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Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM Disciplina: Cultura e Sociedade 2º período de Engenharia de Produção Professor Altamir Fernandes XI SIMPEP – Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004 A Metodologia de Ensino Aplicada para o sucesso na Formação do Novo Engenheiro de Produção Antônio Carlos Sá de Gusmão (UFF) gusmao@metal.eeimvr.uff.br Resumo Desde os primeiros anos do século XXI têm-se observado, que cada vez mais as empresas vêm enfrentando graves problemas, a níveis nacionais e mundiais, que afetam o meio ambiente e a população do planeta e atingem diretamente o desenvolvimento da nossa sociedade. Portanto, para o mercado de trabalho, é de fundamental importância a formação específica de profissionais, que possam estar dedicados na busca de soluções das diferentes questões, como prestação de serviços eficaz junto à sociedade, questões ambientais e outras questões produtivas das empresas. Tais problemas justificam uma nova formação na área de engenharia, que exige a adoção de uma metodologia de ensino prática e aplicada, para que as empresas, com novos engenheiros, possam tornar-se mais competitivas no mercado, para atender as necessidades na era da “sociedade do conhecimento”. Acredita- se que essa metodologia proporcionará a formação de um novo perfil profissional de engenheiro de produção tão necessário para atender aos anseios da sociedade no século XXI. Palavras-chave: Competitividade, Novo Engenheiro de Produção, Metodologia de Ensino Ao iniciar-se o século XXI, a era da evolução da humanidade com a “sociedade do conhecimento”, observam-se profundas mudanças ocorridas no mundo, com especial ênfase na área tecnológica. Essas mudanças foram ocasionadas pelo fenômeno da globalização, pelo novo cenário internacional e pela competitividade das empresas em todos os blocos econômicos. Desta forma, tem-se visto que, dentro do novo contexto de competição no século XXI, um dos fatores preponderantes, em termos de competitividade no mercado, será o atendimento aos diferentes anseios da sociedade. Dentro desses anseios destacam-se as questões ambientais, a eficácia na prestação de serviços aos cidadãos, e a produtividade em larga escala das empresas para competição internacional, entre outros (GUSMÃO, 1999). Assim, é de fundamental importância à formação de profissionais para o mercado de trabalho, na solução desses anseios, o que justifica a capacitação desses profissionais devidamente qualificados na área de engenharia de produção. Para tanto, é necessária a aplicação de uma metodologia de ensino devidamente apropriada, para tornar esses novos futuros profissionais de engenharia altamente qualificados e preparados para enfrentar os desafios que as empresas colocarão em suas mãos, no mercado de hoje cada vez mais competitivo (GUSMÃO, 2001). Portanto, o objetivo desse trabalho é apresentar a metodologia de ensino adotada a formação do futuro engenheiro de produção da Escola de Engenharia de Volta Redonda da Universidade Federal Fluminense, e assim atenda as exigências do novo mercado de trabalho na “sociedade do conhecimento”. Assim, pretende-se mostrar que, com o uso dessa metodologia é possível formar profissionais na área de engenharia de produção, onde existe hoje ainda, no mercado, uma lacuna que necessita desses profissionais em grande escala para o atendimento dos seus objetivos. Tal lacuna refere-se à formação específica de profissionais com qualidade técnica e gerencial, que possam tornar as empresas mais eficazes e atuantes com relação aos problemas que a nossa sociedade ainda observa, sem solução até o momento, no que diz respeito as questões ambientais, de confiabilidade e eficácia de produtos colocados a disposição do mercado, como também, a uma prestação de serviços digna dos seus clientes. (GUSMÃO, 2003). 2. O Perfil Profissional do Futuro Engenheiro da Sociedade do Conhecimento Tendo em vista diferentes constatações colocadas pela Sociedade quanto aos problemas ambientais ocorridos com maior intensidade no final do século passado, como por exemplo, a P-36 da PETROBRÁS e o derramamento de óleo na costa da Espanha na Europa, mais recentemente, verifica-se, nesse início de século, a necessidade que temos de atender a demanda nova do mercado, no que diz respeito a que as empresas apresentem novas soluções para tais questões. Essa demanda justifica a busca de profissionais de engenharia devidamente qualificados e capacitados para as empresas, quer seja para o desenvolvimento de novos projetos, quer seja para criar soluções aos problemas apresentados pelos clientes, pelo mercado ou para atuarem como gerentes na estruturação do planejamento estratégico dessas ações. Assim, entende-se que as empresas estariam mais bem preparadas profissionalmente e se tornariam mais competitivas na busca de soluções para essa demanda e atenderiam plenamente à sociedade, no que tange a solução dos seus problemas vividos no dia-a-dia. Portanto, a proposta é que esse novo engenheiro, conforme destacado em recente trabalho publicado (GUSMÃO et al, 2003), tenha o seguinte perfil na sua formação: “Forte embasamento de conhecimentos técnico-científico e operacional para atuação na indústria; Adequada capacidade gerencial (nas funções administrativas, comercial, contábil, financeira e de segurança) e com habilidades no relacionamento interpessoal que possibilitem sucesso no trabalho em equipe e nas apresentações em público, e ainda com proficiência em Inglês e Espanhol; Atitude Pró-Ativa, isto é, ter iniciativa, usar a imaginação, ser crítico e empreendedor; Conhecimentos gerais e sensibilidade humana, ambiental, cultural e sócio-econômica para atuar no mercado brasileiro, latino-americano e global; Projeto de Vida e preparado para ser um cidadão inserido nos contextos regional, nacional e internacional.” Por outro lado, cabe destacar outros pontos fundamentais na formação profissional do aluno de engenharia desse século. Esses pontos foram colocados pelo Professor Freitas em importante palestra proferida em maio de 2003 na realização da I Semana de Engenharia de Produção da UNIVERSO (FREITAS, 2003). Freitas enfatizava àquela ocasião, a necessidade dos alunos de engenharia preocuparem-se em ter conhecimento básico e fundamental em 3(três) pilares para a sua formação: “- Matemática e Informática; - Tecnologia; e - Língua Estrangeira.” De acordo com o Professor Freitas, os futuros engenheiros, com destaque para o engenheiro de produção, deverão estar preparados adequadamente para o novo mercado de trabalho, isto é, devidamente capacitados e qualificados para atuarem na forte demanda de mercado, como por exemplo, na área de prestação de serviços (exemplo: finanças, qualidade, segurança, auditoria em serviços, etc). A área de prestação de serviços que representa hoje uma grande lacuna no mercado, já identificou a falta quase total de engenheiros devidamente preparados para enfrentar os desafios que se apresentam às empresas, na busca de soluções para atendimento eficaz nos diversos tipos de serviços prestados à sociedade. 3) A Formação Acadêmica/Profissional do Futuro Engenheiro de Produção Para o papel a ser desempenhado pelo futuro engenheiro de produção, acredita-se que o mesmo deverá ter uma formação específica, já que esse profissional deverá atuar no mercado de trabalho de forma diferenciada, de modo a garantir a competitividade das empresas, apresentando soluções cada vez mais viáveis e eficazes para os seus clientes (custo-benefício de alta relevância). 4) Objetivos Principais a Serem Alcançados com a Formação do Novo Engenheiro de Produção Com base na formação do futuro engenheiro de produção e ainda, dada a necessidade de atendimento às empresas no mercado de trabalho com um elenco de profissionais altamente capacitados e qualificados para tornar essas empresas mais competitivas, a nova formação do engenheiro de produção. Com a reforma curricular, privilegiar o ensino centrado no Aluno e possibilitar que o mesmoparticipe da construção de sua formação – Aprender a Aprender. 5) A Metodologia de Ensino Aplicada para Garantir a Formação com Sucesso do Futuro Engenheiro de Produção Ao longo do século XX observou-se na formação dos engenheiros, nos diferentes cursos de engenharia existentes nas escolas de ensino superior pública ou privada no país, a existência de metodologias de ensino superior tradicional que contempla o aprendizado dos alunos de engenharia, futuros profissionais do mercado, com o método padrão de ensino teórico de sala de aula (quadro e transparências) e com práticas de laboratórios. No final do século passado, e principalmente a partir do início do século XXI, têm-se adotado práticas de pesquisa de campo, execução em trabalhos de grupos junto às empresas do mercado, e uma participação mais efetiva em feiras, seminários e congressos, em suas respectivas áreas, pelos alunos de engenharia, com apresentação individual e/ou em conjunto de trabalhos. Tal constatação levou e ainda leva um grande número de alunos formados em engenharia, ou até mesmo de outros cursos da área tecnológica, ingressarem no mercado de trabalho sem a devida experiência prática exigida por esse mercado (como por exemplo, engajamento efetivo em estágios de excelência em empresas de destaque). Assim sendo, é que preocupadas com essas considerações aqui colocadas, e tendo em vista a necessidade de aperfeiçoar e reformular a aplicação da metodologia de ensino para atender as novas vertentes na formação profissional do indivíduo, no ensino superior, bem como a nova filosofia educacional “Aprender a Aprender.Essa metodologia pretende fazer com que os novos engenheiros de produção dessa escola sejam capacitados para enfrentar os desafios que as empresas os colocarão nessa nova era do conhecimento e da competição do mercado. 6. O Papel do Engenheiro de Produção na Sociedade do Conhecimento com Base na Metodologia de Ensino Aplicada à sua Formação Dentro do papel a ser desempenhado pelo futuro engenheiro a ser formado para o mercado de trabalho, acredita-se que o mesmo deverá ter forte ênfase na busca de soluções nas questões ambientais, na questão de preservação de energia e para novas alternativas de energia, bem como na solução dos problemas industriais e de satisfação plena pelos cidadãos da prestação de serviços junto à sociedade. Assim, de acordo com as considerações anteriores desse trabalho, imagina-se que para a execução adequada desse papel será exigida uma formação específica para esse novo perfil do engenheiro, onde a adoção da correta metodologia de ensino terá papel fundamental para o seu sucesso como profissional. Assim, acredita-se que, com essa formação profissional, alicerçada com a utilização da metodologia aplicada de ensino aqui descrita, o novo engenheiro desse milênio estará apto e devidamente qualificado para tornar as empresas mais competitivas no mercado, possibilitando, dessa forma, tornarem-se elementos-chave dessas empresas na solução dos diversos problemas, que ainda afligem sociedade nos dias atuais. Ao longo dos anos no meio universitário tem-se observado que uma grande parcela dos alunos recém-ingressados nas escolas de ensino superior do Brasil optam pela área tecnológica, com destaque para os cursos de engenharia. Assim, entende-se que os futuros engenheiros do século XXI deverão estar devidamente capacitados para desenvolver, com as habilidades requeridas pelo mercado, suas atividades técnicas básicas bem como desempenhar adequadamente suas funções gerenciais nas empresas. Portanto, acredita-se que com base no contexto atual vivido hoje pela sociedade e em decorrência dos problemas ainda existentes que afetam a sobrevivência da humanidade, o novo engenheiro de produção na “sociedade do conhecimento” do século XXI deverá conter sólida formação técnico-científica, além de uma formação de humanização. Esse engenheiro desse novo século deverá também possuir um novo perfil profissional que o habilite a atuar com alto profissionalismo e destaque no mercado de trabalho, trazendo o sucesso desejado pelas empresas. Dessa forma, aqueles futuros engenheiros, que estiverem devidamente qualificados e capacitados, de acordo com a formação acadêmica e profissional apresentada, e segundo a utilização hoje da metodologia aplicada que proporcione tal formação, estarão em condições de participar desse mercado tão competitivo e trazer o sucesso desejado pelas empresas com a obtenção de resultados até então ainda não alcançados por essas empresas. A nossa sociedade hoje clama ainda mais por soluções práticas, eficazes e de baixo custo, para as quais depende uma formação eficiente de profissionais com uma metodologia de ensino prática, real e eficiente que possa tornar esses novos engenheiros “talentos de soluções” para os cidadãos do nosso planeta. Gestão de Pessoas nas Organizações do Século XXI angélica Patrícia Miranda Bahia / Robinson Wagner Barbosa Engenheira Eletricista e pós-graduada em Engenharia da Produção pelo Ietec. Engenheira de Processos Senior da Jabil do Brasil Matemático e pós-graduado em Engenharia da Produção pelo Ietec. Gerente de Produção da Cromic Calçados. Resumo A gestão de pessoas será o maior desafio a ser vencido pelo Engenheiro de Produção como gestor da indústria do século XXI. Apesar do todo discurso empreendido pelas empresas e especialistas na área de recursos humanos, ao analisarmos o mercado de trabalho, constatamos o aumento de dificuldades das empresas no preenchimento de suas vagas, devido ao alto nível de exigência do perfil dos candidatos. Posteriormente, observamos também a dificuldade em motivá-los e mantê-los em seus quadros. No mundo globalizado, onde as informações estão disponíveis com muita facilidade, vemos pessoas cada vez mais sonhadoras e insatisfeitas com a própria realidade e na maioria das vezes, sem o delineamento claro do seu caminho profissional. Palavras chaves: gestão de pessoas, paradoxos, motivação, conflitos, mudanças. Introdução Conforme Furtado & Neto (2007), desde o início dos anos 1990, o Brasil e o mundo experimentam transformações profundas das relações de trabalho devido a globalização. A maior competitividade do mercado, países e blocos econômicos nos levam como consequência, a uma reestruturação produtiva introduzindo novas tecnologias e inovações organizacionais. Como consequência desta reestruturação, experimentamos a reengenharia e a terceirização. Podemos verificar que essa reestruturação está em ampla ascensão. Os profissionais se vêem, cada vez mais, obrigados a se tornarem parte das organizações. As transformações nas relações trabalhistas nos remetem a empresas com novas e mais enxutas relações hierárquicas, a diminuição do trabalho tradicional fordista, do trabalho em tempo integral e por tempo indeterminado e a segurança no emprego. Vê-se um aumento da exigência da participação, capacitação e envolvimento dos trabalhadores. As empresas procuram reduzir cada vez mais o número de trabalhadores diretos, mesmo que isto signifique perda de sua identidade, de qualidade ou até mesmo de prestígio e confiança perante a opinião pública. O revés da história é que poucos profissionais estão aptos para atendimento das exigências do mercado, os Engenheiros de Produção na posição de gestores, exercem o papel de motivadores, amigos e ao mesmo tempo de autoridade. A cultura é sempre obter uma melhor posição nas organizações, e certamente, não haverá espaço para todos, gerando conflitos cada vez mais freqüentes. A gestão de pessoas neste novo modelo de corporação é um grande desafio ao mesmo tempo em que as pessoas encontram-se cada vez menos motivadas e desinteressadas pelo sentido de sua própria identidade. Desenvolvimento Estamos vivendo uma excelente fase produtiva no Brasil e muito se fala sobre a busca incessante das empresas por bons profissionais e suas dificuldades em encontrá-los. CRUZ (2008) divulgou que em pesquisa mensal (Junho/2008) da Fundação João Pinheiro, DIEESE e Secretariade Estado de Desenvolvimento Social o emprego formal na região metropolitana de Belo Horizonte chegou a 47, 5% da população ocupada. Porém, existe uma expectativa que nos próximos 10 anos, as empresas exigirão cada vez mais flexibilidade e capacitação de seus funcionários, que deverão conscientizar-se que será cada vez mais difícil ter um emprego estável. O cenário atual remete-nos a futuros empregos voltados para tarefas ou projetos de duração definida, já que as empresas estão mais interessadas por produtividade imediata. Trabalhos realizados já não são garantias de emprego. O profissional será selecionado pela aptidão potencial e a capacidade de se adaptar aos diversos desafios de mudanças setoriais em uma empresa, ou seja, ser um multi-especialista. Logicamente, que estamos falando de profissionais para cargos de liderança, porém, dos profissionais para chão-de-fábrica também lhes será cobrado maior capacitação. Com todas as inovações admitidas na empresa do século XXI, é praticamente inadmissível que um operador não saiba trabalhar com informática. O mercado de trabalho está se tornando cada vez mais voraz. Empresas cada vez mais exigentes, buscando profissionais capacitados para ocuparem seus quadros de liderança com perfil de multi-especialistas, e, profissionais motivados, com boa formação para seu chão-de-fábrica. Por outro lado, os profissionais com suas limitações financeiras e de qualidade do ensino oferecido pelas instituições educacionais. Na prática, muito se houve sobre as novas tendências do mercado de trabalho, o modismo do momento é a Responsabilidade Social Empresarial. Fala-se em combater discriminação, incentivar a inclusão social, promover uma gestão mais participativa. Por outro lado, o que presenciamos são demissões, enxugamento drástico das organizações, sobrecarga de tarefas, pressão por resultados e por capacitação dos profissionais. Já os investimentos do setor empresarial em treinamento, desenvolvimento e capacitação de seus funcionários são extremamente tímidos (Furtado & Neto, 2007). Normalmente, os interessados em seu crescimento profissional, arcam integralmente com os custos de cursos de capacitação e aperfeiçoamento, que nem sempre são valorizados pelas empresas devido à dificuldade de aceitação e adaptação a uma nova posição, principalmente de liderança. Mussak (2003) no livro METACOMPETÊNCIA - Uma nova visão do trabalho e da realização pessoal, menciona pesquisa em que 87% das demissões motivadas pelo empregado são por deficiências humanas de aspectos comportamentais (dificuldade de comunicação, organização, convivência, aceitação de liderança, impontualidade, recusa ao comprometimento, etc.) e não técnicas, e que entre os demitidos, somente 20% relatam dificuldades pessoais, os outros 80% descarregam a culpa nas organizações e nas chefias imediatas, nas quais se enquadram os Engenheiros de Produção. A cultura das empresas normalmente nos remete a um ambiente informal e discriminador entre seus funcionários, sem planos de carreiras definidos, tornando-se regra, buscar no mercado alguém pronto para assumir uma melhor posição na organização. Deixando de lado o ideal que seria a construção de pessoas capazes de exercer profissões. Fórmulas que davam certo até pouco tempo atrás, como a contratação por indicação, até mesmo pelo grau de parentesco, com pessoas comprometidas não só com as empresas, mas também com quem as indicou, já não servem mais. Permanecer em uma empresa por muito tempo ou até aposentar, não se pensa mais. Justifica-se que alguém que venha de fora, traz motivação, inovação e consequentemente resultados rápidos. Caso isso fosse verdade, teríamos o maior exemplo de insucesso mundial, que chamamos de Toyota. Correa (2007) afirma que na Toyota, os funcionários têm emprego vitalício, e para subir na hierarquia é preciso além de talento ter também idade. Para se atingir o cargo de vice-presidente a idade mínima é 50 anos e presidente próximo de 60. O investimento em treinamento é levado a sério. Todos os funcionários passam por cinco meses de treinamento ao serem contratados, sendo: um mês aprendendo sobre a cultura Toyota, dois meses dentro das fábricas para aprender como são produzidos os carros e o restante em uma concessionária para saber o que o consumidor quer. O Perfil das Novas Organizações e dos Novos Profissionais Segundo Chiavenato (2004), estamos vivendo a era da informação, houve mudanças rápidas, imprevistas e inesperadas na sociedade. O mundo se tornou uma aldeia global, onde a informação cruza o planeta em milésimos de segundos. Com isto vimos o surgimento da globalização da economia. A competitividade tornou-se mais intensa entre as organizações. Países como a China se despontam na produção e comercialização de produtos para todo mundo. As organizações necessitam ser ágeis e inovadoras para suportarem as novas ameaças e oportunidades de mercado. Cargos e funções dentro dessas organizações passaram a ser constantemente definidos e redefinidos em função das mudanças no ambiente e na tecnologia. Os produtos e serviços ajustados às demandas e necessidades do cliente, que por sua vez, está cada vez mais consciente do seu poder e logicamente mais exigente. Começaram a surgir equipes multifuncionais de trabalho com atividades muitas vezes, provisórias e voltadas para missões específicas e com objetivos bem definidos. As organizações interligadas virtualmente entre si e sem papelórios já são realidades. Os escritórios sem salas particulares estão dando lugar a locais coletivos de trabalho e as funções de retaguarda e apoio sendo realizadas em casa, pelos funcionários ou terceirizadas. Estas mudanças ocorridas têm como objetivo e meta, uma forma inteligente de ficar mais próximo e focado sempre no cliente, que na cadeia da organização, é quem dá a sustentabilidade aos negócios e a vida da empresa. O recurso mais importante deixou de ser o capital financeiro e passou a ser o conhecimento. Assim as pessoas, com seus conhecimentos, habilidades e atitudes, passaram a ser a principal base da nova organização. Atualmente, fala-se em gestão de pessoas, ao invés de recursos humanos. O que alterou foi a forma de pensar e considerar as pessoas de uma organização como simples recursos humanos organizadas, considerando atualmente uma nova abordagem de seres dotados de inteligência, conhecimentos, habilidades, atitudes, personalidades, aspirações, percepções que ajudam a organização a atingir seus objetivos e metas. Com tantas e diversas mudanças rápidas, o contexto de ambiente de trabalho tornou-se turbulento e imprevisível. Em plena era da informação, as áreas de uma organização devem gerenciar pessoas que trabalham em conjunto, pessoas inteligentes e proativas, capazes de responder as responsabilidades, com iniciativas próprias e dotadas de habilidades e conhecimentos difusos. Não se trata de administrar apenas pessoas, mas de administrar com as pessoas, esta é a nova forma e concepção. O recurso mais importante de qualquer organização, um capital muito especial, não pode e não deve ser tratado como mero recurso organizacional. Os Paradoxos das Novas Organizações Lima (1991) afirma existir uma questão central a ser analisada: os paradoxos existentes na busca desenfreada pela excelência nas organizações “hiper modernas”. É interessante observar que esses paradoxos estão presentes na personalidade das organizações e refletem também nas pessoas presentes nestas organizações. Os traços de responsabilidade exigidos nesses contextos ficam evidentes, quando exige-se das pessoas competitividade, porém, estas mesmas pessoas devem ter um espírito de cooperação em equipe e serem ao mesmo tempo altamente individualistas, inclusive para administrar seu próprio projeto de carreira. Devem ser capazes de tomar iniciativa, porém, adequar-se às regras estabelecidas pela organização; serem flexíveis e ao mesmo tempo meticulosas e perfeccionistas ao extremo. Enriquez (1989) bem definiu como – “sujeito do seu próprio destino” –“criador da sua história”, mas completamente integrado e identificado aos objetivos e a cultura da organização. Trata-se também de um meio de direcionar as pessoas para serem desconfiadas, mas, ao mesmo tempo incitá-las a ser comunicativas e a estabelecer um vínculo de amizade com colegas de trabalho e seus gestores. No caso do gerente, essas contradições assumem uma dimensão ainda mais grave, pois exige-se que seja justo, sensível, amigo – já que foi destituído do seu antigo papel autoritário e centralizador – e, ao mesmo tempo, duro e impiedoso quando se trata de fazer cumprir as exigências da organização. Não podemos nos esquecer de que as organizações atuais são extremamente exigentes e, apesar de oferecerem vários “privilégios”, estabelecem rígidos critérios de produtividade e qualidade. Na medida em que ocorrem mudanças importantes na tecnologia empregada, as organizações se vêem obrigadas a adaptar suas estratégias de gestão. Messine (1987) relata que as novas relações sociais de produção devem ser adaptadas aos imperativos de uma eficácia técnica inteiramente transformada. Ele admite abertamente que estas mudanças não ocorrem porque as empresas assim o querem e sim porque precisam adaptar-se aos novos tempos e as novas exigências de mercado. Ele propõe a negociação como o pilar que dá acesso à assimilação do progresso técnico e deixa bem clara a relação que percebe entre essas políticas e as novas exigências no âmbito tecnológico. Portanto, temos que nos resguardar do equívoco bastante comum que consiste em considerar certos discursos gerenciais como vazios, totalmente desvinculados da realidade e, portanto, das necessidades materiais da organização. A Administração de Conflitos Um grande desafio para o Engenheiro de Produção como gestor atualmente se chama administração de conflitos. O conflito pode ter resultados construtivos ou destrutivos para as partes envolvidas, sejam elas pessoas, grupos ou organizações. O bom gestor deve ter a capacidade de maximizar os efeitos construtivos e minimizar os efeitos destrutivos. Desde que uma parte ou ambas as partes não alcancem seus objetivos, elas percebem o conflito como não acabado e permanecem motivados a iniciar outro episódio em que talvez venham a ganhar. Já quando há equilíbrio no resultado de uma negociação, o ciclo de continuidade é interrompido e a probabilidade de futuros conflitos é diminuída. Os gestores devem estar bem preparados e desenvolver sempre mais sua habilidade de administrar conflitos, pois, nem sempre é possível que os dois lados ganhem, dentro das circunstâncias, principalmente se tratando de conflitos trabalhistas. Clima Organizacional e Motivação Os seres humanos estão continuamente engajados no ajustamento a uma variedade de situações, no sentido de satisfazer as suas necessidades e manter um equilíbrio emocional, inclusive a necessidade de pertencer a um grupo social que tenha reconhecida a estima e a auto-realização. Conforme Chiavenato (2004), o motivo é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma ou pelo menos, que dá origem a uma propensão, a um comportamento específico. Geralmente, as pessoas desejam o poder e status, receiam o ostracismo social e as ameaças à sua auto-estima. Além disto, a motivação busca alcançar determinada meta, para cujo alcance o ser humano gasta suas energias. Quando há elevada motivação entre os membros o clima motivacional se eleva e se traduz em relações de satisfação, de animação, interesse, colaboração, etc. O contrário causa desinteresse, depressão, apatia, insatisfação, etc. Para o gestor é fundamental tratar as pessoas como seres dotados de características próprias de personalidade, motivações, valores pessoais e não somente como recursos dotados de habilidades, capacidades e conhecimentos. É importante perceber o ambiente e tratá-lo de forma a melhorar sempre mais o clima, não se esquecendo do seu papel como autoridade. Conclusão Podemos constatar que nas mudanças que ocorrem nas organizações atuais, os profissionais estão sendo cada vez mais exigidos em sua capacitação e comprometimento, porém, não significa que terão melhores salários e segurança no emprego. Os argumentos motivacionais utilizados nos diversos níveis da hierarquia da organização são diferentes. Argumentos motivadores a funcionários do chão-de-fábrica certamente não motivará seu gestor ou as pessoas do setor administrativo. A relação entre o trabalho e a realização pessoal passou a ser conflituosa. Houve a perda do significado que o trabalho não leva a nada, não desenvolve a pessoa, porém, o ambiente é cada dia mais hostil e os relacionamentos cada vez mais estão deteriorados. A motivação, a comunicação e a autoridade andam juntas nas relações de trabalho cada vez mais paradoxas. As organizações se vêem obrigadas a adaptar suas estratégias de gestão, cotidianamente, assim como também, os profissionais que nelas atuam. Estando os conflitos e as mudanças cada vez mais presentes nas organizações, os Engenheiros de Produção, como gestores da indústria do século XXI, necessitam estar cada vez mais preparados para administrá-los com sabedoria, inclusive seus próprios conflitos, visto que também são parte humana da organização, apesar da posição de liderança. O Ensino de Engenharia Para o Século XXI Apresentação Este trabalho visa promover a formação de uma nova geração de engenheiros que enfrenta um grande obstáculo: o desequilíbrio entre a velocidade da produção de novos conhecimentos e a capacidade de introdução dos mesmos nos currículos e programas de apoio à graduação. Situação Atual e Perspectivas do Ensino de Engenharia no Brasil Marcos Ximenes Ponte – Doutor Eng. Mecânica ITA – Reitor da UFPA A engenharia teve seu grande crescimento no Brasil com o avanço ferroviário do final do século XIX, mas até a revolução de 30 as atividades técnicas eram tratadas com preconceito. A construção do aparato formador do engenheiro no Brasil se deu em sua quase totalidade após a primeira década do século XX, numa fase de grande efervescência no campo científico e tecnológico e na expansão e internacionalização da economia. Até a primeira metade dos anos 40 desenvolveu-se uma indústria 'tradicional', mudando-se bastante de lá para cá. Com o grande número de investimentos públicos em infraestrutura dos anos 1970, propiciou-se a formação de um grande acervo técnico da empresa nacional no setor da engenharia, sendo criada uma importante atmosfera de formação do engenheiro, mesmo fora da escola. O Modelo Desenvolvido no País A economia foi internacionalizada na produção e o restante sofreu influência direta. Na década de 60 tentou-se importar o modelo americano de universidade, em vão dado um contexto social e econômico completamente diferente, principalmente devido a dependência já existente lá e ainda não aqui, principal gerador das deficiências na formação do engenheiro no Brasil. O controle sobre o exercício profissional de engenharia é desligado das escolas no Brasil, dispensando-se maior controle sobre as escolas de menor qualidade, não evitando-se que profissionais sabidos, espertalhões usem indevidamente o título de engenheiro, falhando na oportunidade de forçar a busca do aluno por um maior conhecimento além dos créditos. É importante reconhecermos hoje, a diferença existente entre um engenheiro formado nos anos 90 e um engenheiro formado a 30 ou 40 anos atrás. Os problemas de engenharia quase sempre apresentam um grande número de soluções possíveis. Antigamente, o profissional otimizava suas soluções com uma forte contribuição pessoal: a experiência que lhe dava uma noção de grandeza. Hoje exige-se muito mais do engenheiro quando formula e quando resolve os seus problemas, sendo a matemática um importante aspecto metodológico. O que marcou a época moderna: Desenvolvimento da racionalidade e conhecimento científicos. Uso da racionalidade científica como fator essencial da produção – desenvolvimento tecnológico. Crença doprogresso da humanidade motivado pelo conhecimento científico. Valorização do saber científico cada vez mais especializado, seguindo a tendência de Adam Smith da decomposição da produção em tarefas simples. Otimismo com relação ao crescimento econômico e desvinculação do homem da natureza, seu objeto. As tendências da nova época: O homem perdeu a arrogância, voltando a conviver com o mistério, buscando encarar a realidade numa visão de globalidade bio-física, sócio-política-econômica. As atividades industriais buscam a reunificação das tarefas em processos empresariais coerentes. Na mesma consciência de globalidade universal – a concepção planetária dos problemas. A preeminência do conhecimento. A convicção de que devemos manter um novo relacionamento com a natureza – a prudência ecológica. Parece que há uma busca de um ideal tecnológico para um desenvolvimento humanizado, tentando reverte-se a decadência da civilização ocidental. Reengenheirando o Ensino de Engenharia no Brasil Ivan Rocha – UnB A educação brasileira, em especial na engenharia, tem enfrentado um duplo desafio: educar os cidadãos para conviver com um mundo em rápida evolução e formar profissionais para atender ao amplo e mutante espectro da demanda do mercado de trabalho. Ela é vista como uma condição sistêmica essencial para melhorar a competitividade da economia nacional e para viabilizar a evolução da sociedade. Todo o sistema de ensino tem apresentado deficiências, sobretudo qualitativas, dificultando a evolução do conhecimento. Valoriza-se mais a retórica, a repetição acrítica das informações transmitidas pelos docentes, geralmente limitadas aos conteúdos dos livros, e menos para o desenvolvimento de habilidades que capacitem o educando a pensar e a resolver problemas reais. De um lado, o ensino teórico não tem sido desenvolvido como base de diálogo com a realidade. De outro, a prático profissional e a experimentação não têm sido aproveitadas para consolidá-lo. Essa cultura dominante se reflete particularmente de forma negativa na formação do engenheiro que, não somente tem a missão de resolver problemas reais, mas depende da criatividade como uma habilidade essencial para o cumprimento de sua missão social. O ensino técnico sem uma base sólida no conhecimento científico resulta na rápida obsolescência profissional e na incapacidade de acompanhamento dos avanços tecnológicos. No ambiente atual de competitividade, a capacidade de aprendizagem contínua revela-se como fator crucial de competitividade. Com a intensificação do processo de industrialização no Brasil, surge a necessidade de uma crescente especialização das engenharias, mais orientadas para servir às grandes corporações, e menos para a criação e desenvolvimento de empreendimentos da base tecnológica. Com a crise econômica dos anos 80, a engenharia perdeu prestígio. Cada vez mais, as engenharias precisam incorporar a linguagem da ciência com maior intensidade, pois a utilização de conhecimentos empíricos, ainda importantes, não será suficiente para acompanhar a evolução dessas novas tecnologias. O modelo japonês de apropriação de idéias não é mais suficiente para promover a capacitação tecnológica e a introdução de inovações. Infelizmente, os quadros e a infra-estrutura da maioria de instituições de ensino superior é insuficiente. Há indicações que boa parte dos docentes qualificados (titulados) não consegue acompanhar a evolução dos seus campos de interesse acadêmico, especialmente nos setores mais dinâmicos que experimentam desenvolvimento tecnológico intenso. Ensino de Engenharia Nos EUA Eles optaram pela produção em massa de diplomados, sendo que o Estado, a partir de 1945 passou a financiar a pesquisa de seu interesse. O sistema de avaliação acadêmica dos docentes e pesquisadores teve como base a capacidade de obtenção de financiamento e na produção acadêmica. Com isso, dedicaram-se muito mais à produção do que ao ensino, situação muito invejada por outros países, mas que enfrenta sua maior crise, com reclamações de todo o tipo. A situação não é muito diferente no Brasil. Ensino de Engenharia Na União Européia A habilidade profissional, em geral, é vinculada à obtenção de um título acadêmico. Na maioria dos países, há dois níveis de formação de engenheiros: orientação para a concepção, com formação mais longa e teórica; e orientação mais prática como engenheiro técnico (como os CEFET). A engenharia tem sido considerada como uma atividade essencial ao processo de construção da União Européia. Ensino de Engenharia No Japão O sistema educacional japonês forma mais engenheiros que profissionais de outras categorias, também apropriando-se dos conhecimentos gerados em outros centros, fato cuja fragilidade já compreenderam na competitividade industrial. Com a reforma educacional de 1989 (a terceira), a meta passou a ser o estímulo a criatividade dos estudantes e a torná-los mais críticos, superando a cultura da obediência e da aceitação acrítica do que lhes é ensinado, isto é, a ênfase se desloca para o desenvolvimento da capacidade de pensar e criar. O conceito dominante é o de educar os cidadãos enquanto seres humanos completos e criativos. O aprendizado fundamenta-se na integração entre o fazer e o pensar, ao contrário da cultura educacional dominante no Brasil. Desde o início, os estudantes são estimulados a conceber e a desenvolver projetos criativos. Uma educação desenvolvida a partir do mundo real confere uma base sólida para o ensino da engenharia. Os projetos de mestrado e doutorado em engenharia são majoritariamente desenvolvidos em unidade de P&D das empresas. Um Novo Paradigma para o Ensino de Engenharia Profissão Classicamente, o engenheiro é visto como um técnico especializado na solução de problemas específicos e limitados a determinadas atividades ou campos de interesse. Hoje, precisam ser vistos como profissionais polivalentes aptos a contribuir para a solução de uma grande diversidade de problemas humanos, trabalhando em equipe e em temas interdisciplinares que envolvem a cooperação com outras categorias. Educação A abordagem tradicional baseia-se na premissa velada de acumulação de conhecimento sobre um mundo modelado de forma precisa. O conhecimento é transmitido pela apresentação sucessiva de "verdades científicas", procedimentos e métodos organizados por disciplina, recortando a realidade e o diálogo com esta de forma artificialmente parcial e limitada. A maioria das universidades brasileiras ainda não encontrou um caminho adequado para viabilizar um tratamento interdisciplinar e diáletico do conhecimento. O ensino precisa ser ampliado para o desenvolvimento de habilidades polivalentes, tais como, capacidade de ouvir, persuadir, negociar, comprometer-se com a auto-aprendizagem, cooperar, responsabilizar-se, tornar-se honesto, ético e idôneo. Esse conjunto de conhecimentos é essencial para os engenheiros de agora e do futuro. Universidade A universidade pública clássica encontra-se ameaçada pela concorrência, que deve atender melhor às necessidades da sociedade. O tratamento conferido aos alunos poderá ser personalizado, respeitando-se consideravelmente o número de indivíduos atendidos por programas presenciais em tempo parcial e em turmas menores. Currículos É preciso manter processos permanentes de acompanhamento e avaliação do ensino para poder rever e adaptar os currículos, questionando sobre o que está faltando, o que é desnecessário, sobre o que ensinar e como fazê-lo. Avaliação Ainda se fundamenta em testes de memorização que artificializam os critérios e procedimentos de avaliação profissional praticados na vida real, contribuindo para a redução da criatividade e da capacidade crítica. Este processo deveria, sim, servir como realimentação da aprendizagem, mediante envolvimento ativo em projetos reais e não pela observação passiva, indicando os aspectos que mereçam esforço adicional por parte de cada educando. Os estudantesprecisam ser vistos como seres responsáveis e conscientes de que o principal interessado na aprendizagem é ele próprio. Cada vez mais, os indivíduos serão aceitos nos empregos pela sua capacidade de aprendizagem e menos pelo que dizem seus currículos. Trabalho O entendimento do processo educativo se confunde com o conceito de trabalho, que tradicionalmente é otimizado pela redução dos seus passos e redução do tempo de execução, sendo supervisionado por supervisores e gerentes. Entretanto, uma nova concepção de trabalho está emergindo onde uma equipe desenvolve todos os passos necessários até o atendimento completo e satisfação do cliente. Pesquisa As atividades de pesquisa começam a ser entendidas como uma forma de antecipação da CT que pode ser útil na construção de uma nova ordem econômica e social, isto é, a geração do conhecimento novo tem um propósito definido e não pelo simples prazer de aumentar o conhecimento. Esse entendimento premiará aqueles que se dedicam a estudar questões de relevância para as sociedades que os financiam e que tenham a capacidade de convencer os outros sobre a importância do que fazem. Inovação Mudança nas práticas de uma comunidade para a consecução mais eficaz e não apenas eficiente de seus propósitos, isto é, o critério de adequação social passa a pesar na adoção de novas tecnologias. A compreensão das implicações sobre os ambientes social e natural das tecnologias passa a ser um domínio e uma condição especial para os engenheiros e para a prática de engenharia. A inovação passa a ser um fenômeno coletivo. Reengenheirando o Ensino da Engenharia Uma estratégia combinada envolvendo ensino e pesquisa é recomendável para a reconstrução dos programas de graduação e pós-graduação em engenharia no Brasil: Ampliação da pesquisa, com projetos interdisciplinares de relevância econômica e social em colaboração com grupos de outras áreas do conhecimento. Processo educativo onde o estudante amplie seus interesses para além dos problemas clássicos da engenharia, desenvolvendo sua capacidade de aprendizagem e de trabalho em um ambiente capaz de evolução e de auto-organização. As atividades de pesquisa precisam ser integradas ao processo educativo, como uma forma de abordagem do desconhecido, capacitando o educando a resolver problemas novos e a desenvolver plenamente sua criatividade. Isto não tem passado da retórica de docentes e pesquisadores, na tentativa de justificar os recursos investidos. O desperdício de tempo com discursos (aulas) teóricos, que sequer serão memorizados com alguma longevidade, precisam ser minimizados. Ênfase deve ser dada ao desenvolvimento de trabalhos em equipe. A massificação do regime de tempo integral e dedicação exclusiva, em alguns departamentos universitários de engenharia, afastou a participação de engenheiros praticantes, formando gerações de docentes sem experiência. Os docentes precisam ser mais comprometidos com a real aprendizagem de seus alunos, que não deve orientar-se para a mera elaboração e aplicação de provas desenhadas para desestimulá-los ou para conferir boas notas. Os estudantes precisam ser submetidos a situações controladas nas quais tenham que organizar-se para o aprendizado e para resolver problemas reais. Os docentes deveriam tratar cada estudante individualmente, respeitando seus ritmos de aprendizagem e estimulando-os a participar de atividades comunitárias para desenvolver um sentido de responsabilidade enquanto cidadãos. O Perfil do Engenheiro no Século XXI Francisco Luiz Danna – Secretaria de Educação Média e Tecnologia – MEC Para apresentar diretrizes e orientações para a melhoria da formação e atuação do engenheiro, frente aos grandes desafios tecnológicos, sociais e econômicos que o País já enfrente e que aumentarão, foi elaborado em 1991 o documento "Perfil do Engenheiro do Século XXI". Pretende servir de referência ao planejamento do ensino e eventuais reformulações das habilitações e dos conteúdos didáticos dos cursos de Engenharia. Questões Relevantes Situação da Formação do Engenheiro no Brasil A maioria dos engenheiros sai das escolas com uma formação deficiente, principalmente nos aspectos práticos, pouco criativos e com deficiências específicas em conhecimentos gerenciais, administrativos, sociais e ambientais, e somente com uma razoável formação teórica Cenário da Atuação Profissional A densidade de engenheiros em países desenvolvidos é 4 a 5 vezes superior a nossa. Isso se explica pela predominância até recentemente, de indústrias tecnologicamente atrasadas, principalmente pela falta de competição e pelo modelo adotado de substituição de importações. Este quadro tende a reverter-se, o que irá exigir maior competência e eficácia do engenheiro para converter em aplicações práticas os resultados dos avanços científicos e tecnológicos. Cenário do Desenvolvimento Tecnológico Descortina-se uma competição cada vez mais acentuada na produção de bens e serviços, onde a competitividade, qualidade e o menor custo exigirão de países em desenvolvimento um esforço acentuado na formação adequada de recursos humanos. A globalização da economia e atuação em blocos implicará em uma nova concorrência global. As novas descobertas serão incorporadas com velocidades crescentes à produção de bens e serviços, acarretando uma interação maior das empresas com as instituições de ensino. A globalidade e interdisciplinaridade da engenharia deve intensificar-se. O novo perfil do Profissional de Engenharia Em função destes novos paradigmas, o engenheiro do futuro deve ter uma visão sistêmica de sua área de formação e de sua inter-relação com áreas correlatas, sob o ponto de vista tecnológico, social, econômico e ambiental, bem como as seguintes habilidades e posturas: criatividade, capacidade e hábito de pesquisar; senso crítico; atuação em equipe; capacidade de gerenciar e liderar pessoal e ética profissional. Para tanto, é necessário que o engenheiro tenha forte formação básica, capacidade de conceber e operar sistemas complexos, competência para usar recursos computacionais, softwares e estações de trabalho, além de pleno domínio sobre qualidade total, segurança do trabalho e preservação do meio ambiente, bem como compreensão de aspectos administrativos e legais. Deverão ser consolidados dois tipos de perfis para os engenheiros: de Concepção e de Execução (Engenheiro Industrial) Correlação entre Formação e Atribuições Profissionais A atribuição profissional deve ser função da competência profissional e não do diploma como ocorre hoje. O aspecto cartorial deve dar lugar à possibilidade de as atribuições profissionais serem ampliadas ou até diminuídas em função de aquisição ou perda de conhecimentos. Deve ser estimulada a melhoria do processo de formação, através da avaliação das instituições de ensino de Engenharia. O Conceito de Engenharia e Sua Correlação com o Ensino de Engenharia e a Profissão de Engenheiro: Breve Análise da Experiência Brasileira Ruy Carlos de Camargo Vieira – Secretaria de Educação Média e Tecnologia – MEC Deixando de lado aspectos históricos, pode-se tentar definir a Engenharia a partir do inter-relacionamento entre a obtenção de conhecimentos e a sua aplicação com objetivos concretos, aspecto principal levado em consideração pela ABET (Accreditation Board for Engineering and Technology), na sua definição: "Engenharia é a aplicação criteriosa dos conhecimentos obtidos nos campos das ciências exatas, naturais, e humanas e sociais, através da teoria, da experimentação e da prática, no desenvolvimento de meios para a utilização econômica de recursos em benefício da humanidade". O Ensino de Engenharia O ensino situa-se, portanto, na fase de aquisição de conhecimentos que serão aplicados criteriosamente na fase do exercício da profissão. No entanto, tendo em vista a rápida evolução tecnológica, o ensino não constitui uma etapa disposta cronologicamente de forma estanque com relação à etapa da aplicação dessesconhecimentos. A Profissão de Engenheiro O exercício profissional situa-se na fase da aplicação, destacando-se três elementos principais: os recursos que deverão ser utilizados (materiais, energéticos e humanos), sua forma de utilização e o benefícios visados. O currículo mínimo em vigor no Brasil dá margem a grande grau de flexibilidade na composição dos currículo plenos. � PAGE \* MERGEFORMAT �11�
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