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Racismo à brasileira - Case de Sociologia; UNDB

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1 Case apresentado à disciplina de Sociologia na Unidade de Ensino Superior Dom Bosco- UNDB 
2 Aluna do primeiro período, do curso de Direito, da UNDB 
3 Professor, orientador 
 
SINOPSE DO CASE: Racismo à brasileira? ¹ 
Ydssa Sthefane Santos Nunes² 
Bruno Azevêdo³ 
1 DESCRIÇÃO DO CASO 
O racismo no Brasil já transpassa o simples rótulo de ofensa e se caracteriza como crime 
passível de punições previsto pela lei 7.716. É notável que o movimento negro conquistou muitos 
avanços nos últimos anos, mas não se pode negar que os casos de preconceito racial fazem parte do 
dia a dia do brasileiro...do maranhense, do ludovicense. Os casos de racismo que ganham 
reconhecimento por parte da mídia em São Luís são poucos, e os que são levantados como denúncia 
ao judiciário são mais raros ainda (RIBEIRO, 2015). Através de pesquisas qualitativas e quantitativas 
diretas a percepção do racismo em São Luís através do próprio ludovicense me foi passada diante a 
construção deste case. 
2 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DO CASO 
2.1 DESCRIÇÃO DAS DECISÕES POSSÍVEIS 
 Para a população São Luís é uma cidade racista 
 Para a população São Luís não é uma cidade racista 
2.2 DESCRIÇÃO DOS ARGUMENTOS 
2.2.1 Para a população São Luís é uma cidade racista 
Dos vinte questionários que apliquei em diversos bairros de São Luís, com vinte pessoas 
de diversas faixa etárias, quatorze delas afirmaram que São Luís é uma cidade racista, mas só uma 
delas disse se considerar racista de fato. E a unanimidade nessa afirmativa circundou também os 
questionários dos meus colegas de classe, e colocou a nossa cidade numa situação inusitada (apesar de 
já esperada), São Luís é uma cidade racista sem racistas. 
Claro que declarar-se praticante de algo tão errado não é fácil, e não seria feito com 
facilidade a uma estudante em busca de dados e sem nada a oferecer, por mais que o entrevistado 
viesse a ter certo grau de intimidade comigo, dizer “sim eu sou racista” é um impacto mais forte que 
simplesmente esconder o celular quando um negro entra no ônibus, e reconhecer que essa atitude é 
uma atitude racista também não é tarefa fácil, afinal...É racismo mesmo? Todo mundo faz, é tão 
normal que se torna até automático. O racismo está enraizado a ponto de colocar pessoas nessas 
situações sem que estas de fato o percebam. 
O único entrevistado que se declarou racista é branco, tem 18 anos, nasceu em São Paulo 
e se justificou dizendo “[...] tenho algumas atitudes racistas.”, durante a conversa admitiu que vê o 
reflexo do racismo justamente em situações cotidianas, em que age de forma automática, como quando 
vê um negro numa rua deserta vindo em sua direção e muda de lado na rua. Houveram no entanto 
entrevistados que alegaram não praticar o racismo ,de forma totalmente racista, como uma senhora que 
disse “[...]racismo? Aquilo de não gostar de preto? Eu não, se ficar longe de mim tudo bem” ou uma 
outra que declarou “ [..] antes eu era racista porque fui criada assim, mas hoje em dia não sou mais, até 
trabalho com gente de cor, acho que é gente como a gente”. 
Parece absurdo pensar na diminuição e exclusão de um indivíduo justificada única e 
exclusivamente pelo seu tom de pele, mas existe, e a recente abolição da escravatura em São Luís deve 
ser levada em conta, assim como o fato de que a abolição da escravatura não anulou a existência dos 
escravos, que perdurou por anos e ainda é presente, apesar de em número reduzido e de forma oculta. 
 Mas é mais absurdo ainda pensar que atitudes racistas podem vir de setores tão 
privilegiados intelectualmente, como o da própria advocacia, a exemplo temos o caso ocorrido em 
2015 e noticiado pelo JMTV na filiada da rede Globo em São Luís, em que a advogada Olívia Castro 
dos Santos foi detida ao cometer o crime de racismo contra o vigilante Elisvaldo Gomes, por ter sua 
passagem em uma rua comprometida devido à presença de um caminhão que fazia a mudança da mãe 
da vítima, a advogada gritou palavrões e buzinou intensamente, proferindo “é porque é preto, bando de 
burro e analfabeto” segundo testemunhas que estavam presentes. 
Já em 2016, outro caso levado à mídia ainda pelo jornal local, abordou o racismo a 
funcionários de uma rede de supermercados da capital, alguns destes fizeram o B.O contra os 
agressores e uma das vítimas afirmou “[..] antes de eu começar a passar as compras, ela pegou e disse 
tira esse negro do meu...das minhas compras, que ele fede, ele é feio, e se manifestam demônios em 
pessoas negras” outra ainda disse “ela já ia indo embora, ela voltou e disse assim pra mim ‘olha você 
não pegue no meu dinheiro que eu não gosto de gente preto’”. 
Esses são alguns dos poucos casos que ganham certo reconhecimento através da mídia, 
mas existem inúmeros outros que ocorrem diariamente na cidade e ficam completamente exclusos dos 
olhares da justiça e do conhecimento popular. Segundo Ana Amélia do Centro de Cultura Negra 
(CCN) de São Luís “[...] muitas pessoas preferem qualificar vários casos como injúria racial e não 
racismo. Infelizmente, ainda não vimos uma pessoa ser realmente punida por racismo no Maranhão”. 
Mas é inegável que ele está presente, e a população reconhece isso. Ainda de acordo com a integrante 
do movimento negro no Maranhão, para combater o racismo é preciso também reconhecer os avanços 
conquistados ao longo dos anos, como a política de cotas e a implantação do Dia Nacional da 
Consciência Negra, e fazer um levantamento de quadro dos negros que existem em posição de 
4 Bar localizado na Praia da Ponta D’Areia em São Luís, com enfoque principal no Reggae 
5 Expressão utilizada em São Luís que corresponde a “ir dançar reggae” 
6 Reggae Music interpretada por Donna Marie, cantando Think Twice "Pense duas vezes”. 
destaque. Mas a mudança que se espera de fato na cidade deve vir principalmente de uma boa base 
educacional que aborde a cultura afro-brasileira conforme a lei nº10.639/03. 
2.2.2 Para a população, São Luís não é uma cidade racista. 
Ainda de acordo com os questionários que apliquei, seis pessoas disseram que São Luís 
não é uma cidade racista, dentre estas uma em especial chama minha atenção, uma senhora de 88 anos, 
doméstica, alega que o Brasil não é racista, São Luís não é racista, ela não é racista e nunca sofreu 
racismo durante toda sua vida. 
É instigante pensar num caso que foge à regra, não citar o racismo estando inclusa numa 
porcentagem que sofre com o mesmo diariamente parece “coisa de outro mundo”, mas existe, e logo 
aqui em São Luís. E a aplicação desse “logo aqui” se torna automaticamente errônea quando eu deixo 
todas as afirmações da presença do racismo de lado e paro pra pensar que estamos falando 
simplesmente da Jamaica Brasileira, da cidade que abraça a cultura africana tão inconscientemente que 
por vezes tem uma população que sim, esconde o celular quando vê um negro entrando no ônibus, mas 
está nesse mesmo ônibus a caminho do Chama Maré
4
. 
 É comum acordar num dia com vontade de comer arroz de cuxá, sair para quebrar uma 
pedra
5
, receber uma ligação ao toque do melô de Poliana
6
, ficar até mais tarde na festa junina pra ver o 
Tambor de Crioula, ou ir à festa consagrada a São Benedito, o santo católico mais reverenciado pela 
população negra, que é capaz de transformar a festa em homenagem a Verequete, um dos Voduns 
mais cultuados no Tambor de Minas, expressão religiosa da matriz africana no Maranhão (CEAD, 
2009). 
Assim, com olhares voltados à cultura maranhense lotada de influências africanas e a 
esses raros, porém existentes, relatos de que o racismo não é presente em algumas vidas, é possível 
afirmar não somente que a população não vê São Luís como uma cidade racista, mas que o racismo 
passa por essa transiçãode algo consolidado socialmente para uma ação individual. Portanto, o 
fantasma do racismo na cultura se torna a visão particular que cada um tem para justificar suas 
atitudes, por mais impensadas ou automáticas que estas possam ser. 
2.3 DESCRIÇÃO DOS CRITÉRIOS E VALORES 
-Questionários: Pesquisa qualitativa e quantitativa direta aplicada na cidade de São Luís 
-Relatos: Abordagem a respeito do assunto vide questionário ou reportagens do telejornal local 
-Historicidade: Influência da recente abolição da escravatura no quadro de racismo na cidade 
-Questão cultural: Cultura atrelada à representatividade do negro em São Luís 
REFERÊNCIAS 
CEAD. Ufba. Informe sobre política e movimento negro no Maranhão. Bahia: Ceafro- 
Educação e Profissionalização Para Igualdade Racial e de Gênero, 2009. Disponível em: 
<http://www.ceafro.ufba.br/web/arquivos/publicacoes/Informe_Maranhao.pdf>. Acesso em: 
13 out. 2017. 
 
Constituição (1989). Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Lei 
7.716/1989 (lei Ordinária). Brasília, DF, Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7716.htm>. Acesso em: 13 out. 2017. 
 
JMTV-IMIRANTE: Movimento negro se manifestou sobre o caso de racismo registrado 
na capital nesta sexta. São Luís, 07 nov. 2015. Disponível em: 
<http://g1.globo.com/ma/maranhao/jmtv-1edicao/videos/t/edicoes/v/movimento-negro-se-
manifestou-sobre-o-caso-de-racismo-registrado-na-capital-nesta-sexta/4592897/>. Acesso 
em: 13 out. 2017. 
 
JMTV-IMIRANTE: Denúncia de racismo durante discussão de trânsito será 
acompanhada pela OAB/MA. São Luís, 07 nov. 2015. Disponível em: 
<http://g1.globo.com/ma/maranhao/jmtv-2edicao/videos/v/denuncia-de-racismo-durante-
discussao-de-transito-sera-acompanhada-pela-oabma/4593951/>. Acesso em: 13 out. 2017. 
 
 JMTV-IMIRANTE: Funcionários de supermercado na capital registram BO por crime 
de racismo. São Luís, 10 jun. 2016. Disponível em: 
<http://g1.globo.com/ma/maranhao/jmtv-2edicao/videos/v/funcionarios-de-supermercado-na-
capital-registram-bo-por-crime-de-racismo/5085740/>. Acesso em: 13 out. 2017. 
 
 RIBEIRO, Poliana (Org.). Racismo é muito praticado mas pouco punido no 
Maranhão. 2015. Jornal O Estado. Disponível em: 
<http://imirante.com/oestadoma/noticias/2015/11/20/racismo-e-muito-praticado-mas-pouco-
punido.shtml>. Acesso em: 13 out. 2017.

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