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CRIMES DE PERICLITAÇÃO

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CRIMES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
	Introdução
	Os crimes de periclitação da vida e da saúde e de rixa são crimes de perigo, que se caracterizam pela mera possibilidade de dano, bastando, portanto, que o bem jurídico tutelado seja exposto a uma situação de risco; já em relação ao dolo, basta que o agente tenha a intenção de expor a vítima a tal situação de perigo.
Os crimes de perigo, por sua vez, se subdividem:
Crimes de perigo concreto: cuja caracterização pressupõe prova efetiva de que uma pessoa correu risco. Nessa espécie de crime, o tipo penal expressamente menciona que alguém deve ter sido efetivamente exposto a perigo.
Crimes de perigo abstrato: a lei descreve uma conduta e presume a existência do perigo sempre que tal conduta se realize, independentemente da comprovação de que alguém efetivamente tenha sofrido risco, não admitindo, ainda, que se faça prova em sentido contrário.
	Crimes de perigo abstrato
	Crimes de perigo concreto
	Perigo de contágio venéreo (art. 130, CP)
Omissão de socorro de criança abandonada ou extraviada e de pessoa inválida ou ferida ao desamparo (art. 135, CP)
Rixa (art. 137, CP)
	Perigo de contágio de moléstia grave (art.131);
Perigo para a vida ou para a saúde de outrem (art. 132);
Abandono de incapaz (art. 133);
Exposição ou abandono de recém-nascido (art. 134);
Omissão de socorro, na hipótese de pessoa em grave e iminente perigo (art. 135);
Maus-tratos (art. 136).
	CRIMES EM ESPÉCIE
	Perigo de contágio venéreo
	Perigo de contágio de moléstia grave
	Perigo para a vida ou a saúde de outrem
	Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
	Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
	Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
 Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais
	Bem jurídico tutelado
	O bem jurídico protegido é a incolumidade física e a saúde da pessoa, aqui exposta, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea.
	O bem jurídico tutelado é a incolumidade física e a saúde da pessoa. Dilata-se a hipótese das doenças, estendendo-se para todas as espécies de enfermidades contagiosas graves. 
Exige-se a intenção do agente de produzir a infecção, agiu com menos rigor do que com relação às doenças venéreas.
	O bem jurídico tutelado é a vida e a saúde da pessoa. 
Ex: babá que amamenta criança utilizando-se de recipiente contaminado com resíduos de lixo; dono de circo que retira rede de proteção durante a apresentação do equilibrista, sem o conhecimento deste para tornar a atração mais perigosa.
	Sujeitos: crime comum
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa portadora de moléstia venérea tipo não apenas exige uma condição especial do agente - ser portador de moléstia
venérea-, como também seu núcleo só pode ser praticado pelo agente contamina
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa, não importando sexo ou reputação (Ex: prostituta) 
ATENÇÃO: Existirá o crime mesmo entre cônjuges, pois se trata de bem indisponível. Não há de se falar em consentimento da vítima.
	Sujeitos: crime comum
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa portadora de moléstia grave
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa, não importando sexo ou reputação (Ex: prostituta) 
ATENÇÃO: Existirá o crime mesmo entre cônjuges, pois se trata de bem indisponível. Não há de se falar em consentimento da vítima.
	Sujeitos: crime comum
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito Passivo: qualquer pessoa, no entanto deve ser certa e determinada 
ATENÇÃO: E.M.: “O perigo concreto, que constitui o seu elemento objetivo, é limitado a determinada pessoa, não se confundindo, portanto, o crime em questão com os de perigo comum ou contra a incolumidade pública”. Alcançando número indeterminado de pessoas, o sujeito responderá por crime de perigo comum (CP, arts. 250 e ss.).
	Tipo objetivo
Núcleo: EXPOR. Isto é, manter relação sexual/praticar qualquer ato libidinoso, expondo a vítima a contágio de moléstia venérea (doença de transmissão exclusivamente sexual) de que sabe ou devia saber ser portador.
ATENÇÃO:Trata-se de delito de ação vinculada, exigindo contato sexual (corpóreo) entre agente e vítima (ex. o estupro não precisa). Com o advento da Lei nº 12.015/09, o crime do art. 130, CP, por ser de perigo, fica absorvido pelos crimes contra a dignidade sexual de dano, servindo a transmissão da doença sexualmente transmissível como majorante da pena.
Quais moléstias venéreas integram o tipo? norma penal em branco. E.M. a sífilis, a blenorragia [gonorreia], o ulcus molle [cancromole] e o linfogranuloma inguinal [mula]). 
	Tipo objetivo
Núcleo: PRATICAR. Pune-se aquele que, contaminado de moléstia grave (qualquer uma cujo efeito provável seja a morte ou sequelas físicas significantes) e contagiosa (ex. tuberculose, febre amarela, lepra, difteria, poliomielite etc.), pratica qualquer ato capaz de transmiti-la a outrem. 
Delito de ação livre: meios diretos: contato físico, beijo, aperto de mão, troca de roupa, amamentação etc. Meios indiretos: objetos, utensílios, alimentos, bebidas etc. É desnecessário o contato pessoal.
Transmitir por meio de objeto micróbio ou germe do qual não é portador, responde pelo art. 131? NÃO! Falta a elementar “de que está contaminado”.
	Tipo objetivo
Núcleo: EXPOR. Pune-se aquele que, de qualquer forma, coloca pessoa certa e determinada em perigo de dano direto, efetivo e iminente.
Conduta omissiva? Ex. deixar de fornecer aparelhos para proteção de funcionários. É imprescindível a criação de uma situação concreta e efetiva de perigo, já que o simples não cumprimento das normas de segurança, sem a criação de uma situação periclitante, caracteriza somente a contravenção penal do art. 19, §2º, da Lei nº. 8.213/91.
Concurso de crimes? Embora parte da doutrina discordar, é possível (Bitencourt/Greco). Ex. Se, com uma única ação (concurso formal) ou várias (concurso material), o agente cria uma situação de perigo para várias pessoas, devidamente individualizadas.
	Tipo subjetivo:
No caput, exige-se o dolo de perigo, isto é, que o agente, mesmo não buscando o contágio, mas sabendo-se doente (dolo direto) ou devendo sabê-lo (dolo eventual), voluntariamente mantém relação sexual ou ato libidinoso, colocando a saúde da vítima em perigo. 
Se o agente possui a intenção de transmissão (dolo de dano), mas vê frustrado seu intento, aplica-se o §3º, art. 130, CP. 
Doutrina minoritária diz que “deve saber” seria culpa. 
ATENÇÃO: E.M.“O crime é punido não só a título de dolo de perigo, como a título de culpa (isto é, não só quando o agente sabia achar-se infeccionado, como quando devia sabê-lo pelas circunstâncias).”
Críticas: 
a) a culpa deve ser expressa (o CP não foi); 
b) pena igual para dolo e culpa é violação à proporcionalidade.
	Tipo subjetivo.
Só é punível a título de dolo (deve o agente buscar a transmissão da moléstia: dolo direto de dano). 
Nesse sentido, aduz Bitencourt: “crime de perigo com dolo de dano”: “que só se caracteriza quando o agente pratica a ação e quer transmitir a moléstia. Em outros termos, o tipo subjetivo do crime de perigo de contágio de moléstia grave compõe-se do (a) dolo direto – que é o elemento subjetivo geral do tipo – e do (b) elemento subjetivo especial do injusto – representadopelo especial fim de agir – que é a intenção de transmitir a moléstia grave”.
Não se admite dolo eventual, incompatível, aliás, como elemento subjetivo especial (finalidade de transmitir moléstia grave). 
Se não se pune a forma eventual, não se pune a culpa. Resultando em lesão culposa: art. 129, §6º, CP, art. 121, §3º, CP.
	Tipo subjetivo.
É o dolo de perigo (direto ou eventual), consistente na vontade consciente, mediante ação ou omissão, a colocar a vida ou a saúde de pessoa determinada em risco iminente.
O tipo não prevê forma culposa.
Havendo dolo de dano, responderá pelo crime de dano (v.g. tentativa de homicídio ou de lesão corporal).
A Lei nº. 9.777/98 acrescentou um parágrafo único ao art. 132, CP, majorando-lhe a pena, mais especificamente para o caso dos “bóias-frias”. Só se confira a majorante se o “transporte de pessoas” se destinar à “prestação de serviços em estabelecimentos (comerciais, industriais, agrícolas etc.) de qualquer natureza”. Se tiver outra destinação, seja de lazer, com objetivos religiosos/políticos etc., não configurará a majorante.
	Consumação e tentativa
Consumação: o crime de perigo abstrato consuma-se no momento da prática do ato sexual capaz de transmitir a moléstia venérea, ainda que a vítima não seja contaminada (crime formal). 
A tentativa é perfeitamente possível, a exemplo da situação em que, iniciado os atos executórios, a relação sexual não ocorre por circunstâncias alheias a vontade do agente.
Uso de preservativos? Nesta hipótese, não haverá sequer culpa visto que o agente fez uso dos cuidados necessários.
	Consumação e tentativa
Consuma-se com a prática do ato perigoso, ou, capaz de produzir o contágio, independentemente da transmissão (crime formal). 
“a efetiva contaminação do ofendido constituirá simples exaurimento do crime de perigo de contágio de moléstia grave. Contudo, embora o crime seja de perigo, o dolo é de dano. Ademais, é indispensável a intenção de contagiar a vítima; a ausência desse especial fim afasta a adequação típica relativa ao art. 131”. 
ATENÇÃO: SANCHES: Se ocorrer contágio, resultando lesão de natureza leve, ficará absorvida (mero exaurimento), considerando o juiz tal circunstância (art. 59, CP). Se, porém, resultar lesão grave ou morte, por estes crimes responderá o agente causador da transmissão.
A tentativa é perfeitamente possível (crime plurissubsistente): pode o agente, por exemplo, realizar atos sexuais com a vítima e, ao tentar praticar aquele capaz de gerar o contágio não consiga por circunstâncias alheias a vontade do agente.
	Consumação e tentativa
Surgindo o efetivo risco, o crime se consuma (crime de perigo concreto).
Aduz Sanches : “Se da conduta perigosa criada pelo agente sobrevier dano para a vítima deve ser perguntado: o novo evento é mais ou menos relevante que a exposição a perigo? Se mais (ex. morte), responderá o autor por homicídio culposo, isso em razão da subsidiariedade expressa do crime de perigo; se menos relevante (ex. ofensa à integridade física), e demonstrado o dolo de risco apenas, o agente responderá por crime de perigo e não de lesão corporal culposa”.
Eventualmente pode ocorrer tentativa, embora de difícil configuração, deve haver o fracionamento do iter criminis
	Ação penal pública condicionada à representação (§2º)
	Ação penal pública incondicionada

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