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Drenagem Urbana Hidrologia Urbana: Modelagem Chuva - Vazão Engenharia Civil Professor Marcos André 1. Modelagem Chuva – Vazão A modelagem chuva-vazão tem por objetivo representar o comportamento de um sistema hidrológico, que normalmente é uma bacia hidrográfica, por meio de equações matemáticas, de forma a fornecer informações de descarga líquida em um determinado ponto. Esse tipo de procedimento é utilizado em bacias sem informações de vazão medidas em campo. Depois da medição dos dados de chuva, é possível obter estimativas de vazão em qualquer ponto de uma bacia hidrográfica. 1. Modelagem Chuva – Vazão De forma resumida, o procedimento da modelagem chuva-vazão possui os seguintes passos: (i) levantamento das informações disponíveis e caracterização do local de estudo (topografia do terreno, infraestrutura existente, cadastro da rede pluvial, ocupação e uso do solo, dados climatológicos, dados dos cursos d’água, etc.); (ii) definição do período de retorno e dos riscos associados, levando em conta tanto os aspectos sociais e econômicos como os objetivos do projeto em desenvolvimento; (iii) determinação da precipitação de projeto de acordo com as informações climáticas da região, que normalmente emprega as curvas de intensidade-duração-frequência; 1. Modelagem Chuva – Vazão (iv) determinação do escoamento superficial direto perfazendo a simulação da transformação chuva-vazão com a aplicação de um modelo hidrológico; (v) determinação das vazões de projeto; Observações: a) A modelagem é necessária à determinação dos hietogramas de projeto. Normalmente são gerados hidrogramas para os tempos de retorno usualmente utilizados em projeto, ou seja, 2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos.; b) Adota-se, tradicionalmente, que a duração da chuva é igual ao tempo de concentração das bacias estudadas. 1. Modelagem Chuva – Vazão Escolha do Período de Retorno Tormenta de Projeto Escoamento Superficial Direto Vazões e Volumes de Projeto Dimensionamento Hidráulico Política Economia Hidrometeor. Hidrologia/ Uso do Solo Hidrologia Hidráulica 1. Modelagem Chuva – Vazão Período de Retorno- T Conceito - Probabilidade - p - Probabilidade acumulada - P - Período de retorno - T T= 1/P Valores Usuais Tipo de Ocupação da Bacia Projeto T (anos) Residencial micro 2 Comercial, Aeroportos, etc micro 5 Grandes artérias de tráfego micro 5-10 Residenciais e comerciais macro 50-100 Áreas especiais macro >500 1.1. Escoamento Superficial 1.2. Métodos Clássicos de Análise 1.2. Métodos Clássicos de Análise Método Racional - Bacias com pouco armazenamento. - Chuva uniforme ao longo da duração. - Bacias Pequenas e Urbanizadas (< 3 km²). Métodos baseados no Hidrograma Unitário - Leva em conta o armazenamento nas bacias e a variação temporal das chuvas. - Supõe uniformidade espacial. - Bacias até 500 km2 (*). 1.2. Métodos Clássicos de Análise 1.2. Métodos Clássicos de Análise 1.2. Métodos Clássicos de Análise 1.2. Métodos Clássicos de Análise 1.2.1 Método Soil Conservation Service - SCS a) Formulação SIaP IaP he 2 IaP 0he IaP quando quando he = chuva excedente em mm P = chuva acumulada em mm Ia = Perdas iniciais (interceptação, etc) S = parâmetro de armazenamento Valores de CN: S S Ia 2,0 5 254 CN 25400 S 1.2.1 Método Soil Conservation Service - SCS • O parâmetro CN depende dos seguintes fatores: tipo de solo, condições de uso e ocupação do solo, umidade antecedente do solo. 1.2.1 Método Soil Conservation Service - SCS 40 55 75 1.2.1 Método Soil Conservation Service - SCS b) Tipo de Solo 1.2.1 Método Soil Conservation Service - SCS b) Tipo de Solo 1.2.1 Método Soil Conservation Service - SCS c) Condições de uso e ocupação do solo As Tabelas abaixo fornecem valores de CN para os diferentes tipos de solo e respectivas condições de ocupação. Cabe ressaltar que essa tabela refere-se à Condição II de umidade antecedente do solo. Uso do solo Tratamento Condição hidrológica Tipo de solo A B C D Sem cultivo Fileiras retas 77 86 91 94 Cultivo em fileiras Fileiras retas Má 72 81 88 91 Boa 67 78 85 89 Com curvas de nível Má 70 79 84 88 Boa 65 75 82 86 Com curvas de nível e terraços Má 66 74 80 82 Boa 62 71 78 81 Cultivo em fileiras estreitas Fileiras retas Má 65 76 84 88 Boa 63 75 83 87 Com curvas de nível Má 63 74 82 85 Boa 61 73 81 84 Com curvas de nível e terraços Má 61 72 79 82 Boa 59 70 78 81 Leguminosas em fileiras estreitas Fileiras retas Má 66 77 85 89 Boa 58 72 81 85 Com curvas de nível Má 64 75 83 85 Boa 55 69 78 83 Com curvas de nível e terraços Má 63 73 80 83 Boa 51 67 76 80 Pastagens para pastoreio Má 68 79 86 89 Regular 49 69 79 84 Boa 39 61 74 80 Com curva de nível Má 47 67 81 88 Regular 25 59 75 83 Boa 6 35 70 79 Floresta Má 45 66 77 83 Regular 36 60 73 79 Boa 25 55 70 77 Valores do CN para bacias com ocupação agrícola para condições de umidade antecedente AMC II Utilização ou cobertura do solo Tipo de solo A B C D Zonas cultivadas sem conservação do solo 72 81 88 91 com conservação do solo 62 71 78 81 Pastagens ou terrenos em más condições 68 79 86 89 Terrenos baldios em boas condições 39 61 74 80 Prado em boas condições 30 58 71 78 Bosques ou zonas com cobertura ruim 45 66 77 83 Florestais com cobertura boa 25 55 70 77 Espaços abertos, relvados, parques, campos de golfe, cemitérios, boas condições com relva em mais de 75% da área 39 61 74 80 com relva de 50 a 75% da área 49 69 79 84 Zonas comerciais e de escritórios 89 92 94 95 Zonas industriais 81 88 91 93 Zonas residenciais lotes de (m2) % área impermeável <500 65 77 85 90 92 1000 38 61 75 83 87 1300 30 57 72 81 86 2000 25 54 70 80 85 4000 20 51 68 79 84 Parques de estacionamento, telhados, viadutos, etc. 98 98 98 98 Arruamentos e estradas asfaltadas e com drenagem de águas pluviais 98 98 98 98 paralelepípedos 76 85 89 91 terra 72 82 87 89 Valores de CN para bacias com ocupação urbana para condições de umidade antecedente AMC II 1.2.1 Método Soil Conservation Service - SCS d) Condições de umidade antecedente do solo 1.2.1 Método Soil Conservation Service - SCS d) Condições de umidade antecedente do solo Outros autores, como TUCCI (2000), apresentam outros valores: Classes de umidade antecedente do solo conforme a chuva ocorrida nos cinco dias anteriores à chuva crítica no período de crescimento da cultura Classes Chuva ocorrida nos 5 dias anteriores à chuva de projeto (mm) AMC I 0 – 35 AMC II 35 – 52,5 AMC III > 52,5 Fonte: TUCCI (2000). 1.2.1 Método Soil Conservation Service - SCS d) Condições de umidade antecedente do solo • A Tabela abaixo permite converter o valor de CN para condição I ou III, dependendo da situação quese desejar representar. • A Condição II é utilizada normalmente para a determinação do hidrograma do ESD para projeto deobras correntes em drenagem urbana. Correção das curvas de CN para condições iniciais de umidade diferentes da média (AMC II) 1.2.1 Método Soil Conservation Service - SCS Roteiro de Cálculo • Escolhadas condições de saturação do solo; • Determinação do grupo hidrológico do solo; • Determinação do CN para a condição II por meio da Tabela; • Transformação do CN para a condição desejada através de Tabela, se for o caso; • Determinação do escoamento superficial pela Equação SCS. EXERCÍCIOS Exemplo 1 Exemplo 2 Calcular o hietograma da chuva excedente a partir do hietograma de chuva apresentado nas colunas 1 e 2 da Tabela Abaixo, para uma bacia com CN = 85. 1.2.2. Método Racional Para bacias de drenagem que não apresentam complexidade e que tenham áreas de drenagem inferiores a aproximadamente 3km² é recomendado que a descarga de projeto seja analisada pelo denominado Método Racional. Embora criticado por sua simplicidade, é um método largamente aceito e conduz a resultados satisfatórios, quando aplicado dentro de seus limites de validade. 1.2.2. Método Racional 1.2.2. Método Racional Premissas básicas • O pico do ESD, relativo a um dado local de estudo, é função do respectivo tempo de concentração, assim como da intensidade da chuva, cuja duração é suposta como sendo igual a o tempo de concentração; • As condições de permeabilidade da superfície da bacia permanecem constantes durante a ocorrência da chuva; • O pico do ESD ocorre quando toda a área de drenagem, a montante do local em estudo passa a contribuir no escoamento. 1.2.2. Método Racional Limitações O Método Racional fornece somente um ponto do hidrograma do ESD, o pico. Sua aplicação em bacias complexas, com várias sub-bacias, tende a superestimar as vazões, resultando em obras de drenagem superdimensionadas. 1.2.2. Método Racional Dados e informações para aplicação • planimetria da bacia para determinação de sua área. É importante notar que, em áreas urbanas nem sempre a área da bacia é determinada pelo seu divisor de águas, sendo de ocorrência relativamente comum a transposição de águas pluviais de bacias vizinhas através de tubos e galerias; • existência de uma relação intensidade-duração-frequência representativa do regime de chuvas intensas na área; • escolha de um coeficiente de escoamento superficial representativo das condições futuras da bacia; • determinação do tempo de concentração, ou seja, o tempo de percurso da água desde o ponto mais distante da bacia hidrográfica até a seção de interesse. Após o tempo de concentração, toda a área da bacia estará contribuindo para o escoamento, desde que a duração da chuva excedente seja no mínimo igual ao tempo de concentração. 1.2.2. Método Racional Tempo de Concentração 1.2.2. Método Racional Intensidade • Intensidade é a quantidade de chuva que ocorre na unidade de tempo adotada, para uma dada frequência e com uma duração igual ao tempo de concentração. • A seguir encontra-se a equação e as curvas de intensidade, duração e frequência para o município de Palmas. 1.2.2. Método Racional Intensidade 1.2.2. Método Racional Intensidade 1.2.2. Método Racional Coeficiente de Escoamento Superficial Direto (coeficiente de "runoff") Coeficiente de escoamento superficial é função de uma série de fatores, dentre os quais o tipo de solo, a ocupação da bacia, a umidade antecedente, a intensidade da chuva e outros de menor importância. 1.2.2. Método Racional Coeficiente de Escoamento Superficial Direto (coeficiente de "runoff") A adoção, portanto, de um valor de C constante, é uma hipótese pouco realista e deve ser feita com os seguintes cuidados: • o valor de C deve ser determinado para as condições futuras de urbanização da bacia; • se a ocupação da bacia for muito heterogênea, deve-se estimar o valor de C pelo método da média ponderada, conforme exemplo neste capítulo; • o efeito da intensidade da chuva sobre C deve ser levado em conta por meio de correção feita em função do período de retorno, como se explica a seguir. • Usualmente, o coeficiente de escoamento superficial é determinado em função da ocupação do solo (Tabela a seguir). Esta tabela fornece os valores de C para períodos de retorno da ordem de 5 a 10 anos. • Para períodos de retorno maiores recomenda-se corrigir o valor de C , sendo que a respectiva literatura técnica apresenta várias expressões para tal. 1.2.2. Método Racional Coeficiente de Escoamento Superficial Direto (coeficiente de "runoff") Valores do coeficiente de escoamento superficial direto adotados pela Prefeitura do Município de São Paulo (P.S. Wilken, 1978):
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