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Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Comunicação Organizacional Aula 1 Prof. Achiles Batista Ferreira Junior Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa Inicial Caros alunos, vamos primeiro estabelecer nossa meta neste curso, que é notarmos a importância da comunicação entre as pessoas, que pode afetar a vida dentro de uma empresa e ajudar no alcance dos objetivos traçados. Vamos primeiro conhecer o que é a comunicação e depois ver como ela pode ser praticada e colocada dentro de parâmetros que melhoram a vida dentro de uma empresa. A palavra comunicação vem do Latim, communicare, e significa “tornar comum, partilhar”. Nesta interpretação inicial, etimológica, temos que comunicação implica troca de informações. O ser humano é o mais relacional dentre todos os animais e, portanto, depende de forma vital do estabelecimento de comunicação com seus semelhantes. Desde os tempos mais remotos, tem sido por meio da comunicação que as pessoas interagem, instruem-se, integram-se e desenvolvem-se. A comunicação é o que promove as interações entre as pessoas e se dá incessantemente, o tempo todo. Nas organizações, a comunicação interpessoal e as estratégias de comunicação estruturadas para divulgações internas e externas têm sido, cada vez mais, objetos de estudo para que se compreendam seus resultados no processo da gestão. Disciplinas como Gestão Estratégica, Marketing, Gestão do Conhecimento, Comunicação Organizacional e Relações Públicas têm se dedicado a entender a importância da comunicação em uma organização. A Comunicação Organizacional trata de todo o processo de comunicação que ocorre dentro de uma organização pública ou privada: seja na promoção da imagem positiva de uma empresa, na administração de uma crise, no processo de motivação das equipes de trabalho ou na criação de campanhas específicas. Ela está focada, portanto, nos diferentes públicos de uma organização, como os acionistas, os fornecedores, os parceiros, as entidades de classe, os representantes de órgãos governamentais, os clientes, os funcionários, a Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 comunidade e a sociedade em geral. Esses elementos são chamados stakeholders. A Comunicação Organizacional pode ser dividida em três esferas operacionais e estratégicas: Comunicação Institucional (Relações Públicas); Comunicação Interna (Comunicação Administrativa) e Comunicação Mercadológica (Marketing). Embora ainda incompreendida em muitas relações, ou mesmo vista de forma deturpada em diversas situações, a Comunicação Organizacional tem sido considerada cada vez mais importante. Palma (1994) aponta que os equívocos vêm sendo superados, mas que “gastava-se tempo discutindo os limites da atividade de relações públicas, o que era macroárea e o que era subsistema”. Ou seja, a preocupação era mais voltada a delimitar papéis profissionais do que propriamente a compreender e fazer bem a comunicação estratégica. Isso fazia com que os conceitos de comunicação corporativa ficassem relegados a segundo plano, sem que fossem percebidos como estratégicos para a empresa. Hoje, segundo o autor, “as empresas [...] já demonstram uma visão mais larga de comunicação corporativa”. Segundo Palma (1994), mais do que a preocupação de delimitar funções de jornalistas, relações públicas ou publicitários, entender as diversas nuances da comunicação corporativa é perceber que a empresa é um módulo social com atividades voltadas para o lucro, porém, que este processo “não está restrito ao ato de compra e venda, mas compõe-se, também, das relações com seus diversos públicos”. Em uma organização, o fluxo de informações é fundamental para seu funcionamento. Vieira (2007) lembra que cabe à empresa orientar seus colaboradores quanto às condutas desejáveis para a preservação da imagem organizacional, com a criação de normas, padrão visual e estabelecimento de papéis estratégicos como, por exemplo, quem pode atuar como porta-voz em cada situação. Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 Analisar as origens e o crescimento da importância da Comunicação Organizacional é fundamental para que se possa compreender o contexto em que as sociedades se encontram inseridas. Compreender as técnicas de comunicação é um passo importante para que os profissionais atuem com responsabilidade, seja no fortalecimento da imagem de sua organização seja no gerenciamento de uma crise, com transparência e ética, junto à sociedade, em caso de exposições negativas. Corrado (1994) salienta que, cada vez mais, a administração da comunicação deve tratar das questões de cidadania, como direitos do consumidor, questões sociais e ambientais. Por isso, administrar a comunicação não é apenas promover a boa imagem da organização, mas, principalmente, agir com transparência frente a fatos e informações. Ou seja, para ser bem vista na sociedade, a empresa deve não apenas se comunicar bem, mas agir de forma ética e baseada em valores e princípios humanos. Dessa forma, a Comunicação Organizacional irá tratar apenas de fatos e informações verdadeiros da empresa e, ainda assim, poderá fortalecer suas relações com todos os stakeholders. Contextualização Um acidente aéreo de grandes proporções deixa centenas de mortos. A empresa aérea precisa dar amparo às famílias, hospedá-las em local próximo ao acidente, garantir seu conforto, mantê-las informadas sobre todos os passos que estão sendo dados, como reconhecimento de corpos, análises periciais sobre os motivos do acidente e tudo mais que envolve a situação. É um momento de comoção e toda a sociedade também precisa ser informada sobre as providências. Jornalistas buscam informações o tempo todo e é preciso manter uma equipe profissional para transmitir, de tempos em tempos, boletins informativos. Segundo exemplo: uma agência de viagens começa a enfrentar dificuldades financeiras e os funcionários “ouvem falar” que a empresa está sendo vendida para um grupo internacional. Imediatamente se instala um clima Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 de insegurança. Qual será o grupo que irá adquirir a empresa? Os funcionários serão demitidos? Como saber o que de fato está acontecendo? As duas situações descritas acima, embora de naturezas diferentes, são típicas situações em que deveria haver, de forma sistematizada, ações concretas de Comunicação Organizacional. No primeiro caso, do acidente aéreo, a comunicação atuaria na informação, não só dos familiares das vítimas, mas de toda a sociedade. No segundo caso, da aquisição da empresa, a atuação seria de comunicação interna, altamente estratégica para o bom andamento das ações dentro de uma empresa. Nos dois casos, vale a máxima de que, onde não há informação formal, os meios informais prevalecem, porque as pessoas buscam saber o que está acontecendo. E os meios informais de comunicação nem sempre são fiéis à realidade. No caso do acidente aéreo, se a empresa não instalar um comitê de gerenciamento de crise e não estabelecer um porta-voz, os meios informais serão pessoas não preparadas que poderão passar informações distorcidas em nome da empresa, prejudicando ainda mais sua reputação. No segundo caso, da agência de viagens, a informação por meios informais seria o que se chama popularmente de “rádio corredor”, em que algumas pessoas repassam informações sem sequer verificarem se são verdadeiras. Se a empresa se comunicar de forma franca e transparente, poderá manter o clima de harmonia. A Comunicação Organizacional: conceitos e histórico Uma empresa é como um organismo vivo ese desenvolve a partir do fluxo de informações que nela circula. Este fluxo é vital porque promove o relacionamento entre as diferentes partes da organização. Dar tratamento profissional a esse fluxo de informações é cuidar da Comunicação Organizacional e buscar, com ela, os melhores resultados. A Comunicação Organizacional, também chamada de Empresarial ou Corporativa, vem ganhando importância e até mesmo novos contornos na Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 sociedade atual. Todas as empresas têm seus mecanismos de comunicação, muito embora a maioria tenha somente processos informais e não estruturados, o que dificulta sua percepção e tratamento. Cada vez mais, torna-se perceptível a importância de estruturar e documentar os processos de comunicação nas empresas. Kunsch (2007) afirma que, com o advento da globalização e do avanço tecnológico, as organizações precisam enfrentar uma complexidade muito maior na hora de traçar suas estratégias de comunicação. “Todas essas novas configurações do ambiente social global vão exigir das organizações novas posturas, necessitando elas de um planejamento mais apurado da sua comunicação para se relacionar com os públicos, a opinião pública e a sociedade em geral”. Na mesma linha, Cardoso (2006) lembra que o mundo globalizado tem dado cada vez mais importância à informação e à comunicação: “O chamado campo de estudo da comunicação empresarial tem sido, nas últimas décadas, a área de fundamentação teórico-conceitual e de desenvolvimento de práticas comunicacionais que permite às empresas desenvolverem suas estratégias de negócios”. A Comunicação Organizacional deve englobar todo o processo de comunicação que ocorre dentro de uma organização, seja pública ou privada. Isso inclui todos os seus públicos, chamados stakeholders – colaboradores, clientes, fornecedores, parceiros, sociedade – e, portanto, engloba a comunicação estruturada para o público externo e interno. Fazer um apanhado histórico de documentos que podem ser enquadrados como Comunicação Organizacional é tarefa complexa. Do ponto de vista do que se convencionou chamar de Relações Públicas, temos como marco ações políticas de um grupo de revolucionários que lutavam pela emancipação política dos Estados Unidos, em 1772. Eles contrataram o escritor Samuel Adams para traçar estratégias de comunicação para o grupo, com objetivos claramente políticos. Logo após, em 1829, Amos Kendall lançou The Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 Globe, um house organ (o primeiro de que se tem notícia) que falava sobre ações do governo de Andrew Jackson. Aos poucos, os Estados Unidos e a Inglaterra começaram a se destacar com o trabalho de jornalistas que se destinavam a traçar estratégias de comunicação, primeiramente apenas com objetivos políticos, mas em seguida também para empresas (Werner; Stece, 2014). Samuel Adams é considerado o primeiro jornalista a desenvolver ações de estratégia de comunicação com objetivos de interferir na opinião pública. Figura 1.1 – Samuel Adams Fonte: <https://en.wikipedia.org/wiki/Samuel_Adams#/media/File:J_S_Copley_- _Samuel_Adams.jpg>. Rumando para a área empresarial, outro destaque foi a criação, em 1906, do escritório de Assessoria de Imprensa e Relações Públicas do jornalista norte- americano Yve Lee, que se ocupava de tentar recuperar a imagem arranhada do empresário John Rockefeller. O próprio Manual de Assessoria de Imprensa da Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ (2007) destaca: O serviço que Ivy Lee prestaria era de conseguir que o velho barão do capitalismo selvagem, de odiado, passasse a ser venerado pela opinião pública. Isso se chama mudança de imagem. E a primeira coisa que aquele jornalista fez foi se comunicar, com transparência e rapidez, sobre todos os negócios que envolviam Rockefeller. E conseguiu mudar a imagem do barão dos negócios depois de continuadas ações de envio de informações frequentes à imprensa da época, entre outras iniciativas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 Em seguida, as ações de estruturação estratégica de comunicação para empresas e grupos políticos se espalharam pelo mundo, especialmente pela Europa. Existem registros de escritórios de comunicação e instalação de departamentos de comunicação dentro de empresas, órgãos públicos e entidades de classe em países como Noruega, França, Holanda, Canadá, Itália, Bélgica, Suécia e Alemanha, especialmente nas décadas de 1940 e 1950 (Werner; Stece, 2014). As autoras apontam que foi também no início do século XX que a comunicação estratégica começou a ser estruturada no Brasil. Já em 1909, o presidente Nilo Peçanha criou um órgão que tinha como missão informar a imprensa sobre ações do governo: a Secção de Publicações e Biblioteca do Ministério da Agricultura. Notemos, é claro, que este era um dos principais órgãos do governo, visto que o país era eminentemente agrícola (Werner; Stece, 2014). Segundo os apontamentos de Werner e Stece (2014), a comunicação estruturada em instituições públicas serviu, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo, para propagar de forma positiva os regimes ditatoriais de extrema-direita, como o nazismo na Alemanha, o fascismo na Itália, o salazarismo em Portugal e mesmo o governo de Getúlio Vargas no Brasil. O regime de propaganda política mais estudado e reconhecido é o trabalho desenvolvido por Joseph Goebbels para a construção da imagem de Adolph Hitler, no nazismo alemão. Goebbels já havia assumido diversos cargos na administração da Alemanha e era bastante próximo dos nacional-socialistas quando foi escolhido para ser diretor de propaganda do partido. Em seguida, assumiu o Ministério Nacional para Esclarecimento Público e Propaganda, que foi criado especialmente para que ele desenvolvesse o trabalho de conquistar a opinião pública. Instalou um rígido controle da imprensa, bem como do rádio, do cinema e de todas as artes e passou a utilizar os mais fortes veículos de comunicação da época – o rádio e o cinema – para a propagação do regime nazista. Foi ele o maior responsável pela criação do mito do Führer (líder), Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 personalizado na figura de Hitler. A propaganda nazista criava discursos apaixonados e promovia o sentimento de ultranacionalismo no povo alemão, que acabara de sair da Primeira Guerra Mundial com sua autoestima abalada. No Brasil, a propaganda oficial do regime seguiu mais ou menos os mesmos moldes no governo Getúlio Vargas. Werner e Stece lembram que o presidente criou, em 1937, o DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda, que era ligado ao Gabinete Civil. O órgão tinha a função de atender a imprensa e mantê-la informada sobre os atos do governo. Assim, divulgava as obras oficiais e os atos do presidente. Como era o veículo mais popular da época, o rádio, assim como na Alemanha, foi o principal meio de difusão das informações oficiais. Havia controle total dos meios de comunicação e a censura era oficial. Foi o presidente Getúlio Vargas que criou o primeiro curso de Jornalismo no Brasil (decreto 5480, em 1943). Figura 1.2 – Getúlio Vargas, criador do primeiro curso de Jornalismo no Brasil Fonte: <http://www.estudopratico.com.br/governo-de-getulio-vargas-primeiro-e-segundo- mandato/>. O relato das autoras mostra que, já em 1955, no clima de crescimento que tomou conta de vários países depois da Segunda Guerra Mundial, Juscelino Kubitschek foi eleito presidente do Brasil, prometendo fazer o país crescer “cinquenta anos em cinco” e, assim, abriu as portas para a entrada de empresas multinacionais. Com a vinda de empresas estrangeiras,veio também a prática Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 da comunicação organizacional nas empresas privadas, prática que já era mais avançada em países mais desenvolvidos (Werner; Stece, 2014). Kunsch (2007) aponta que as sementes da Comunicação Organizacional, como se dá hoje, remontam ao período da Revolução Industrial, que trouxe rápidas mudanças ao mundo do trabalho: Esta, com a consequente expansão das empresas a partir do século XIX, propiciou o surgimento de mudanças radicais nas relações de trabalho, nas maneiras de produzir e nos processos de comercialização. Nesse contexto é que se devem buscar as causas do surgimento da propaganda, do jornalismo empresarial, das relações públicas e da própria comunicação organizacional como um todo. Sob o ponto de vista científico, consideramos que a Comunicação Organizacional passou a ser vista como um interessante campo de estudos a partir dos anos 1940. Antes disso, segundo Curvello (2002), há outros textos clássicos de Economia e Administração que fazem referência a aspectos importantes da comunicação para o andamento das empresas, mas de forma isolada. O autor aponta que a doutrina da retórica, de perfil aristotélico, dá ênfase ao estudo da comunicação como forma de persuasão e afirma que, por causa desse pensamento, há autores que questionam se o campo da Comunicação Organizacional não seria exatamente o da persuasão, mais do que o da informação (Curvello, 2002). Curvello (2002) também destaca a importância de outras teorias organizacionais, como a Teoria das Relações Humanas, que tem como líderes mais conhecidos Elton Mayo, de Harvard, e Likert, de Michigan, além da psicóloga Mary Parker Follet. Para ela, a integração dos funcionários em uma empresa seria a melhor forma de evitar conflitos – apontando para a importância da comunicação. Tal linha de pensamento ia de encontro às ideias vigentes de ocultação e repressão. O autor aponta os anos 1940 como a época da estruturação da comunicação descendente. Os estudos de Comunicação Organizacional da época classificaram o período como “Era da Informação”, onde se proliferaram Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 os veículos de comunicação em que as empresas propagavam suas informações aos funcionários. Embora permanecessem focados na questão da eficácia profissional, os estudos de Comunicação Organizacional passaram a ser mais complexos. Começou-se, por exemplo, a separar a comunicação externa da interna. Segundo Redding e Tompkins, a esfera interna da comunicação passa a abranger aqueles acontecimentos e políticas que afetam ações ocorridas dentro dos limites da organização. Desde então, a comunicação interna passa a se referir à chamada comunicação administrativa, às relações de trabalho, ao jornalismo empresarial e à gestão da comunicação. As principais referências teóricas continuam a vir das teorias da administração. (Curvello, 2002) Já a comunicação externa, segundo o mesmo autor, seria fortemente marcada pelas relações entre a organização e o ambiente – aí é que entram as teorias mais ligadas às Relações Públicas e à Publicidade. Para a Administração, de acordo com Curvello (2002), a comunicação é vista como uma ferramenta de apoio à gestão e, por isso, é tradicionalmente definida como fundamental para fazer funcionar as organizações sociais. A Comunicação Empresarial: importância, evolução e crescimento A Comunicação Organizacional tem uma importância crescente no mundo das organizações em que estamos inseridos. Na atualidade, tudo gira em torno das organizações, mesmo as relações humanas – o senso comum aponta que as pessoas passam 2/3 da vida no trabalho e fazem da empresa sua segunda família. A empresa em que trabalhamos passa a fazer parte da nossa identidade quase como se fosse nosso sobrenome, a ponto de que uma pessoa sem trabalho é vista como sem identidade, sem sobrenome. Desta forma, gestores das organizações têm dedicado boa parte de seu trabalho a organizar e estruturar seus processos de comunicação. Onde há pessoas, necessariamente há comunicação. Porém, se essa comunicação não Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 é estruturada, prolifera de maneira informal. É daí que surgem as conversas e fofocas que tanto prejudicam os ambientes profissionais, conhecidas como “rádio corredor”. Em Comunicação Organizacional, acreditamos muito na máxima que diz que, onde não há transparência na comunicação oficial, há espaço para as fontes informais, pois as pessoas buscam informação e querem saber o que está acontecendo ou por acontecer em seus locais de trabalho. Por isso, hoje, a maioria das empresas reconhece que a estruturação de sua comunicação externa e interna tem importância estratégica para o desenvolvimento e crescimento da organização. A Comunicação Organizacional, quando bem estruturada, faz com que a empresa possa se comunicar de maneira coesa com todos os stakeholders – clientes, parceiros, fornecedores, colaboradores, sociedade. Nos últimos anos, a forma de planejar e executar a Comunicação Organizacional vem mudando muito rápido. O avanço tecnológico e as mudanças na gestão das empresas têm provocado alterações importantes nas formas de pensar e agir na comunicação dentro das organizações. Na Administração, a evolução de teorias e conceitos vem fazendo com que o foco das ações seja mais e mais direcionado às pessoas e, portanto, prime por uma comunicação melhor. Desde que as formas de produção começaram a ser organizadas em empresas, o modo de administrar mudou muito. Nas linhas de produção mais antigas, o enfoque era nas tarefas, na estrutura, na produção mesmo, visando à produtividade, como se vê no quadro a seguir. Hoje, cada vez mais, o enfoque se transfere para as relações humanas e seus resultados dentro da organização. Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 Quadro 2.1 – Fases e suas características Fonte: <http://www.slidesearchengine.com/slide/administra-o-geral>. Acesso: 20 de maio de 2015. Vemos nesse quadro a evolução das formas de produção desde a Antiguidade até o período anterior às Grandes Guerras Mundiais, as mudanças da produção artesanal até o momento em que a produção industrial começa a tornar-se mais complexa, com o desenvolvimento da eletricidade e os avanços que ela trouxe. Na fase artesanal, o máximo que havia de organização em termos de produção eram as oficinas caseiras, pois o enfoque era a subsistência. Era raro o uso de ferramentas, que ainda eram rudimentares. Com o início da industrialização, o grande aumento da produção se dá com a mecanização das oficinas e da agricultura. O auge do período foi a utilização do vapor como fonte de energia. Por fim, com o desenvolvimento industrial propriamente dito, a partir de 1860, o início da utilização do aço, da eletricidade e do petróleo promoveu um grande avanço nas formas de produção. Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 Quadro 2.2 – Teorias e seus enfoques Fonte: <http://www.slidesearchengine.com/slide/administra-o-geral>. Nesse segundo quadro, estão relatadas as primeiras escolas e Teorias de Administração, desde a chamada Administração Científica – ou Taylorismo (porque foi criada por Frederick Taylor) – até a escola das Relações Humanas. Apesar das diferenças de enfoque, as diversas escolas e teorias estavam especialmente focadas na produtividade. No próximo quadro, temos as teorias organizacionais contemporâneas a partir do final da década de 1950, cuja ênfase estava nas pessoas, no ambiente externo, nas tecnologias e na competitividade. Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 Quadro2.3 – Teorias e seus enfoques Fonte: http://www.slidesearchengine.com/slide/administra-o-geral Todas essas correntes teóricas afetaram sobremaneira a forma de se fazer comunicação dentro das empresas. As linhas mais “duras”, mas focadas na produção, utilizavam-se de técnicas impositivas de comunicação interna e pouco ou quase nada se preocupavam com a comunicação externa. Por sua vez, as linhas mais focadas no comportamento humano buscavam maior transparência e incentivavam o fluxo de informações. Atualmente, especialmente com o avanço tecnológico que o mundo vive e as mudanças cada vez mais acentuadas desde os anos 1990, as formas de comunicação organizacional vêm mudando sensivelmente. Quando comparamos os procedimentos de comunicação utilizados nas décadas de 1970, 1980 e 1990 com os de agora, percebemos que, ao mesmo tempo que a complexidade dos trabalhos aumentou muito, a facilidade trazida pelo avanço tecnológico simplificou muitos processos. Imagine, por exemplo, coordenar trabalhos de Assessoria de Imprensa tendo como tecnologias apenas uma máquina de escrever e o serviço dos Correios. Os releases eram escritos com máquina de escrever e era preciso tirar cópias para todos os veículos aos quais se pretendia enviar a sugestão de pauta. Em seguida, era necessário levar todos os releases ao correio para enviá-los como correspondência ou, nos casos mais urgentes e próximos, entregá-los Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 pessoalmente nas redações. Esse trabalho começou a simplificar-se com o advento do fax, popularizado em meados dos anos 1990. Aí já era possível enviar os textos para cada veículo, mesmo que estivessem em outra cidade, utilizando apenas o aparelho e a linha telefônica. Outra alternativa era o telex – que permitia a troca de mensagens instantâneas (como numa conversa dos dias atuais por Messenger, Whatsapp ou similar), mas não eram todos os veículos que o possuíam, menos ainda todas as Assessorias de Imprensa. Em seguida, com o advento da internet e a criação dos e-mails, tornou-se possível enviar a mesma mensagem a vários destinatários, proporcionando grande economia de tempo. Disparadores eletrônicos de e-mails facilitam ainda mais o trabalho, propiciando a criação de mailings especializados. Quando muito o assessor faz o que se chama de “follow up”, telefonando para as redações para confirmar o envio e “vender” (oferecer mais enfaticamente) as sugestões. Atualmente outra revolução está instalada com as redes sociais, mudando mais uma vez, completamente, a forma de as empresas se comunicarem. A própria Assessoria mudou muito seu papel, sendo hoje, na maioria dos casos, um serviço de comunicação que gerencia o marketing de conteúdo e não apenas o contato com os veículos de comunicação. Esse tipo de mudança também aconteceu em todas as outras áreas da Comunicação Organizacional, como Relações Públicas, Publicidade, Marketing e mesmo os departamentos de Recursos Humanos. O Ato de Comunicação Como já foi registrado aqui, o ser humano é o mais relacional e dependente de toda a natureza. Desde que nasce e até o fim dos seus dias, depende da interação com seu semelhante, seja a figura materna ou outros atores com quem se relaciona o tempo todo. Toda essa interação pode ser chamada comunicação, pois envolve troca e compreensão mútua. Etimologicamente, como também já foi mencionado neste texto, a palavra comunicação vem do Latim, communicare, que significa “tornar comum, Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 compartilhar”. Portanto, o ato da comunicação implica troca de informações entre sujeitos ou objetos, utilizando sistemas simbólicos como suporte. Utilizando os conceitos da Semiótica, temos que o ato de comunicação é a materialização de pensamentos e sentimentos em signos (sinais) conhecidos por todas as partes envolvidas. Signo é qualquer representação para que uma ideia seja compreendida em sua transmissão. Utilizar a escrita da palavra “cadeira”, por exemplo, remete rapidamente o receptor à ideia de uma cadeira. O som da palavra “cadeira” ou o desenho de uma cadeira são outras representações – outros signos – para a mesma ideia de objeto. Ferdinand de Saussure e Charles Peirce, considerados os “pais” da Semiótica (ou Semiologia), desenvolveram teorias diferentes, mas muito parecidas e contemporâneas, sobre o tema. Costumamos atribuir o termo “Semiologia” a Saussure, com a linha europeia de estudos dos signos, e o termo “Semiótica” a Peirce, com a linha americana. Ambos tratam da ciência geral dos signos, que estuda os fenômenos de significação, ou seja, como o ser humano interpreta as representações que recebe. Desta forma, entendemos comunicar como a materialização desses signos, que têm como partes o significante e o significado. Significante é o elemento tangível do signo, ou seja, a representação em si. Significado é a interpretação que se dá a ele. O signo pode ser representado como sinais (representações que despertam uma ação), ícones (representações visuais), índices (representações indicativas) ou símbolos (representações com caráter emocional). Pró-reitoria de EaD e CCDD 18 Figura 3.1: O signo para Saussure Fonte: <http://www.unescnet.br/nip/Edicao_Anterior/Revista_Eletronica2/ARTIGOS/TEXTO5.asp>. A partir dessas definições, temos que comunicação é o ato de promover a troca de informações por meio da utilização de representações comuns aos interlocutores. Nas organizações – assim como em todas as ações humanas – a comunicação acontece o tempo todo. Ela está presente nas interações entre as equipes de trabalho, entre os diferentes departamentos e com o público externo – clientes, fornecedores, sociedade em geral. A efetividade desta comunicação se dá com a busca de que as mensagens sejam corretamente transmitidas pelos emissores e corretamente assimiladas pelos destinatários. Para que isso ocorra, é necessário que se crie o ambiente propício para a transmissão e assimilação das mensagens, bem como é importante que se certifique do uso da linguagem adequada a cada público. A significação é ponto importante para a efetividade da comunicação dentro das organizações, posto que, quando os interlocutores não podem partilhar dos mesmos processos de decodificação, não é possível promover a troca de informações entre eles. Em outras palavras, é preciso compreender a cultura organizacional para que a comunicação seja efetiva. A escolha correta da linguagem, da forma de transmitir as informações, bem como a escolha do Pró-reitoria de EaD e CCDD 19 meio e do código, tudo isso é fundamental para a verdadeira troca entre as pessoas de uma organização. Elementos como “emissor”, “receptor”, “código” e outros serão detalhados com mais profundidade nos próximos tópicos. Elementos da Comunicação O fato de o homem ser social e precisar comunicar-se com seus semelhantes fez com que ele desenvolvesse um instrumento para essa interação: a linguagem. É por meio da linguagem que fazemos contatos com outras pessoas, seja por meio da palavra escrita, falada, dos gestos, sinais, das cores e de tantas outras formas de transmitir informações. Quando há informações a serem comunicadas, esperamos obter respostas. Para isso, a mensagem precisa ser a mais fiel possível à ideia que se quer transmitir. Em outras palavras, esta comunicação será tanto mais efetiva quanto mais o emissor conseguir expor o que ele realmente quer ou precisa transmitir e quanto melhor o receptor compreender esta mensagem, nos mesmos significados. Nesses casos, o emissor é o codificador (porque irá transformar em códigoa mensagem a ser transmitida) e o receptor é o decodificador (pois precisará interpretar todo o código). Todas essas expressões – emissor, receptor, código, decodificação... – são elementos necessários para que se dê, de fato, o processo de comunicação. Considere o seguinte diagrama que ilustra o processo de comunicação. Figura 4.1: O processo de comunicação Fonte: Kotler, Administração de Marketing, 1996. p. 514. Pró-reitoria de EaD e CCDD 20 Esses elementos todos são fundamentais para haver transmissão de informações entre uma ponta e outra do processo. Entenda esses elementos: 1) O EMISSOR ou DESTINADOR é, quase sempre, também o CODIFICADOR da mensagem a ser transmitida. Ele CODIFICA sua mensagem, ou seja, formula o que precisa ser transmitido utilizando-se de um CÓDIGO. (Obs.: o emissor poderá não ser o codificador quando receber uma mensagem pronta para ser transmitida – como, por exemplo, quando ler um texto para alguém ou quando precisar repassar um recado). 2) A MENSAGEM é o objeto da comunicação em si, o conteúdo repassado de uma ponta a outra. 3) O RECEPTOR ou DESTINATÁRIO, normalmente, é também o DECODIFICADOR da mensagem. Para que a comunicação seja efetiva, é necessário que a decodificação aconteça da forma que o emissor planejou. (Da mesma forma que ocorre com o emissor, algumas vezes, o receptor pode não ser o decodificador. Isso acontece, por exemplo, se ele receber uma mensagem cifrada para repassar a um terceiro, outro receptor). 4) A RESPOSTA OU FEEDBACK é o que retroalimenta o processo de comunicação. Quando isso acontece, emissor e receptor trocam de papel: o emissor passa a ser o receptor da resposta e o receptor passa a ser o emissor da resposta. Hoje em dia, compreendemos que emissor e receptor trocam suas funções o tempo todo, pois a comunicação é dinâmica. Mesmo quando as respostas não são verbalizadas, o receptor emite mensagens que são respostas (por meio da linguagem não verbal, como olhares, gestos, postura, respiração etc). Por isso, em um linguajar mais moderno, utilizamos a expressão “interlocutores”, em vez de “emissor” e “receptor”. 5) O RUÍDO é tudo o que pode interferir negativamente no fluxo de informações, desviando o foco da mensagem, prejudicando a codificação ou a decodificação. Barulhos, pessoas alheias ao processo de comunicação interferindo e poluição visual são exemplos de ruídos. Pró-reitoria de EaD e CCDD 21 Além dos elementos representados na figura, há outros igualmente importantes para o processo de comunicação: CANAL é o meio por onde são transmitidas as mensagens. Ele é constituído pelos meios materiais e técnicos que asseguram que a mensagem seja repassada. CÓDIGO é o conjunto de signos (sinais, símbolos, sons, ícones etc) utilizados para construir a mensagem. Para que haja, de fato, comunicação entre emissor e receptor, eles necessariamente precisam partilhar do mesmo código. Por exemplo, transmitir uma mensagem em Português para um grupo de pessoas que só fala Inglês é escolher um código diferente daquele que os receptores poderão decodificar. Contudo, mais do que a mesma língua, o mesmo código significa a mesma linguagem. Utilizar o Português falado em Portugal para um grupo de brasileiros também representaria uma série de ruídos – várias palavras se perderiam, mesmo que o contexto geral fosse compreendido. Indo mais além: mesmo que utilizasse a língua falada no Brasil, se o emissor usasse palavras técnicas, jargões de determinada profissão ou um linguajar prepotente e presunçoso, igualmente produziria ruídos em sua comunicação, pois não seria compreendido na totalidade. E ainda que todas as palavras fossem compreendidas, os ruídos poderiam vir de outras fontes, como o fato de o emissor usar, por exemplo, roupas que destoassem do ambiente. Tudo isso ajuda a formular o código, linguagem verbal e não verbal e até mesmo o ambiente. Se emissor e receptor não puderem utilizar o mesmo código, o fluxo de informações entre eles será prejudicado. Por fim, o REFERENTE é o contexto em que a comunicação acontece, ou seja, o campo de significação. Se uma mesma mensagem for transmitida em dois ambientes diferentes, certamente ela assumirá contornos diferentes de acordo com cada contexto. O ambiente é determinante para a efetividade da comunicação. Um ambiente propício facilita a fluência das informações, bem como um ambiente em desacordo com o que se pretende transmitir pode prejudicar o fluxo das mensagens. Pró-reitoria de EaD e CCDD 22 Níveis de Linguagem Cada ocasião que uma pessoa enfrenta exige dela a utilização de uma linguagem diferente. Proferir um discurso em um congresso científico, por exemplo, exigirá uma linguagem formal. Dirigirmo-nos ao chefe no trabalho exigirá uma linguagem de respeito, mas o nível de formalidade dependerá da cultura organizacional. É provável que, para dirigir-se a um subordinado no trabalho, uma pessoa não use as mesmas palavras que usaria com o chefe. Esta mesma pessoa terá outro linguajar quando entre amigos e usará diferentes formas para se expressar com a esposa, com o filho mais velho, com um adolescente ou com um bebê. Isso ocorre de maneira natural no ser humano. O próprio senso de ocasião faz com que cada pessoa perceba como deve expressar-se em cada situação para que consiga ser compreendida ou para que sua comunicação surta os efeitos que deseja produzir. Para que haja efetividade na comunicação, emissor e receptor precisam utilizar o mesmo código. É por isso, por exemplo, que pessoas mais velhas buscam uma fala mais solta e despretensiosa para falar com um jovem – o que não significa que elas tenham que usar totalmente o vocabulário dele, com suas gírias e trejeitos, porque isso tiraria a fluência e a naturalidade da fala do emissor, prejudicando a própria comunicação. Buscam, nesses casos, uma linguagem informal que possa aproximar emissor e receptor, mas sem apropriações artificiais do modo de expressar-se do outro. Ao falar em público, por exemplo, há que se considerar que, embora tenha algumas características em comum (nível sociocultural, idade, profissão), a plateia é, invariavelmente, heterogênea. Por isso, quase sempre, deve-se optar pela utilização da fala coloquial, com linguajar simples, mas tomando por base a norma culta da língua portuguesa, regida pela Gramática. Entendemos por “nível de linguagem” a adaptação da mensagem de acordo com o grupo sociocultural em que se está inserido. Para cada ambiente, Pró-reitoria de EaD e CCDD 23 haverá uma medida de vocabulário, uma entonação, uma combinação de palavras, um conjunto de signos. O linguajar brasileiro vem sendo cada vez mais afetado pelo uso de novas palavras, sejam neologismos ou adaptações de palavras estrangeiras. Neologismo é um fenômeno linguístico que consiste na criação de novas palavras – o que ocorre tanto por necessidade de designar novos objetos como por modismo ou expressão poética. São diversos os processos utilizados na criação de um neologismo: justaposição de palavras, abreviação, prefixação, sufixação, adoção de palavras estrangeiras adaptadas ou de um novo sentido para uma palavra já existente. Como a língua é um organismo vivo, sujeito às mudanças sociais, de tempos em tempos essas palavras passam a ser admitidas no vocabulário formal e até descritas nos dicionários. A respeito das diferentes nuances da linguagem, o poeta Manuel Bandeira (1886-1968) escreveu: “A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros. Vinha da boca do povo Na Língua errada do povo Língua certa do povo Porque ele é quefala gostoso o português do Brasil” Acessado em https://chasqueweb.ufrgs.br/~slomp/poesia/bandeira- evocacao-do-recife.txt) Os níveis da linguagem e as chamadas variações linguísticas são afetados pelas circunstâncias em que ocorrem os atos de comunicação. Normalmente, exigimos da língua escrita maior rigor em relação às normas gramaticais. Isso porque a escrita torna perene a mensagem. É uma forma de documentá-la, por isso há maior preocupação com a correção. Já a linguagem oral, falada, normalmente é mais solta, fluente e espontânea – por isso, um pouco menos presa a regras. Como sua utilização vem acompanhada de outros elementos, como gestos, entonação e interpretação, o contexto favorece a decodificação e os eventuais erros podem até passar despercebidos. Pró-reitoria de EaD e CCDD 24 A fluência da fala favorece a utilização de regionalismos, hábitos perpetuados com erros de origem, pequenos deslizes em relação à concordância ou à pronúncia. Grande parte desses erros é sutil e não chega a ser percebida pelos ouvintes. Já nos textos escritos, tanto os emissores quanto os receptores tendem a exigir maior rigor, mesmo que de forma inconsciente. A seguir, iremos detalhar e descrever algumas das variações linguísticas mais comuns utilizadas pelos brasileiros. A linguagem popular ou coloquial É a fala da conversa, espontânea e fluente. Não é presa às normas gramaticais da língua culta e normalmente se apresenta com o uso de vícios de linguagens, erros de concordância, de pronúncia, de grafia, cacofonia (quando a combinação de sons da junção de duas palavras forma uma terceira, por exemplo: “boneca dela”) ou pleonasmo (redundância), expressões vulgares e gírias. É o linguajar das ruas, das conversas em família ou entre amigos, dos programas de televisão. A linguagem culta ou padrão É aquela que segue e obedece às normas gramaticais. Mais comumente utilizada na escrita e muitas vezes até usada como instrumento de poder, posto que confere prestígio social e cultural. Está presente em boa parte dos textos escritos e na fala de pessoas formais ou que queiram ou precisem demonstrar maior cultura, quando em situações que lhes exigem certo grau de formalidade (conferências, reuniões formais de trabalho, aulas e sermões). Gíria É parte da cultura popular. Normalmente utilizada por grupos sociais com características em comum. Muitas vezes é uma espécie de código secreto de um grupo, para que suas mensagens só sejam decodificadas por seus membros. Há gírias específicas de acordo com a idade, a classe social, a profissão... sendo uma forma de expressão que remete a esses grupos. Algumas gírias tornam-se populares e passam a fazer parte do vocabulário de um grupo grande de pessoas, influenciadas pela “tribo” original. Pró-reitoria de EaD e CCDD 25 E, assim como vira moda e é utilizada por um grupo grande de pessoas durante certo tempo, também cai em desuso e passa a ser vista como um vocabulário desatualizado. Linguagem vulgar Tomamos por linguagem vulgar aquela carregada de erros mais gritantes do que os socialmente aceitos na coloquialidade, bem como a utilização de palavras chulas. Pessoas que utilizam, por hábito, esse tipo de linguagem tendem a ser marginalizadas nos meios sociais e excluídas das esferas de poder. No entanto, há casos em que as mesmas expressões que poderiam ser julgadas vulgares em uma localidade são vistas como simplesmente coloquiais em outras. Há erros de Português que se tornam tão comuns em algumas regiões que deixam de ser vistos como vulgares e passam a ser de uso popular. Linguagem regional Cada região do Brasil tem um modo próprio de falar. Por vezes, em uma mesma cidade, é possível perceber variações linguísticas de acordo com o bairro ou região. Essas formas de falar, com expressões próprias, sotaques, influências estrangeiras, constituem o que se chama regionalismo, ou seja, a forma de expressão de determinada região. Quando um paranaense e um carioca conversam, por exemplo, ambos sentem estranhamento pela forma do outro falar. Há palavras que são de uso comum em determinada cidade e são completamente desconhecidas em outras. É curioso perceber que, em um mesmo estado, é possível encontrar expressões utilizadas em uma localidade e desconhecidas em cidades vizinhas. Imagine, por exemplo, o constrangimento de um gaúcho que, ao visitar outro estado, pede um pão “cacetinho” – esta é a forma como eles chamam o pão francês. Já os paranaenses, especialmente os curitibanos, chamam de “vina” a salsicha do cachorro-quente. E o que dizer de objetos que têm nomes diferentes em cada região, como o semáforo? (“Sinal” no Rio de Janeiro, “farol” em São Paulo, “sinaleiro” em Curitiba e “sinaleira” em Salvador). Pró-reitoria de EaD e CCDD 26 Para se comunicar bem, é imprescindível conhecer, ao menos de forma mediana, a cultura dos locais onde se vai interagir, para evitar constrangimentos. Funções da Linguagem Para optar por determinado tipo de linguagem em uma comunicação, é importante compreender qual o objetivo da mensagem, ou seja, o que se pretende provocar no receptor com a transmissão desse conteúdo. Se a intenção do emissor é somente informar, por exemplo, ele provavelmente escolherá a função referencial. Se, por outro lado, quiser provocar impactos emocionais, escolherá a função emotiva, e assim por diante. Para compreender qual é a função adequada, há que se perceber em que elemento do circuito de comunicação está centrado o conteúdo da mensagem. Assim, se a ênfase estiver no referente (contexto), teremos a linguagem com a função referencial. Se a mensagem for centrada no emissor, teremos a função emotiva. Se houver ênfase no receptor, a função da linguagem será a conativa. Se a mensagem estiver focada no canal, teremos a função fática. Se o foco estiver na mensagem, a função da linguagem será a poética. Por fim, se a ênfase estiver no código, teremos a função metalinguística. Pró-reitoria de EaD e CCDD 27 Figura 6.1: As funções da linguagem para Roman Jakobson Fonte: <http://aprendermaisportugues.blogspot.com.br/2014/04/funcao-da-linguagem.html>. É fato que, normalmente, uma mensagem mescla mais de uma função linguística, mas podemos perceber qual a predominância. Um poema que descreve a atividade de escrever, por exemplo, terá como principal a função metalinguística, mesmo que haja ali a função poética também. Da mesma forma um filme que narra a construção de um filme. Todas as vezes que temos a linguagem debruçada sobre ela mesma, temos a metalinguagem. A seguir buscaremos explicar, de forma mais detalhada, as mais conhecidas funções da linguagem. Função referencial ou denotativa Esta é a forma mais comum nas mensagens cotidianas. A função referencial também é chamada informativa ou denotativa. Como ela dá ênfase ao contexto, trata, primordialmente, de assuntos, informações, fatos e objetos. Pró-reitoria de EaD e CCDD 28 É a linguagem da maioria das redações escolares e das reportagens: apenas expõe as informações, sem envolvimento com quem a produziu ou com quem vai ler. Esta também é a linguagem utilizada nos artigos científicos e nas correspondências corporativas. Função emotiva A função de linguagem emotiva é reconhecida normalmente nos textos em primeira pessoa, em que há ênfase no emissor. É também chamada expressiva. Apresenta-se, comumente, recheada de interjeições, pontuações efusivas (exclamações, reticências), excessos na adjetivação e no uso de palavras carregadas de emoção, como elogios e insultos. Função conativaÉ aquela que carrega um apelo ao receptor e busca mobilizar sua atenção. Ela desperta o receptor à ação. Pode ser volitiva, expressando uma vontade (exemplo: “Eu gostaria de ver você nesta noite”), ou imperativa, quando é mais impositiva (comumente percebida na linguagem de comerciais: “Compre isso”, “Faça aquilo”...). Função fática Fática é a função de linguagem focada no canal de comunicação e serve para que o emissor possa certificar-se da interação com o receptor, estabelecendo ou mantendo a conexão entre as duas pontas (emissor e receptor). Ao se atender ao telefone, por exemplo, costumamos dizer “alô?” – esta é uma forma de dizer ao interlocutor que já está estabelecido o canal de comunicação. A expressão fática significa, textualmente, “relativa ao fato”. Portanto, ela é utilizada quando os interlocutores querem testar se o canal de comunicação está funcionando, bem como para iniciar, prolongar ou alimentar o ato de comunicação. Utilizamos expressões fáticas quando dizemos coisas como “entendeu?”, ao final de uma frase, ou “veja bem”, “né?”, “aham” e outras expressões que só servem para manter o canal de comunicação. Pró-reitoria de EaD e CCDD 29 Função metalinguística Quando a mensagem versa sobre sua própria produção, temos a metalinguagem. Um quadro que retrate um pintor em ação é fundamentalmente metalinguístico, assim como um livro sobre uma produção literária ou uma música que descreva algo sobre música. Um comercial de uma agência de propaganda é essencialmente metalinguístico (pois é uma propaganda sobre a importância de se fazer propaganda). Muitas vezes um comunicado interno em uma empresa pode ser considerado metalinguístico, pois ele pode versar sobre as formas de expressão dentro da empresa. Função poética A função poética é percebida quando visa produzir um efeito estético, quando está voltada para seu próprio processo de estruturação. Ela não está presente apenas em textos escritos, mas também em outras expressões da arte, como música, teatro, fotografia, pintura e outras, pois todas apresentam formas próprias de tratar a palavra. Na função poética, o autor faz combinações originais ou até mesmo estabelece novas conotações para as suas palavras combinadas – por isso se diz que o foco está na mensagem. Síntese Tivemos, nesta primeira aula de Comunicação Organizacional, um panorama extenso sobre como se dá a comunicação em suas diversas formas dentro das empresas. Primeiramente, abordamos conceitos e o histórico da Comunicação Organizacional. Vimos que a Comunicação Organizacional trata de todo o processo de comunicação que ocorre dentro de uma organização pública ou privada, desde a promoção da imagem positiva de uma empresa, a administração de uma crise, o processo de motivação das equipes de trabalho e também a criação de campanhas específicas. A comunicação está focada nos diferentes públicos de uma organização: acionistas, fornecedores, parceiros, entidades de classe, representantes de Pró-reitoria de EaD e CCDD 30 órgãos governamentais, clientes, funcionários, comunidade e a sociedade em geral. Esses elementos são chamados stakeholders. A Comunicação Organizacional se estruturou como tal muito recentemente, em termos históricos, por isso é considerada um campo de estudo relativamente novo, formalizado notadamente a partir do século XVIII. Para que se tenha efetividade na Comunicação Organizacional, é necessário compreender o ato de comunicação como inerente ao ser humano, bem como entender os elementos de comunicação e os níveis de linguagem. A comunicação é afetada principalmente pelo ambiente em que ela ocorre, pelas pessoas que dela fazem parte e pelas intenções dos interlocutores. Por isso, compreender o contexto e saber o que se pretende com as mensagens é fundamental. Referências BERLO, D. K. O Processo da comunicação – Introdução à Teoria e à Prática. Tradução Jorge Arnaldo Fontes. 8ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. CARDOSO, O. comunicação empresarial versus Comunicação Organizacional: novos desafios teóricos. Em Rev. Adm. Pública vol.40 no.6 Rio de Janeiro Nov./Dec. 2006 CORRADO, F.M. A Força da comunicação – Quem Não se Comunica... Como Utilizar e Conduzir as Comunicações Internas e Externas para Criar Valores e Alcançar os Objetivos nas Empresas. Tradução Bárbara Theoto Lambert. 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