hingel, instituiu-se a disciplina, como algo normatizado. Na oportunidade englobou Ciência Política e Teoria Geral do Estado como um único instituto. Através da promulgação da Portaria 1.886, no seu artigo 6º, assim foi estabelecido: “O conteúdo mínimo do curso jurídico, além do estágio, compreenderá as seguintes matérias, que podem estar contidas em uma ou mais disciplinas do currículo pleno de cada curso: I) Fundamentais: Introdução ao Direito, Filosofia (geral e jurídica), ética geral e profissional), Sociologia (geral e jurídica), Economia e Ciência Política (com Teoria do Estado).” Apesar da pequena obscuridade, as faculdades de direito não tiveram dúvidas e incluíram, numa mesma disciplina, os dois temas. A interdisciplinaridade Não há como negar a dimensão interdisciplinar da ciência política, principalmente no que tange às ciências sociais e humanas, destacando aqui a influência da sociologia, filosofia, história, geografia, administração, economia e psicologia. O direito, por sua vez, é a principal fonte e que mais contribui para a disciplina. Mas o caráter interdisciplinar é fator marcante e que merece destaque. Bobbio, por exemplo, enaltece muito a chamada “filosofia política” onde o doutrinador destaca não apenas o “ser” mas como então “deveria ser” o Estado. Um aprimoramento técnico do que Platão pregava na sua obra “A República”. No início não havia distinção maior entre filosofia e ciência. A separação conceitual se deve a idade moderna. De um lado tinha-se a atitude escolástica, espiritualista, de raízes cristãs, aristotélicas e platônicas. De outro, o começo da atitude que seculariza o pensamento filosófico em escolas recentes, as quais só chegam, no entanto, ao pleno amadurecimento de suas teses mais destacadas e tidas como antiespiritualista, depois da abertura de horizontes pela filosofia Kantiana. Conclusão: Assim, pode-se afirmar que a Ciência Política está preocupada com o real e efetivo funcionamento do governo ou exercício do poder político. Não busca idealizar um governo justo ou perfeito. A República, de Platão, é um exemplo de “filosofia política”, porque nela ele descreve o Estado ideal e suas funções. Outros filósofos políticos foram: o orador romano Cícero, autor de outra “República”, Santo Agostinho, com a sua “A cidade de Deus”, Tomás de Aquino e Dante, ambos escrevendo sobre a monarquia, dentre outros. A ciência política, desta feita, preocupa-se com os aspectos práticos do exercício do poder. A forma de se portar o homem em sociedade. Já a Teoria Geral do Estado preocupa-se com a estruturação do Estado em si. Por fim, ressalta-se que a partir de 1994 o Governo Federal exigiu junto as faculdades de direito a existência da disciplina de “Ciência Política”, a qual era contemplada quando se abordava sobre “Teoria Geral do Estado”, gerando uma certa confusão. Provavelmente a intenção era deixar claro que o conteúdo deveria ser aplicado como disciplina isolada, e não vinculada ao Direito Constitucional, como ocorria em algumas faculdades. CIÊNCIA POLÍTICA – Visão Crítica A evolução da humanidade caminha a passos largos. É fácil observar que o extraordinário avanço das ciências e das tecnologias de comunicação e de transporte transformou radicalmente o padrão de relações sociais, principalmente nos últimos 40 anos, onde o homem além de conquistar o espaço desenvolveu-se tecnologicamente de forma assustadora. No entanto, a despeito de toda essa evolução científica, das descobertas e inovações, o desemprego, a pobreza, o medo e a violência mancham o tecido social e reduzem drasticamente o acesso aos benefícios do progresso. A marginalização social é presente em nosso país, que por sua vez acaba por gerar um sistema econômico injusto, desigual e instável. Mesmo aqueles que mantêm um bom padrão de vida não conseguem gozá-la em sua plenitude, pois o cotidiano de sucesso acaba sendo convivido com medo e insegurança. O receio de um sequestro, roubo ou até a perda da vida compromete todo um trabalho conquistado com muito esforço e dedicação. É possível afirmar então que a ciência e a tecnologia não elevaram o grau de qualidade de vida da maioria da população, que permanece em grande parte submetida à corrupção, à burocracia e à hegemonia dos interesses privados, sob governos que aprofundam o fosso de históricas desigualdades. E mais, cabe concluir que o século 20 chegou ao fim sem ter criado condições para aplacar um dos principais males; a pobreza. Nações marcadas por sua inserção na periferia do capitalismo, como o Brasil, convivem com o problema sem buscar maiores alternativas para o combate da referida mazela. Não se realizaram as expectativas que o modelo de desenvolvimento industrial propunha. A recente abertura do mercado interno para a produção e o capital internacional prometia benefícios ao Brasil, como estratégia de uma suposta globalização tecnológica. As evidências indicam, ao contrário, a existência de um processo de especialização e diferenciação crescente dos sistemas de mudança técnica das nações, conseqüência do processo de globalização. Na atualidade tão conturbada, é difícil entender por que a maior parte dos cientistas políticos mantém-se distante dos debates sobre políticas de educação, ciência e tecnologia, e ausente das avaliações de ações governamentais. Ou será que são mantidos à distância? É certo que a ciência política pode de fato contribuir para uma sociedade mais feliz e justa. Vale a pena refletir um pouco sobre essas questões. A ciência política é uma ferramenta essencial na construção de um mundo melhor. E, se é tão pouco utilizada, talvez seja porque a política é uma ciência que incomoda. A ciência política analisa fatos – ações – e o funcionamento de instituições; avalia os resultados das ações, das políticas implementadas. Ela não busca intenções. Através dos fatos, descreve os vários interesses que justificam e orientam as ações em um sentido, e não em outro, em determinado momento histórico e em contexto específico. Demonstra, então, a rede de relações de poder que vai sendo tecida no jogo de interesses que ora se articulam, ora se afastam, que às vezes negociam