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Plano de Aula: O contexto histórico da formação das Ciências Sociais e as teorias sociológicas clássicas: Sociologia Francesa e Sociologia Alemã FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS - CCJ0001 Título O contexto histórico da formação das Ciências Sociais e as teorias sociológicas clássicas: Sociologia Francesa e Sociologia Alemã Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 6 Tema O positivismo de Auguste Comte. A lei dos três estados e a classificação das ciências. A influência do positivismo no Brasil. Objetivos Entender a Lei dos Três Estados, base da filosofia social de Augusto Comte. Conceituar e problematizar a ideia de evolução social, ordem e controle social. Compreender a importância e influência da corrente positivista na sociedade brasileira. Estrutura do Conteúdo Antes da aula, leia o Capítulo 4 de seu Livro didático de Ciências Sociais da página 77 até a 87. 1- O Positivismo Auguste Comte (1798-1857) "O Amor por princípio, a Ordem por base, o Progresso por fim". A primeira corrente teórica sistematizada de pensamento sociológico foi o positivismo, a primeira a definir precisamente o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação. Além disso, o positivismo, ao definir especificidade do estudo científico da sociedade, conseguiu distinguir -se de outras ciências estabelecendo um espaço próprio à ciência da sociedade. Seu primeiro representante e principal sistematizador foi o pensador Augusto Comte. O positivismo derivou-se do "cientificismo", isto é, da crença no poder exclusivo e absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais. Essas leis seriam a base da regulamentação da vida do homem, da natureza como um todo e do próprio universo. Se o conhecimento e o método científico utilizado pelos cientistas das ciências naturais (sobretudo na Biologia e Física) era válido para explicar e interferir nos fenômenos da natureza, assim também, estes poderiam ser utilizados para explicar e interferir nos fenômenos sociais. A estes preceitos, para os sociólogos modernos, deu-se, como vimos na aula anterior, o nome de Darwinismo social. É importante situar o desenvolvimento do pensamento positivista no contexto histórico do século XIX. A expansão da Revolução Industrial pela Europa, obtida pelas revoluções burguesas que atingiram todos os países europeus até 1870, trouxe consigo a destruição da velha ordem feudal e a consolidação da nova sociedade capitalista. O processo de consolidação do capitalismo colocou em evidência os mais diversos problemas da estrutura societária emergente. Vários pensadores sociais irão procurar refletir sobre as alterações na realidade social, na tentativa de compreendê-la, analisá-la e mesmo, propor soluções. O pensador francês Augusto Comte (1798-1857) foi um desses filósofos sociais, sistematizando a primeira corrente teórica do pensamento sociológico: o positivismo. Essa corrente teórica foi a primeira a definir precisamente o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação. Além disso, o positivismo, ao definir a especificidade do estudo científico da sociedade, conseguiu distinguir -se de outras ciências estabelecendo um espaço próprio à ciência da sociedade. O positivismo caracteriza va-se pela suposição de que o saber científico é superior ao saber filosófico (dito metafísico por Comte) e ambos são superiores ao saber religioso (chamado teológico): O Positivismo refletiu o entusiasmo burguês pela consolidação capitalista, por meio do desenvolvimento industrial e científico. Comte devotou-se à Sociologia, uma palavra que ele elaborou para descrever a ciência da sociedade. Sua principal contribuição foi a teoria de que a humanidade passou por três estágios de evolução histórica e cultural e de desenvolvimento intelectual, a que intitulou "lei dos três estados": o teológico, o metafísico e o positivo. Para ele, as ideias conduzem e transformam o mundo e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da história. O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por três estados: i) teológico ou religioso: explica os fatos por meio de vontades análogas à nossa vontade (a tempestade. p.e., será explicada por um capricho do Deus dos ventos, Êolo): Este estado evolui ao fetichismo, politeísmo e ao monoteísmo. ii) metafísico: substitui os deuses por princípios abstratos como "o horror do vazio" por longo tempo atribuído à natureza. A tempestade, p.e., será explicada pela virtude dinâmica do ar. São igualmente metafísicas as tentativas de explicação dos fatos biológicos que partem do "princípio vital", assim como as explicações das condutas humanas que partem da noção de "alma". O homem projeta espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza. iii) positivo: é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e procura responder aos últimos "porquês". Contentar-no-emos em descrever como os fatos se passam, em descobrir as leis (exprimíveis em linguagem matemática) segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns aos outros. Tal concepção influencia diretamente na técnica: o conhecimento das leis positivas da natureza nos permite, com efeito, quando um fenômeno é dado, prever o fenômeno que se seguirá e, eventualmente agindo sobre o primeiro, transformar o segundo - Ciência donde previsão. previsão donde ação? . (Primeira Lição do Curso de Filosofia Positiva, A. Comte). Comte procurou completar o estágio positivo ao criar a mais complexa de todas, a sociologia como ciência. Os traços mais marcantes do Positivismo são certamente a excessiva valorização das ciências e dos métodos científicos, a exaltação do homem e suas capacidades e o otimismo em relação ao desenvolvimento e progresso da humanidade. È importante ressaltar o estudo das mudanças sociais em sua obra. Para ele, era necessário resolver a crise social que se apresentava não apenas na França, mas também em toda Europa. Ele preconizava uma nova ordem social, combinando ordem e progresso. Para tal, valendo-se de raciocínio análogo à Física, ele identifica dois movimentos na sociedade: a estática social e a dinâmica social. Comte distingue a sociologia estática da sociologia dinâmica. A primeira estuda as condições gerais de toda a vida social, considerada em si mesma, em qualquer tempo e lugar. Três instituições sempre são necessárias para fazer com que o altruísmo predomine sobre o egoísmo (condição de vida social). A propriedade (que permite ao homem produzir mais do que para as suas necessidades egoístas imediatas, isto é, fazer provisões, acumular um capital que será útil a todos), a família (educadora insubstituível para o sentimento de solidariedade e respeito às tradições), a linguagem (que permite a comunicação entre os indivíduos e, sob a forma de escrita, a constituição de um capital intelectual, exatamente como a propriedade cria um capital material). A sociologia dinâmica estuda as condições da evolução da sociedade: do estado teológico ao estado positivo na ordem intelectual, do estado militar ao industrial na ordem prática - do estado de egoísmo ao de altruísmo na ordem afetiva. A ciência que prepara a união de todos os espíritos concluirá a obra de unidade (que a Igreja católica havia parcialmente realizado na Idade Média) e tornará o altruísmo universal, "planetário". Vê-se que é sobre a sociologia que vem articular a mudança de perspectiva, a mutação que faz do filósofo um profeta. A sociologia, cuja aparição dependeu de todas as outras ciências tornadas positivas, transformar-se-á na política que guiará as outras ciências, "regenerando, assim, por sua vez, todos os elementos que concorreram para sua própria formação". Assim é que, em nome da "humanidade",a sociologia regerá todas as ciências. Para Comte, havia a necessidade de separar teoria e prática, consti tuindo uma ciência abstrata das relações coletivas: a física social. Através dela, seria possível unir espiritualmente as classes sociais, sendo o poder temporal uma extensão desse poder espiritual (racional). Considerava ser essa ciência a instância capaz de conduzir à renovação dos costumes, da moral, das ideias, reorganizando, assim, a sociedade. Na nova sociedade, de regime distinto do teológio-militar, o povo seria orientado e associado à indústria. Os chefes seriam: no plano espiritual, os cientistas; no plano temporal, os industriais. Comte entendia que a desordem e a anarquia eram devidas à vigência de dogmas teológicos e metafísicos na educação e na moral. O empirismo deveria ser abolido do campo social e político, através da elaboração de doutrinas gerais, baseadas metodologicamente nas ciências naturais. A ciência social deveria, então, "conhecer para agir; compreender para organizar", conduzindo a sociedade para uma nova organização. Assim, afirmava ele: "Estou convencido de que a sociedade cairá em dissolução se daqui a duas ou três gerações não se conseguir formar um código de opiniões políticas e morais admitido sem contestação por todas a classes; e, em segundo lugar, estou também firmemente persuadido de que se não conseguir formar uma doutr ina que preencha todas as condições necessárias, tratando a política como ciência física, não se alcançará por outro meio aquele objetivo". É importante considerar que o pensamento Comtiano reflete: um imaginário social que se baseava principalmente na: LAICIDADE - Explicação da origem, do desenvolvimento e da finalidade da sociedade deixa de ser compreendido como obra divina e sim como obra humana; CIENTIFICISMO - Crença no poder exclusivo e absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzí-la sob a forma de leis naturais (sacralização da ciência); ORGANICISMO - Sociedade concebida como um organismo constituído de partes integradas e coesas que funcionam harmoniosamente, segundo um modelo físico ou mecânico. 2- Influência do positivismo no Brasil Essa corrente filosófica foi muito influente no pensamento da época. Prova disso, com já vimos, é o lema da bandeira brasileira - "ordem e progresso" -, um dos principais preceitos do Positivismo, que afirma que, para que haja progresso, é preciso que a sociedade esteja organizada. Intelectuais renomados como Benjamim Constant incentivaram a leitura e o debate dos textos de Augusto Comte em instituições como o Colégio Militar e o Colégio Pedro II, e tais debates propiciaram a base para programas de estudo de escolas oficiais. Além disso, o positivismo foi inspiração para movimentos políticos importantes, como: 1889- Proclamação da República - influência das ideias positivistas. Lema comteano presente na Bandeira Nacional: A ordem para aperfeiçoar e levar ao progresso. 1930 - Vargas toma posse liderando um golpe das forças armadas; Pai Patrão. Controle sobre o operariado; Golpe Militar de 1964 - Goulart é deposto por uma revolta das Forças Armadas. Aplicação Prática Teórica Questão discursiva: O conhecimento científico opõe-se ao senso comum e seu ideal está baseado na concepção segundo a qual a ciência é uma representação da realidade tal como ela é em si mesma. Acredita -se, portanto, em uma objetividade, isto é, um conhecimento que procura as estruturas universais e necessárias das coisas investigadas. Nesse sentido, a corrente positivista comteana buscou relacionar as ciências naturais com a Sociologia emergente do século XIX, com o propósito de legitimar definitivamente a Sociologia como ciência. Tendo como norte esta perspectiva: (I) Explique como Comte concebeu a ciência da sociedade. (II) De acordo com a Lei dos Três Estados aponte as fases pelas quais podem passar as sociedades humanas, descrevendo suas características principais. Questão de múltipla escolha: De acordo com Auguste Comte existem dois movimentos sociais responsáveis pela evolução da sociedade. Um deles é responsável pela conservação e preservação da organização social e o outro pelas transformações e mudança da estrutura social. Esses dois movimentos correspondem, respectivamente à: a) Dinâmica social e igualdade social. b) Ordem social e estática social. c) Estática social e dinâmica social. d) Dinâmica social e revolução social. e) Dinâmica social e estática social.
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