Buscar

Pediculose (Piolhos)

Prévia do material em texto

Universidade Federal de Ouro Preto
Escola de Nutrição
Trabalho Final de Parasitologia
Ectoparasitoses: Pediculose (Piolho)
Bruna Silveira Braga – 12.1.7322
Géssica Aparecida Lopes – 11.2.7098
Ludmila Gonçalves
Ouro Preto, 2015
PEDICULOSE: UMA ABORDAGEM GERAL
Doenças ectoparasitárias, como a pediculose, são muito comuns em comunidades carentes no Brasil. A presença de infestação é frequente, porém, existem poucos programas de controle para essas doenças, sendo estas muitas vezes negligenciadas tanto pelos profissionais de saúde, quanto pela população. Estima-se que até dois terços da população de comunidades urbanas e rurais são afetados por pelo menos uma ectoparasitose, mais comumente pelo piolho. 
Encontra-se o piolho humano em qualquer região climática do mundo. Podem se infectar pessoas de todas as raças, cor ou nível social. Em países pobres crianças são muito infestadas, porém em países como Estados Unidos e Israel, por exemplo, os índices de infestações também são altos, atingindo entre 15 a 20% das crianças anualmente. 
No Brasil, a prevalência de piolho de couro cabeludo pode chegar a 40% em comunidades carentes, sendo as crianças as mais afetadas. O piolho do corpo foi relatado somente em casos singulares no Município de São Paulo, e não representa um problema de saúde pública no Brasil.
Piolhos são ectoparasitas pertencentes à Ordem Phtiraptera. São indivíduos de corpo achatado, sem asas e podem ser mastigadores ou sugadores, alimentando-se principalmente de resíduos da epiderme, secreções sebáceas e sangue.
A pediculose é causada pela infestação pelo Pediculus humanus corporis (piolho do corpo) ou pelo Pediculus humanus capitis (piolho do couro cabeludo). O Pediculus humanus capitis vive agarrado aos fios de cabelos e ataca o couro cabeludo, passando principalmente de uma cabeça para a outra pelo contato direto. É o mais encontrado e também podem infestar as pessoas pelo uso compartilhado de tiaras de cabelo, escovas e pentes, capacetes, bonés, etc. O piolho do couro cabeludo comumente causa infecções secundárias. O Pediculus humanus corporis infesta o corpo. Vive agarrado à roupa e é mais comum em países frios. É mais frequente nos casos em que os hábitos de higiene são precários. Há ainda o Phthirus púbis, que vive agarrado aos pelos da região genital, atingindo portanto homens e mulheres a partir da puberdade. Podem ainda viver nos pelos da parte inferior do abdome, coxas e nádegas.  
No que se relaciona os sintomas, os mais comuns são coceira intensa, irritação do couro cabeludo, possíveis erupções na nuca, acima e atrás das orelhas. Em casos mais graves podem também ocorrer o aumento dos gânglios linfáticos, popularmente chamado de ínguas. Os sintomas aparecem no mesmo dia da infecção ou no máximo no dia seguinte. A coceira tem início no momento em que o parasita pica para se alimentar pois, a saliva do piolho contém substâncias que provocam essa reação.
Há relatos de pessoas sub-assintomáticas. Nestas pessoas o início dos sintomas se dá cerca de dois meses após a infestação dos piolhos. A esse ponto, a população de piolhos já se encontra muito maior do que a inicial o que se torna um agravante do caso. Infestações graves podem ocasionar quadros de anemia devido à hematofagia do piolho e infecções. As crianças infestadas podem apresentar baixo desempenho escolar por dificuldade de concentração, consequência do prurido contínuo e distúrbios do sono. 
No tratamento da pediculose o principal método é a remoção manual dos parasitos, podendo para isso, ser utilizado um pente fino. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de xampus ou loções, que devem ser receitados pelo médico. O tratamento baseado na aplicação de substâncias tópicas é particularmente problemático devido à baixa adesão e à presença de resistência do parasita a várias dessas substâncias. Além disso os produtos utilizados podem ser irritantes, ocasionando dermatite e portanto, não é recomendado para crianças. Roupas e outros utensílios infestados devem ser eliminados. A Ivermectina também é uma droga de alta eficácia para o tratamento da pediculose. A repetição da dose de Ivermectina se faz necessária pelo fato da droga ser eficaz somente contra formas adultas dos parasitas, sendo que os ovos não são atingidos.
Para controlar efetivamente a pediculose em saúde pública deve-se basear no tratamento em massa associado à educação em saúde. Nas escolas, o simples tratamento e isolamento de crianças afetadas não é suficiente. Como a sensibilidade do diagnóstico clínico não é muito alta e por ser a Ivermectina uma droga altamente eficaz contra a pediculose e outras parasitoses, de aplicação prática e segura, recomenda-se o tratamento em massa de todas as crianças, independente de exame clínico, com essa droga. 
A Ivermectina ainda não foi utilizada extensivamente em saúde pública no Brasil, porém vem sendo utilizada há anos em milhões de pessoas na África como tratamento em massa contra filariose em áreas endêmicas, tendo se mostrado uma droga efetiva, segura e com poucos efeitos colaterais. Sua utilização, além da alta praticidade, apresenta baixo custo.
Para obter sucesso no controle das doenças ectoparasitárias presentes no nosso meio é preciso esforço em conjunto entre população e governo, incluindo educação em saúde, saneamento básico e tratamento do infectados. Mapear as áreas endêmicas e buscar casos e tratamentos deveria ser uma tarefa associada ao Programa de Saúde da Família e à Fundação Nacional de Saúde pois, suas ações estão diretamente relacionadas à comunidade. Um programa de controle de ectoparasitoses incluiria também o controle de verminoses intestinais pelo fato da ivermectina ser também efetiva contra essas doenças.
Apesar da dimensão do problema, o conhecimento atual em relação às ectoparasitoses é ainda escasso sendo portanto, indispensável ampliar o conhecimento sobre a epidemiologia das ectoparasitoses que nos cercam.
IMAGENS (retiradas da web)
REFERÊNCIAS:
HEUKELBACH, Jörg; OLIVEIRA, Fabíola Araújo Sales de  and  FELDMEIER, Hermann. Ectoparasitoses e saúde pública no Brasil: desafios para controle. Cad. Saúde Pública [online]. 2003, vol.19, n.5, pp. 1535-1540. Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0102-311X2003000500032&script=sci_arttext – Acesso em 26\06\2015 
GABANI, Flávia Lopes; MAEBARA, Clarice Martins Lima; FERRARI, Rosângela Pimenta . PEDICULOSE NOS CENTROS DE EDUCAÇÃO INFANTIL: CONHECIMENTOS E PRÁTICAS DOS TRABALHADORES - Esc Anna Nery Rev Enferm 2010 abr-jun; 14 (2): 309-317. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v14n2/13.pdf - Acesso em 26\06\2015
Portal do Piolho. História no mundo. Disponível em: http://www.piolho.org.br/piolho.html. 
http://www.brasilescola.com/saude/piolho.htm

Outros materiais

Perguntas Recentes