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Unidade I LITERATURA: REALISMO NATURALISMOREALISMO-NATURALISMO Profa. Ma. Ana Lúcia Machado da Silva Tipos de discurso Os diálogos, as falas das personagens são colocados no texto: a) de forma direta: discurso direto b) de forma indireta: discurso indireto c) de forma indireta sem compromissoc) de forma indireta, sem compromisso com a exatidão da fala da personagem, misturando com os pensamentos desta: discurso indireto livre Discurso direto Imita o discurso oral nas suas diferentes manifestações (variantes linguísticas). Traços típicos do discurso direto: clivagens (ex.: Foi o sacerdote que entrou na sala)entrou na sala) Topicalizações partículas modais (ex.: O sacerdote, esse foi o mais presente dentre os ouvintes) Discurso direto frases elípticas (com elementos omissos, recuperáveis a partir do contexto discursivo e/ou situacional) Exclamativas InterjeiçõesInterjeições construções sintáticas próprias da oralidade registros de língua pouco utilizados etc. Discurso indireto o narrador apresenta-nos a fala de uma personagem, porém reproduzindo-a; ou seja, faz uso de suas próprias palavras para apresentar o que foi dito pela personagem o narrador insere em seu discurso a fala da personagem exemplo: Esteves foi berrar ao seu centro político que isto era um país perdido Discurso indireto marcado pela presença de verbos dicendi (verbos do dizer): dizer, falar, interrogou, querer saber, duvidou normalmente, há a presença de partícula introdutória que ou se. Indireto livre discurso misto, ou seja, apresenta características do discurso direto e do discurso indireto, exclui os verbos dicendi e também as partículas introdutórias que e se. Ex: “Ele, Alencar, seria o paladino da Moral; então o romancista fizera a propaganda do amor ilegítimo ...” Os discursos Discurso direto: provoca um efeito de sentido objetivo, focalizando o que a personagem diz, mas pouco mostrando o como ela diz. Discurso indireto destaca o modo como a personagem diz algo, revelado pela voz do narrador. Discurso indireto livre: ao mesclar a fala do narrador à da personagem, destaca dois aspectos: o gramatical, presente na voz do narrador; e o significado, presente na voz da personagem. provoca um efeito de sentido que evidencia aspectos da subjetividade e da objetividade em relação à personagem, justamente por permitir que o discurso desta se confunda ao do narrador. Interatividade Considere as assertivas e assinale a alternativa correta: I. O discurso direto isenta o narrador sobre o que é falado. II. Discurso indireto é uma forma de seleção ç feita pelo narrador sobre o que foi falado. III. Discurso indireto livre pode demonstrar os pensamentos dos personagens. a) Apenas I está correta. b) Apenas II está corretab) Apenas II está correta. c) Apenas III está correta. d) Apenas I e II estão corretas. e) I, II e III estão corretas. Resposta Considere as assertivas e assinale a alternativa correta: I. O discurso direto isenta o narrador sobre o que é falado. II. Discurso indireto é uma forma de seleção ç feita pelo narrador sobre o que foi falado. III. Discurso indireto livre pode demonstrar os pensamentos dos personagens. a) Apenas I está correta. b) Apenas II está corretab) Apenas II está correta. c) Apenas III está correta. d) Apenas I e II estão corretas. e) I, II e III estão corretas. Questão ENADE - 2005 Considere o fragmento do romance Os Maias, de Eça de Queirós. Pobre Alencar! O naturalismo; essas rudes análises, apoderando-se da Igreja, da Realeza, da Burocracia, da Finança, de todas as coisas santas, dissecando-as brutalmente e mostrando-lhes a lesão, apanhando em flagrante a palpitação mesma da vida; tudo isso, caindo assim de chofre e escangalhando a catedral romântica sob a qual tantos anos ele tiveraromântica, sob a qual tantos anos ele tivera altar e celebrara missa, tinha desnorteado o pobre Alencar. O naturalismo, com as suas aluviões de obscenidade, ameaçava corromper o pudor social? Pois bem. Questão ENADE – 2005 Continuação Ele, Alencar, seria o paladino da Moral (...); então o romancista de Elvira que, em novela e drama, fizera a propaganda do amor ilegítimo, representando os deveres conjugais como montanhas de tédio, dando t d id f da todos os maridos formas gordurosas e bestiais, e a todos os amantes a beleza, o esplendor e o gênio dos antigos Apolos; então Tomás Alencar, que (...) passava ele próprio uma existência medonha de adultérios lubricidade orgias ( ) – de oraadultérios, lubricidade, orgias (...) de ora em diante austero, incorruptível, (...) passou a vigiar atentamente o jornal, o livro, o teatro. Questão ENADE – 2005 Continuação No trecho acima, quem relata é o narrador em terceira pessoa que se aproveita, dentre outros recursos, do discurso indireto livre. Considerado o contexto cultural em que a obra foi produzida, é correto afirmar que, nesse relato o uso da ironia:relato, o uso da ironia: a) permitiu que o narrador, aderindo aos sentimentos de Tomás Alencar, criticasse a estética realista/naturalista, traduzindo a visão de Eça de Queirós. b) produziu uma inversão: o narrador,b) produziu uma inversão: o narrador, caracterizando o Realismo/Naturalismo sob a perspectiva de Tomás Alencar, deixa transparecer as convicções do realista Eça de Queirós sobre o Romantismo. Questão ENADE – 2005 Continuação c) criou um discurso de natureza metalinguística: o tema é a arte de Tomás Alencar, que, embora romântico, procura compor segundo o estilo das obras de Zola. d) propiciou que fossem citadas, pela voz da õ d j ípersonagem, as razões do juízo desfavorável de Eça de Queirós acerca das propostas da geração das Conferências do Cassino Lisbonense. e) criou referências (tédio no casamento, maridos como figuras bestiais, amantesmaridos como figuras bestiais, amantes apolíneos) que aproximam Tomás Alencar do autor de Madame Bovary, o que justifica sua aversão ao Realismo/Naturalismo. Análise da resposta “a” a) Permitiu que o narrador, aderindo aos sentimentos de Tomás Alencar, criticasse a estética realista/naturalista, traduzindo a visão de Eça de Queirós. Alternativa incorreta. No trecho de Os Maias, o narrador em 3a pessoa pouco interfere no enredo, com muitas marcas do discurso indireto livre, que remetem à ideia de que os próprios personagens explicam os fatos e à consciência das personagens prevalecendo a razão empersonagens, prevalecendo a razão em detrimento da emoção; o narrador não adere aos sentimentos de Alencar, mas os ironiza. Análise da resposta “b” b) Produziu uma inversão: o narrador, caracterizando o Realismo/Naturalismo sob a perspectiva de Tomás Alencar, deixa transparecer as convicções do realista Eça de Queirós sobre o Romantismo. Alternativa correta No trecho “O Naturalismo;Alternativa correta. No trecho O Naturalismo; (...) essas rudes análises, apoderando-se da Igreja, da Realeza, da Burocracia, da Finança, (...) tinha desnorteado o pobre Alencar (...)” o narrador indica o pensamento de Alencar sobre o Realismo/Naturalismo. Ora, se Alencar vê o Realismo/Naturalismo como aAlencar vê o Realismo/Naturalismo como a corrente que surge para provocar um apagamento no Romantismo, e isso é tratado por Eça com ironia, então, depreende-se daí o pensamento de Eça de Queirós sobre essa escola. Análise da resposta “c” c) criou um discurso de natureza metalinguística: o tema é a arte de Tomás Alencar, que, embora romântico, procura compor segundo o estilo das obras de Zola. Alternativa incorreta. Pordiscurso metalinguístico entendemos aquele que usa os recursos linguísticos para explicar a própria língua. No trecho apresentado, o discurso tem um referente (a escola literária) portantoreferente (a escola literária), portanto, não se volta a si mesmo. Interatividade Sobre Eça de Queirós e, em especial, a obra Os Maias, podemos desconsiderar: a) O autor fez parte do Realismo, mas a obra tem características românticas. b) O personagem Esteves acredita nob) O personagem Esteves acredita no Romantismo ao contrário de seu criador, Eça de Queirós. c) No trecho Os Maias, o narrador usa predominantemente o discurso indireto livre.livre. d) Eça de Queirós, apesar de ser da vertente realista, aceita o Romantismo. e) Os Maias é uma obra metalinguística. Resposta Sobre Eça de Queirós e, em especial, a obra Os Maias, podemos desconsiderar: a) O autor fez parte do Realismo, mas a obra tem características românticas. b) O personagem Esteves acredita nob) O personagem Esteves acredita no Romantismo ao contrário de seu criador, Eça de Queirós. c) No trecho Os Maias, o narrador usa predominantemente o discurso indireto livre.livre. d) Eça de Queirós, apesar de ser da vertente realista, aceita o Romantismo. e) Os Maias é uma obra metalinguística. Os Maias Realismo/Naturalismo Um dos três romances do conjunto As Cenas da Vida Portuguesa No trecho lido: intromissão do autor na obra que vem intromissão do autor na obra que vem arquitetando: ruptura da atitude científica, “realista” o narrador abandona seu lugar de espectador onisciente e imparcial para tomar partido francamentetomar partido francamente. fundo romântico existente na obra queirosiana, ironia em relação ao Naturalismo Os Maias situação social portuguesa vivida na época (1888) dois núcleos diferentes na obra: o envolvimento incestuoso entre os irmãos Maria Eduarda e Carlos Maia e a vida da alta burguesia de Lisboa mostra uma sociedade portuguesa retratada com as tintas do ridículo. Eça não poupa sequer os escritores, caracterizados de modo impiedoso” por João Ega, que personifica, no romance, “o olhar irônico do autor para sua própria geração intelectual”. Questão 20 - ENADE – 2005 O crítico José Guilherme Merquior, ao analisar a questão da literatura na Modernidade, afirma: ... a partir de Flaubert e Baudelaire, instala-se nas letras o senso da “vacuidade do ideal”; emerge a tradição moderna como literatura crítica. a) O ideal esvaziado de conteúdo, assinaladoa) O ideal esvaziado de conteúdo, assinalado pelo crítico, no texto de Eça de Queirós, constitui a busca do “paladino da moral”. b) é considerado causa da ação de “celebrar missa durante tantos anos”. c) pode ser associado a “escangalhada catedral romântica”. d) está tomado como sinônimo de “palpitação mesma da vida”. e) é tido como consequência da “propaganda do amor ilegítimo”. Análise da resposta “a” a) O ideal esvaziado de conteúdo, assinalado pelo crítico, no texto de Eça de Queirós, constitui a busca do “paladino da moral”. Alternativa incorreta. Por “vacuidade do ideal” entendemos o distanciamento de marcas estéticas que caracterizam o ideal. A visão maniqueísta de bem e de mal ultrapassam as correntes literárias, não representando, portanto, essa ideia de “vacuidade do ideal”. Análise da resposta “b” b) é considerado causa da ação de “celebrar missa durante tantos anos”. Alternativa incorreta. A justificativa apresentada para a alternativa A é válida também para estaalternativa A é válida também para esta alternativa. O ideal esvaziado de conteúdo não está diretamente associado ao ato de celebrar ou não missa; esta ação ultrapassa o modelo preconizado pela escola romântica. Análise da resposta “c” c) pode ser associado a “escangalhada catedral romântica”. Alternativa correta. Baudelaire e Flaubert são considerados escritores que romperam com padrõesescritores que romperam com padrões estéticos de suas escolas literárias, Romantismo e Realismo/Naturalismo. Essa ruptura com determinados padrões faz emergir a tradição moderna como literatura crítica. Dessa forma, a palavra “escangalhada”, em contraponto à expressão metafórica “catedral romântica”, representa a negação do ideal da época romântica. Análise da resposta “d” d) está tomado como sinônimo de “palpitação mesma da vida”. Alternativa incorreta. O ideal esvaziado de conteúdo é a negação do padrão estético de umanegação do padrão estético de uma escola, enquanto a expressão “palpitação mesma da vida”, no contexto apresentado na questão, pode ser associada à exaltação de sentimentos e subjetividade, marcas características da escola romântica. Análise da resposta “e” e) é tido como consequência da “propaganda do amor ilegítimo”. Alternativa incorreta. O amor ilegítimo não é uma característica específica de uma escolacaracterística específica de uma escola literária, portanto, conforme já ressaltado nas alternativas anteriores, não rompe com padrões estéticos prototípicos dessa ou daquela escola. Interatividade Sobre o Realismo/Naturalismo, afirmamos que: a) nega estilos anteriores e não sofre, portanto, influências destes. b) O tema amor é típico e exclusivo dob) O tema amor é típico e exclusivo do Romantismo. c) Flaubert e Baudelaire ajudaram a instalar o senso da “vacuidade do ideal na literatura. d) A literatura não representa os valores ded) A literatura não representa os valores de uma época. e) Uma das características da literatura é a não mudança. Resposta Sobre o Realismo/Naturalismo, afirmamos que: a) nega estilos anteriores e não sofre, portanto, influências destes. b) O tema amor é típico e exclusivo dob) O tema amor é típico e exclusivo do Romantismo. c) Flaubert e Baudelaire ajudaram a instalar o senso da “vacuidade do ideal na literatura. d) A literatura não representa os valores ded) A literatura não representa os valores de uma época. e) Uma das características da literatura é a não mudança. Realismo/Naturalismo no Brasil Aluísio Azevedo. O cortiço. “Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas uma infinidade de portas e janelas alinhadas. (...) Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham o pé na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante sensação de respirar sobre a terra Da porta da venda quesobre a terra. Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas, fazendo compras.” Relação entre textos Émile Zola. Germinal “Aliás, o cortiço andava no ar, excitado pela festa, alvoroçado pelo jantar, que eles apressavam para se dirigirem a Montsou. Grupos de crianças corriam, homens em mangas de camisa arrastavam chinelos com o gingar dos dias de repouso. As janelas e as portas escancaradas por causa do tempo quente deixavam ver a correnteza das salas transbordando em gesticulações esalas, transbordando em gesticulações e em gritos o formigueiro das famílias.” Relação entre textos (Antonio Candido)- Aluísio Azevedo e inspirou em L’Assommoir (A Taberna), de Émile Zola, para escrever O Cortiço (1890) texto é um texto segundo, que tomou de empréstimo a ideia de descrever a vida do trabalhador pobre no quadro de um cortiço e um bom número de pormenores ao mesmo tempo, Aluísio reproduziu e interpretou a realidade que o cercava e sob esse aspecto elaborou um texto primeiro. Relação entre textos Texto primeiro na medida em que filtra o meio; texto segundo na medida em que vê o meio com lentes de empréstimo. Se pudermosmarcar alguns aspectos dessa interação, talvez possamos esclarecer í bd l idcomo, em um país subdesenvolvido, a elaboração de um mundo ficcional coerente sofre de maneira acentuada o impacto dos textos feitos nos países centrais e, ao mesmo tempo, a solicitação imperiosa da realidade natural e social imediatarealidade natural e social imediata. Antonio Candido. Relação entre textos Zola, autor de Germinal (1885), fortalecido pelos ideais do naturalismo europeu, denuncia os problemas sociais ao iniciar seu texto apresentando os problemas de trabalhadores franceses em minas de ã i j ti tcarvão e as injustiças a que eram expostos. Também Azevedo, em O Cortiço, escrito quatro anos mais tarde, relata as condições sub-humanas em que viviam trabalhadores urbanos brasileiros, na luta pela sobrevivênciasobrevivência. Questão 30 – Enade 2008 Assinale a opção em que a relação intertextual entre O Cortiço e Germinal é interpretada pelos parâmetros críticos apresentados no texto de Antonio Candido acerca da relação entre a obra de Aluísio A d d É il Z lAzevedo e a de Émile Zola. a) O texto de Aluísio Azevedo é um texto primeiro em relação ao de Zola porque foi escrito anteriormente e influenciou a produção naturalista do escritor francês. b) A relação de proximidade entre o texto de Azevedo e o de Zola evidencia que o diálogo entre os textos desassocia-os da realidade social em que foram produzidos. Continuação c) O texto de Aluísio Azevedo, por suas condições de produção, está submetido ao modelo naturalista europeu, ao mesmo tempo em que atende a demandas da realidade nacional. d) O Cortiço é um texto segundo em relação ao texto de Zola porque é, sobretudo, a duplicação do modelo literário francês e da realidade social das classes operárias européias. e) A presença de elementos do naturalismo francês em O Cortiço é indicativo da troca cultural que ocorre no espaço do intertexto, independentemente das realidades locais de produção. Análise da resposta correta Alternativa correta “c” Os textos tratam das injustiças sociais e da realidade nacional, porém, cada qual em seu contexto. Zola descreve o sistema capitalista europeu, A d f ti i õ i iAzevedo enfatiza as organizações sociais brasileiras que se formam a partir das comunidades mais miseráveis. Em Zola, os grupos sociais são subjugados pelo sistema capitalista; em Azevedo, o subjugo se dá em relação aos própriossubjugo se dá em relação aos próprios representantes do grupo. O texto de Azevedo submete-se ao Naturalismo europeu, porém, como explicitado, destaca e enfatiza o que ocorre em contexto nacional. Interatividade Assinale a alternativa correta: a) A intertextualidade ocorre em todas as obras brasileiras naturalistas em relação à obra Germinal. b) Apesar de O cortiço ser naturalista, nãob) Apesar de O cortiço ser naturalista, não há referência a outras obras da época. c) Em O cortiço, encontra-se consciência social sobre a realidade brasileira. d) Germinal trata da dura realidade vivida pelo pessoal do cortiçopelo pessoal do cortiço. e) Não há diferença da condição de produção entre as obras O cortiço e Germinal. Resposta Assinale a alternativa correta: a) A intertextualidade ocorre em todas as obras brasileiras naturalistas em relação à obra Germinal. b) Apesar de O cortiço ser naturalista, nãob) Apesar de O cortiço ser naturalista, não há referência a outras obras da época. c) Em O cortiço, encontra-se consciência social sobre a realidade brasileira. d) Germinal trata da dura realidade vivida pelo pessoal do cortiçopelo pessoal do cortiço. e) Não há diferença da condição de produção entre as obras O cortiço e Germinal. ATÉ A PRÓXIMA!
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