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Perls e a Gestalt Terapia

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FREDERICK S. PERLS E A GESTALT-TERAPIA
Psicologia da Personalidade
História Pessoal
Frederick S. Perls foi criador da Gestalt-terapia. Ao contrário de Freud, Jung,Adler, James e outros, suas contribuições para a psicologia da personalidadeocorrem principalmente na área da prática da psicoterapia.
Perls nasceu em Berlim, era médico especializado em psiquiatria. Enquanto terminava seu treinamento médico, juntou-se ao exército alemão e serviu como médico na Primeira Guerra Mundial. Em 1926, trabalhou com Kurt Goldstein no Instituto de Soldados com lesões Cerebrais e compreendeu através de seu trabalho com Goldstein a importância de consideraro organismo humano como um todo, ao invés de vê-lo como um aglomerado de partes funcionando desordenadamente.
Em 1933, com a ascensão de Hitler ao poder, Perls partiu para a Holanda e depois África do Sul, onde fundou o Instituto Sul Africano de Psicanálise. Voltou à Alemanha em 1936 para apresentar um trabalho no Congresso Psicanalítico e encontrar-se comSigmund Freud. O encontro foi uma grande decepção para Perls.
No início dos anos sessenta, foi para o Instituto Esalen em Big Sur, na Califórnia, onde propôs workshops, lecionou e passou a ser amplamente conhecido como expoente de uma filosofia e de um método de psicoterapia novos e viáveis. Morreu em 1970 na ilha de Vancouver, o local da primeira comunidade gestáltica terapêutica.
Antecedentes Intelectuais
As principais correntes intelectuais que influenciaram diretamente Perls foram àpsicanálise, apsicologia da Gestalte oexistencialismo e a fenomenologia. O primeiro livro que Perls escreveuEgo, Hunger and Aggression,não pretendia fornecer uma nova teoria da personalidade, mas deveria constituir uma revisão da teoria psicanalítica.
De fato, uma boa parte do trabalho de Perls foi dedicado ao desenvolvimento do que considerava uma extensão do trabalho de Freud, mesmo após seu rompimento formal com este último. As divergências entre Perls e Freud estavam relacionadas principalmente com os métodos de tratamento psicoterápico de Freud, mais do que com suas exposições teóricas sobre a importância das motivações inconscientes. “Não as descobertas de Freud, mas sua filosofia e técnica tornaram-se obscuras” (Perls, 1969b, p.14).
Na discussão da influência dapsicologia da Gestalt sobre Perls, o conceito organismo humano como um todo foi de grande importância, essa abordagem holística em que cada um dos elementos de expressão do organismo está em íntima relação com o todo, levou ele a dar ênfase particular, aocontrário de Freud, ao material óbvio mais do que ao profundamente reprimido. Perls acentuava a importância do exame da situação da pessoa no presente, ao invés da investigação de causas passadas como sugeria Freud. Também acreditava que a consciência docomoa pessoa se comporta a cada momento é mais relevante para a auto compreensão e a capacidade para mudança do que uma compreensão doporquêde um determinado comportamento.
O início da divergência de Perls com relação à abordagem freudiana referia-se àteoria dos instintos e da libido, na visão de Perls, então, nenhum instinto é “básico” todas as necessidades são expressões diretas de instintos do organismo. A outra influência psicanalítica importante sobre Perls foi à de um de seus analistas, Wilhelm Reich, o qual desenvolveu a noção de “couraça muscular”; ele também acentuou a importância do caráter na determinação da maneira pela qual uma pessoa atua.
Psicologia da Gestalt
A psicologia Gestalt desenvolveu-se como um protesto contra a alternativa de compreender a experiência através de uma análise atomística – análise na qual os elementos de uma experiência são reduzidos aos seus componentes mais simples, sendo que cada componente analisado separadamente dos outros e em experiência é entendida como mera soma desses componentes.
Embora não haja nenhum equivalente preciso em português para a palavra alemã Gestalt, o sentido geral de uma disposição ou configuração – uma organização específica de partes que constituem um todo particular. O princípio mais importante da abordagem gestáltica é de propor que uma análise das partes nunca pode proporcionar uma compreensão do todo.
Max Wertheimre publicou o trabalho que é geralmente considerado o fundamento da escola gestáltica. Seu trabalho descrevia um experimento executado por Wertheimre e dois colegas – também figuras centrais do movimento gestáltico. Este experimento foi planejado para explorar certos aspectos da percepção de movimento. Os resultados desse experimento levarão a algumas formulações fundamentais no estudo da percepção e durante as décadas de vinte, trinte e quarenta de nosso século, a teoria da Gestalt foi aplicado ao estudo da aprendizagem, resolução de problemas, motivação, psicologia social.
Um a visão gestáltica da teoria da personalidade foi exposta pelo psicólogo social Kurt Lewin, descrevia o comportamento como função de forças operando no “espaço vital” psicológico de um indivíduo, definido como configuração total da realidade psicológica desse indivíduo num dado momento. A teoria da Gestalt ofereceu algumas sugestões a respeito dos modos pelos quais os organismos se adaptam para alcançar sua organização e equilíbrio ótimos.
Existencialismo e Fenomenologia
Perls descreveu a Gestalt – terapia como uma terapia existencial, baseada na filosofia existencialista e utilizando-se de princípios em geral considerados existenciais e fenomenológicos. A ideia de que mente e corpo constituem dois aspectos da existência diferentes e completamente separados, era uma noção que Perls junto com a maioriados existencialistas, achava intolerável.
Ao invés de considerar que cada ser humano encontra um mundo que ele experiência como sendo completamente separado de si mesmo, Perls acreditava que as pessoas criam e constituem seus próprios mundos; o mundo existe para um dado indivíduo como sua própria descoberta do mesmo. O conceito da intencionalidade é básico tanto para o existencialismo e a fenomenologia quanto para o trabalho de Perls; a mente ou consciência é entendida como intensão e não pode ser compreendida à parte do que é pensado ou pretendido.
Todo ato psíquico é intensão, e toda intensão deve ser compreendida em seus próprios termos, e não em termos de um ato psíquico mais “básico”. Dois temas importantes da maior parte do pensamento existencialista são a experiência do nada e a preocupação com a morte e o medo. A confiança fenomenológica na intuição para o conhecimento das essências assemelha-se a confiança de Perls no que ele chama de inteligência ou sabedoria do organismo. Uma vez que, na estruturafenomenológica, a argumentação perde o sentido a não ser que o leitor, fora do contexto de sua própria experiência, decida a aceitar as premissas de Perls desde o início.
CONCEITOS PRINCIPAIS
O Organismo Como Um Todo
Na teoria de Perls, a noção deorganismo como um todo é central – tanto em relação ao funcionamento intra- orgânico quanto à participação do organismo em seu meio para criar um campo único de atividades. Para ele, os seres humanos são organismos unificados e em que não há nenhuma diferença entre o tipo de atividade física e mental. Ele definia atividade mental simplesmente como atividade da pessoa toda que se desenvolve num nível mais baixo de energia que a atividade física.
Protestava contra a noção de divisão corpo/mente, protestava também contra a divisão interno/externo, considerava que a questão de as pessoas serem dirigidas por forças internas ou externas não tinha nenhum sentido em si, uma vez que os efeitos causais de um são inseparáveis dos efeitos causais do outro.
Ele sugeriu que as pistas do ritmo de contato e afastamento são ditadas por uma hierarquia de necessidades. As necessidades dominantes emergem como primeiro plano ou figura contra o fundo da personalidade total, a ação efetiva é dirigida para a satisfação de uma necessidade dominante.
Ênfase no Aqui e Agora
A Gestalt-terapia não investiga o passado com a finalidade deprocurar traumas ou situações inacabadas, mas convida o paciente simplesmente a se concentrar para tornar-se consciente de sua experiência presente, pressupondo que os fragmentos de situações inacabadas e problemas não resolvidos do passado emergirão inevitavelmente como parte desta experiência presente. Perls definiuansiedadecomo a lacuna, a tensão entre o “agora” e o “depois”. Uma tendência ao seu trabalho é a de que viver com a atenção voltada para o presente, ao invés do passado ou futuro é em si, algo bom que leva ao crescimento psicológico.
A Preponderância doComoSobre oPorquê
No trabalho gestáltico a pessoa tenta “complexar”, no presente, situações inacabadas no passado. Segundo Perls, o determinante causal –oporquê- da ação é irrelevante para qualquer compreensão plena da mesma, toda ação tem causas múltiplas, assim como toda causa tem causas múltiplas.Uma relação causal não pode existirentre elementos que formam um todo, todo elemento causa e é causado por outros. Assim, na prática da Gestalt-terapia, a ênfase está em ampliar constantemente a consciência da maneiracomoa pessoa se comporta, e não em esforçar-se para analisar a razão pela qual se comporta de tal forma.
Conscientização
Todos os conceitos estudados até agora, constituem os fundamentos para entendermos aconscientizaçãoque é o ponto central da abordagem terapêutica de Perls. Pois o fator mais importante que inibe o crescimento psicológico é a fuga da conscientização.Ele considerava maduro e saudável o indivíduo auto apoiado e auto regulador. Sugeriu ele que, de acordo com a teoria da Gestalt que a hierarquia de necessidades está sempre operando na pessoa. Ou seja, a necessidade mais urgente sempre emerge se a pessoa estiver consciente de si mesma a todo o momento.
Perls acredita na ideia decontinuum de consciência, que em outras palavras, é estar consciente do que experienciamos a cada instante, mas a maioria das pessoasnão o faz, pois ao presenciarem algo desagradável, interrompem o continuum quase que automaticamente. Assim, ocorrendo à fuga de pensamentos, expectativas, recordações e associações de uma experiência a outra, ficando apenas com flashes sem nenhuma assimilação com o material. Tampouco podem trabalhar com a conscientização desagradável, permanecendo assim, empacados em situações inacabadas.
Para Perls existem três zonas de consciência: consciência de si mesmo, consciência do mundo e a consciência do que está “entre” (zona de fantasia). Esta última, que acaba impedindo a conscientização das outras duas, foi a grande contribuição de Freud, considerava ele.
Dinâmica
Baseado no crescimento psicológico, Perls definia a maturidade psicológica como sendo capacidade de emergir do apoio e da regulação ambientais para um auto apoio e uma auto regulação. Uma das proposições básicas da Gestalt é que todo o organismo possui a capacidade de realizar um equilíbrio consigo e com seu meio. Para isso é preciso uma conscientização desobstruída da hierarquia das necessidades descritas anteriormente.
A imaturidade e a neurose seriam a incapacidade de regular seu equilíbrio. Indivíduos auto apoiados e autorregulados caracterizam-se pelo livre fluir e pelo delineamento da formação figura-fundo. Têm consciência das fronteiras entre eles mesmos e os outros; e estão conscientes da distinção entre as fantasias sobre os outros (ou ambiente) e o que experienciam através do contato direto. O equilíbrio propõe com isso uma constante interação com o meio.
A neurose, De acordo com Perls, seria uma estrutura dividida em cinco camadas. Camada dos clichês ou existência dos sinais que são os sinais de contato (bom dia, oi, como está, o tempo está bom, etc). Camada dos papéis ou jogo, que é acamada do “como se fosse”, ou seja, a pessoa finge que é aquela que gostaria de ser (Homem competente, menina sempre bonitinha, etc). Camada do impasse, também denominada como camada da anti-existência ou do evitar fóbico, que é alcançada após reorganizaras duas primeiras camadas (aonde experienciamos o vazio, o nada. E, para evitarmos o nada, geralmente retrocedemos à camada dos papéis). Mas, se mantermos nossa auto consciência, alcançaremos a morte ou camada implosiva, que é chamada assim porque consiste na paralisia de forças opostas. E, por último, a camada explosiva, que é a emergência da pessoa autêntica, ou seja, o verdadeiro self. Há ainda um destaque especial para o fato de preferirmos os papéis ao vazio, pois erroneamente interpretamos o vazio como algo ruim. Mas as filosofias orientais, para Perls, têm muito a nos ensinar nesse sentido.
No entanto, Perls mantêm a ideia de que a mudança não pode ser forçada e que o crescimento psicológico é um processo natural e espontâneo.
Obstáculos ao crescimento psicológico
Para Perls a fuga da conscientização e consequentemente a rigidez da percepção e do comportamento são os maiores obstáculos ao crescimento psicológico.
Osneuróticos(aqueles que interrompem o seu próprio crescimento) não conseguem verclaramente suas necessidades e não podem distinguir de forma apropriada entre eles e o resto do mundo. Consequentemente são incapazes de encontrar e manter um equilíbrio entre eles próprios e o restante do mundo. Geralmente a forma que esse desequilíbriotoma é quando a pessoa começa a sentir que os limites sociais e ambientais penetram profundamente dentro dela. A neurose, portanto consiste em manobras defensivas para o equilíbrio e proteção desse mundo invasor.
Perls sugere que existem quatro mecanismosneuróticos básicos que impedem o crescimento psicológico:Introjeção(a pessoa introjetiva faz como os outros gostariam que ela fizesse) - os indivíduos incorporam padrões, atitudes, modos de pensar e até mesmo agir que não são deles próprios;Projeção(apessoa projetiva faz aos outros aquilo que os acusa de lhe fazerem) - é a tendência de responsabilizar os outros pelo que se origina no Self;Confluência(neurótica) - é o terceiro mecanismo neurótico básico. Na confluência os indivíduos não experienciam nenhum limite entre eles próprios e o meio ambiente;Retroflexão- é quarto mecanismo neurótico, indivíduos retroflexores voltam-se contra si mesmos e ao invés de dirigir suas energias para mudanças e manipulações do seu meio, dirigem para si próprio. Tornam-se o sujeito e o objeto de todas as suas ações.
Perls ainda afirma que raramente esses mecanismos operam isolados, e que sua principal função é a confusão na discriminação dos limites.
ESTRUTURA
Perls falava em sete estruturas, sendo elas: Corpo, Relacionamento Social, Vontade, Emoções, Intelecto, Self e Terapeuta.
Corpo
Para Perls nossos corpos são manifestações diretas de quem somos. Pela simples observação de nossos mais aparentes comportamentos podemos aprender muito sobre nós mesmos.
Relacionamento Social
Perls considera o indivíduo como participante de um campo do qual ele é diferenciado, mas inseparável. O sentido de pertinência a um grupo é nosso principal impulso de sobrevivência psicológica.
Vontade
O conhecimento de suas próprias preferências leva ao conhecimento de suas necessidades; a emergência da necessidade dominante é experenciada como preferência pelo que satisfará a necessidade. Ao usar o termo preferência Perls está enfatizando a qualidade natural e organísmica da vontade saudável.
Emoções
Considera a emoção como força que fornece energia a toda ação. É a expressão de nossa excitação básica, se for bloqueada criaremos a ansiedade.
Intelecto
Perls acreditava que o intelecto foi supervalorizado e superutilizado em nossasociedade, sendo reduzido a um mecanismo computadorizado. A preocupação de perguntar por que as coisas acontecem impede as pessoas de experenciarem como elas acontecem, assim a consciência emocional genuína é bloqueada. Explicar, segundo Perls, é propriedade do intelecto e constitui muito menos que compreender.
Sugere que existem três níveis desta produção intelectual supervalorizada: cocô de galinha (bate papo social), cocô de boi (desculpas, racionalizações)e cocô de elefante (teorizar, especialmente demodo filosófico e psicológico).
Self
Perls não tinha nenhum interesse em enaltecer o conceito de self a fim de incluir qualquer coisa além do cotidiano, manifestações óbvias de quem nós somos. Somos quem somos. A noção de self ou “eu” não é estática e objetivável, é simplesmente um símbolo para uma função de identificação. Todos os aspectos do organismo saudável (sensorial, motor, psicológico e assim por diante) identificam-se temporariamente com a gestalt emergente e a experiência do “eu” é essa totalidade de identificações.
Terapeuta
O terapeuta é basicamente uma tela de projeção na qual o paciente vê o seu próprio potencial ausente. O objetivo da terapia é a recuperação deste potencial. O terapeuta é humano e seu encontro com o paciente envolve o encontro de dois indivíduos, o que inclui, mas também vai além, do encontro definido de papéis terapeuta/paciente.
Perls dava total ênfase à terapia em grupo, dizia que o trabalho em grupo tinha muito mais a oferecer, ao criar uma situação de mundo microcósmica, na qual as pessoas podem explorar suas atitudes e comportamentos uns em relação aos outros.
AVALIAÇÃO
A Gestalt-terapia é, sobretudo uma síntese de abordagens que visa a compreensão da psicologia e comportamentos humanos.
Enquanto síntese, a Gestalt-terapia incorporou de forma útil muito da psicologia existencial e psicanalítica, assim como fragmentos do behaviorismo, psicodrama, psicoterapia de grupo e Zen-budismo (enfoque na conscientização do presente).
Perls com o Instituto Esalen tornou aGestalt-terapia uma força importante no movimento do potencial humano. O trabalho dele concentrou-se mais explicitamente em torno da prática da psicoterapia do que em uma teoria da personalidade.
Críticas foram feitas a respeito do uso das técnicas gestálticas com indivíduos psicóticos. A Gestalt-terapia pressupõe uma substancial capacidade de se responsabilizar pelas próprias escolhas, e o próprio Perls questionava a conveniência de se usar Gestalt-terapia com psicóticos.
A Gestalt-terapia desenvolveu-se em reação ao que Perls considerava uma tendência crescente de rigidez e dogmatismo na Psicologia, particularmente na Psicologia Psicanalítica. É certo que a facilidade com que a abordagem gestáltica é traduzida em séries de truques psicoterapêuticos e em curas psicoterapêuticas aparentemente instantâneas não ajuda a mantê-la como um propósito vital e sério, o que Perls pretendia. No entanto Perls contribuiu de forma significativa para uma psicologia holística do organismo humano e para a psicologia da consciência humana.
A teoria em primeira mão
Na Gestalt-terapia trabalha-se por algo mais, promove-se o processo de crescimento e desenvolvimento do potencial humano. O processo de crescimento é um processo demorado, não se pode estalar os dedos e dizer:“Venha, vamos ser felizes! Vamos lá!” Se você quiser, pode conseguir isso com LSD, acelerando tudo, mas isso não tem nada a ver com o trabalho sincero da abordagem psiquiátrica que chamamos de Gestalt-terapia. Precisa-se também preencher os buracos da personalidade, para torná-la novamente inteira e completa.
A ansiedade é a excitação, o élan vital que carregamos conosco, e que se torna estagnado se estamos incertos quanto ao papel que devemos desempenhar. A fórmula da ansiedade é muito simples: a ansiedade é o vácuo entre o agora e o depois.
Continuum de Consciência
O continuum de consciência é um exercício que requer uma imensa disciplina em sua prática, embora tenha como objetivo o desenvolvimento da espontaneidade. Trabalha sobre o princípio gestálticode que, dada a capacidade do indivíduo de manter uma consciência contínua de sua própria experiência, a situação inacabada mais importante sempre emergirá para ser trabalhada.
As instruções são simples: apenas tenha consciência, a cada segundo, do que você está experienciando – como você experiencia sua existência agora. Observe o progresso de sua consciência. Quando é que você se interrompe com planos, ensaios, fantasias, recordações? Preste atenção especial aos modos pelos quais você sabota seus próprios esforços em sustentar a conscientização; são esses os modos pelos quais você via de regra se impede de contatar plenamente com o mundo e com sua própria experiência.
Trabalho com sonhos
Perls sugere que sonhos são mensagens existenciais que podem nos ajudar a compreender quais as situações inacabadas que carregamos conosco. Ele descreve as oportunidades de crescimento através do trabalho com sonhos desta forma:
“Em Gestalt-terapia nós não interpretamos sonhos. E em vez de analisar e contar o sonho, nósqueremos trazê-lo de volta à vida. E o jeito de trazê-lo a vida é reviver o sonho como se ele estivesse ocorrendo agora.
Se você compreender o que pode fazer com os sonhos, poderá fazer muitas coisas por você mesmo, sozinho. Pegue um velho sonho ou fragmento de sonho, não importa. Enquanto você ainda se lembra dele, ele ainda está vivo e é acessível, e ainda contém uma situação inacabada, não assimilada.
Nós encontramos tudo que precisamos no sonho, na periferia do sonho, no ambiente do sonho. A dificuldade existencial, a parte da personalidade que está faltando, tudo está aí. É uma espécie de ataque central, bem no meio da sua não-existência.
O sonho é uma excelente oportunidade de descobrir os furos da personalidade. Eles aparecem como vazios, espaços embranco, e quando se chega à vizinhança de tais buracos, fica-se confuso ou nervoso.”
(Perls, 1976, pp.101-103.)

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