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A invenção da infância Profa Ana Carolina Campagnole dos Santos O que é a infância? Invenção da infância Concepção natural natureza infantil imaturidade biológica Comportamentos Representação da infância: socialmente e historicamente determinada Representações históricas da infância Phillipe Ariès : A definição de criança se modificou de acordo com os parâmetros ideológicos. Análise das artes A sacralização da infância e a identificação de características específicas às crianças, naturais à elas, só aparece após sec. XVI. IDADE MÉDIA Não havia lugar particular para a criança – insignificante. Infância era um período de transição, rapidamente superado. Com o desenvolvimento físico, participava da vida do adulto (festas, trabalho, jogos...) Trajes semelhantes aos do adulto Socialização ultrapassava a família. Representação artística como pequenos adultos REVOLUÇÃO FRANCESA Ascenção do capitalismo e dos ideais burgueses: valores do indivíduo. Maior mobilidade social – liberdade, direitos e deveres Indivíduo no centro – saúde, trabalho, moral, desenvolvimento, e sua infância. Invenção do individualismo moderno Valorização da racionalidade e do saber científico Criança é o futuro adulto – ideia de preparação, enfoque na educação Emergência do sentimento da infância atrelado à família. Criança é objeto de estudo e de prática educativas, higiênicas e científicas. Especialistas: pedagogia, pediatria, psicologia... Escola – lugar de formação, da moralidade e normatividade. Concepção de criança por Santo Agostinho Santo Agostinho (354-430) Associa a religião cristã coma filosofia grega clássica. No livro “Confissões”, afirma que “a alma da criança não é inocente”, a criança está sujeita as más inclinações. Infância “período que não se fala”, é uma época desprezível, pois a maldade é a verdade da criança até que seja educada e moralizada. Suas ideias influenciaram, durante séculos, a educação e a escola. Especialmente em relação a sua estrutura disciplinar. Concepção de criança por Rousseau Jean-Jacques Rousseau (séc XVIII) Apesar da sua tradição cartesiana e racional, coloca o sentimento na sua visão de homem: o Eu Sensível tem supremacia sobre o Cogito Racional. Percursor do Romantismo: natureza boa e valor, sentimento místico é inseparável do sentimento de interioridade pessoal. A infância tem particularidades quanto ao sentir, agir, pensar. A infância tem importância como a idade adulta. Divisão das fases da vida Infans (bebe) Puer (2 até 12 anos) Idade da força (12-15 anos) Idade das paixões (15-20 anos) Idade da sabedoria e casamentos (20-25 anos) Natureza humana como maleável e mutável. A criança pode ser educada e não apenas instruída: produzir um adulto do bem. Bondade natural do homem – evitar que se torne má. “não há perversidade natural no coração humano. Não se encontra nele um só vício de que não possamos dizer como e por onde entrou” Papel da educação: desenvolvimento das potencialidade e afastamento dos males sociais. Cada etapa da vida, novas lições, formação humana e desenvolvimento de habilidades. Desenvolvimento da sexualidade – só após a infância, a criança é assexuada. Na época do Romantismo, a criança é tida como a redenção humana, a partir de sua criatividade, espontaneidade, liberdade de preconceitos, sensibilidade. “A criança é pai do homem” (William Wordsworth) Freud irá partir dessa frase para demonstrar a importância da infância para a compreensão do funcionamento mental do adulto. Continuidade da mente infantil para ao adulto. Lacan não define o pensamento inconsciente como a permanência da infância. O cultivo da infância no Brasil Só depois do séc. XIX que a criança passa a ser valorizada, em decorrência da nossa estrutura escravocrata e rural. Na sociedade colonial: criança ignorada, diante da valorização da propriedade, saber tradicional e religião > criança é como um “adulto incompetente”. Só com ideia de desenvolvimento, de evolução, que a criança passa a ter uma função na família. As transformações nas famílias Movimento higienista, levam os médicos à reagirem com vigor contra a mortalidade infantil > incompetência, imprudência e ignorância da família e cuidadores. Médico – saber sobre a saúde, sobre a família e moral. Definição dos papéis de mãe e pais. Pai – cuidado material Mãe – cuidado doméstico e educação infantil. Educação: amar e respeitar à nação, não só os pais. Ideia de nocividade das famílias > poder médico sobre a infância ( segredos da vida e saúde infantil, normatividade de comportamentos, visando à proteção da criança); Para os higienistas, a criança era um entidade físico-moral amorfa, que deveria ser disciplinada fisicamente (costumes alimentares, ginástica, controle da masturbação...), e pela disciplina intelectual e moral (culpa, castigos corporais). Colégios Internos - Internatos A criança como sujeito de direitos Crianças ricas x Crianças pobres Políticas educacionais e da família para a elite – preparar para dirigir a sociedade Controle especial das crianças pobres (deliquentes): CÓDIGO DE MENORES (1927) FEBEM – intensificação do processo de criminalização da pobreza. Categoria MENOR – situação irregular; Declaração Universal dos Direitos Humanos – criança como sujeito de direitos; Anos 60 – O Estado brasileiro torna-se interventor e responsável pela proteção e pela assistência à infância abandonada e em situação de risco. Anos 80 – Pastoral da Criança – denuncia à violação de direitos. 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – proteção integral: princípio do melhor interesse da criança; Criança e adolescente: pessoas em desenvolvimento, condição peculiar Inovações do ECA: cidadania e direitos Fala da criança: “ Sempre que possível, a criança ou o adolescente deverá ser previamente ouvido e sua opinião devidamente considerada” ( art. 28 do ECA) Direitos especiais: A criança: até 12 anos - O adolescente: 12 a 18 anos. Direitos inquestionável de filiação – independente da condição dos genitores: toda criança tem direito a nome próprio, que faça referencia a sua origem biológica e histórica. Família substituta – papel social da mãe e pai Desafios Combate à violação de direitos: trabalho infantil, exploração, abuso (físico, sexual, psicológico), abandono, desnutrição, prostituição, violências... Crianças e adolescentes como objetos de classificação, avaliação, seleção... Limites: universal x particular Conselhos Tutelares: medidas específicas de proteção, tutores
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