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Resumos Direito Empresarial II

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Resumo 1 Dir Empresarial 2014-2 Guilhon.docx
FAP/ESTÁCIO
Disciplina: Direito Empresarial II
Professor: Mauro Marques Guilhon
RESUMO DE AULA 1
UNIDADE 1: SOCIEDADE LIMITADA
RELEMBRANDO ALGUNS CONCEITOS E INSTITUTOS DA DISCIPLINA DIREITO EMPRESARIAL I.
Conceito de Direito Empresarial.
É o conjunto de normas jurídicas (direito privado) que disciplinam as atividades das empresas e dos empresários comerciais (atividade econômica daqueles que atuam na circulação ou produção de bens e a prestação de serviços), bem como os atos considerados comerciais, ainda que não diretamente relacionados às atividades das empresas (MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro: empresa e atuação empresarial, volume 1. 2. ed. São Paulo: Atlas,2007. 370 p.)
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A partir da entrada em vigor do Novo Código Civil, a denominação da disciplina passou a ser Direito Empresarial em substituição a Direito Comercial, sendo Direito Empresarial o conjunto de regras jurídicas tendentes a organizar a atividade empresarial. Explicitando melhor: É o conjunto de regras que disciplinam as atividades privadas implementadas com o escopo de produção ou circulação de bens ou serviços destinados ao mercado.
Ramo autônomo do direito, com princípios, normas e institutos sistematizados, voltado à regulamentação da atividade mercantil.
Teoria da Empresa.
De acordo com o Código Civil, o Direito brasileiro adota a Teoria da Empresa. Substituiu a teoria dos atos de comércio pela teoria da empresa, deixou de cuidar de determinadas atividades (as de mercancia) para disciplinar uma forma específica de produzir ou circular bens ou serviços: a empresarial. 
Considera-se empresa a atividade econômica organizada.
Conceito de Empresário (art. 966 do CC).
“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
Esta é a função do empresário, ou seja, organizar sua atividade, coordenando seus bens (capital) com o trabalho aliciado de outrem. 
Empresa, portanto, não é coisa corpórea, e sim abstrata, porque significa a atividade ou o conjunto de atividades do empresário. Empresa é o organismo que, através de alguns elementos ou, fatores, exercita um comportamento repetitivo e metódico, exteriorizando a atividade do empresário.
Podemos destacar da definição legal os principais elementos que caracterizam o empresário:
O profissionalismo: só será empresário aquele que exercer determinada atividade econômica de forma profissional, ou seja, se fizer dessa atividade sua profissão;
A finalidade lucrativa: é o que se extrai da expressão ‘atividade econômica’ contida no supracitado artigo;
A organização: o empresário é aquele que articula os fatos de produção, sendo estes: CAPITAL (articulação dos bens); INSUMOS (bens matérias ou imateriais); MÃO DE OBRA e TECNOLOGIA (técnica de exploração da atividade);
A produção ou circulação de bens ou de serviços: que demonstra a abrangência da teoria da empresa, em contraposição á antiga teoria dos atos de comércio, deixando claro que nenhuma atividade econômica estaria excluída, salvo as disposições legais contrárias, do âmbito de incidência do direito empresarial.
Os empresários estão sujeitos às seguintes obrigações: 
registrar-se na Junta Comercial antes de dar início à exploração de sua atividade;
manter escrituração regular de seus negócios;
levantar demonstrações contábeis periódicas.
Essas obrigações existem com a finalidade de controlar a própria atividade, que interessa não apenas aos sócios mas também aos seus credores e parceiros, ao fisco e, à própria comunidade. O empresário irregular, ou seja, aquele que não cumpre as obrigações não consegue desenvolver negócios com empresários regulares, contrair empréstimos bancários, requerer recuperação judicial etc. Sua empresa será informal, clandestina e sonegadora de tributos, o que gera conseqüências sérias e, inclusive, penais.
# Observações:
A atividade empresária pode ser exercida por sociedades empresariais ou pelo empresário individual.
A grande diferença entre empresário individual (pessoa física) e a sociedade empresária (pessoa jurídica) é que esta, por ser uma pessoa jurídica, tem patrimônio próprio, distinto dos sócios que a integram.
Em consequência da distinção patrimonial, os bens particulares dos sócios (pessoas físicas), em princípio, não respondem pelos riscos do exercício da atividade empresarial da sociedade empresarial;
Ademais, a responsabilidade dos sócios de uma sociedade empresária, além de ser subsidiária, pode ser limitada (sociedades limitadas e sociedades anônimas).
A Lei 12.441, de 11 de junho de 2011, instituiu, com mudanças em dispositivos do Código Civil, a ‘empresa individual de responsabilidade limitada’ (pessoa jurídica de composta por apenas uma pessoa), cujo estudo será feito adiante.
Atividades Excluídas do Contexto Empresarial.
Profissionais intelectuais
O parágrafo único do art. 966 do CC enuncia: “Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
Exemplos de profissionais intelectuais: o músico, o advogado, o farmacêutico, o professor, etc.
Sociedades simples (sociedades uniprofissionais).
A regra do parágrafo único do art. 966 acima transcrita também se aplica às sociedades uniprofissionais (sociedades simples), ou seja, sociedades constituídas por profissionais intelectuais cujo objeto social é a exploração de suas profissões (sociedades de médicos, de professores, de advogados, de contadores, de engenheiros, etc.)
Vide art. 982 do CC:
“Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. 
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.”
# OBS: Sociedade de advogados (Lei 8.906/94, Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil): sociedade civil de prestação de serviço de advocacia. 
Nome empresarial.
Conceito: “Nome empresarial é aquele sob o qual o empresário e a sociedade empresária exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes.” (art. 1º, caput, da IN/DNRC 10/2007)
•	‘Nome comercial’ não se confunde com ‘nome de fantasia’ nem com ‘marca’. A marca é um sinal distintivo que identifica produtos e serviços do empresário (art. 122 da Lei 9.279/1996). Já o nome de fantasia é a expressão que identifica o título do estabelecimento.
Espécies de nome comercial.
Art. 1.155 do CC: firma e denominação
•	Firma: pode ser individual e social, formada por nome civil – do próprio empresário, no caso de firma individual, ou de um ou mais sócios, no caso de firma social. Na firma, pode ser aditada expressão que designe sua pessoa ou o ramo de atividade. O empresário individual opera somente sob firma.
Ex: André Souza; A. Souza Cursos Profissionalizantes
•	Denominação: que pode ser formada por qualquer expressão linguística, e a indicação do objeto social (obrigatória).
Ex: Pará Serviços de Informática.
A sociedade limitada pode adotar firma ou denominação, integrada pela palavra limitada ou sua abreviatura. Se optar pela firma, ela será composta pelo nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas. Se optar pela denominação social, deverá necessariamente designar o objeto social.
A sociedade
anônima deve usar denominação designativa da atividade empresarial, integrada pelas expressões “companhia” ou “sociedade anônima”, por extenso ou abreviadamente.
Segundo o § 1º do art. 980-A do CC, o nome empresarial empresa individual de responsabilidade limitada deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação social.
Definição do que caracteriza o empresário individual.
O empresário individual (anteriormente chamado de firma individual) é aquele que exerce em nome próprio uma atividade empresarial. É a pessoa física (natural) titular da empresa. O patrimônio da pessoa natural e o do empresário individual são os mesmos, logo o titular responderá de forma ilimitada pelas dívidas.
Importante salientar que o empresário individual pode obter diversos benefícios ao se registrar como Microempreendedor Individual (MEI).
	
O Empresário poderá se enquadrar como Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP), desde que atenda aos requisitos da Lei Complementar 123, de 14 de dezembro de 2006. O enquadramento será efetuado mediante declaração para essa finalidade, cujo arquivamento deve ser requerido em processo próprio.
O Departamento Nacional de Registro do Comércio, por meio da Instrução Normativa n° 103, de 30 de abril de 2007, disciplinou, para as juntas comerciais, os procedimentos e atos necessários para a formalização do enquadramento.
Microempreendedor Individual – MEI.
Definição: Microempreendedor Individual (MEI) é a pessoa que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário. Para ser um microempreendedor individual, é necessário faturar no máximo até R$ 60.000,00 por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular. O MEI também pode ter um empregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da categoria.
A Lei Complementar nº 128, de 19/12/2008, criou condições especiais para que o trabalhador conhecido como informal possa se tornar um MEI legalizado.
Entre as vantagens oferecidas por essa lei está o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), o que facilita a abertura de conta bancária, o pedido de empréstimos e a emissão de notas fiscais.
Além disso, o MEI será enquadrado no Simples Nacional e ficará isento dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). Assim, pagará apenas o valor fixo mensal de R$ 37,20 (comércio ou indústria), R$ 41,20 (prestação de serviços) ou R$ 42,20 (comércio e serviços), que será destinado à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS. Essas quantias serão atualizadas anualmente, de acordo com o salário mínimo.
Com essas contribuições, o Microempreendedor Individual tem acesso a benefícios como auxílio maternidade, auxílio doença, aposentadoria, entre outros. 
Leis relacionadas ao Microempreendedor Individual
Lei nº 11.598/2007: Cria a Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios - REDESIM e estabelece normas gerais para a simplificação e integração do processo de registro e legalização de empresários e de pessoas jurídicas.
Lei Complementar nº 123/2006 (Lei Geral da Micro e Pequena Empresa): Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, também conhecido como a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa.
Lei Complementar nº 128/2008: Cria a figura do Microempreendedor Individual - EI e modifica partes da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/2006).
EIRELI.
Definição: A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) é aquela constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não poderá ser inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. O titular não responderá com seus bens pessoais pelas dívidas da empresa.
A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.
Ao nome empresarial deverá ser incluído a expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada.
A EIRELI também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração.
A Empresa individual de responsabilidade limitada será regulada, no que couber, pelas normas aplicáveis às sociedades limitadas.
A Lei nº 12.441, de 2011, instituiu a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), acrescentou novos dispositivos ao Código Civil, passando a considerar pessoa jurídica de direito privado as empresas individuais de responsabilidade limitada, constituídas por uma única pessoa (física ou jurídica) titular da totalidade do capital social integralizado. Este tipo empresarial pode adotar firma ou denominação social, e deve acrescer obrigatoriamente a frente de seu nome a expressão EIRELI.
A empresa individual de responsabilidade limitada poderá optar por se enquadrar como microempresa ou empresa de pequeno porte, se atendido as exigências contidas em lei.
Legislação sobre a EIRELI:
Lei 12.441/2011;
Lei 10.406/2002;
Lei Complementar 123/2006;
IN Nº103, DE 30/04/2007;
IN Nº104, DE 30/04/2007;
IN Nº 117, de 22/11/2011;
IN Nº 118, de 22/10/2011;
“Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País.
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada.
§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.
§ 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração.
§ 4º ( VETADO).
§ 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional.
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas.” (destacamos).
HISTÓRICO DA SOCIEDADE LIMITADA
O modelo de sociedade limitada tem uma história recente, se comparada a outros formatos societários. A característica híbrida das limitadas, conjuminando efeitos das sociedades anônimas e das sociedades contratuais, vem sendo cogitado desde a segunda metade do século XIX, Segundo Coelho:
“Registra-se que as primeiras tentativas de albergar esse interesse traduziram-se em regras de simplificação das sociedades por ações. Na Inglaterra, a limited by shares, referida no Companies Act de 1862, e, em França, a société à responsabilité limitée, de 1863, mais que tipos novos de sociedade, são exemplos de um verdadeiro subtipo da anônima, ajustado a empreendimentos que não reclamam elevadas somas de recursos.”. (Coelho, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 1 : direito de empresa / Fábio Ulhoa Coelho. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2011., p. 394)
O entanto, as limitadas como tipo próprio de sociedade surgiu na Alemanha em 1892, quando passou fazer parte do ordenamento jurídico daquele País. Desde então foi também implementada por outros países europeus a partir da última década século 1800.
Inspirados pela iniciativa parlamentar alemã, outros países resolveram adotar a sociedade limitada, pois as sociedades anônimas possuíam difícil
constituição e inibiam a iniciativa da criação de pequenas empresas e também o desenvolvimento comercial dos países.
 
Sociedade Limitada no Brasil.
No Brasil, em 1865, o Ministro da Justiça, Nabuco de Araújo, apresentou um projeto para criação da sociedade por ações simplificadas, sendo rejeitado pelo imperador D. Pedro II. Esse direito à sociedade limitada só foi adotado em 1919, com o projeto de lei do deputado gaúcho Joaquim Luiz Osório. O Código Civil de 2002 eliminou algumas controvérsias que havia na lei, e as sociedades por quotas de responsabilidade limitadas passaram a ser chamadas apenas de sociedade limitada.
Legislação aplicada às Limitadas
O Código Civil de 2002 dedicou 36 artigos as sociedades limitadas conforme preceitua o Professor André Luiz Ramos:
“Atualmente, a sociedade limitada é um modelo societário empresarial típico, regulado por um capítulo próprio do Código Civil (arts. 1.052 a 1.087), que finalmente conferiu um novo perfil a essa sociedade, começando por lhe atribuir nova nomenclatura: de sociedade por quotas de responsabilidade limitada passou a ser apenas sociedade limitada.”. (Ramos, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: MÉTODO. 2010.)
Além dos já citados 36 artigos do Código Civil, dedicados as limitadas, temos ainda a possibilidade da aplicação subsidiária das normas da sociedade simples contidas nos artigos 997 ao 1.038 do Código Civil, e a possibilidade de aplicação supletiva das normas concernentes as Sociedades Anônimas, sendo facultado o acréscimo dessa possibilidade pelos sócios no Contrato Social. De acordo com Professor André Luiz Ramos:
Em princípio, aplicam-se subsidiariamente à sociedade limitada as regras da sociedade simples (art. 1.053, caput, do Código Civil). No mais, cabe ao contrato social suprir eventuais omissões da legislação. Afinal, a contratualidade, como visto, uma característica marcante das sociedades limitadas. Assim, o que a norma do art. 1.053, parágrafo único, do Código Civil permite, ao facultar aos sócios a estipulação contratual de, regência supletiva da sociedade limitada pelas regras da sociedade anônima é a possibilidade de incidirem as regras da SI A nas matérias sobre as quais os sócios poderiam contratar. Fica claro, pois, que existe um limite para tanto, só sendo possível essa incidência das regras da S/A quando elas forem compatíveis com o regime contratual da sociedade limitada. (RAMOS, 2010, p. 198)
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Resumo 2 Dir Empresarial 2014-2 Guilhon.docx
FAP/ESTÁCIO
Disciplina: Direito Empresarial II
Professor: Mauro Marques Guilhon
RESUMO DE AULA 2
UNIDADE 1: SOCIEDADE LIMITADA
SOCIEDADE LIMITADA: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
A sociedade limitada está regida nos artigos 1.052 ao 1.087 do Código Civil de 2002. O mesmo Código estabelece que, nas omissões de seus artigos, tais sociedades serão regidas pelas normas das sociedades simples (Arts. 997 a 1.038) ou, se expressamente previsto no contrato social, poderão ser aplicadas as normas que regem as sociedades anônimas (Art. 1.053, parágrafo único).
O Código Civil de 2002 trouxe uma relevante inovação com relação às sociedades limitadas: a criação de dois subtipos desse tipo de sociedade. Esta inovação decorre do art. 1.053 e seu parágrafo único, que trata da regra de regência supletiva das sociedades limitadas. A sujeição a um ou outro subtipo depende do que estiver escrito no contrato social, isto é, do que os sócios negociarem. Um subtipo é o do regime de regência supletiva da sociedade simples, quando no contrato social os sócios se omitem ou escolhem que se apliquem as normas da sociedade simples na supressão de suas lacunas; o outro subtipo é quando os sócios escolhem, no contrato social, regerem as lacunas pelas normas da sociedade anônima.
CONCEITO: 
Sociedade Limitada é aquela formada por duas ou mais pessoas as quais se responsabilizam limitadamente ao valor de suas cotas subscritas no capital social quando este estiver totalmente integralizado, sendo, porém, solidários em relação ao montante ainda não integralizado (art. 1.052 do CC).
CARACTERÍSTICAS:
A sociedade limitada, que corresponde a mais de noventa por cento das sociedades regularmente constituídas no Brasil, tem três características que atendem aos interesses dos médios e pequenos empresários. 
A primeira delas, e certamente a mais importante, é o fato de se tratar de uma sociedade contratual, com pouca interferência estatal, ou seja, um modelo que permite aos próprios sócios regularem os níveis de atuação de cada qual; de estabelecerem e alterarem, conforme os seus interesses, a forma de participação e integralização do capital e, ainda, em qualquer época definir ou redefinir a gerência da sociedade. 
Em segundo lugar a limitação da responsabilidade dos sócios, que é um fator de segurança e maior liberdade para empreender. 
E, em terceiro lugar, a motivação decorre da maior simplicidade administrativa, do menor custo contábil e gerencial e, especialmente, da agilidade de decisões que este modelo de sociedade permite.
Constituição da sociedade (art. 997 do CC):
“Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato.”.
Conforme o artigo 982, do Código Civil, "Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeita a registro; e simples, as demais." O artigo 967, declara: "É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade". 
Entretanto, a lei civil reconhece a existência de sociedades sem o instrumento de constituição. É o que determina a lei citada no seu artigo 986, quando diz: "Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.". Art. 990 do C.C diz, referindo-se a este caso: "Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade." Já o art. 1.024, assim se posiciona: "Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais". 
Ainda consultando o C.C, encontramos no art. 987. "Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo." 
A ausência do referido registro ou do arquivamento do contrato ou estatuto tornará a sociedade em questão uma sociedade de fato, que, nessa condição, não gozará de certas prerrogativas que foram consagradas em benefício dos comerciantes pela legislação comercial. 
Sociedades de fato são sociedades irregulares que funcionam sem o preenchimento das
formalidades exigidas pela lei. 
A existência da sociedade, quando por parte dos sócios se não apresenta instrumento, pode provar-se por todos os gêneros de prova admitidos em no direito civil (art. 212), quais sejam: confissão, documento, testemunha, presunção e perícia. 
Nas sociedades irregulares os seus sócios responderão ilimitadamente (isto é, inclusive com seus bens pessoais), e solidariamente (isto é, qualquer um dos sócios pode ser chamado para responder pelo todo das obrigações contraídas), pelas dívidas da sociedade para com terceiros. 
Vale lembrar que, para haver regularidade na constituição de qualquer sociedade, o estatuto (ou o contrato) que lhe deu origem deverá ser informado por todos os elementos que devem aparecer nos atos jurídicos em geral (agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei) 
Além desses elementos, existem outros que são considerados especiais ou próprios das sociedades de natureza mercantil. São eles: 
a) pluralidade dos sócios; 
b) a constituição de um capital; 
c) a affectio societatis; 
d) a participação nos lucros e nas perdas.
AGENTES SOCIETÁRIOS: SÓCIOS E ADMINISTRADORES.
A administração da sociedade comercial e a sua representação, via de regra, são mencionadas no contrato social ou no estatuto social. Os sócios mencionados como representantes da sociedade receberão poderes para praticar atos em nome e por conta da sociedade comercial, exercendo direitos e assumindo obrigações pertinentes à sua atividade comercial. 
Os dirigentes e representantes da sociedade comercial, entretanto, poderão ser responsabilizados pelos demais sócios quanto aos atos de sua autoria praticados com dolo,culpa ou abuso de poder, em prejuízo da sociedade. 
A administração das sociedades limitadas compete a uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado (art. 1060, caput, CC).
O(s) administrado(es) poderá(ao) ser não sócio(s). Mas para tanto, deverá ser obedecida a regra do art. 1.061 do CC, abaixo transcrito:
“Art. 1.061. A designação de administradores não sócios dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e de 2/3 (dois terços), no mínimo, após a integralização.”
Investido no cargo de administrador por ato separado, caberá a este, nos dez dias seguintes à sua investidura, fazer registrar sua nomeação no Registro Público de Empresas Mercantis, conforme regra do art. 1.062 do CC, abaixo transcrito:
“Art. 1.062. O administrador designado em ato separado investir-se-á no cargo mediante termo de posse no livro de atas da administração.
§ 1o Se o termo não for assinado nos trinta dias seguintes à designação, esta se tornará sem efeito.
§ 2o Nos dez dias seguintes ao da investidura, deve o administrador requerer seja averbada sua nomeação no registro competente, mencionando o seu nome, nacionalidade, estado civil, residência, com exibição de documento de identidade, o ato e a data da nomeação e o prazo de gestão.”.
Nomeação e destituição do administrador:
#Administrador sócio:
Nomeação: 
¾ do capital social, quando feita no próprio contrato social;
Mais da metade do capital social, quando feita em ato apartado.
 
Destituição:
2/3 do capital social (não sendo outra, a previsão no contrato social).
Mais da metade do capital social, quando feita em ato apartado.
# Administrador não sócio:
Nomeação: 
Unanimidade do capital social, enquanto não integralizado;
2/3 do capital social integralizado.
Destituição:
Mínimo de 3/4 do capital social, quando a nomeação é feita pelo contrato social;
Mais da metade do capital social, quando feita em ato apartado.
Os administradores e os que derem o nome à firma normalmente não respondem pessoalmente pelas obrigações contraídas em nome da sociedade, mas respondem para com esta e para com terceiros, solidária e ilimitadamente, pelo excesso de mandato e pelos atos praticados com violação do contrato ou da lei. 
RESPONSABILIDADES.
RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS
Estabelece o Código Civil que a responsabilidade dos sócios pela integralização do capital social é solidária, ou seja, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social (art. 1.052), e pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade (art. 1.055, § 1º).
“Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.”
3.3.1 Exceções à limitação da responsabilidade dos sócios:
Regra do art. 1080 do CC: quando os sócios deliberarem contrariamente ao contrato social ou à Lei, responderão ilimitadamente pelas obrigações contraídas;
Créditos fiscais ou previdenciários, de acordo com as respectivas legislações aplicáveis;
Créditos trabalhistas (construção jurisprudencial);
Demais casos em que se verifique abuso de personalidade jurídica.
RESPONSABILIDADE DOS ADMINISTRADORES
A sociedade limitada, pelo princípio da separação da sociedade em relação ao sócio, responde pelos compromissos assumidos pelos seus administradores, mas somente se forem contraídos em proveito da sociedade. No entanto, os administradores têm a responsabilidade civil, que é uma exceção à regra acima. Caso o administrador atue: com dolo ou culpa nas suas atribuições ou poderes ou com violação da lei ou do estatuto, responderá civilmente pelos seus danos.
Disposições legais do Código Civil relativas à administração das sociedades limitadas:
Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado.
Parágrafo único. A administração atribuída no contrato a todos os sócios não se estende de pleno direito aos que posteriormente adquiram essa qualidade.
Art. 1.061.  A designação de administradores não sócios dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e de 2/3 (dois terços), no mínimo, após a integralização.
Art. 1.062. O administrador designado em ato separado investir-se-á no cargo mediante termo de posse no livro de atas da administração.
§ 1o Se o termo não for assinado nos trinta dias seguintes à designação, esta se tornará sem efeito.
§ 2o Nos dez dias seguintes ao da investidura, deve o administrador requerer seja averbada sua nomeação no registro competente, mencionando o seu nome, nacionalidade, estado civil, residência, com exibição de documento de identidade, o ato e a data da nomeação e o prazo de gestão.
Art. 1.063. O exercício do cargo de administrador cessa pela destituição, em qualquer tempo, do titular, ou pelo término do prazo se, fixado no contrato ou em ato separado, não houver recondução.
§ 1o Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato, sua destituição somente se opera pela aprovação de titulares de quotas correspondentes, no mínimo, a dois terços do capital social, salvo disposição contratual diversa.
§ 2o A cessação do exercício do cargo de administrador deve ser averbada no registro competente, mediante requerimento apresentado nos dez dias seguintes ao da ocorrência.
§ 3o A renúncia de administrador torna-se eficaz, em relação à sociedade, desde o momento em que esta toma conhecimento da comunicação escrita do renunciante; e, em relação a terceiros, após a averbação e publicação.
Art. 1.064. O uso da firma ou denominação social é privativo dos administradores que tenham os necessários poderes.
Art. 1.065. Ao término de cada exercício social, proceder-se-á à elaboração do inventário, do balanço patrimonial e do balanço de resultado econômico.
Disposições legais do Código Civil relativas à administração das sociedades simples, aplicadas, no que couberem, às sociedades limitadas:
Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um.
§ 1o Para formação da maioria absoluta são necessários votos correspondentes a mais de metade do capital.
§ 2o Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no caso de empate, e, se este persistir, decidirá o juiz.
§ 3o Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove graças a seu voto.
Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios.
§ 1o Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.
§ 2o Aplicam-se à atividade dos administradores, no que couber, as disposições concernentes ao mandato.
Art. 1.012. O administrador, nomeado por instrumento em separado, deve averbá-lo à margem da inscrição da sociedade, e, pelos atos que praticar, antes de requerer a averbação, responde pessoal e solidariamente com a sociedade.
Art. 1.013. A administração da sociedade, nada dispondo o contrato social, compete separadamente a cada um dos sócios.
§ 1o Se a administração competir separadamente a vários administradores, cada um pode impugnar operação pretendida por outro, cabendo a decisão aos sócios, por maioria de votos.
§ 2o Responde por perdas e danos perante a sociedade o administrador que realizar operações, sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo com a maioria.
Art. 1.014. Nos atos de competência conjunta de vários administradores, torna-se necessário o concurso de todos, salvo nos casos urgentes, em que a omissão ou retardo das providências possa ocasionar dano irreparável ou grave.
Art. 1.015. No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou a venda de bens imóveis depende do que a maioria dos sócios decidir.
Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses:
I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade;
II - provando-se que era conhecida do terceiro;
III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade.
Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções.
Art. 1.017. O administrador que, sem consentimento escrito dos sócios, aplicar créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de terceiros, terá de restituí-los à sociedade, ou pagar o equivalente, com todos os lucros resultantes, e, se houver prejuízo, por ele também responderá.
Parágrafo único. Fica sujeito às sanções o administrador que, tendo em qualquer operação interesse contrário ao da sociedade, tome parte na correspondente deliberação.
Art. 1.018. Ao administrador é vedado fazer-se substituir no exercício de suas funções, sendo-lhe facultado, nos limites de seus poderes, constituir mandatários da sociedade, especificados no instrumento os atos e operações que poderão praticar.
Art. 1.019. São irrevogáveis os poderes do sócio investido na administração por cláusula expressa do contrato social, salvo justa causa, reconhecida judicialmente, a pedido de qualquer dos sócios.
Parágrafo único. São revogáveis, a qualquer tempo, os poderes conferidos a sócio por ato separado, ou a quem não seja sócio.
Art. 1.020. Os administradores são obrigados a prestar aos sócios contas justificadas de sua administração, e apresentar-lhes o inventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
Art. 1.021. Salvo estipulação que determine época própria, o sócio pode, a qualquer tempo, examinar os livros e documentos, e o estado da caixa e da carteira da sociedade.
Segundo o CC/2002, os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e perante terceiros prejudicados por culpa do desempenho de suas funções (art. 1.016), como acima já enunciado.
Ante o exposto até agora, podemos entender que se houver excesso no exercício dos poderes de gerir a sociedade limitada, com violação da lei e do contrato social, o administrador responderá perante terceiros, ilimitadamente e de forma solidária com a pessoa jurídica (sociedade ltda.), além de ser obrigado a reparar os danos causados perante a sociedade.
Cabe lembrar que o sócio admitido posteriormente na sociedade, será igualmente responsável pelas dívidas anteriores à sua admissão (art. 1.025). Também não podemos esquecer que está expresso no CC/02 que os administradores são obrigados a prestar contas de sua gestão aos sócios, apresentando-lhes o inventário, bem como o balanço patrimonial e o balanço de resultado econômico (art. 1.065).
TEORIA DOS ATOS ULTRA VIRES.
De acordo com a chamada teoria "ultra vires", qualquer ato praticado em nome da pessoa jurídica, por seus sócios ou administradores, que ultrapassasse seus poderes, é nulo.
A teoria ultra vires surgiu no direito britânico em meados do século XIX visando coibir desvios de finalidade na administração de sociedades por ações preservando, assim, o patrimônio dos investidores. Por ela o ato praticado pela pessoa jurídica que extrapole o objeto social é nulo de pleno direito.
Rubens Requião inclui dentre às hipóteses de abusos dos poderes gerenciais, a prática de atos “ultra vires”:
 “A segunda modalidade mencionada [além de (i) atos de excesso, violadores da regra social; (ii) Restrições contratuais] envolvendo sociedade, administrador e terceiro refere-se a operações estranhas ao objeto social e deu origem à aplicação da teoria inglesa denominada ultra vires societatis.” (REQUIÃO, Rubens, Manual de Direito Comercial e de Empresa, Teoria Geral da Empresa e Direito Societário, Saraiva, 9ª edição, 2012. p.367).
A prática por parte de sócio-administrador, não só de uma sociedade por ações, mas de qualquer tipo societário, que extrapole os limites divisados pelos sócios constantes no contrato social, especialmente, no objeto social, são nulos de pleno direito. 
Até o advento do Código Reale em 2002 (Código Civil) o direito brasileiro não adotava expressamente a “teoria ultra vires”.  Requião, no entanto, salienta que a jurisprudência dos tribunais, mesmo não expressa em Lei, aplicava a teoria “ultra vires”:
”Na jurisprudência brasileira podem ser encontrados casos semelhantes de aplicação da teoria ultra vires, dando nulos atos praticados por gerentes sociais em atividades estranhas ao objeto social da sociedade, mas, ao contrário dos efeitos buscados na aplicação da teoria, entende-se que a sociedade deve responder por atos de seus administradores perante terceiros de boa-fé, porque esses atos foram realizados sob a aparência da legalidade contratual ou estatutária – teoria da aparência.” (ibidem p. 367)
A partir do Código Civil de 2002, o direito brasileiro, no que concerne às sociedades limitadas, por força do § único do 1.015, adotou expressamente a ultra vires doctrine. Como acima transcrito.
Por conta da positivação da teoria, nossa legislação transferiu a cautela do exame dos atos constitutivos aos particulares, logo, quando da celebração de eventual contrato caberá à parte contratante o exame do objeto social da outra parte, assim como, a verificação dos poderes conferidos
ao representante legal que firma tal negócio em nome da sociedade.
Por outro lado, verificam-se a cautela em delimitar no próprio ato constitutivo da sociedade o objeto social que deve condizer com a totalidade das atividades desempenhadas pela entidade e os poderes que a própria sociedade conferirá a seus administradores de forma que a realização de negócios acessórios ou conexos ao objeto social não constituam operações evidentemente estranhas aos negócios da sociedade.
Nessa esteira, tornou-se corriqueira cláusula que disponha os limites de atuação dos administradores nos atos constitutivos das sociedades podendo citar como exemplos limites referentes a tipos contratuais e seus valores.
Mesmo frente à positivação desta teoria, necessário é lembrar que seu âmbito de aplicação se mostra maior nas relações entre administradores e sociedades isto porque, de acordo com o entendimento jurisprudencial atual, à luz da boa-fé objetiva a relação sociedade e terceiro se rege pela teoria da aparência, sendo certo que não é possível opor meras restrições contratuais a terceiros que contratam com a sociedade em situação que acreditam perfeitamente regular, mesmo que o negócio tenha sido firmado por ato excessivo.
A teoria da desconsideração da personalidade jurídica está prevista no artigo 50 do CC, segundo o qual "em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações e obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica".
A desconsideração da personalidade jurídica só é levada a efeito quando a responsabilidade não pode ser em princípio, diretamente imputada ao sócio, controlador ou representante legal da pessoa jurídica. Se a imputação pode ser direta, ou seja, se a existência da pessoa jurídica não é obstáculo à responsabilização de quem quer que seja não há porque se cogitar da desconsideração de sua personalidade.
Quando alguém, na qualidade de sócio, controlador ou representante legal da pessoa jurídica provoca danos a terceiros em virtude de comportamento ilícito, deverá indenizá-los. Nesse caso, responderá por obrigação pessoal, decorrente do ilícito em que incorreu, não sendo a existência da pessoa jurídica óbice a tal responsabilização. Para fins de responsabilidade, é indiferente a circunstância de o ilícito ter sido efetivado no exercício da representação legal da pessoa jurídica, ou em função da qualidade de sócio ou controlador.
Não há, portanto, desconsideração da pessoa jurídica na definição da responsabilidade de quem age, por exemplo, com excesso de poder, infração da lei, violação dos estatutos ou do contrato social ou por qualquer outra modalidade de ilícito.
O sócio ou gerente da sociedade limitada ou o diretor da sociedade anônima, por exemplo, podem ser responsabilizados direta e solidariamente por atos "ultra vires" praticados por culpa ou dolo, contra a lei, contrato ou estatutos e estranhos aos objetivos sociais.
Note-se que, para aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, não basta só a prova do dano. Necessária também a existência de fraude (confusão patrimonial) ou do abuso de direito (desvio de finalidade).
Na responsabilização por atos "ultra vires", por outro lado, o sócio não se esconde atrás da personalidade jurídica. Ele responde por atos próprios, aplicando-se, para a reparação do dano causado, a norma contida na legislação civil (arts. 186 e 927 do CC/2002).
SÓCIO REMISSO.
Sócio remisso é aquele que não contribui para a formação do capital social com os valores a que se obrigara.
Diante da não integralização do capital social pelo sócio remisso, os demais sócios poderão:
Promover a execução forçada do sócio remisso, nos termos da Lei;
Repartir as quotas entre si (os sócios remanescentes);
Admitirem outro sócio que integralize as quotas do sócio remisso;
Diminuir o capital social da sociedade.
Vide art. 1.058 do CC:
“Art. 1.058. Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem, sem prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas.”.
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Resumo 3 Dir Empresarial 2014-2 Guilhon.docx
FAP/ESTÁCIO
Disciplina: Direito Empresarial II
Professor: Mauro Marques Guilhon
RESUMO DE AULA 3
UNIDADE 1: SOCIEDADE LIMITADA
DAS COTAS.
Nos termos do art. 1.055 do CC, o capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio.
“Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio.
§ 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade.
§ 2o É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.”
Nos termos do art. 1.056 do CC, a quota é indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de transferência, caso em que se observará o disposto no artigo seguinte.
Na omissão do contrato, segundo o art. 1.057 do CC, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.
Ainda segundo o art. 1.057 do CC (parágrafo único), essa cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes.
No caso de morte de sócio, segundo o art. 1.058 do CC, sua quota será liquidada, salvo:
I - se o contrato dispuser diferentemente;
II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade;
III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido.
Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, segundo o art. 1.031 do CC, o valor da sua quota será liquidado pelo montante efetivamente realizado, salvo disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.
Ainda conforme esse artigo, o capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios suprirem o valor da quota, devendo a quota liquidada ser paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário.
Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa. (art. 1029 do CC). Nesse caso, nos trinta dias subsequentes à notificação, podem os demais sócios optar pela dissolução da sociedade.
CONSELHO FISCAL
Sem prejuízo dos poderes da assembleia dos sócios, pode o contrato da sociedade limitada instituir conselho fiscal composto de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no País, eleitos na assembleia anual. 
O conselho fiscal das sociedades limitadas é regido pelos artigos 1.066 a 1.070 do CC.
Vedações:
Não podem fazer parte do conselho fiscal:
Os inelegíveis: pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação;
Os membros dos demais órgãos da sociedade ou de outra por ela controlada, os empregados de quaisquer delas ou dos respectivos administradores, o cônjuge ou parente destes até o terceiro grau.
É assegurado aos sócios minoritários, que representarem pelo menos um quinto do capital social, o direito de eleger, separadamente, um dos membros do conselho fiscal e o respectivo suplente.
O membro ou suplente eleito, assinando termo de posse lavrado no livro de atas e pareceres do conselho fiscal, em que se mencione o seu nome, nacionalidade, estado civil, residência e a data da escolha, ficará investido nas suas funções, que exercerá, salvo cessação anterior, até a subsequente assembleia anual.
Se o termo não for assinado nos trinta dias seguintes ao da eleição, esta se tornará sem efeito.
A remuneração dos membros do conselho fiscal será fixada, anualmente, pela assembleia dos sócios que os eleger.
Deveres:
 Além de outras atribuições determinadas na lei ou no contrato social, aos membros do conselho fiscal incumbem, individual ou conjuntamente, os deveres seguintes:
I - examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da sociedade e o estado da caixa e da carteira, devendo os administradores ou liquidantes prestar-lhes as informações solicitadas;
II - lavrar no livro de atas e pareceres do conselho fiscal o resultado dos exames referidos no inciso I deste artigo;
III - exarar no mesmo livro e apresentar à assembleia anual dos sócios parecer sobre os negócios e as operações sociais do exercício em que servirem, tomando por base o balanço patrimonial e o de resultado econômico;
IV - denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, sugerindo providências úteis à sociedade;
V - convocar a assembleia dos sócios se a diretoria retardar por mais de trinta dias a sua convocação anual, ou sempre que ocorram motivos graves e urgentes;
VI - praticar, durante o período da liquidação da sociedade, os atos a que se refere este artigo, tendo em vista as disposições especiais reguladoras da liquidação.
Responsabilidades:
As atribuições e poderes conferidos pela lei ao conselho fiscal não podem ser outorgados a outro órgão da sociedade, e a responsabilidade de seus membros obedece à regra que define a dos administradores (art. 1.016).
O conselho fiscal poderá escolher para assisti-lo no exame dos livros, dos balanços e das contas, contabilista legalmente habilitado, mediante remuneração aprovada pela assembleia dos sócios.
DAS DELIBERAÇÕES DOS SÓCIOS
As decisões mais importantes em uma sociedade limitada são tomadas por deliberação dos sócios, e que a esta estarão vinculados mesmo que dela não tenham participado ou dela dissentirem. 
“Os atos de administração geral cabem aos gerentes nomeados pelo contrato social ou escolhidos posteriormente, mas as diretrizes organizacionais da sociedade competem privativamente aos sócios que devem deliberar a respeito.” (NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. Vol. 1, 3ª ed. reformulada – São Paulo: Saraiva, 2003. p. 362)
As deliberações dos sócios são tomadas de três formas, por reunião, assembleia ou, ainda, por documento escrito. 
Para se determinar se a sociedade está sujeita a assembleia ou reunião é necessário verificar o número de sócios. Se superior a dez sócios as deliberações dar-se-ão por assembleia, e se constituída por até dez sócios por reunião. Não atendidas estas condições a deliberação será inválida, não produzindo efeitos.
Distinguem-se assembleia e reunião pela aplicação das regras constantes dos artigos 1.074, 1.075 e 1.078.
“Estas regras, que dizem respeito à instalação; representação de sócio nas assembleias; conflitos de interesses; lavratura e arquivamento de atas; periodicidade da realização da assembleia e matérias obrigatórias, entre outras, serão também aplicáveis às reuniões acaso o contrato social for omisso quanto a este assunto (NCC, art. 1.079).”. (BERTOLDI, Marcelo M. Curso avançado de direito comercial, volume 1: teoria geral do direito comercial, direito societário. 2ª ed. ver. e atual. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003. p. 231)
Em outros elucidativos termos: 
“Em dois dispositivos (arts. 1.072, § 6º, e 1.079), o Código Civil estabelece que as regras sobre a assembléia dos sócios aplicam-se às reuniões, nos casos de omissão contrato social. Quer dizer, o contrato social que admite deliberações em reunião de sócios pode também estabelecer regras próprias sobre sua periodicidade, convocação (competência e modo), quorum de instalação, curso e registro dos trabalhos. Como as normas legais atinentes a essas formalidade da assembléia são supletivas do contrato social, elas se aplicam apenas quando os sócios nada contrataram sobre elas.”
 Exemplo: 
“Se o contrato social estabelece, por exemplo, que a reunião será convocada por mensagens eletrônicas enviadas pela internete (correio-e), dispensada a publicação de anúncios e a declaração de ciência da totalidade dos sócios, não terão aplicação as exigências previstas em lei para a validade da convocação da assembléia.” (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. Vol. 2, 6ª ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2003.op. cit., p. 429). 
Os arts. 1071 a 1.080 do CC tratam do tema:
Das Deliberações dos Sócios
Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias indicadas na lei ou no contrato:
I - a aprovação das contas da administração;
II - a designação dos administradores, quando feita em ato separado;
III - a destituição dos administradores;
IV - o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato;
V - a modificação do contrato social;
VI - a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de liquidação;
VII - a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas;
VIII - o pedido de concordata.
Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010, serão tomadas em reunião ou em assembléia, conforme previsto no contrato social, devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato.
§ 1o A deliberação em assembléia será obrigatória se o número dos sócios for superior a dez.
§ 2o Dispensam-se as formalidades de convocação previstas no § 3o do art. 1.152, quando todos os sócios comparecerem ou se declararem, por escrito, cientes do local, data, hora e ordem do dia.
§ 3o A reunião ou a assembléia tornam-se dispensáveis quando todos os sócios decidirem, por escrito, sobre a matéria que seria objeto delas.
§ 4o No caso do inciso VIII do artigo antecedente, os administradores, se houver urgência e com autorização de titulares de mais da metade do capital social, podem requerer concordata preventiva.
§ 5o As deliberações tomadas de conformidade com a lei e o contrato vinculam todos os sócios, ainda que ausentes ou dissidentes.
§ 6o Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos omissos no contrato, o disposto na presente Seção sobre a assembléia.
Art. 1.073. A reunião ou a assembléia podem também ser convocadas:
I - por sócio, quando os administradores retardarem a convocação, por mais de sessenta dias, nos casos previstos em lei ou no contrato, ou por titulares de mais de um quinto do capital, quando não atendido, no prazo de oito dias, pedido de convocação fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas;
II - pelo conselho fiscal, se houver, nos casos a que se refere o inciso V do art. 1.069.
Art. 1.074. A assembléia dos sócios instala-se com a presença, em primeira convocação, de titulares de no mínimo três quartos do capital social, e, em segunda, com qualquer número.
§ 1o O sócio pode ser representado na assembléia por outro sócio, ou por advogado, mediante outorga de mandato com especificação dos atos autorizados, devendo o instrumento ser levado a registro, juntamente com a ata.
§ 2o Nenhum sócio, por si ou na condição de mandatário, pode votar matéria
que lhe diga respeito diretamente.
Art. 1.075. A assembléia será presidida e secretariada por sócios escolhidos entre os presentes.
§ 1o Dos trabalhos e deliberações será lavrada, no livro de atas da assembléia, ata assinada pelos membros da mesa e por sócios participantes da reunião, quantos bastem à validade das deliberações, mas sem prejuízo dos que queiram assiná-la.
§ 2o Cópia da ata autenticada pelos administradores, ou pela mesa, será, nos vinte dias subseqüentes à reunião, apresentada ao Registro Público de Empresas Mercantis para arquivamento e averbação.
§ 3o Ao sócio, que a solicitar, será entregue cópia autenticada da ata.
Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061 e no § 1o do art. 1.063, as deliberações dos sócios serão tomadas:
I - pelos votos correspondentes, no mínimo, a três quartos do capital social, nos casos previstos nos incisos V e VI do art. 1.071;
II - pelos votos correspondentes a mais de metade do capital social, nos casos previstos nos incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071;
III - pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos previstos na lei ou no contrato, se este não exigir maioria mais elevada.
Art. 1.077. Quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade, incorporação de outra, ou dela por outra, terá o sócio que dissentiu o direito de retirar-se da sociedade, nos trinta dias subseqüentes à reunião, aplicando-se, no silêncio do contrato social antes vigente, o disposto no art. 1.031.
Art. 1.078. A assembléia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez por ano, nos quatro meses seguintes à ao término do exercício social, com o objetivo de:
I - tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço patrimonial e o de resultado econômico;
II - designar administradores, quando for o caso;
III - tratar de qualquer outro assunto constante da ordem do dia.
§ 1o Até trinta dias antes da data marcada para a assembléia, os documentos referidos no inciso I deste artigo devem ser postos, por escrito, e com a prova do respectivo recebimento, à disposição dos sócios que não exerçam a administração.
§ 2o Instalada a assembléia, proceder-se-á à leitura dos documentos referidos no parágrafo antecedente, os quais serão submetidos, pelo presidente, a discussão e votação, nesta não podendo tomar parte os membros da administração e, se houver, os do conselho fiscal.
§ 3o A aprovação, sem reserva, do balanço patrimonial e do de resultado econômico, salvo erro, dolo ou simulação, exonera de responsabilidade os membros da administração e, se houver, os do conselho fiscal.
§ 4o Extingue-se em dois anos o direito de anular a aprovação a que se refere o parágrafo antecedente.
Art. 1.079. Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos omissos no contrato, o estabelecido nesta Seção sobre a assembléia, obedecido o disposto no § 1o do art. 1.072.
Art. 1.080. As deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as aprovaram.
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Resumo 4 Dir Empresarial 2014-2 Guilhon.docx
FAP/ESTÁCIO
Disciplina: Direito Empresarial II
Professor: Mauro Marques Guilhon
RESUMO DE AULA 4
UNIDADE II: SOCIEDADE ANÔNIMA: 2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA. 2.2 CONCEITO. NATUREZA JURÍDICA. 2.3. CARACTERÍSTICAS. 2.4 RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS. 2.5 ANÁLISE COMPARATIVA  SOCIEDADE LIMITADA DO CÓDIGO CIVIL. COMANDITA POR AÇÕES.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
A semântica da palavra "Companhia" vem da junção de "cum" (com) mais "panis" (pão), ou seja, unir o pão. Isso nos remete à ideia de família que é a forma como surgiram as primeiras sociedades.
De acordo com grande parte da doutrina que aborda o tema, um dos primeiros cenários do surgimento das sociedades anônimas foi o das grandes navegações. Nesse contexto histórico teria surgido a necessidade da mobilização de grandes investimentos econômicos, para a exploração do ‘novo mundo’.
 
Enquanto que as demais sociedades empresárias surgiram para atender aos empreendimentos de pequeno ou médio porte, a sociedade anônima foi criada para suprir os interesses econômicos dos negócios com elevados investimentos. 
Na realidade há divergências da origem das sociedades anônimas pelos estudiosos, contudo mencionam dois empreendimentos, cujas características se aproximam deste tipo de sociedade, conforme mencionada Marcelo M. Bertoldi:
“O primeiro deles foi o chamado Banco São Jorge, surgido em Gênova no ano de 1407... O segundo empreendimento citado pela doutrina como sendo precursor das sociedades anônimas é a Companhia Holandesa das Índias Orientais, criada em 1604, seguida pela Companhia das Índias Ocidentais, constituída em 1621.”
Conforme se reporta o mesmo autor, relativo a esses empreendimentos era comum o empréstimo de dinheiro por particulares ao Estado, para investimento em obras públicas e material bélico, e com isso obtinham o direito de cobrar impostos como remuneração do capital emprestado. Os credores se reuniam em associações e seus créditos em relação ao Estado representavam parcela do capital social, apesar de não ter características comerciais.
A casa de São Jorge (San Giorgio) transformou-se no Banco de São Jorge, uma poderosa instituição que somente veio desaparecer em 1816, quando seus credores deixaram de receber somente as remunerações pelo empréstimo e passaram receber dividendos das transações realizadas pelo banco, exatamente como ocorre hoje com as sociedades anônimas.
Em relação ao segundo empreendimento, descreve o autor de que as primeiras de muitas Companhias Coloniais objetivavam explorar o Novo Mundo, o que se podia fazer mediante altos investimentos, foi quando encontram a fórmula da união de capital social com o capital privado, fracionando-se em partes de pequeno valor e para que um grande número de pessoas pudesse investir no negócio, por ser altamente lucrativo.
Assim sendo, ao contribuinte era garantido comprovante de sua participação o que gerava direito de ação contra a companhia em relação aos lucros e ao capital investido, de onde se originou o termo "ação" definindo a parcela do capital social.
A fórmula apresentada foi tão eficiente que se espalhou para outros países, como Portugal, Inglaterra e França, tendo como característica comum à outorga do soberano e diante disso a exclusividade na exploração da colônia, surgindo em 1807, o Código Comercial Francês, no qual as sociedades anônimas foram mencionadas como instituições jurídicas, não mais dependendo de outorgas privilegiadas pelo Estado, mas por edição de leis especiais, sob o regime de autorização.
O jurista Rubens Requião nos dá conta do surgimento da primeira sociedade anônima: “Todos os autores estão concordes em que a sociedade por ações se configurou como o tipo ideal das sociedades colonizadoras do século XVII, surgindo a primeira em 1602, na Holanda.” (Curso de Direito Comercial, 2º volume. 30ª ed. São Paulo. Saraiva. 2013. p. 26). 
O citado jurista acrescenta que: “Assim surgiram e se impuseram as sociedades por ações no século XVII, formadas pela conjunção de capitais públicos e particulares, este na maior parte de armadores náuticos, e, algumas vezes, com a participação de judeus, cujos bens eram liberados, para esses investimentos, da Inquisição, como ocorreu na incorporação, sob o ministério de Pombal, da Companhia do Grão-Pará, para colonização do norte do Brasil.”.
A Sociedade Anônima no Brasil – evolução legislativa
Segundo Rubens Requião, discorrendo sobre as origens da sociedade anônima em nosso ordenamento: 
“Em princípio, na Colônia, era ela outorgada em carta real, em cada caso, como ocorreu na constituição da ‘Companhia Geral do Grão-Pará’, fundada por ordem do Marquês de Pombal. A sociedade Banco do Brasil S.A. foi fundada por alvará de D. João VI, em 1808, quando este se encontrava no Rio de Janeiro.” (Curso de Direito Comercial, 2º volume. 30ª ed. São Paulo. Saraiva. 2013. p. 26).
Na mesma obra referendada, o autor alude ao art. 295 do Código Comercial, no Título XV, "Das Companhias e Sociedades Comerciais", reservou o capítulo II, "Das Companhias de Comércio ou Sociedades Anônimas", artigos 295 a 299, regulamentando, portanto, as sociedades anônimas no Brasil.
Observa-se a teor dos referidos artigos que na ocasião as sociedades anônimas se estabeleciam por tempo determinado, com autorização do governo, eram administradas por mandatários revogáveis, sócios ou não e quando pretendiam gozar de algum privilégio dependiam da aprovação do Corpo Legislativo, que deveriam provar-se por escritura pública ou estatutos, ou ainda, por ato do Poder que as houvesse autorizado.
Somente poderiam ser dissolvidas quando do término do prazo de duração, por quebra ou por não preencher o intuito ou fim social.
Antes do exercício operacional deveriam estar inscritas no Registro de Comércio e publicadas pelo respectivo Tribunal, com possibilidade de prorrogação desde que aprovado pelo poder que as havia autorizado.
Quanto ao capital social determinava que fosse dividido em ações, podendo estas ser subdividas em frações, as quais eram em forma de título ao portador, ou por inscrições nos registros da companhia, sendo que quanto a primeira forma poderiam ser transferidas através de endosso e quanto ao segundo somente por ato lançado nos mesmos registros devendo ter assinatura do proprietário ou procurador com poderes especiais, ressalvando os casos de execução judicial.
Determinou a limitação da responsabilidade dos sócios até o limite de suas ações ou do interesse por que se houverem comprometido, enquanto que a responsabilização dos administradores e diretores em relação a terceiros que tratassem com a mesma companhia era pessoal e solidariamente até o momento da inscrição do documento ou título da sua instituição junto ao registro do comércio e posteriormente ao registro somente na companhia pela execução do mandato.
A lei 3.159, de 04 de novembro de 1882 veio regular o estabelecimento de companhias e sociedades anônimas, cuja lei foi regulamentada pelo Decreto nº 8.821, de 30 de dezembro de 1882.
Considerando-se a evolução brasileira na área comercial adveio o Decreto Lei 2.627 de 26 de setembro de 1940, portanto, 90 anos posterior ao Código Comercial, que em seu corpo regulamentou com extrema eficiência o funcionamento das sociedades anônimas no Brasil, inclusive as estrangeiras que aqui se instalassem.
Apesar da eficiência do referido decreto, denotou-se falhas quanto à proteção dos acionistas minoritários, motivo pelo qual foi parcialmente revogada pela edição da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que vigora até hoje regulando as sociedades anônimas no Brasil.
Assim, as companhias ou sociedades anônimas brasileiras ou instaladas no Brasil, são regidas pela Lei especial, 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e suas alterações, e pelo Código Civil brasileiro, em seus artigos 982, 1.088, 1.089 e 1.160, na omissão da Lei especial, ou seja: de forma supletiva.
CONCEITO DE S.A.
O conceito de sociedades anônimas assim vem prescrito no artigo 2º da lei 6.404/76:
"Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas."
"A sociedade anônima, também referida pela expressão "companhia", é a sociedade empresária com capital social dividido em ações, espécies de valor mobiliário, na qual os sócios, chamados acionistas respondem pelas obrigações sociais até o limite do preço de emissão das ações que possuem.”.
NATUREZA JURÍDICA DA S.A.
É uma sociedade empresária, qualquer que seja seu objeto social, conforme preconiza o art. 2º, § 1º, da Lei 6.404/76. Como assevera Rubens Requião: “Modernamente se dirá, em face das disposições do novo Código Civil, que a natureza da sociedade anônima será sempre empresarial, para afastar dela as atividades intelectuais, artísticas, científicas, literárias, beneficentes, altruísticas etc.”.
Ainda, segundo o mesmo autor: “As expressões sociedade anônima e companhia são equivalentes.” (negritamos).
CARACTERÍSTICAS DA S.A.
4.1 Capital Social Dividido em Ações
Toda sociedade anônima tem seu capital dividido em ações, pois se assim não for, não pode ser denominada sociedade anônima. 
Isso quer dizer que a partir da constituição de uma sociedade anônima, que obrigatoriamente deve ser de duas ou mais pessoas, o capital social é divido em frações, com a participação de qualquer pessoa da sociedade, que contribui para a formação do capital da empresa. As pessoas participantes de sociedade anônima são chamadas de acionistas.
Ainda quanto à divisão do capital social: 
É uma sociedade de capitais. Nelas o que importa é a aglutinação de capitais, e não a pessoa dos acionistas, inexistindo o chamado intuito personae característico das sociedades de pessoas;
Divisão do capital em partes iguais, em regra, de igual valor nominal – ações. É na ação que se materializa a participação do acionista.
4.2 Responsabilidade Limitada dos Sócios
Cada acionista responde civilmente na sociedade de acordo com a sua participação, ou seja, pelas ações adquiridas ou subscritas no capital social.
Assim a responsabilidade do acionista é limitada apenas ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Isso significa dizer que uma vez integralizada a ação o acionista não terá mais nenhuma responsabilidade adicional, nem mesmo em caso de falência, quando somente será atingido o patrimônio da companhia.
“EXECUÇÃO. FALÊNCIA. SOCIEDADE ANÔNIMA. SÓCIO MINORITÁRIO. AUSÊNCIA DE PODERES. RESPONSABILIDADE. Decretada a falência da empresa devedora, a execução nesta Justiça Especializada somente pode ser direcionada ao administrador ou controlador, com poderes de gestão, no caso de atos praticados em desacordo com a lei ou com abuso do poder. O sócio minoritário, não participando da administração, não pode ser responsabilizado. Inteligência do art. 117 e 158, da Lei 6.404/76. Agravo de Petição da executada ao qual se dá provimento. (TRT-2 - AGVPET: 189000420055020 SP 00189000420055020316 A20, Relator: SIDNEI ALVES TEIXEIRA, Data de Julgamento: 23/10/2013, 8ª TURMA, Data de Publicação: 29/10/2013)”.
“É possível que a sociedade venha a emitir ações com valor de mercado superior ao da fração nominal do capital social que ela representa. Ao se referir, assim, ao ‘preço de emissão’ e não ao ‘valor das ações subscritas ou adquiridas’, a lei atual foi, na verdade, mais precisa e realista.” (REQUIÃO. 2013)
Objeto com fim Lucrativo
Quanto ao objeto da sociedade anônima pode ser qualquer ramo de atividade, contanto que tenha fim lucrativo e segundo José Maria Rocha Filho, não deve ser "contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes". Assim sendo, esse tipo de sociedade tende visar lucros, cujos lucros são distribuídos entre os acionistas de acordo com a participação de cada um no capital social da sociedade.
O nome empresarial deverá ser somente Denominação Social
A teor do que menciona o artigo 3º e seus parágrafos, da atual lei vigente, a sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou "sociedade anônima". 
Peculiaridades de Certas Sociedades Anônimas
Empresa Comercial Exportadora (Trade Company): Essa empresa em nada se difere da sociedade anônima a não ser pelo seu objeto. Ganha essa denominação em razão de legislação especial que estimula sua criação, em vista do interesse do Estado.
Sociedades de Economia Mista: Espécie de sociedade anônima, onde os capitais públicos se aliam ao capital particular, para a promoção do objeto social de maior interesse público. As sociedades anônimas de economia mista, como as companhias em geral, podem ser abertas ou fechadas. Sendo abertas,
estão sujeitas também às normas expedidas pela CVM. Mas essas companhias dependem, na sua constituição, de prévia autorização legislativa para sua criação.
Sociedades Anônimas Dependentes de Autorização Governamental: A lei brasileira, manteve, mesmo adotando o regime da plena liberdade, concomitamente o sistema autorizativo, aplicável a certas sociedades cuja atividade, pela sua importância e gravidade, importa à segurança e ao interesse público.
Sociedades Brasileiras: As sociedades brasileiras que, por lei especial, forem dependentes de autorização para funcionar, solicitá-la-ão ao Governo Federal, que é o poder competente para conceder essa altorização.
Empresas Estrangeiras: As sociedades anônimas determinam-se pela sede de sua administração situada no país e pela sua organização, na conformidade da lei brasileira. As sociedades anônimas que assim não se constituírem são consideradas estrangeiras, e dependem de autorização do Governo Federal para exercer atividade no Brasil, através de suas filiais ou sucursais.
RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS.
Como acima exposto, a responsabilidade do acionista é limitada apenas ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Portanto, os acionistas só respondem LIMITADAMENTE pela integralização (pagamento) de suas próprias Ações, e mesmo se algum outro sócio não integralizar as suas, este primeiro não terá que fazê-lo, pois o elemento SOLIDARIEDADE não existe na caracterização desta Sociedade.
ANÁLISE COMPARATIVA  SOCIEDADE LIMITADA DO CÓDIGO CIVIL.
Quanto à responsabilidade: é limitada em ambas as sociedades Na sociedade limitada, a responsabilidade é limitada pela quota de cada sócio, existindo ainda a solidariedade destes pela integralização do capital social da sociedade. Já na sociedade anônima, como vimos, os acionistas só respondem limitadamente pela integralização (pagamento) de suas próprias ações, inexistindo a responsabilidade solidária dos sócios pela não integralização do capital social da S.A.
Quanto à contratualidade: O verdadeiro significado da contratualidade na sociedade limitada é que há possibilidade dos sócios se relacionarem e “poder pautar-se nas disposições de vontade (...), sem os rigores ou balizamentos próprios do regime legal da sociedade anônima” (COELHO, Fábio Ulhoa, Manual de Direito Comercial, De acordo com a nova Lei de Falências, 17º edição, revista e atualizada, São Paulo: Saraiva, 2006). Diferente da anônima, na sociedade limitada “a margem de negociações entre os sócios é maior” (ibidem, p.153).
Quanto ao capital social: Dividido em ações, na S.A. que terão natureza de título crédito, o que distingue completamente do capital social de uma limitada, que é dividido em quotas iguais ou desiguais, não possuindo natureza de título de crédito.
Caso o capital social da S.A seja integralizado em bem, estes deverão ser passiveis de transmissão. A aferição do valor econômico dos bens integralizado em uma sociedade anônima será bem apurada, de forma que se busque o verdadeiro valor econômico deste. Na sociedade limitada, basta que os sócios “atribuem um valor que pelos demais é simplesmente aceito” (REQUIÃO, Rubens, Curso de Direito Comercial, De acordo com a Lei n. 11.101, de 9-02-2005 (nova Lei de Falências), 1º volume, 26º edição, São Paulo: Saraiva, 2006).
Quanto ao nome empresarial: Denominação, na S.A, acompanhada das expressões "companhia" ou "sociedade anônima". Pode ter o nome do acionista fundador ou de qualquer outra pessoa que de qualquer modo tenha contribuído para o êxito da empresa. Na sociedade limitada pode ser firma ou denominação.
Quanto ao Conselho Fiscal: O conselho fiscal de uma sociedade limitada é facultativo (art.1066 CC), enquanto que na S.A é obrigatório (embora, seu funcionamento seja facultativo, cabendo a previsão no respectivo Estatuto). O conselho fiscal da S.A. será composto de no mínimo três membros, assim como na sociedade limitada, porém o legislador limitou a composição da sociedade anônima a cinco membros e os suplentes em igual número (art.161, § 1º, da Lei nº. 6.404/76).
SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES
A sociedade em comandita por ações é uma sociedade empresária que tem natureza híbrida com características tanto das sociedades em comandita simples como das sociedades anônimas. Não tem natureza contratual, mas sim institucional. A sua característica principal é o fato de ter o seu capital divido em ações como acontece com as sociedades anônimas, porém, têm responsabilidade ilimitada os acionistas que ocupam as funções de administradores ou gerentes.
O direito aplicável às sociedades anônimas é aplicável às sociedades em comandita por ações de forma subsidiária; assim, por exemplo, elas podem operar sob firma ou denominação, sendo que, caso se utilize da firma, dela somente poderão fazer parte os nomes dos acionistas com responsabilidade ilimitada e sempre, seja firma ou denominação, deverão vir acompanhadas da expressão “em comandita por ações” ou “sociedade em comandita por ações”.
 As sociedades em comandita por ações não possuem Conselho de Administração, assim, somente os acionistas poderão ser administradores ou gerentes; e em virtude da responsabilidade ilimitada deles, nenhuma modificação no estatuto social em relação a alguns assuntos como aumento ou diminuição do capital social, prorrogação do prazo de duração da sociedade ou mudança do seu objeto, a criação de debêntures ou partes beneficiárias poderão ser implementadas sem que haja o consentimento expresso dos administradores. Além disso, é de se ressaltar que os administradores serão nomeados no estatuto e por tempo indeterminado e somente poderão ser destituídos por deliberação dos administradores que somarem no mínimo dois terços do capital social.
As sociedades em comandita por ações, encontram sua regulamentação atual tanto no Código Civil, quanto na Lei das Sociedades por ações. Os dois diplomas legais devem ser estudados em harmonia, de forma a se completarem. Aliás é o que diz o art. 1090 do Código Civil, ao estabelecer que a essas sociedades dever-se-ia aplicar as regras das sociedades anônimas, sem prejuízo das modificações perpetradas pelo Código Civil. Diz o artigo:
“Art. 1090 – A sociedade em comandita por ações tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima, sem prejuízo das modificações constantes desse capítulo, e opera sob firma ou denominação”
Quanto ao nome, o dispositivo é complementado pelo art. 1161 que estabelece que a sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação designativa do objeto social, aditada da expressão “comandita por ações”. De fato, o art. 281 da Lei 6.404 explica de forma mais detalhada. A sociedade em comandita por ações, segundo o dispositivo, poderá utilizar tanto a firma quanto a razão social, da qual somente fará parte os nomes dos sócios diretores ou gerentes; e nesse caso, ficam ilimitada e solidariamente, responsáveis pelas obrigações sociais. Em qualquer caso, a denominação ou firma deverá vir acompanhada das palavras “Comandita por ações”, por extenso ou abreviadamente.
A firma é o nome a ser utilizado pelas sociedades empresariais que possuem sócios com responsabilidade ilimitada, e é exatamente por isso que as sociedades em comandita por ações pode utilizá-lo, pois possuem responsabilidade ilimitada os sócios que exercem funções de diretores ou gerentes.
Já a denominação é uma expressão qualquer que as sociedades podem utilizar; contudo, no presente caso, essa expressão deve ser designativa do objeto social e da expressão “comandita por ações”. Poderá ser um simples nome fantasia ou se constituir com o nome de alguns dos sócios ou de pessoas outras que se queira homenagear, como por exemplo, aquelas que trabalharam para o sucesso da empresa ou de eventuais fundadores.
Em resumo, segundo explica Fran Martins (2010:1160)
A sociedade em comandita por ações

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